A História de Caio – Parte 35

Um conto erótico de Kahzim
Categoria: Homossexual
Contém 1998 palavras
Data: 17/07/2013 23:07:32
Última revisão: 14/08/2013 00:51:05
Assuntos: Gay, Homossexual, Romance

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A História de Caio, completa e revisada para leitura on line e download e contos inéditos no meu blog:

http://romancesecontosgays.blogspot.com.br/a-historia-de-caio-leitura-on-line-e.html

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Arístenes, fundador da filosofia cínica, pregava que o prazer era uma coisa a ser evitada na vida e que a dor e as provações deveriam ser o objeto da busca de nossa existência. Será que se não fossem as provações eu teria me tornado o que sou hoje? Seria alguém melhor ou pior se minha mãe não tivesse falecido, se eu não tivesse sido violentado e desprezado durante minha infância e adolescência? Fui dormir pensando nisso após o Yoh me falar sobre Arístenes depois de tomar algumas taças de vinho na noite de sábado seguinte aquela semana maluca em que sai de casa.

Seria a última semana do Yoh e eu estava já sentindo muita saudade. O Daniel se manteve na defensiva durante toda a semana, não insistiu em ficar comigo, apenas ia me pegar no ap do Yoh e me trazia de volta, além de passar muito tempo lá. Não falei mais com Roney nem com a Samia, ela escolheu apoiar ele, achando que ele “não fez por mal”, como falou na única vez que a liguei para tentar conversar. Sinceramente, mandei ela ir se ferrar. Era foda, precisava muito de uma amiga, não tinha para quem falar a confusão enorme na minha cabeça sobre o Yoh e o Dan.

Não rolou nada entre mim e o Yoh desde aquela vez que pedi o beijo na boca e ele beijou minha testa. Não tive coragem de tentar mais nada, mesmo a gente dormindo lado a lado na cama todos os dias. Eu desejava o Yoh, minha atração por ele era inegável, mas não conseguia esquecer ele dizendo que não conseguia me desejar mais. E não tinha coragem de tentar nada, se eu fosse rejeitado outra vez eu iria ficar complexado pelo resto da vida.

Não ouvi mais notícias do meu pai durante aquela semana, nem do Carlos jr. O Dr. Vasques me trouxe uma série de papeis para assinar e com a colaboração do meu pai o inventário começou a ser reanalisado para que a minha parte fosse dividida. Além das ações e fundos de investimentos onde eu tinha parte, iria receber vários imóveis. Ainda ia levar um tempo para eu tomar posse definitiva de tudo, então o Yoh me deixou ficar no apartamento dele. Prometi cuidar muito bem. Eu queria cuidar bem do dono do apartamento também, mas ele tinha me rejeitado. Aquele beijo que pedi ao Daniel foi mais para testar o Yoh, queria saber se ele teria ciume de mim. Não teve. Então passei a trabalhar meu coração para dar a chance que o Daniel queria, ele era muito atencioso e eu tinha atração por ele. Talvez eu fizesse como o Yoh e desse os seis meses de teste para ele.

Acordei naquele domingo cansado, o Yoh sempre acordava antes de mim. Fui para a cozinha e ele estava descascando chuchus. Adorava ver ele na cozinha, porque sempre acabava saindo alguma comida gostosa daquela bagunça que ele criava.

- Bom dia. - cumprimentei.

- Bom dia. Primeiro dia de sua última semana não é?

- É. Ansioso para se livrar de mim?

- Demais. Vou aprontar altas orgias aqui na sua ausência.

- Eu saberei, meu caro. - Riu ele.

Eu fiquei curioso de saber se ele estava transando com alguém. Ele tinha um fogo que não se apagava quando transávamos. Imaginei que se a gente estivesse junto mesmo, eu estaria completamente acabado de ficar dando para ele todo dia.

Tampouco eu estava transando, mas não era exatamente um problema para mim no momento, estavam acontecendo tantas coisas que, sinceramente, a libido era o último item da minha lista de prioridades.

O Dan chegou logo depois para almoçar com a gente. Eu achava chato almoçar com ele porque o Yoh acabava fazendo alguma coisa vegetariana e eu não me acostumava em comer aquilo. Quando me toquei que a mãe do Daniel também era vegetariana, percebi que provavelmente não seria um membro bem aceito na família. A mãe do Yoh morava no interior do estado, no município de Juazeiro do Norte e eu era doido para conhecê-la, pelas loucuras dela que ele contava. Ela não sabia dele, ele disse que não era por medo nem nada, era apenas porque ela teria dificuldades em entender a situação por ser daquele meio de interior, com uma cultura super religiosa. Acho que era mais pela comodidade, ela morava a 600 km de distância dele e não tinha como saber detalhes da vida sexual dele, então era melhor não se estressar com o assunto.

Foi mais um dia que passamos a três no apartamento, como uma família. Se parasse para pensar, em poucas semanas minha vida tinha virado completamente de ponta cabeça, mas eu estava feliz, curtia uma felicidade que só havia experimentado antes na infância. Minhas dúvidas e problemas não haviam acabado, mas eu tinha esperanças e perspectivas onde antes só haviam trevas.

Interessante que minha homossexualidade não repercutiu negativamente em nenhum ambiente onde eu convivia. Tirando o basquete no colégio onde eu perdi o lugar no time, não sofri qualquer outro tipo de constrangimento. As pessoas falavam mais se mim pelas costas quando eu era enrustido, que agora, que sou assumido. No meio de tantas confusões, só na sexta-feira, ou seja, 2 dias antes daquele domingo, fui saber que o Dan também tinha saído da equipe quando o PJ procurou ele para oferecer o posto de capitão. Segundo ele, mandou o treinador enfiar o posto no rabo. Achei bem feito, mas teria sido melhor ainda se o PJ tivesse seguido a recomendação. A atitude de me tirar do time foi algo totalmente isolado, um preconceito só do professor, não do coléegio ou algo assim. Inclusive porque no vôlei haviam vários alunos abertamente gays, e o time era treinado também pelo PJ, mas ele aparentemente tinha o vôlei como um esporte gay e o basquete como algo mais viril. Ele que enfiasse a virilidade dele na bunda.

Agora eu sentava sempre próximo ao Dan, as pessoas no colégio já achavam que a gente namorava. Na segunda-feira eu cheguei do colégio super tarde, porque fiquei na biblioteca estudando, o Yoh havia ido ao tribunal resolver umas questões do afastamento dele para ser delegado e me pegou no colégio na volta.

- Pega. - Ele me disse quando entrei no carro, me entregando um envelope pardo grosso de papéis.

- A relação dos bens da sua mãe. Tem destacada o que ficou para você. O Dr. Vasques está tentando que a mansão fique contigo. Se der certo, quero banhos de piscina vitalícios. - Falou ele divertido.

- A mansão? Sério? Eu não imaginei que chegaria a tanto.

- Caio, você precisa crescer. Já é adulto no papel. Precisa ser adulto fora também. Eu não vou estar com você dentro de 4 dias. Vou estar bem longe e não vou poder ficar protegendo suas costas. Você precisa aprender a se virar e o Dan não vai ser de grande ajuda, porque ele é muito inexperiente também, apesar de gostar muito de você e desejar muito o seu bem.

- Eu estou com medo de ficar sem você.

- Eu não fiz essas coisas por você para você ficar dependente de mim, Ca. Você vai ter que assumir lugar na diretoria das empresas da sua família. Sabia disso? Vai estar cheio de gente querendo te dar rasteira, interessada no que é seu. Você vai ser um viado rico também, vai chover de caras querendo declamar juras de amor para serem sustentados por você. E se você cair nessas coisas, eu sinceramente vou me arrepender de ter te ajudado.

Eu fiquei chocado com as palavras dele.

- Porque você me ajudou Yoh? - Perguntei. - Você nunca pediu nada em troca.

- Nem vou pedir. Talvez um dia eu te conte minha história. Nós temos algo em comum, passamos por coisas muito ruins na vida. Eu reagi aprendendo a ser alguém muito forte. Digo isso sem medo de parecer que estou só me achando. Quando eu te conheci, vi algo diferente no seu olhar, vi uma pessoa que sofria muito, mas que podia superar tudo e se tornar forte. É isso que eu quero como pagamento, que você se torne uma rocha no meio do mar revolto. Que se torne resistente a todo tipo de coisa, que se torne completamente digno da ajuda que eu te dei.

- Eu vou fazer isso. - Falei decidido.

Aquela conversa nunca saiu da minha cabeça, ela retorna em suas exatas palavras à minha memória sempre que preciso tomar decisões difíceis. Eu não era um hipnotista, nem tinha aquele dom de enxergar os sentimentos das pessoas que o Yoh tinha. Mas ele disse naquele dia o que esperava de mim. E isso eu era capaz de alcançar.

Chovia no dia que ele ia viajar. Uma chuva daquelas finas, em que a água cai do céu como flocos de farinha de trigo lançados sobre uma massa. A cidade parecia chorar se despedindo dele. Eu decidi não ir até o aeroporto, porque eu detesto despedidas, ia chorar muito. O Dan que ficou de levar ele. Eu ajudei a arrumar a mala.

- Você está levando pouca coisa. - Falei.

- Vou precisar mesmo é de roupas de frio, como não tenho nenhuma. Vou comprar lá.

- Você devia ter me avisado, eu teria ido ao shopping comprar, ou então a gente iria junto.

- Agora é tarde. - Riu ele. - É bom que conhecerei os shoppings de Curitiba.

- Vai fazer sucesso em Curitiba. Lá é cheio de gays, o Dan que me disse.

- Olha a mente suja, rapaz. Logo vou ser uma autoridade. - Riu ele.

- Ainda bem que te peguei antes de ser. Eu teria chances com você sendo delegado?

Ele gargalhou alto:

- Acho que como delegado minha anatomia não mudaria em nada, então sentiria o mesmo tesão que senti por você antes.

- Idiota. - Critiquei.

Estava ainda conversando amenidades, tentando esquecer que logo ele iria embora, quando o celular dele tocou. Era o Dan, já estava lá embaixo.

Segui ele até a sala, ele deixou as malas na saída e voltou para se despedir:

- Fica assim não. - Ele falou me consolando porque cai no choro. - Qualquer coisa pode me ligar qualquer hora. Se o Dan fizer algo que você não goste eu capo ele. Certo?

- Certo. - Falei dando um breve sorriso em meio as lágrimas. - Eu vou sentir muito tua falta aqui, dormindo comigo, me acostumei. E tudo, eu não tinha medo de nada porque sabia que você sempre ia resolver as coisas quando eu não soubesse para onde ir.

Ele me abraçou bem forte. Colocamos a cabeça no ombro um do outro.

- Não esquece de ser forte e botar pra quebrar. Senão eu capo você também. E vê se cuida do Dan pra mim também, ele é maluco mas tem conserto. - Falou me soltando.

Caminhou até a porta enquanto eu fiquei ali parado chorando. Quando ia fechar a porta, abriu-a de novo abruptamente e pensei que ele tinha esquecido algo. Mas ele apenas ficou parado, olhando diretamente para mim e disse:

- Vem até aqui. Por favor.

Caminhei até ele sem saber o que ele faria. Ele me segurou pelos ombros, baixou seu rosto até ficar me olhando diretamente. Senti aquela sensação de quem está tendo a alma sendo scaneada. Ele então aproximou a boca da minha me deu um beijo super terno, calmo, concentrado, como se quisesse gravar bem aquele beijo na memória.

- Eu estava te devendo isso.- Falou pegando a mala e partindo. Fiquei observando até ele sumir descendo as escadas. Não mais sozinho. Não pude impedi-lo de arrancar um pedaço meu e levar com ele.

Continua . . .

P. S. : Pessoal, amanhã se eu não estiver aqui as 17, é porque eu tive um compromisso, nesse caso posto a continuação só as 23:00.

P.S 2: Desculpem o atraso de 5 min, eu vou postando a medida que escrevo e esse aqui acabei agora mesmo. Calculei mal o tempo.

Obrigado mesmo pelo incentivo de todos.

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Comentários

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Muito bem... Uma dica: não marque o horário certo. Em caso de atraso, você fica em maus lençóis. Rsrsrs Parabéns pelo conto

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Penso que a partida do Yohan foi necessária para você alçar vôos mais altos... você meio que estava ficando dependente dele, e temos que aprender a andar com as nossas próprias pernas no mundo cão em que vivemos, ou somos engolidos por ele!!!

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Perfeito ñ tenho palavras para descrever a sensação de ler este capítulo da teu conto.

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Emocionante, perfeito, adoro o Yoh. Eu fiquei me achando quando vi seu comentário no meu conto obrigado!!!

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Se vc ñ postar as 17horas eu vou surtar ( brincadeira ) mas tomara que vc ñ tenha compromisso pq eu vo sentir muita falta até as 23!!!

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simplesmente excelente, só tô com medo dos carlos te fazerem algum mau,...

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Se todo mal do mundo fossem atrasos de 5 minutos estaríamos feitos uHAUhauHAUhauAH Perfeito como sempre, Um abraço, até amanha =)

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