Descemos a colina correndo e então usamos para andar sobre a água, Caroline teve um pouco de dificuldade, mas logo se adaptou, estávamos correndo rumo à rachadura da barragem e eu disse:
-Caroline, eu preciso de um favor, você poderia fazê-lo para mim? – Eu falei com seriedade na voz enquanto corria.
-Claro.
-Eu quero que você... –Eu dei uma pausa. – Use seu poder de rastreamento para achar o Renan.
-Posso fazer isso. –Ela disse com certeza na voz- Mas me responda uma coisa. O que há entre você e o Casablanca?
-Nada. –Eu disse ainda correndo. – Apenas acho que é injusto uma pessoa morrer por estar fora de si.
Ela sentiu que eu estava mentindo, ela apenas fechou os olhos, se concentrou uns minutos e me disse.
-Estamos perto dele, ele não está do outro lado da cidade. Ele no alto da barragem. E parece que sentiu nossa presença.
-Como você sabe?
-Ele está nos esperando.
Chegamos à cachoeira que estava saindo da rachadura daquela barragem enorme.
-Caroline, eu preciso que você impulsione a água para trás, inverta seu próprio fluxo, fazendo-a voltar para a barragem. Eu vou fechar aquele buraco.
Ela assentiu e fez a água voltar aos poucos, porém era muita água, se eu não concertasse aquilo a tempo ela morreria afogada, era iniciante então o progresso estava lento. Eu me levitei até o alto da barragem, e parecia um campo enorme com uma rachadura no meio onde eu podia ver claramente a água fluindo para trás. Mas por quanto tempo?
Estava distraído pensando em como fechar aquela rachadura, quando ouço uma voz grossa, autoritária e com ódio.
-Sam.
Era ele, está vivo, e carrega uma energia negativa horrível, eu podia sentir que ele estava queimando por dentro.
-Renan? – Eu me virei para trás e ele estava com os olhos vermelhos, parecia mais musculoso e respirava forte. Ele chegou perto de mim e eu passe a mão no rosto dele. –O que aconteceu?
-A cruz... Ela está me tornando um monstro.
Eu o abracei e disse:
-Você não é um monstro, eu irei te ajudar, eu prometo. Mas agora eu preciso que você me ajude a concertar isso tudo.
-Eu não consigo. –Ele recuou para trás.
-O que? –Eu disse confuso.
-A cruz, ela só destrói, não consigo usar os poderes dela para fazer alguma coisa pacífica... A não ser- Ele deu uma pausa – Proteger você.
-Renan eu... Eu não posso esperar você se recuperar, sinto muito. Eu vou fechar essa barragem, irei congelar essa água até achar outro jeito.
Eu olhei para a água e fui se aproximando dela, quando Renan me agarrou pela cintura, me puxou para perto dele e disse.
-Não posso deixar você fazer isso. –Ele sussurrou- Ela tem que deixar as pessoas morrerem.
-De quem você está falando? –Eu estava tentando me soltar, porém ele estava me apertando.
-A cruz.
-Pessoas vão morrer Renan. – Ele me apertou mais.
-Elas têm que morrer. Elas nasceram pra isso.
-Desculpe-me, não é essa visão que eu tenho das coisas. – Eu me soltei dele e o levitei para longe, quando em um piscar de olhos ele segurou meu braço e me jogou para o outro lado da rachadura.
Ele veio e deitou em cima de mim, foi subindo a mão na minha perna e sussurrou.
-Senti sua falta. – O cheiro e a adrenalina que ele emitia eram excitantes. Ele tinha o charme natural dos vampiros.
-Renan eu... –Ele me beijou cuidadosamente e sussurrou.
-Você vai se entregar pra mim agora, você vai ser meu. – Eu o senti excitado e ele cheirava meu pescoço e lambia de leve minha orelha. Eu ia me entregar para ele. Só não sei explicar o por que.
-SAM!! ELE ESTÁ TE SEDUZINDO, É UMA HIPNOSE ACORDE!
Eu ouvi o grito de Caroline, oh Deus ela estava lá embaixo e estava precisando de ajuda. Renan estava usando hipnose, o poder dele aumentou por causa da cruz.
Eu o joguei pro lado e tentei correr, ele segurou minha perna e eu caí, ele se arrastou para cima de mim novamente, eu pude sentir o membro dele e ele me prendeu com os braços em volta de mim.
-Renan... Eu não quero te machucar. –Eu disse sem um pouco de ar na voz, o corpo dele era pesado.
-Você não quer? Ou você não pode? Deixe sua amiga morrer e vamos viver juntos, aquela cidade já não mais importa. –Ele sussurrou e cheirou meu pescoço de novo, ele ia me hipnotizar novamente, mas dessa vez eu não ia deixar.
Eu levitei parte da água e a joguei contra o Renan, a água parecia que tinha vida própria, o prendeu no chão e eu a congelei. Isso me daria tempo.
-HAHA! VOCÊ PENSA QUE ISSO VAI ME PRENDER, SAM? SUA MAGIA CONTRA MIM É INÚTIL. –Ele gritava e ria alto, parecia um psicopata.
Estava congelando a água, isso pararia o fluxo hídrico por um tempo. Eu fui a ponta da barragem e gritei para Caroline.
-Já pode descansar, obrigado.
-Ok. – Ela fechou os olhos e ficou em pé, recuperando energias, ela havia conseguido fazer voltar toda aquela água para a barragem. Isso exigiu muito esforço dela.
-Surpresa. – Quando me dei conta Renan estava atrás de mim, ele me pegou pelo braço e me jogou mais para trás da barragem.
Ele tirou a camisa e veio para cima de mim, que estava deitado no chão, ele estava selvagem e quente, eu estava achando isso um pouco excitante. Ele se deitou em cima de mim novamente, porém eu senti as lágrimas dele escorrerem. Ele pressionou os punhos no chão e disse em meio às lágrimas:
-O que você vê nele?-Os olhos dele voltaram a ser azuis, podia sentir a dor nele.
-Eu...
-Você não entende não é? Eu te amo. Eu sempre te amei. Você é o único que acredita que eu não sou um monstro, você me faz acreditar em mim mesmo. – As lágrimas dele caiam em meu rosto. – Eu não quero te ver com outra pessoa, toda vez que você demonstra afeto pelo Blake, aquilo... Aquilo me machuca. Eu sou um vampiro, deveria ser frio e sanguinário, tenho milhares de pretendentes, mas do seu lado eu me sinto em paz. –Eu sentia mais dor vindo dele, a intensidade da cruz estava abaixando. – Eu preferia morrer a te ver com outra pessoa.
Eu fiquei sem reação e apenas o beijei, ele retribuiu e me levantou, enlaçou os braços em minha cintura e depois me abraçou.
-Eu preciso de você- Ele sussurrou antes de dar tempo de responder um vulto o atacou e o jogou na beira da barragem.
-Sam, você está bem? – Blake chegou e me abraçou, eu estava um pouco tonto com tudo. Vikram, Diego, Philipe e Lolita estavam atacando Renan.
-Blake, por favor, peça para eles pararem. –Eu implorei.
-Estamos fazendo o certo Sam. -Ele disse com um tom sério.
-Não Blake, por favor. –Eu corri até onde eles estavam brigando, Renan já tinha vencido Philipe, Vikram e Lolita, Diego ainda lutava com ele, mas logo foi derrubado também.
Renan estava novamente descontrolado, com os olhos vermelhos e músculos alterados, Caroline subiu a barragem e tentou ataca-lo, porém foi derrubada também.
-Sam, não! – Blake segurou meu braço e eu vi aquela mesma energia do conselho, a mulher de cabelos negros. Vyvianne. Ela surgiu atrás dele.
-CUIDADO RENAN! – Eu gritei, ele se virou e ela enfiou em sua barriga e tirou a cruz, sua mão não tinha nenhum sangue. É como se ela tivesse o atravessado.
-NÃO! – Eu tirei a cruz de sua mão e levitei-a até a minha.
Eu senti a cruz queimar, porém não conseguia solta-la, era um poder enorme, uma sensação de ódio. E eu estava gostando disso.
Eu estava tremendo e sentindo o poder da cruz correndo em minhas veias, eu ficava imaginando como Renan matava tantas pessoas. E hoje eu penso em como ele podia parar?
Vyvianne olhou espantada e chutou Renan para perto de mim, ele estava agonizando e com muita dor. Mas eu não ligava, não precisava de sentimentos, eu tinha poder.
-TIREM A CRUZ DELE! –Gritou Vyvianne.
Blake, que me olhava sem saber o que fazer segurou em meu braço, eu olhei para ele e ele viu que meus olhos ficaram cinza, eu o joguei no ar e chutei sua barriga. Ele agonizou de dor.
-Você tem duas relíquias agora. –Disse Vyvianne – Você pode sentir o poder certo Sam? Mas será que você pode controla-lo?
Eu comecei a rir descontroladamente, mantive minha postura ereta e disse:
-Você está me subestimando querida- Eu lambi os lábios- Sou muito mais do que seus olhos podem ver.
Eu a levitei para perto de mim e ela colocou a mão no meu rosto, tentou sugar minha energia vital, mas sem sucesso, eu a empurrei e chutei sua barriga, ela gemeu e me atingiu com energia, eu fiz um pentagrama na minha frente e abri um portal para outra dimensão, ela foi sugada e eu pude ouvir os gritos dela. Eram gritos de ajuda e dor, eu estava amando ouvir isso.
Eu fechei o portal e olhei para os que estavam caídos na beira da represa, eu devia empurra-los? Ou seria melhor abrir os corpos deles e deixar as aves fazerem o trabalho por mim?
Eu senti uma mão no meu braço, era Renan, ele ainda estava vivo. Eu tentei me soltar, mas não tinha forças.
-Me solte seu imbecil- Eu disse com ódio.
-Você não vai conseguir se mover, eu conheço minha relíquia e é a mim que ela quer. –Ele disse se levantando, tinha um pouco de sangue do lado da boca dele. –Sam, você não é assim, por favor, pense nos outros, você derrotou Vyvianne e agora está se destruindo também.
Ele apertou mais meu braço, minha mão estava se abrindo sozinha e a cruz caiu. Eu voltei ao normal e me sentia horrível.
-Então essa é a sensação? – Eu falei em um tom baixo.
-Sim, não queria que você passasse por isso. –Ele me abraçou.
-Tudo bem.
Eu ouvi um barulho e a barragem começou a tremer, com tudo isso eu me esqueci de fecha-la, a água estava descongelando e ia transbordar novamente.
-Eu vou fechar aquilo. - Eu disse.
-Eu te ajudo. –Disse Renan- Mas antes...
Ele pegou e a jogou no meio da água. O barulho era muito e eu gritei:
-O que você fez??
-Estou me livrando de um tormento. –Ele sorriu.
Eu me concentrei e fui juntando as partes rachadas com levitação, Renan pegou as duas partes com as mãos e me ajudou à junta-las.
Eu selei ambas as partes e elas se fixaram, a barragem estava salva.
E Renan era finalmente livre.
Está aí mais um episódio pessoal, espero que gostem. :) , os fãs de Renan já podem ficar felizes, ele está livre da dor agora. :') , mas tem tanta coisa para rolar ainda na história. KKKKKKKK Obrigado por terem lido, amo vcs bj e boa semana. ;D