Segunda chance

Um conto erótico de Luca:)
Categoria: Homossexual
Contém 2130 palavras
Data: 17/06/2013 23:33:38

Antônio – Amor me perdoa?

Eu – Por que esta pergunta?

Antônio – Por não conseguir cumprir minha promessa de sempre estar ao seu lado.

Eu – Para com isso. Você sempre vai estar comigo, vai levantar desta cama e nós ainda seremos muito felizes.

Antônio – Você sabe que eu não vou levantar desta cama.

Meus olhos ardiam devido às lágrimas que insistentemente saiam. Ali estava eu, em um quarto de hospital, perante a cama em que se encontrava a pessoa que mais amei neste mundo. Infelizmente o que Antônio havia dito era verdade, eu sabia que ele não resistiria, mas em hipótese alguma queira aceitar este fato.

Apesar da aparência sofrida devido à doença, eu via somente o homem por quem me apaixonei perdidamente e que me proporcionou os melhores anos da minha vida. Nos conhecemos a cinco anos atrás. Eu Fernando, era um estudante de design e ele um grande empresário do ramo publicitário. Já o conhecia devido às várias reportagens que via sobre seu trabalho, sua agência era considerada a mais top em publicidade. Ele sempre me chamou a atenção por ser um homem muito atraente. Antônio tinha em torno de 1, 90 de altura, era branco, tinha olhos castanhos claros e os cabelos na mesma tonalidade. Sempre com a barba por fazer o deixava mais charmoso do que era. Sou o tipo comum, 1, 75 de altura, olhos castanho-escuros, branco, magro, sem muitos atributos que deixassem as pessoas encantadas. Uma coisa que eu gostava e gosto em meu corpo é o meu sorriso, esse sim gera comentários. Não quero me gabar, mas sempre fui muito elogiado pelo meu sorriso. Antônio mesmo dizia que se apaixonou pelo meu sorriso a primeira vista.

Era sexta-feira quando uma amiga apareceu do nada em minha casa me convidando para sair.

Alice – O que é isso?

Eu – Isso o que Alice?

Alice - Isso ai que você está vestindo.

Mulher é muito dramática mesmo. Eu estava vestindo um conjunto de moletom que era uns três números maior que eu e uma pantufa em forma de pata de urso. Ela queria o que? Estava frio, eu estava quase indo dormir e sem contar que não tem coisa melhor do que vestir uma roupa bem folgada e se internar no sofá para assistir um bom filme.

Eu – Me deixa Alice, estou em casa. Você queria que estivesse vestido como?

Aline – Vestido para uma festa.

Eu – Você está louca. Eu não vou sair hoje.

Alice – Claro que vai. Temos uma festa maravilhosa para ir hoje. Ela é tipo assim, a festa do ano.

Eu – Não estou a fim de sair hoje.

Alice – E quem perguntou? Você vai e ponto final. Tenho um amigo que vai nesta festa e está louco pra te conhecer.

Eu – Sério?

Alice – Sim! O cara é um gato.

Realmente não estava no clima para sair, mas o argumento da Alice acabou me convencendo. Já fazia algum tempo que não me relacionava devido a uma desilusão amorosa que tive meses antes.

Uma hora depois já estávamos a caminho da tão falada festa. Quando chegamos eu fiquei surpreso com o lugar, era uma mansão gigantesca. Entramos e fomos logo atrás dos amigos da Alice. O lugar estava lotado, parecia que metade da cidade estava ali. Depois de alguns minutos encontramos o pessoal. O cara que a Alice queria me apresentar era bonito, mas infelizmente não rolou nada. O cara era muito gente boa, tinha um ótimo papo, mas não aconteceu. Fiquei um pouco frustrado. Resolvi dar uma volta para ver se encontrava alguém. Enquanto tentava andar no meio daquela multidão, senti puxarem meu braço. Quando olho para trás, vejo meu chefe.

Luan – Fernando? O que você está fazendo aqui?

Eu – Oi Luan. Vim com uma amiga. Mundinho pequeno né!

Luan era o dono da agência que eu fazia estágio. Era um cara legal, às vezes era metido a ser o gostosão, mas no geral era uma boa pessoa. Luan e eu engatamos uma conversa até que agradável, até uma pessoa nos interromper.

Luan – Antônio! Parabéns meu amigo.

Até então não tinha o visto, pois ele apareceu atrás de mim. Quando me virei e vi quem era o Antônio, meu coração começou a acelerar. Sem perceber fiquei encarando aqueles olhos que tomaram minha atenção, fui despertado pelo Luan me chamando.

Luan – Fernando! Este é o Antônio, Antônio este é o Fernando, ele é meu estagiário na agência.

Antônio – Prazer Fernando.

Estava diante de um dos caras mais importantes da publicidade nacional, sem falar que ele era muito mais bonito que nas revistas. Parecia até um sonho.

Eu – Prazer!

Os dois começaram conversar e eu fiquei só olhando para ele, era inevitável não olhar. Via que ele também retribuía meus olhares. Minutos depois chegou uma moça muito bonita e passou os braços pelo pescoço do Antônio. Ela cochichou algo em seu ouvido que pelo visto não o agradou muito. Eu aproveitei e resolvi me retirar, meio que fiquei decepcionado pela cena.

A festa estava divertida, mas para mim nenhum pouco. Fiquei decepcionado por não ter encontrado ninguém que me interessasse, e a única que me interessou era hétero. Tentei encontrar Alice para avisar que estava indo embora, mas desistir por causa da multidão. Fui até a cozinha para tentar encontrar algum telefone para pedir um táxi, pois o meu celular estava sem bateria. Após encontrar o telefone e fazer a ligação, resolvi esperar um pouco ali mesmo, não estava mais a fim de ficar no meio da festa. Puxei uma cadeira e me sentei. Passados alguns minutos alguém entrou na cozinha, eu pensei que fosse algum empregado por isso não me importei.

Antônio – Não gostou da festa?

O susto foi inevitável.

Antônio – Me desculpe, não quis te assustar.

Eu – Sem problemas.

Antônio – Você não respondeu minha pergunta.

Ele falava enquanto puxava uma cadeira e sentava ao meu lado. O cheiro daquele homem era simplesmente hipnotizante.

Eu – A festa está boa.

Nesta hora perdi totalmente a capacidade de formular frases. Estar perto dele me fazia perder o controle.

Antônio – Não parece. Se estivesse boa você estaria lá fora se divertindo.

Seu olhar me deixava completamente sem jeito.

Eu – O problema não é a festa, sou eu mesmo. Minha cabeça está explodindo. Estou aqui esperando o táxi para ir embora.

Antônio – Que pena. Se você quiser eu posso te levar em casa?

Eu – Não, não precisa se incomodar comigo. Você é o dono da festa e também tem a sua namorada que deve estar te esperando.

Antônio – Ela não é minha namorada, fiquei com ela um tempo atrás e até hoje ela me persegue.

Eu – Mas e a festa?

Antônio – Pra te falar bem a verdade, estou de saco cheio já. Nem sei por que dou estas festas, nunca consigo me divertir.

Senti um tom de infelicidade em sua voz.

Antônio – Vamos que eu te levo em casa.

Eu – Realmente não quero incomodar.

Antônio - Na verdade vai ser até um favor me deixar levá-lo em casa, assim deixo esta festa horrível cheio de pessoas interesseiras.

Não estava acreditando que aquilo estava acontecendo, mas estava consciente de que nada poderia acontecer. Encarei o gesto como um simples gesto de gentileza. Saímos pelos fundos da casa até a garagem. Durante o trajeto fomos conversando de tudo um pouco, menos sobre trabalho. Sua companhia era agradabilíssima, uma ótima pessoa para se ter por perto. Ao chegar ao meu prédio ainda ficamos algum tempo conversando dentro do carro. Antônio se mostrou uma pessoa muito engraçada, ri muito com ele.

Eu – Está tarde, vou subir. Muito obrigado pela carona.

Antônio – De nada. Foi um prazer conhecer você.

Eu – Também foi um prazer te conhecer.

Estendi minha mão para cumprimentá-lo e ele retribuiu, mas ficou segurando minha mão. Fiquei olhando sua mão segurar a minha e em seguida olhei para ele. Em um movimento rápido ele me puxou para um beijo. Foi ali, naquele carro, com aquele beijo que tudo começou. Fomos invadidos por um sentimento tão intenso, tão envolvente, que a partir daquela noite nunca mais nos separamos. Ficamos alguns meses nos relacionando as escondidas, pois até então o Antônio tinha uma imagem de hétero perante a sociedade. Quando tudo veio à tona, a imprensa caiu em cima de nós, felizmente nossas famílias já estavam cientes do nosso envolvimento. A família do Antônio relutou de inicio, mas com o passar do tempo aceitou. A minha mãe sempre soube sobre minha homossexualidade, então não tive problemas. Ela morava em Roma com seu atual marido, meu padrasto. Antônio tinha um filho de nove meses que ficava com seus pais, pois a mãe havia morrido no parto. Como Antônio viajava muito devido ao trabalho, os seus pais que cuidavam do pequeno João.

Um ano após o Antônio me pedir em namoro, nos casamos. Foi uma cerimônia simbólica, cercada pelos amigos mais íntimos. Confesso para vocês que ao lado dele passei os melhores anos da minha vida, anos de muitas alegrias e felicidade. Viajamos muito, curtimos muito um ao outro. Vivemos intensamente nosso amor.

Depois de alguns meses de casados, Antônio trouxe João para morar conosco. Para mim foi uma experiência completamente nova, do dia para noite me vi responsável por uma criança. Me apaixonei por aquele garoto a primeira vista, o amava como um filho. Vivíamos felizes como família, claro que tínhamos nossos desentendimentos, mas nunca deixamos isso afetar nossa vida.

Infelizmente tudo que é bom acaba, conosco não foi diferente. Era julho de 2012 quando em uma tarde Antônio sentiu-se mal. Fomos para o hospital, mas os médicos não conseguiam descobrir o que estava causando o mal estar. Despois de exames mais detalhados, Antônio foi diagnosticado com câncer no pâncreas. Aquilo caiu como uma bomba para todos, para mim foi...não sei nem como descrever. Tentamos diversos tratamentos, inclusive fora do país, mas infelizmente de nada resolveu. O que nos restou foi aproveitar os últimos momentos juntos. Antônio estava extremamente debilitado, mas para mim ele continuava o homem mais lindo da face da terra. Minha vida se resumia a ficar ao seu lado, praticamente havia me mudado para o hospital. João ficou com os avós enquanto eu ficava no hospital.

Era quase meia noite e eu estava sentado ao seu lado lendo um livro, quando ele me chamou.

Antônio – Nando vem cá!

Me levantei e fui até o leito.

Eu – O que foi meu amor? Precisa de alguma coisa?

Antônio – Deita aqui comigo?

Eu – Claro!

Me ajeitei ao seu lado e deitei em seu peito. Ele fazia carinho em meus cabelos, enquanto eu escutava seu coração pulsar cada vez mais devagar.

Antônio – Amor me perdoa?

Eu – Por que esta pergunta?

Antônio – Por não conseguir cumprir minha promessa de sempre estar ao seu lado.

Eu – Para com isso. Você vai sempre estar comigo, vai levantar desta cama e nós ainda seremos muito felizes.

Antônio – Você sabe que eu não vou levantar desta cama.

Eu – Amor para de falar essas coisas.

Meus olhos já não obedeciam mais, as lágrimas vinham com facilidade.

Antônio – Quero que me prometa que vai seguir em frente, vai ser feliz com outra pessoa.

Eu – A única pessoa que me faz feliz é você Antônio. Juro que não sei como vou seguir em frente sem você ao meu lado. Você é o amor da minha vida.

Antônio – Oh minha vida, você vai conseguir sim. Eu te desejo toda a felicidade deste mundo. Um dia você vai encontrar uma pessoa que vai te fazer feliz.

Eu – Não quero pensar nisso.

Antônio – Amor não tenho muito tempo de vida. Quero que me prometa que vai seguir em frente, vai cuidar da nossa empresa e principalmente que vai cuidar do nosso filho. Promete?

Eu – Prometo!

Antônio – Eu te amo tanto meu anjo, desde o primeiro dia que te vi. Você me fez muito feliz.

Eu – Também te amo, te amo muito.

Assim ficamos abraçados, sentindo um ao outro. Minutos depois ouvi um som que me marcaria pelo resto da minha vida. Era o som dos aparelhos, Antônio havia morrido.

============================================================================================

Oi meu povo querido da CDC. Aqui está mais uma história, espero que gostem. Sei que prometi a continuação do conto "De chefe a amor da minha vida", mas infelizmente por enquanto não vai rolar. Comecei a escreve-la e até tenho o final em mente, mas o problema é que não consegui desenvolver o meio da história. Peço que tenham um pouco de paciência que logo sairá.

Quero agradecer o imenso carinho que sempre recebi dos leitores, amo ler todos os comentários. A nova história começa um pouco triste, eu sei, mas logo começará um lindo romance. Terá cenas de sexo, mas como os meus contos anteriores, não será o centro do conto.

Dedico a música a todos que comentaram o último capítulo do conto "Circunstâncias", este é o meu "obrigado" pelo carinho.

https://www.youtube.com/watch?v=Y73opo2RAPE

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 3 estrelas.
Incentive Luca:) a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Muito lindo, muito emocionante pen que ja começa triste.

Ate o proximo.

0 0
Foto de perfil genérica

Ola meu querido, só agora vi sua história nova, na verdade ando sem tempo de ler as histórias aqui, mas gostei do primeiro capítulo, você escreve muito bem. Não li os demais capitulos, mas esse primeiro foi muito emocionante, mas minha mente é fertil demais, o tempo vai passar e o Joao ja adulto, vai se apaixonar por ele? sei la, deu essa impressão ou estou viajando demais???

Grande abraço.

0 0
Foto de perfil genérica

uiiiiiiiii que bom que vc postou um novo conto ja tava com sdds

0 0
Foto de perfil genérica

Eba! Mais um conto que será tão bom como todos os outros que vc escreveu. Bom saber que não nos abandonou :) Bom... rumo a mais um maravilhoso conto *---*

0 0
Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

AMIGO.....que felicidade te "ler" novamente, estava com saudades, felicidade também em te ver comentando meu conto, estou meio sem inspiração para escrever mas vamos ver no que vai dar...te desejo toda sorte do mundo nesse novo conto....

0 0