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A História de Caio, completa e revisada para leitura on line e download e contos inéditos no meu blog:
http://romancesecontosgays.blogspot.com.br/a-historia-de-caio-leitura-on-line-e.html
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- Prazer, Ramon, eu sou o Caio. - Entendi a mão.
- Eu sei quem é você. - Respondeu ele apertando minha mão. - E não posso dizer que estou tendo prazer em vir aqui. Tive que vir de uma praia à 300 km de distância porque você se recusa a atender um maldito telefonema do meu irmão.
- Ramon, o Yoh não irá gostar de saber que você está tratando o Caio assim.
- E é você que vai contar, Daniel? - Falou e sem esperar resposta se dirigiu a mim. - Vai me convidar para entrar ou além de ser mal educado de não atender telefone você deixa visita uma hora de pé na soleira da porta?
- Cara, autorizei sua entrada na minha casa por consideração ao Yoh. Mas ou você me respeita e respeita meu namorado, ou pode dar meia voltar senão mando te expulsar.
- Namorado? Desde quando as bonecas estão namorando?
- Desde hoje, Ramon. - Completou o Dan. - Melhor você dar o seu recado e sair fora, o Ca não foi muito com a sua cara.
- Você ainda vai se arrepender de não seguir o que eu falo, Daniel. Meu recado é que o Y mandou dizer está voltando amanhã para cá para supostamente descobrir quem anda massacrando todo mundo que já te comeu. - Falou se direcionando para mim.
- Ele não precisa vir. - Falei.
- Também acho, e você teria feito um favor a todo mundo se tivesse atendido as ligações e convencido ele disso, boneca.
- Para de me chamar assim seu filho da puta. Ou eu quebro a tua cara e não quero nem saber se é irmão do Yoh.
- Ramon, cai fora. - Falou rispidamente o Dan.
Ele levantou as mãos como se estivesse se rendendo em forma de deboche e entrou no carro.
- Como alguém desagradável assim pode ser irmão do Yoh?
O Dan apenas riu e então não pude deixar de inquiri-lo:
- O que ele quis dizer sobre você não seguir o que ele diz?
- Amor, não quero falar disso. - Achei muito meigo ele me chamando de amor, quase me fez esquecer a pergunta. Mas ele respondeu mesmo assim. - O Ramon tem muitos contatos na polícia, ele disse que eu estava sendo suspeito de ter atacado o Carlos, o teu pai conseguiu me colocar como investigado sem falar nada oficial sobre você ter sido abusado, extraoficialmente eu estava sendo seguido. Aí ele disse para eu me relacionar com outra pessoa imediatamente, para encerrarem aquelas investigações. Então eu fiquei desesperado e a pessoa à mão disponível era o Roney. Eu me senti mal de usar ele, mas era o único namoro instantâneo que eu podia arranjar. Mas você disse que gosta de mim também e nada mais importa. A gente está namorando mesmo?
- Depende. Eu sou a mulher da relação, quem tem que pedir é você. - Falei rindo.
- Não seja por isso. - Ele segurou na minha mão e dobrou um dos joelhos até o chão, me encarou todo romântico e perguntou:
- Caio César, aceita namorar comigo?
- Promete nunca mais me estuprar? - Indaguei.
- Juro solenemente. - Respondeu colocando a palma da mão sobre o peito.
- Então aceito.
Ele levantou me abraçando e me dando um beijo na boca.
- Vou te fazer muito feliz.
- A gente merece depois de tanta loucura que passamos. - Comentei. - Me tira uma dúvida, o Ramon é gay?
- Não, e ele é super preconceituoso. Só disfarça na frente do Yoh. O Ramon é o cão raivoso do Yoh, acho que o Yoh é tão calmo porque tem o irmão pra ficar com raiva de tudo por ele.
O Yoh chegaria no domingo, provavelmente a noite, a gente merecia um descanso. Fomos deitar naquele fim de tarde. Ele ligou para a mãe e disse que estava comigo. Pela expressão no rosto ela não parece ter gostado. Tudo bem. Eu conquistaria dona Liana de novo, ia fazer o filho dela muito feliz.
Acordei no domingo e liguei meu notebook, tinha prefiro um a colocar um PC no quarto, um notebook podia usar em todo lugar. Abria página do jornal local. E notei que havia em destaque a notícia que eu andei temendo aqueles dias, tinham pegado o Mário. Ele foi encontrado nas margens de uma conhecida lagoa de Fortaleza, onde costuma haver uma feira. Também fora estuprado, mas não havia nada enfiado nele quando foi achado, mas algo chamava atenção no caso dele, diferente dos outros, havia uma mensagem escrita nas suas costas, fora escrita a arranhões provocados por algo afiado e dizia: “Precisava do CEP?”. A polícia, o Mário e a imprensa não entenderiam a mensagem, mas eu sim, o criminoso estava zombando de eu não ter avisado. O endereço que ele me mandou tinha tudo, menos o CEP.
Era estranha aquela sensação de saber que havia um psicotava a solta falando com você. Pelo menos eu imaginava que o Mário seria o último. Aquele misto de medo e de me sentir vingado era uma mistura tão estranha de emoções que eu não sabia como agir. O Dan ainda dormia do meu lado. Coloquei o laptop de lado e me agarrei no corpo dele para me sentir protegido. Ele acordou e me apertou forte contra seu peito.
Eu queria me sentir protegido no colo dele, mas como proteger ele? Como proteger a gente de toda aquela loucura. E se o Yoh não entendesse eu querer ficar com o Dan? Apesar de parecer repentido, aquela decisão maturou muito dentro de mim. Não conseguia ficar com alguém que não dava para confiar e o Yoh eu nunca sabia o que estava pensando ou planejando. O Dan era previsível, ele me amava e continuaria me amando, e eu gostava disso. Eu queria vê-lo feliz, gostava de estar com ele, gostava do sexo, apesar de costumar doer muito.
Ficamos na cama até as 10 da manhã. Quando ele acordou eu mostrei a ele a notícia e ele concordou comigo, pelo menos aquilo tinha acabado. Eu ainda queria muito saber quem tinha sido e no fundo, eu achava que o Yoh seria capaz de descobrir. Deus sabe que tipo de contatos ele não deveria ter no submundo do crime e etc.
Eu achei surpreendente como eu não sabia dar valor ao Dan, os momentos eram tão especiais do lado dele. Ele dava segurança. Percebi que minha eterna dúvida sobre ele e o Yoh era exatamente em virtude das grandes diferenças entre os dois. Ficar com o Yoh era como andar de montanha russa, cada momento uma emoção diferente, com o Dan era como andar no túnel do amor. Ambas as coisas eram muito boas, mas eu não poderia ficar com as duas. Deveria escolher e me dedicar aquela que me fazia mais feliz. E por mais que adorasse as emoções de estar com o Yoh, eu era um romântico sem remédio, no fundo tudo que eu queria era alguém que me amasse profundamente e se dedicasse a mim com todo seu coração para que eu pudesse mergulhar nesse relacionamento com tudo sem qualquer tipo de receio de me decepcionar, como quem mergulha em uma piscina com toda sua força, sabendo que ela é funda e você não vai bater sua cabeça nos azulejos.
Ele foi embora já ao anoitecer, queria que eu fosse ser apresentado à mãe dele como namorado, mas achei melhor ele ir sozinho e falar, para ela se acostumar com a ideia. Teríamos muito tempo para essas apresentações. E eu esperei uma possível visita do Yoh ainda aquela noite, mas ele não veio, nem se comunicou de nenhuma forma.
Acordei meio atrasado para o colégio. Eu adquiri tantas responsabilidades nos últimos tempos que achava estranho ir para o colégio como um garoto normal. Mas eu não só precisava assistir aquelas aulas, como tinha que estudar seriamente por fora senão meu vestibular iria pro saco.
Estava saindo de casa dentro do carro quando levanto a vista para ver a rua e percebo um garoto moreno escuro de boné colocando uma carta na caixa de correio, quando percebo o que é, meu coração da um sobressalto.
- Sérgio, pare o carro. - Grito.
O Sérgio tomou um susto mas parou prontamente. Percebendo o movimento brusco do carro o garoto sai correndo tão rápido que mesmo o Sérgio e o porteiro tentando alcança-lo foi impossível. Quando vi que não o pegariam, olhei na caixa de correio e notei que a mensagem tinha sido deixada com sucesso. Era um envelope igual o último, abro nervoso, torcendo para ser algo tipo “trabalho encerrado”, mas quando abri me faltou ar de tanta surpresa, estava escrito em letras garrafais.
“SÓ FALTA A BICHA. VAI TER PENA?”
Meu Deus. Ele falava do Roney.
Continua...
P.S: Até amanhã pessoal.