Como Chamas 2x10: MELHORES AMIGOS DEVEM CONTAR TUDO UM AO OUTRO, SE NÃO...
- Oi. Disse Violet me dando um beijo na bochecha. Retribui o beijo antes de me sentar na cadeira ao seu lado. Estávamos na cafeteria em frente a meu trabalho. Aquela era uma manha fria de segunda feira e eu a avia chamado aqui.
Tirei o recorte de jornal do bolso do casaco e mostrei a ela. Com toda a confusão do acidente, não tivemos tempo de conversar sobre o lance do ex-namorado-morto. E eu queria muito entender aquela história.
- Quero que me conte tudo sobre esse garoto.
Violet olhou a foto no jornal um pouco ressentida. Provavelmente as coisas terminaram mal entre os dois, mas ela não parecia feliz com a morte dele.
- Nando e eu namoramos por um ano. Mas então ele começou a de envolver com drogas e tive que terminar com ele.
- Aqui na matéria diz que ele morreu nessa cidade. Sabe me dizer se ele conhecia alguém da parte alta da cidade?
Violet se voltou para mim.
- Naquele bairro de gente rica? Acho pouco provável... Esperai um pouco, você não mora lá?
A idéia me abateu como uma lâmpada se acendendo em minha cabeça. Não tinha prestado atenção neste fato ate agora.
- Moro, mas eu não o conhecia.
O garçom bonitinho trouxe nossos cappuccinos e piscou para mim e para Violet. Eu morria de vontade de perguntar se ele era gay ou coisa assim, mas nunca tive coragem.
- Hum, de qualquer modo, acho que agora podemos descartar Alice como suspeita.
- Ainda não.
- Mas Dan, ela não se encaixa nessa história...
- E nem eu. O que nos dois temos em comum? O que eu tenho haver com o seu ex? E melhor, porque nosso perseguidor tinha isso? Muita coisa não se encaixa ainda!
- Isso tudo é loucura... Sabe, você não estranhou o fato daquele garoto ter sido o único a ser jogado da escada? Havia varias pessoas lá quando subimos.
Pensei por mais alguns minutos. Verdade, havia mesmo mais pessoas ali e apenas uma foi empurrada. Isso provavelmente não significaria nada, mas não custava nada.
- Oi Baby. Disse a voz de Felipe atras de mim.
Devagar, ele me deu um abraço por trás e sorriu para Violet.
- To interrompendo?
- Não, estou de saída mesmo. Nos falamos depois Dan.
Violet saiu um pouco irritada. Eu não conseguia entender como ela estava tão fora da pista de Alice. Para mim, ela tinha a palavra culpada escrita na testa.
Felipe contornou a mesa e se sentou de frente para mim.
- O que ta rolado entre vocês dois? Agora só vejo você com essa garota. Ele falou.
Estava prestes a abrir um sorriso para ele, mas me segurei. Ainda estava um pouco bravo com ele.
- Vai ter alguma coisa importante na sua aula hoje? Porque você poderia faltar e nos dois iríamos...
- Seja o que for, guarde para você, dispenso.
- Baby você ainda ta chateado comigo? Já pedi desculpas...
- Quando? Eu devo ter perdido.
Ele ficou calado olhando para a rua. Minutos se arrastaram ate que eu finalmente resolvi dizer algo.
- Como esta o Mike? Perguntei.
- Esta bem. Parece que arrumou uma namorada por lá e não volta tão cedo, meu pai disse que ele vai acabar casando e ninguém vai saber.
Felipe deu uma de suas risadas aleatórias e feliz. Algo em mim despertou, meu amor por ele era tão puro que apenas de saber que ele estava bem ja me ajudava. Porém a risada durou pouco.
Falar do pai dele não era algo que era legal, ainda mais depois de tudo que passei e ouvi dele.
- Sabe, eu sempre quis te perguntar porque segurou a onda naquela noite. Sou muito grato, mas você não precisava ouvir tudo aquilo calado.
- Não foi nada.
- É claro que foi. Você podia ter jogado na cara dele que nos ficamos juntos e não fez. Preferiu deixar que nos humilhássemos você. Não quero fazer você lembrar disso, sei que é ruim, mas só quero saber o porque.
Porque eu te amo seu burro e faria qualquer coisa para que você seja feliz, foi o que eu pensei. Mas não diria a ele nunca. Não teria importância mesmo. Felipe ainda me encarava de modo encantador, ansioso pela resposta. Peguei meu copo de cappuccino e me levantei.
- Você tem razão. Não quero lembrar disso.
Suas bochechas ficaram vermelhas e eu soube que ele estava mesmo arrependido, mas eu não devia ficar deixando ele me magoar e se desculpar toda vez.
* * *
Corri para dentro de minha sala de aula. A professora ja estava lá, tagarelando algo sobre um passeio que faríamos no próximo semestre. Desabei sobre minha cadeira e sorri para Marcie.
Ela revirou os olhos e não me olhou de volta. Jordan soprou um beijo para mim. Não acredito que ela ainda esta brava comigo.
SOU UM IDIOTA. ME DESCULPA?
Escrevi em um pedaço de papel no meio da aula e joguei para ela. Marcie olhou e mordeu o lábio, então, sorriu, escreveu algo e jogou de volta para mim.
VOCÊ PRECISA MUUUUUUUITO DE MIM, SEU GAY!
Dei uma risada baixa e guardei o bilhete no bolso. Lagrimas chegaram rápido demais a meus olhos. Eu precisava mesmo de minha melhor amiga. Eu queria chorar sobre o Felipe, sobre o perseguidor e sobre toda a confusão da minha vida. Mas não podia correr o risco de coloca-lá em problemas de novo.
A aula correu normal e então descemos todos para o refeitório no intervalo.
- Hoje não vamos comer aqui embaixo.
- Como assim?
- Venham comigo.
Marcie me pegou pela mão e corremos para trás da escola. Ao lado do estacionamento havia um pequeno espaço gramado e bem iluminado onde garotos costumavam jogar bola, mas então o diretor pegou alguns deles fumando e proibiu qualquer atividade naquele lugar, mas sempre um ou outro aluno iria para lá, dar uns amassos ou coisa assim.
Marcie, eu, Gregori e Jordan nos sentamos na grama.
Marcie se sentou entre as pernas de Gregori e Jordan me puxava para que eu me sentasse do mesmo jeito, como eu não fui, ele se sentou com as pernas em volta de mim por conta própria.
- O que esta fazendo? Perguntei.
- Relaxa amor. Ele disse sorrindo feito um bobo.
Ai que droga! Mal acabamos de dar uns amassos e ele já agia como se fossemos namorados. Isso estava ficando fora de controle. Por incrível que pareça, nem Marcie e nem Gregori pareceram estranhar a cena.
- Então Best, vai me contar de onde tirou aquela garota? Perguntou Marcie se referindo a Violet.
- A conheci outro dia. Ela é bem legal.
Gregori apertou os olhos para mim.
- Tem algo mais. Na festa, vocês estavam tipo cheio de segredinhos e sumindo o tempo todo. Tão ficando?
- Não. Falou Jordan.
- Desculpe, mas a pergunta foi pra mim.
- Mas não custa nada eu dizer se já sei a resposta.
- Não, você não sabe.
- Então ficaram? Ele me perguntou parecendo um pouco bravo. Aquilo era uma briga? Tão cedo?
A raiva foi mais forte e eu acabei falando besteira.
- Quer saber, estamos sim. E acho que vou pedi-lá em namoro para ver se tiro um chato da minha cola. Falei.
Jordan ficou chocado por um tempo, mas então tirou as pernas de perto de mim e saiu marchando com raiva para longe de nos. Algo me dizia que aquilo havia sido erro, mas eu não iria voltar atras.
- Alguém esta sensível hoje. Eu falei dando um riso falso e forçado. Marcie também sorriu por solidariedade. Amigos são amigos e só eles se entendem não é.
- Não devia fazer isso Dan. Ele gosta mesmo de você. Falou Gregori.
- Desde quando ficaram amiguinhos? Perguntei.
- Desde que minha namorada é melhor amiga do amor dele. Ele falou um pouco duro.
Aquilo era serio? Eu estava prestes a ganhar uma bronca de Gregori por dispensar o Jordan? Nem morto.
- Sabe... Começou Gregori.
- Não. Preciso fazer uma coisa, vejo vocês na sala.
Me levantei, e me afastei, ligando para Violet. Minha vontade mesmo era ligar para Felipe, nada me acalmava mais que ouvir a voz dele, mas meu orgulho e dignidade iriam me odiar se eu o fizesse.
Ela atendeu no terceiro toque.
- Oi, aconteceu alguma coisa?
- Não, não. Meus amigos estão me irritando. Ta afim de sair amanha?
- Claro. Para onde?
- Ótimo. Amanha a gente vê isso. Beijo.
Desliguei e voltei para a sala, passando pelo corredor, vejo Jeremiah falando com alguém ao telefone. Berrando, na verdade.
- Te falei para não deixar pegarem você idiota. Aquele maldito vai me pagar pelo o que fez.
Ele se virou na minha direção. Pensando rápido, me encolhi atras da pilastra que havia ali e torci para que ele não me visse.
- Vou destruir aquele viado... Vou fazer isso por nos dois. Não se preocupe.
Jeremiah desligou o telefone e voltou para dentro da sala. Surpreso e assustado, me sentei no chão. Aquilo era o que eu achava que era? Jeremiah estava agindo com Alice? Um sabia do segredo do outro? Então, eu nem conseguia me lembrar dos meus amigos e nossos problemas.
Aquilo sim era loucura demais para minha cabeça.
