PRÓLOGO.
Caio era um homem velho, … velho e cansado, … incapaz de suportar mais perdas que um destino irônico – e porque não sarcástico – ainda teimava em aplicar-lhe sem piedade. Mas aquela perda, … aquela perda era por demais insuportável. Seu coração não iria resistir – pensou ele – mas, porque esperar se tudo podia ser resolvido de uma forma mais eficiente. Ele puxou o cão de sua pistola automática e apontou-a para a própria têmpora.
- “Que Deus me perdoe pelo que vou fazer agora, … minha filha, … minha doce filhinha, … me perdoe, eu pequei e fiz você pecar, ...”
Silêncio.
Um tiro.
Roberto não conseguia entender o porque daquele livro ter chegado às suas mãos. Sentado em sua poltrona preferida em sua sala de leitura, o sujeito de meia-idade estava pensativo tendo nas mãos o exemplar de “O Livro dos Destinos”, uma raridade que nos dias atuais resumia-se a apenas dez cópias em todo o mundo, posto que o autor – um europeu de origem obscura, que morreu em total miséria e em condições absolutamente misteriosas – havia amaldiçoado o dia em que o concebera e exigira da editora o recolhimento de toda a edição que foi imediatamente destruída também em condições inexplicáveis.
A memória de Roberto ainda conservava fresca a imagem do livreiro idoso, dono de um sebo situado bem no centro histórico de Buenos Aires, que com o olhar misto de incredulidade e receio havia lhe dito que não tinha nenhum exemplar do “livro amaldiçoado” e que não conhecia ninguém que o possuísse para venda. Roberto recordava-se muito bem de que no exato momento em que estava saindo do comércio de livros antigos, foi surpreendido pela aproximação da mais bela mulher que ele jamais vira. Era como se uma ninfa houvesse surgido do nada, caminhando na direção dele.
Roberto ficou paralisado com aquela imagem de beleza rara e exuberante cujo olhar brilhava como uma estrela no firmamento, fitando-o como se fosse ele a única pessoa existente no universo. E enquanto ela caminhava decidida em sua direção, Roberto não pôde perder a oportunidade de apreciar aquele pequeno espetáculo divino na terra; o corpo esbelto e sinuoso, possuía as formas mais perfeitas que o Criador poderia ter concebido. Seus seios, firmes e volumosos, pareciam querer rasgar os tecidos que os encobriam mostrando-se atrevidos para deleite dos olhares masculinos ávidos, enquanto o restante do conjunto gingava rebolando as ancas com uma insinuação quase obscena.
Ela estancou seu caminhar ao ficar frente a frente com ele, estendendo-lhe um pacote embrulhado em papel manilha e amarrado com barbante comum. Roberto olhou para ela, incapaz de ocultar a surpresa pela atitude, que somava-se ao sobressalto que sua aproximação lhe causara. Hesitante e inseguro Roberto estendeu suas mãos tomando o embrulho para si. A tal mulher deu-lhe um sorriso enigmático enquanto seus lábios vermelhos como frutas frescas pronunciavam as únicas palavras que ela viria a dizer para ele.
- Isto é o que você estava buscando, … faça dele o que quiser, … porém, preciso lhe advertir que todos aqueles que o tiveram em seu poder não suportaram seu conteúdo, … pense bem antes de ousar folheá-lo, …; Ela mal terminara de pronunciar aquelas palavras com um tom de voz quase sobrenatural, deu-lhe as costas e retomou seu caminhar, afastando-se dele.
Roberto ficou perplexo com aquele evento e minutos que quase pareceram séculos decorreram até que ele conseguisse livrar-se da estase que havia tomado conta de seu corpo e de sua alma, jogando-o de volta à realidade. Ele ainda foi capaz de ver a tal mulher dobrar a esquina enquanto desprendia uma rápida corrida a fim de alcançá-la. Mas assim que ele conseguiu chegar até a esquina constatou que ela havia desaparecido como se jamais estivera ali.
Roberto permaneceu onde estava, tentando compreender o que havia acontecido, até que deu-se conta de que o embrulho que lhe fora oferecido ainda permanecia em suas mãos; aquela estranha oferenda era a única prova de que ele não havia sonhado, muito menos que tivera participado de uma experiência insólita que apenas existira em sua mente. Cuidadosamente, ele abriu o embrulho descobrindo que seu conteúdo tratava-se de um exemplar do “Livro dos Destinos”! Como era possível! Não fora ele que chegara ao livro, mas sim o livro que viera até ele! Porque? Qual a razão daquela experiência inexplicável?
De volta ao presente, Roberto abriu o exemplar do livro amaldiçoado e começou a folheá-lo, inicialmente de forma descompromissada, olhando algumas palavras soltas, as vezes frases completas, detendo-se momentaneamente nas ilustrações que ele considerava incomuns, até que uma frase em especial prendeu-lhe a atenção. Ela dizia: “... Pecados não se contam, … pecados não se somam, … pecados são pagos com sangue, … não desejes pecar pelo prazer da carne, mas pelo prazer da morte!”.
De algum modo aquela frase calou fundo em sua alma como um chave procurando por uma fechadura em algum lugar perdido dentro dele. E foi nesse momento que a campainha da porta principal soou estridente, deixando Roberto exaltado e assustado, pulando da poltrona com a respiração acelerada e o coração aos pulos. Não sabia bem se era a frase que lera ou o toque da campainha, ou ainda o momento de pura absorção naquele livro estranho, mas demorou alguns minutos até recobrar-se o suficiente para caminhar em direção da porta para ver quem estava ali.
O rosto quase angelical de Verônica foi um sopro de alívio para a alma de Roberto. Eles se fitaram por alguns minutos até que a jovem atirou-se nos braços dele. Roberto abraçou-a com sofreguidão sentindo os lábios dela procurarem os seus quase suplicando por um beijo repleto de desejo e de malícia. Ela sorveu sua língua com a mesma intensidade com que empurrava seu corpo contra o dele, fazendo-o sentir suas formas generosas e bem feitas que fremiam por uma satisfação carnal repleta de obscenidade e de perdição.
Roberto, excitado ao extremo, puxou Verônica para dentro, empurrando a porta fazendo-a fechar atrás deles. Ali mesmo no hall de entrada ele olhou fixamente para ela, observando que ela estava trajando um sobretudo impermeável amarrado a altura da cintura por um cinto de couro da mesma cor. Ele, instintivamente, puxou o cinto desafivelando-o deixando que esta caísse aos pés dela. O sobretudo ficou entreaberto, revelando que Verônica estava completamente nua! Roberto ficou ali apreciando aquela antevisão do paraíso (ou da perdição), enquanto ela livrava-se do sobretudo revelando toda a sua nudez provocante de seios exuberantes, ventre oferecido e púbis de finos pelos lisos.
Roberto tomou-a pelos braços e com um movimento brusco fê-la ficar de costas para ele enquanto suas mãos hábeis a prendiam com um par de algemas que ele sempre tinha a mão. Verônica gemeu ao sentir as pulseiras metálicas apertarem-lhe os pulsos, demonstrando que a noite prometia muito mais do que parecia.
Roberto obrigou a mulher a voltar-se para ele e observar impaciente enquanto ele despia-se lentamente, deixando que ela saboreasse o momento. Em breve a rola dele apontava ameaçadoramente em direção de Verônica, pronta para extrair daquele corpo o máximo de prazer que lhe fosse possível proporcionar. A mulher caiu de joelhos, olhando hipnotizada para o pênis e quase implorando que sua boca precisava dele. Roberto aproximou-se apenas o suficiente para que ela pudesse sentir o contato aveludado da glande inchada em seus lábios, provocando-a a suplicar por ter aquele membro másculo dentro da sua boca, sentindo-lhe a textura, o sabor e o volume.
Todavia, Roberto achava que ainda não era o momento. Tomou a mulher pelo cabelos puxando-os dolorosamente para trás, obrigando-a a encará-lo de baixo para cima – a postura do submisso que todo o dominador adora – fitando-lhe os olhos faiscantes e repletos de poder, … poder do macho sobre a fêmea, … o poder do dono sobre seu objeto de desejo. Roberto forçou-a a levantar-se e ainda a segurando pelos cabelos conduziu-a até a sala de leitura. Assim que entraram, Roberto trancou a porta e atirou Verônica sobre o enorme sofá que tomava quase toda a lateral da sala, que caiu sobre ele em decúbito dorsal, exibindo suas nádegas deliciosamente salientes e roliças.
Aquela visão simplesmente enlouqueceu o macho que sentiu sua rola pulsar atrevida, denunciando o que estava para acontecer. Roberto caminhou até uma pequena escrivaninha de madeira do século XVII, abriu a sua única gaveta, sacando um pequeno chicote de couro de doze ramas. Segurou firmemente o cabo enquanto caminhava determinado na direção do corpo submisso de Verônica. Achando-se em posição adequada, Roberto fitou aquelas nádegas divinais para, em seguida, aplicar-lhes um vigoroso golpe com o chicote.
O ruído do couro estalando-se contra a pele de Verônica ecoou por toda a sala, ao mesmo tempo em que fazia a mulher gemer com a voz embargada, demonstrando que havia um misto de dor e de tesão em sua reação. Roberto saboreou o momento como se ele fosse único e especial, sentindo uma imediata reação em todo o seu corpo com a pele arrepiando-se por completo. Era a doce realização do dominador sobre sua submissa, a franca demonstração de poder de vida e de morte sobre aquela mulher que, a partir daquele momento, estava pronta para satisfazer qualquer desejo que ele tivesse, … desde o mais simples e banal até o mais obsceno e pervertido.
E os golpes se sucederam, cada vez mais vigorosos e impiedosos. Os primeiros marcaram a pele fina das nádegas de Verônica, deixando rasgos avermelhados que mais pareciam vergões levemente arroxeados manchando a pele alva e lisa da mulher. Mas, pouco a pouco, eles foram aprofundando-se, transformando-se em pequenos rasgos de onde o sangue fluía timidamente, escorrendo pela parte traseira das coxas deixando claro que a dor havia atingido seu ápice. Verônica gritava, gemia alto, balbuciava súplicas pedindo que seu amo a possuísse o mais rápido possível.
Interrompendo a sessão de suplício, Roberto atirou longe o chicote, atirando-se sobre aquelas nádegas maculadas e abrindo caminho com as mãos entre elas para que seu mastro encontrasse o caminho do ânus da sua vítima atacando-o sem perda de tempo. Verônica gritou ao sentir a glande inchada romper seu pequeno orifício, invadindo-o despudoradamente; seus músculos retesaram-se em uma reação involuntária, que ao contrário do que ela podia imaginar, causou-lhe mais dor que prazer.
Roberto, mais uma vez saboreou o momento de dominação em que Verônica estava submetida ao vigor de seu membro que rasgava-lhe o ânus, impingindo-lhe uma dor cuja intensidade revelava-se muito maior que aquela causada pelas chibatadas anteriormente aplicadas. E mesmo ante os gritos insanos dela, Roberto continuou com sua deliciosa perversão, fazendo seu membro avançar em direção às entranhas da mulher, tomando o cruel cuidado de fazê-lo lentamente, delongando a sensação dolorosa provocada por sua penetração.
Os minutos que se sucederam pareceram séculos para Verônica que sentia cada centímetro daquela rola impiedosa perfurar-lhe a carne virginal de seu ânus, rasgando e queimando de uma forma abusivamente agressiva, ao mesmo tempo em que lhe estimulava uma estimulante sensação de submissão que, dentro de seu ser fazia brotar uma pequena semente de prazer que, lentamente, evoluiria para algo muito mais promissoramente delicioso.
Houve, então, o momento em que Roberto sentiu que seu pinto estava totalmente introduzido no ânus de Verônica e que toda a resistência havia, finalmente, sido vencida pelo dominador. Sua fêmea estava completamente a sua mercê. Ele apertava a carne macia das ancas de Verônica, puxando-a em sua direção, tencionando que a penetração se operasse de modo ainda mais profundo. Verônica parou de gritar e gemia insana, desejando que Roberto continuasse com sua “tarefa”, desejo esse que foi imediatamente atendido; o macho passou a estocar aquele ânus de uma forma impiedosamente frenética, quase beirando o descontrole, aplicando movimentos rápidos e vigorosos.
Foi nesse clima que, inesperadamente, a semente dentro de Verônica começou a germinar, pois a dor, pouco a pouco, estava sendo substituída por uma deliciosa sensação de prazer, … um prazer quente e gostoso que permitia a ela sentir quanto aquele membro másculo e poderoso era ansiado por todo o seu ser. Verônica passou a deliciar-se com aquela rola grossa entrando e saindo de seu ânus, fazendo-a imaginar que, na verdade, era seu ânus que engolia e cuspia cadenciadamente aquele mastro impoluto, provocando-o muito mais do que era provocado.
Quando o orgasmo chegou para ela, foi algo tão poderoso que Verônica imaginou que havia uma cachoeira represada dentro dela que havia se rompido inundando aquele pinto com uma onda quente e viscosa que escorria com tanta violência que pareceu-lhe extravasar os limites do seu corpo vazando para fora, oleando toda a região entre os corpos dela e de seu macho. Roberto deliciou-se com aquela sensação única e não se fez de rogado quando sua rola deu sinais claros que também para ele o orgasmo estava por vir.
O macho dominador urrou quando sentiu o orgasmo sobrevir, explodindo em uma ejaculação poderosa cujos jatos projetavam-se para dentro do corpo de Verônica que gemia e sibilava sentindo aquela onda quente e úmida preencher-lhe o interior até que não houvesse mais espaço para tanto sêmen, obrigando a onda a persistir até transbordar, misturando-se aos líquidos seminais da fêmea, escorrendo pelo corpo de ambos que, vencidos pelo esforço, quedaram-se um sobre o outro, fazendo seus corpos tornaram-se pesados e quase sem energia.
Roberto retirou seu mastro de dentro de Verônica sentindo-o murchar lentamente, enquanto ele desabava, quase desfalecido, sobre o tapete da pequena sala. Não demorou muito para que ele adormecesse profundamente, tomado por um sono pesado que cerrou-lhe as pálpebras e fez com que a realidade à sua volta simplesmente se esvaísse em imagens borradas e sem nexo.
Repentinamente, Roberto foi acordado por uma brisa invernal que surgira vinda do desconhecido em sua direção, … sentiu aquela aragem gélida lamber-lhe a pele que imediatamente resfriou-se causando-lhe arrepios que percorriam sua pele como uma ameaça velada da tenebrosa sensação da morte. Ele levantou-se e percebeu que Verônica não estava mais ali com ele, ao mesmo tempo que a sala foi tomada por uma bruma acinzentada que parecia emanar do livro que jazia sobre a pequena mesa ao lado de sua poltrona.
O vento cortante passou a soprar mais intenso, fazendo com que as páginas do livro fossem viradas ao sabor de uma vontade que estava acima da compreensão humana. Roberto assistia ao espetáculo petrificado com aquele acontecimento insólito e assustador. De um momento para o outro o vento cessou, no mesmo instante em que um brilho etéreo começou a emanar do livro que, inexplicavelmente, parecia ter adquirido vida própria.
Subitamente o brilho intensificou-se até tomar a forma de uma figura humana que parecia flutuar sobre o livro. Não tardou para que a silhueta resplandescente adquirisse consistência suficiente para ser identificada, … e Roberto percebeu que se tratava da tal mulher que lhe dera o exemplar na saída do sebo em Buenos Aires. Com uma rapidez sobre humana, a mulher materializou-se ao lado do corpo de Roberto que permanecia deitado e despido sobre o tapete. Ela também estava nua e seu corpo era um deleite para os olhos do macho que mesmo extenuado pela recente diversão com Verônica, ainda sentia uma pequena centelha queimar em seu interior.
A tal mulher aproximou-se dele e colocou um de seus delicados pés sobre seu peito. A pele era extremamente macia, mas também era fria com uma nota quase glacial. Ela endereçou-lhe um pequeno sorriso enigmático enquanto subia no seu torso, causando-lhe uma estranha sensação de peso quase descomunal. Roberto sentiu sua respiração tornar-se dificultosa, e tocou os pés da estranha, tentando fazê-la sair de cima dele.
Mais uma vez ela sorriu enquanto, colocando um pé de cada lado de seu corpo ficou sobre ele, exibindo-lhe a vagina completamente destituída de pelos e cujo entalhe anatômico era de singular beleza. Roberto sentiu um tesão crescendo em seu âmago, instigando-lhe a possuir aquela fêmea que parecia ser-lhe real. Todavia, quando ele ensaiou erguer-se do chão sentiu as mãos gélidas da mulher tomá-lo pelos ombros levantando-o do chão como se ele fosse um boneco de pano e atirando-o na direção do sofá na mesma posição em que ele colocara Verônica.
Bem que Roberto ainda esboçou uma reação, mas a tal mulher segurou-lhe fortemente a nuca empurrando-o dolorosamente contra o sofá enquanto que, com a outra mão, explorava o vão de sua nádegas. Roberto quis reagir, … quis desvencilhar-se das mãos fortes e geladas da estranha, … tudo lhe parecia estranho, insólito, ... pela primeira em sua vida ele não dominava, mas era dominado, submetido a uma mulher de corpo escultural que viera sabe-se lá de onde. Ele não sabia o que estava por vir, mas também não queria sequer imaginar, … tinha um enorme receio que, houvesse o que houvesse, ele certamente não iria gostar!
- “Gostou de estuprar sua sobrinha, seu velhaco! - a voz da estranha soava rouca e gutural. Ela aproximara seus lábios do ouvido de Roberto que podia sentir um discreto odor de enxofre misturado com ao hálito gélido que parecia ser exalado da profundezas de um iceberg. Pela primeira vez em sua vida, ele estava com medo!
- “Agora, vamos ver se você também gosta de ser invadido!” Garanto-lhe que vou tentar ser o mais cuidadosa possível, mas não lhe posso prometer que isso não venha a ser uma experiência, digamos, … dolorosa!”. Roberto sentiu um calafrio percorrer-lhe a espinha, enquanto uma enorme onda de pavor invadia todo o seu ser, … ele estava prestes a experimentar o gosto amargo da submissão.
Foi nesse momento que ele sentiu um toque em seu ânus. Tentou desvencilhar-se da mão que pressionava sua nuca, mas percebeu que qualquer resistência seria inútil. Ele estava sob o domínio daquela mulher que parecia pertencer a um outro mundo. Sua força descomunal e a determinação de seus gestos denunciavam que ela tinha poderes sobre-humanos. Roberto resistia, queria desvencilhar-se dela, … explicar-lhe que o que acontecera com Verônica fazia parte do pagamento da dívida que seu irmão, Caio, havia contraído e que ele havia saldado, … queria dizer-lhe que sentia muito, …
A penetração se deu de forma tão brutal e dolorosa que mesmo com a cabeça enfiada no assento do sofá, Roberto urrou desesperado sentindo aquela “coisa” enorme arrombando seu ânus. Era uma dor lancinante, como ferro quente rasgando-lhe as entranhas e queimando tudo à sua volta. Roberto ainda tentou resistir, porém, ele sabia, tudo era em vão. A mulher – que ele sequer sabia ser realmente humana – parecia dotada de um membro poderosíssimo, algo tão devastador que quando, finalmente, a penetração se concluíra ele arquejou, imaginando que o pior havia passado.
Repentinamente, Roberto sentiu um ardor brotar em seu interior. Parecia uma centelha elétrica quente e cuja intensidade assemelhava-se à um mero incomodo. Nem mesmo quando a centelha iniciou um processo de crescimento, ele receou pelo pior – afinal, o pior já havia acontecido – supondo que, talvez, tudo estivesse próximo do fim.
E estava. Em poucos minutos Roberto sentiu a intensidade da centelha aumentar de tal forma que ele pensou que uma chama estava ardendo dentro dele. Quando deu por si, seu corpo estava operando uma combustão espontânea que nascia de dentro para fora, queimando-lhe as entranhas e explodindo em uma labareda que passou a consumir-lhe por completo.
Roberto gritou, berrou, gemeu, implorou, … mas tudo era em vão. A labareda de chamas azuladas envolveu completamente o seu corpo absorvendo sua carne e consumindo suas entranhas, … e foi assim que Roberto foi consumido pelo mal.
Uma ventania súbita surgiu do nada enquanto a estranha mulher olhava para aquele espetáculo dantesco tendo nos lábios um sorriso doce de quem saboreia a cena digna de cinema. E quando tudo acabou, nada mais restara, … nenhum rastro, nenhum corpo, … nenhuma alma.
E da mesma forma que surgiu a entidade foi novamente absorvida pelo halo de luz gélida e azulada voltando a fazer parte integrante do livro aberto que jazia sobre a pequena mesinha lateral à poltrona que, outrora, pertencera a Roberto. Na página que acabara de ser produzida, uma figura de um homem nu sendo devorado por um enorme demônio de garras afiadas e língua tricúspide passara a integrar seu conteúdo como mais um destino selado pelo livro.