Estocolmo

Um conto erótico de Emyr
Categoria: Homossexual
Contém 2573 palavras
Data: 17/06/2013 21:43:02
Última revisão: 28/04/2021 19:59:48

Notas do autor: alguns dias atrás eu topei com um conto aqui chamado "apaixonado pelo alemão" do autor lipyss, eu me interessei pela premissa da historia e resolvi reescrever a historia dele usando minhas próprias palavras e um pouco de licença poética também, espero que o resultado seja favorável, e vamos ver como eu lido com 10 livros sendo escritos ao mesmo tempo, lol!

Estocolmo

Capitulo 1 “Paranoia”

-Isso é um plágio!

O maldito professor empurrou o trabalho em minha direção, ele saiu deslizando pela mesa até quase cair da beirada pelo meu lado, parecia horas que ele insistia nisso, mesmo eu admitindo e provando que ele estava enganado. Nesse momento eu estava em pé, tirei meus óculos (que eu ainda usava, mesmo minha mãe e Marcus insistindo que eu usasse lentes) apertei a ponte do nariz. Isso estava se tornando cansativo e não daria em nada, esse maldito havia implicado comigo desde o primeiro dia, na verdade desde que leu meu sobrenome em sua lista. Existem diversos tipos de clichês, existe o clichê do riquinho mimado, mas existe o clichê do homem de classe media arrogante que acha que toda pessoa rica não presta ou é de alguma forma culpada pelas desgraças humanas.

Desde pequeno minha mãe tinha insistido comigo nesse ponto. “Não importa o quanto as coisas ao seu redor sejam luxuosas ou nosso estilo de vida seja sedutoramente elitista. Não se esqueça que a única coisa que importa está em sua alma Phil, sua inteligência, sua honra, a maneira como você trata os outros ao seu redor, sua humildade e sua retidão, isso é o que é real.” A principio eu não entendia muito bem o que ela dizia, e ela ficava triste ao me ver sendo arrogante com alguém. Com o passar do tempo eu entendi o que ela queria dizer a observando, e também observando meu. Foi por eles que me eduquei, para dar orgulho aqueles dois exemplares perfeitos de seres humanos.

Nesse exato momento eu estava reunindo todas as minhas forças e todos os ensinamentos dos meus pais para simplesmente não gritar e colocar aquele desprezível homem em seu lugar. Não. Não caberia a mim julgar os outros, sua falta de informação e seu preconceito eram provavelmente produtos de algo mais profundo. E naquela sala de aula ele era a lei, outra coisa que eu sabia respeitar muito bem era a hierarquia, é muito fácil sair do controle se você não tem senso disso.

-OK, tudo bem.- não adiantava discutir, era inútil, eu só estava perdendo tempo ali, uma rápida olhada no relógio me fez perceber que eu estava mais do que atrasado para um compromisso muito mais importante do que o circo armado ali.- eu posso refazer o trabalho se o senhor permitir.

Ele balançou a cabeça negativamente e eu vi seu rosto ficar vermelho de raiva, se apoiando nos cotovelos ele se inclinou para frente.

-Você acha que vai ser tão fácil assim, Philip? Isso foi plágio, um crime, eu posso muito bem te encrencar com a instituição.- o sorriso amarelo dele estava infuso de veneno. Mas ele perdeu o controle, e perdeu a batalha junto.

-Vai em frente,leva isso para a direção, eu aceitei seu julgamento e estava até mesmo disposto a refazer o trabalho, mas vai ser mais fácil assim.- eu gostei quando seu sorriso desmanchou e seu rosto foi tomado por duvida.- a verdade é que você não pode provar o plagio. O trabalho que você passou foi tão simplista e impreciso que eu aposto que todos os trabalhos se parecem iguais.

-Foi uma maldita copia, eu posso provar!- ele bateu com a mão na mesa, pela porta meio entreaberta eu vi um pequeno grupo de alunos que passava em frente a sala de aula parar para ver o que acontecia.

Eu calmamente me sentei de novo.- Vá. Em. frente. Eu te desafio. Essa não é a primeira vez que você arranja confusão com um aluno, se eu fosse você aceitava minha revisão.

Ele ficou vermelho de vergonha, era amplamente conhecida na faculdade sua reputação de assediar alunas e puni-las quando não era correspondido, a direção da universidade por algum motivo escolhia ignorar isso, mas caso a briga se estendesse eu não mediria esforços para ganhar, Marcus sempre dizia que isso era assustador em mim, como eu podia mudar de calmo e plácido para tempestuoso e agressivo, era como o oceano.

Eu me levantei novamente, para deixar claro que a conversa havia acabado. –Me envie sua decisão por e-mail, pense pelo lado positivo, se te serve de consolo eu vou perder outro fim de semana trabalhando nisso, use isso para satisfazer esse seu lado masoquista.

Nem esperei pela resposta, eu estava mais de duas horas atrasado, eu era distraído, mas atrasar em um encontro ou compromisso não era um feitio meu. Eu atravessei os amplos corredores da universidade tradicional (e ridiculamente cara) em que estudava a passos largos, ninguém que não me conhecesse olharia duas vezes em minha direção comigo usando as roupas simples que eu usava, não que elas não fossem de qualidade, mas elas não tinham nenhuma marca famosa, basicamente eu vestia no dia a dia jeans, uma camiseta e uma camisa por cima dela, uma olhada em minha direção e qualquer um concluiria que eu era só mais um nerd , não que houvesse alguém ali naquele horário. Estava tudo deserto. Do lado de fora o sol já desaparecera no horizonte e a noite se instaurava, no enorme campus já não havia mais nenhum estudante, de onde eu estava podia ver o estacionamento, com alguns carros parado na área dos estudantes, na verdade apenas três, um deles era o meu.

Alem do meu havia dois, um deles era fácil reconhecer,era grande como meu namorado, que nesse exato momento cruzava o caminho que nos separava a trote rápido.

Eu quase tive medo em ver o gigante vindo com aquela cara de mau para cima de mim, mas eu o conhecia bem, aquilo tudo era marra e preocupação, eu parei onde estava e esperei ele me alcançar, na hora certa bastava abrir um sorriso e eu o desmontaria completamente. Marcus era lutador de MMA, fazia isso muito antes de entrar na moda. Aos 20 anos ele era versado em diversos tipos de artes marciais, inúmeros títulos e o corpo de um deus grego, ou melhor. O moreno Marcus tinha em sua pele bronzeada (seu hobby era surf) diversas tatuagens, dizia ele que era para torna-lo mais assustador. Cabelos escuros sempre curtos para não atrapalhar nas lutas e um sorriso felino que tornava seus olhos verdes escuros mais sombrios ainda, a sombra de barba no rosto era mais um adendo para a pose de badboy.

Depois de seis meses de namoro eu me perguntava como eu tinha atraído a atenção daquele cara. É do tipo que você olha e pensa: ‘caramba, esse cara deve ter tanta mulher e homem no pé dele prontos para fazerem qualquer vontade sua que seria impossível ele olhar para um cara normal como eu.’

Mas por alguma brincadeira do destino ele olhou. Nós frequentamos a mesma academia, eu por insistência do meu pai, que declarou que um homem deve ser capaz de se defender e estar sempre em boa forma. Eu nunca achei que Marcus olhasse para mim, apesar de nunca conseguir disfarçar meus olhares para ele. Nosso primeiro contato foi logo após meu pai morrer, mesmo arrasado eu decidi seguir a vida, seguir seus passos, aproveitar cada lição que ele me deu. Um deles foi continuar na academia. Ao tentar fazer um exercício complicado eu quase sofri um acidente por causa da falta de concentração, Marcus quem me salvou. Ele sentou do meu lado e perguntou se eu estava bem, um olhar para ele e eu desabei em lagrimas, coisa que não havia feito ainda desde a noticia da morte de meu pai. Quando eu voltei a mim estava no quarto de Marcus descansando.

Duas semanas depois estávamos namorando, contra todas as probabilidades do destino. A família dele tinha recursos o suficiente para bancar a vida de playboy que ele levava, seus amigos eram desmiolados e suas namoradas mais vazias ainda, ele sempre me dizia que eu fui sua salvação, eu que o diferenciava e o tornava único. Eu ainda lembrava o susto que ele tomou quando descobriu quem era minha família e como ele ficou intimidado com minha mãe, até ela conquistar ele como conquista todos. Entre minha mãe, Marcus e até mesmo a vadia da minha Irma eu tinha sorte por estar rodeado por pessoas maravilhosas e únicas.

-Onde diabos você estava?eu fiquei até agora te esperando na praia!

Oh-oh, ele estava realmente irritado, hora da arma secreta.

Coloquei as mãos para trás e sorri para ele. Deu para perceber o exato momento em que sua raiva desfez, sua pupila dilatou, seu maxilar relaxou e toda a pose de luta sumiu dele. Há alguns passos de mim ele deu uma parada, respirou fundo e fixou o olhar em meus lábios, passando a língua para umidificar os seus próprios eu repentinamente estavam secos. Então ele avançou encima de mim, quando chegou perto de mim sua presença me atingiu como uma onda forte no mar, ele poderia estar caído por mim, mas eu não estava nem um pouco atrás em relação ao que eu sentia por ele, ele me levava a loucura e levava minha loucura a novos níveis todos os dias. Quando ele se aproximou de mim me envolveu em seus braços musculosos e eu enterrei meu rosto em seu peito. Ele cheirava a homem e mar.

-Não se esconda, olha pra mim.

E eu tive que olhar, por causa da maneira como sua respiração estava descompassada, seu coração batia forte e o desejo que embargava sua voz, mas antes que eu tomasse atitude ele segurou em meu queixo e ergueu meu rosto.

Marcus tinha uns quinze centímetros de altura a mais do que eu, quando olhei para cima vi seus olhos quase negros de desejo, sua boca semi aberta, as narinas inflamadas, aspirando fundo, querendo sentir meu cheiro. Tudo nele era tão primal, e ao mesmo tempo me deixava tão seguro, ele abaixou a cabeça e encontrou meus lábios, primeiro apenas um roçar de lábios que me fez gemer involuntariamente, era a permissão que ele precisava para me atacar com fúria, seu gosto de chocolate e água de coco me invadiu, enquanto o beijo aprofundava ele me apertava ainda mais contra seus braços, quase me esmagando. Eu dei dois tapinhas no lado de seu abdômen, era o nosso sinal de que ele iria me sufocar em breve. Ele afrouxou sem me deixar sair, seus lábios estavam vermelhos e seus olhos quase fechados agora.

-O que aconteceu?

Sua voz era pouco mais que um sussurro rouco agora. Ó deus, porque ele não se calava e voltava a me beijar?

_Eu fiquei preso, o professor me acusou de plágio.

Demorou um pouco para as palavras atravessarem a atmosfera de tesão que pairava entre nós, mas sua reação foi imediata,seu corpo que estava relaxado ficou novamente em modo de luta e ele tentou passar por mim.

-Aquele fudido, você passou o fim de semana todo fazendo essa merda de trabalho e esse bosta vem falar que você copiou? Deixa eu trocar umas ideias com esse vacilão.

Nessa hora eu senti sua maior prova de masculinidade, seu membro estava pressionando contra meu abdômen, já despontando para fora da sua sunga e da sua bermuda. Eu me agarrei a ele e sorri, chamando sua atenção.

-O que foi, acha que eu não tenho coragem?

Mas agora ele já estava sorrindo também, e eu me admirava o quando seu sorriso iluminava seus olhos, era sempre um indicativo de que era sincero.

-Pelo contrario, você tem muita coragem, mas não vale a pena sujar suas mãos com aquele cara, eu refaço o trabalho tranquilamente.

-Ahhh, eu não acredito que vou ficar outro fim de semana jogando vídeo game abandonado enquanto você fica debruçado no computador fazendo essa merda!

-Você não reclamou quando eu interrompia o trabalho para te dar atenção.

Marcus grunhiu e pressionou seu quadril contra o meu. Nossa primeira vez tinha ocorrido poucas semanas atrás, e desde então transávamos como coelhos, estávamos quase ficando antissociais. Foi nossa primeira vez, a minha total primeira vez e a dele com outro homem.

-Pois eu vou te interromper a cada trinta minutos dessa vez, você termina essa porra de trabalho ano que vem.

Ele me soltou e arrumou a mala com cara de safado, então passou o braço ao redor do meu pescoço e me guiou de volta para o carro.

-Você tá ferrado na minha mão, bebê.

_Hey!!!

Eu odiava ser chamado de bebê, mas ele tinha adorava esse apelido.

-Não reclame, você furou comigo hoje, como castigo vou passar uma semana te chamando assim, meu bebezinho.

Quando chegamos ao carro ele abriu a porta do passageiro e me colocou dentro, não sem antes mais uma rodada de beijos de tirar o fôlego, comigo sentado no banco do carona fica na altura perfeita de enlaçar minhas pernas em seu troco enquanto ele me atacava. Quando reuni forças para empurrar ele para trás estava ofegante e ele se apoiou na lateral do carro enquanto me olhava com desejo.

Eu sabia o que ele queria com aquele olhar, e que merda, eu também estava mais do que pronto, mas ao olhar ao redor no estacionamento vi que havia mais um carro, a janela estava semiaberta e o homem dentro dele nos encarava.

-Aqui não Marcus.

Ele olhou ao redor e o viu também. Então me colocou para dentro da caminhonete e deu a volta entrando pelo lado do motorista.

-E o meu carro?

-Já falei que você não precisa dessa merda, eu te levo onde você quiser, alem do mais você vai ter sorte se alguém levar esse ferro velho.

Eu olhei meu pobre carro, ele tinha uns dez anos de vida e eu o comprei de segunda mão, graças ao dinheiro que eu acumulei trabalhando para meu pai nas férias retrasadas. Eu podia muito bem ter simplesmente pedido a ele, assim como minha irmã fazia a cada 6 meses (e ele atendia toda vez) mas eu tinha medo dele se desapontar comigo, meu pai reergueu a fortuna da família quase do zero depois de nosso avo ter quase erradicado ela, ele apreciava o esforço. E o sorriso dele quando eu comprei meu próprio carro foi recompensador.

Marcus olhou para o carro parado do outro lado do estacionamento e então olhou para mim serio.

-Sério Phil, você tem que parar de se arriscar, você não faz ideia da fortuna que sua família tem, você deveria andar por ai com uma escolta armada.

Eu dei de ombros e enquanto ele manobrava o carro eu olhei para o carro negro parado como um corvo do outro lado do estacionamento, eu nãopodia verificar muito bem o homem em seu interior, exceto pelo fato que ele olhava para nós e o mais estranho de tudo, usava óculos escuros às seis e meia da tarde.

Eu deveria ter ouvido Marcus, eu deveria ter lido os sinais, isso teria evitado todas as tragédias que viriam mais tarde.

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Comentários

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Ola, me chamo diego e acabei de ler sua histiria "Estocolmo", eu queria saber oque acontece com o Alexei??? Ele morre na ilha, ele sai da ilha e vive uma vida normal ou não tem um desfecho pra ele??????

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A história do Alexei não acabou ainda ;)

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começando a ler hj....parece ser bom.

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Concordo com o Oliveira Dan e falo mais, vc é um deus

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Uma nova história tão perfeita quanto as outras. Muito bom!

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Meu querido, você é como o rei Midas, mas sem a parte da maldição! Tudo que você escreve é ótimo. Parabéns! (E eu leio tudo! (¬¬))

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Muito bom, Emyr, mas... Cadê a estória do Hector e do Cyr? Você vai posta-las? Please, responda-me.

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Deus, 2 contos paralelos e sem perder a qualidade?! Meu querido, você é ninja! Rsrs Hmmmm sabe que eu gostei deste conto?! Muito intrigante (como todos escritos por você)

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Cara, muito bom! Poderia lançar um livro!

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Oh my God!

Outro conto perfeito! Amooooo

E o buraco? To com saudades! #10

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