Acordei na manhã seguinte bem confusa. Na verdade, não sabia o que fazer, mesmo amando a Taís.
Taís ainda dormia, quando levantei-me. Tomei meu banho calma e pensativamente, sem, no entanto, raciocinar absolutamente nada. Vesti-me e sai... confesso que nem me despedi da minha linda, que dormia um sono tranquilo...
Meu dia de trabalho foi horrível, produção zero. Meu pensamento inevitavelmente era a Taís e sua viagem de volta a sua cidade. Sua proposta? Nem levei em consideração. Tinha total certeza que seu impulso de me levar a tira-colo não aconteceria, quando tivesse que se deparar com a sociedade a qual sua família era dependente. De fato me prendia a isso, mas talvez eu não tivesse coragem de enfrentar essa situação.
Dias passaram sem notícias da minha linda. Não quis procurá-la, queria evitar maiores conflitos. Pelo visto a Taís também.
Bom... cheguei da aula, acabada pela intensa correria que foi meu dia, sem falar nos dias de prova que vinha enfrentando. A campainha toca minutos após minha chegada em casa. Taís...
Taís: Boa noite, Ju!
Julia: Boa noite... (uma resposta triste, acho que já imaginava o que ela estava fazendo ali)
Aproximou-se de mim... de meu rosto... nos beijamos. Carinho, amor, desejo presentes como sempre eram nossos beijos.
Taís : Amor, vem comigo! (seus olhos estavam cheios d'água)
Julia (fiquei super abalada com seu último pedido, mas não voltei atrás): Não dá, Taís.
Taís: Estou indo amanhã. Precisava te ver...
Não consegui responder. Puxei-a para um abraço apertado, forte, sufocante... cai no choro e ela em seguida.
Julia: Desculpa... (falei isso enxugando minhas lágrimas e as suas logo depois)
Julia: Eu te amo tanto...
Taís: Eu também, mas não consigo te entender...
Julia: Não precisa agora. É o que tem que ser feito. Você vai me entender depois...
Ficamos nos olhando um tempo, sem falar nada. De certa forma queria admirá-la, gravar sua imagem para mim.
Taís: Vou te esperar sempre...
Julia (com um ar de riso sem graça): Não vai.
Taís: Julia, se não queres ficar comigo, não posso te obrigar, mas não duvida de mim e nem do que sinto.
Julia: Não duvido, amor. (realmente não duvidava, mesmo tendo sido irônica ao rir a pouco, apenas não acreditava que me esperaria como falou)
Julia: Tens que ir, é melhor...
Mesmo sem acreditar na forma como eu estava tratando, Taís concordou com sua saída. Fitou-me por instantes, os piores que já vivi. Taís então acariciou meu rosto, deu-me um selinho e saiu sussurrando: "Sempre... vou te esperar sempre".
Uma dor imensa me tomava o peito, meu corpo enfraqueceu repentinamente, uma tristeza profunda me abateu....
Foi assim que Taís me deixou... ou eu a deixei.