*CONTINUAÇÃO
Aquela voz familiar chamando meu nome, olho por cima do ombro e, não era ele, e não era pra mim. Um cara chamava um garoto que parecia ser irmão dele ou primo talvez, fiquei muito puto de raiva como alguém poderia ter a voz tão parecida com a do Bruno? Talvez ele nem tinha mas de tanto eu pensar nele tudo que eu escutava me remetia a voz dele.
Mais uma vez a mulher da voz chata anuncia meu vôo, com a mochila contendo alguns pertences na mão eu andava pelo túnel, cada passo que eu dava uma lagrima rolava, as pessoas deveriam estar me achando louco, embarco no avião, já estava enlouquecendo a procura da minha poltrona, depois de muita luta eu encontro, havia uma mochila no assento ao lado, parecia ser de homem, ou mulher talvez com essa sociedade hoje em dia eu não duvido de mais nada.
Sento-me, como não tinha celular eu não poderia escutar musica, tentei cochilar mas fui interrompido do meu cochilo quando o rapaz senta ao meu lado, nossa como ele era lindo, alto com a pele clara, usava uma camisa gola V verde super apertada no peitoral, fiquei louco na mesma hora, ele senta e sorri pra mim, retribuo e viro pra janela, não sei porque fiquei super de pau duro na hora, tentei esconder a excitação colocando o travesseiro sobre as pernas, nesse momento eu parecia um tomate de tão vermelho que estava.
Acabei ficando com mais raiva dele porque ele não parava de me olhar sempre com um sorriso sacana. O avião pega vôo. Lá estava eu, me distanciando da minha casa, do meu amor, dos meus amigos que não eram muitos, espera ai, eu não falei com a Clarisse, merda, como eu pude viajar sem me despedir da minha amiga. Pronto comecei a chorar, o cara estava me encarando novamente agora sério, talvez assustado. Na situação em que estava olhei pra ele com certa fúria e lancei: “ Perdeu alguma coisa na minha testa?” ele se assustou um pouco e não disse mais nada, talvez nem tornou a me olhar de novo, até que enfim peguei no sono, se eu ficasse acordado nessas 14 horas de vôo acho que eu morreria ali dentro mesmo.
Quando acordo algumas pessoas estavam comendo e eu ali morrendo de fome, fui idiota e não levei nem um lanche, o cara ao meu lado comia uma batata frita, me oferece, apesar de estar louco de fome não aceitei, o meu egoísmo falava mais alto.
- Está tudo bem com você?
- Você quer mesmo que eu responda?
- talvez eu poderia ajudá-lo.
- ta me ajuda então. Me diz como você se sentiria se tivesse que ir morar com pessoas que você nem conhece, se você nunca mais fosse ver seus amigos, seu namorado, (ele se assustou na hora que eu falei isso) me diz como você ficaria.
- desculpa é que eu ...
- Não precisa dizer nada, alias eu é quem não devia ter dito nada.
- Acho que começamos do jeito errado, prazer meu nome é Lucasagora é a hora que você diz o seu.
- Felipe. Você sabe se ainda falta muito pra chegar? Eu não agüento mais dormir.
- Deu pra perceber, acho que daqui umas meia hora a gente chega.
- Você também está indo para o Canadá?
- sim.
Que pergunta mais tosca é claro que ele estava indo.
- desculpa se vou estar sendo intrometido, mas como assim longe do seu namorado?
Porque quando estamos na pior tem alguém que quer fazer a gente lembrar de tudo mais uma vez? Abraço o travesseiro, ele percebe meu olhar.
- desculpa, eu não queria te magoar. Ele diz.
- Não tem problema, eu precisava de alguém pra conversar mesmo.
- então fala.
Lá vai eu contar minha vida pra um desconhecido, conto tudo desde a escola até o dia que minha mãe descobriu. Ele se assustava quando eu falava algumas partes.
- Poxa xará sinto muito.
- Você não teve culpa.
Conversamos por mais alguns minutos e já estávamos chegando num aeroporto. Me preparo para descer daí lembro que eu não conhecia meu tio, não tinha telefone nem sabia o dele. Parabéns mãe agora eu era um perdido no Canadá, pego minha mala na saída e sento numa das cadeiras, o rapaz do avião senta ao meu lado. Explico para ele minha situação de perdido, de inicio ele ri, depois percebe que a situação é séria e começa a ficar preocupado.
Um homem que aparentava ter um 29 anos e muito bonito por sinal,estava acenando do outro da porta de vidro, será que era ele? Não, minha mãe nunca me falou que tinha um irmão tão novo, caminho até ele.
- Felipe, prazer sou Marcos seu tio.
Gelei na hora.
*CONTINUA
