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A História de Caio, completa e revisada para leitura on line e download e contos inéditos no meu blog:
http://romancesecontosgays.blogspot.com.br/a-historia-de-caio-leitura-on-line-e.html
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- Pode entrar, Ca.
Sentei-me defronte a ele e torci as mãos uma na outra, não seria uma conversa fácil.
- Dan. - Comecei. - Quando ocorreu tudo aquilo. Eu estava muito confuso e quis todo mundo longe de mim. Mas não tinha dado uma resposta definitiva para nenhum de vocês.
- E agora resolveu dar?
- Sim. Eu, o aniversário do Yoh. Foi ontem. Quando vi ele novamente percebi que não queria perdê-lo. Eu amo ele. Tenho um carinho muito grande por você e nunca vou poder pagar o amor que você dedicou a mim, mas essa história precisava de um fim em algum momento. Não era justo com nenhum de vocês dois essa minha eterna indecisão.
- Tudo bem Ca. - Falou ele levantando. - Eu te disse que sempre voltaria por você quando você quisesse. Mas se você não quer, também não posso te obrigar a nada. Me resta desejar tua felicidade. Apesar de tudo, devo muito a você e ao Yoh também e acho que isso foi a melhor coisa que aprendi com ele. Que o amor é algo livre, só devemos desejar o amor se ele for correspondido. Você não pertence a mim, pertence a si mesmo e escreve seu próprio caminho. Te desejo toda a felicidade do mundo.
Não pude me conter e levantei de uma vez e o abraçei forte. As lágrimas banharam o meu rosto. Era difícil dar um não definitivo a alguém tão carinhoso e dedicado, mas a
- Eu também desejo toda a felicidade do mundo para você Dan. Você merece ser o cara mais feliz desse mundo. Você é maravilhoso.
- Você também. E olha. Eu sou amigo de vocês dois. Se você magoar o Yoh eu te surro e se ele te magoar eu surro ele. - Falou ele contendo as lágrimas com um breve sorriso.
- Certo. Vou me comportar.
- Eu vou embora para Curitiba. Estou com a passagem comprada já.
- Nossa, vai deixar a gente?
- Volto para visitar. Mas minha mãe está lá e depois do que ela fez, ela está no lucro de a única penalidade é não vir mais a Fortaleza. Se ela não fosse minha mãe teria sofrido uma pena bem pior.
- Dan, não deixa ela te dominar. Você não precisa dela espancando pessoas para você ter um namorado. Você é lindo, carinhoso e tem até outros atributos. - Adverti rindo ao final.
Ele sorriu também, imaginando que eu me referia ao seu super dote.
- Eu vou me cuidar Caio. E depois de tudo isso ela nem tem moral para mandar em mim para nada. Eu vou morar lá mas vou morar sozinho. Eu preciso de um ar diferente depois de tudo, entende?
- Entendo Dan.
- Nosso namoro foi ótimo, só um pouco conturbado. Mas ele está tendo um ótimo fim, sem brigas.
- Sim, eu vim aqui para terminar oficialmente também né? A gente estava namorando e não tocamos mais no assunto.
- Nem dava. - Riu ele. - Eu quase morro naquele dia com o Ramon dando uma louco.
- Ele é incrível. Eu aprendi a gostar dele. Aquele jeito louco dele é só a forma dele se preocupar e cuidar de todo mundo. Bem, acho que é hora de dizer Adeus.
- Pois é. - Respondeu ele me abraçando novamente. - Vou sentir sua falta, maluquinho.
- Eu também. Não some da vida da gente.
- Nunca se livrarão de mim.
Sai de lá aliviado por ver que o Dan também havia amadurecido muito em toda aquela situação. Desci e disse para o Mário voltar para a casa do Yoh.
Quando chegamos eu desci apressado, a porta estava aberta e não tive cerimônias de entrar. O Ramon estava de pé na sala procurando alguma coisa.
- Caio? Procurando alguém? - Riu ele.
- Cadê o Y.
- Lá em cima.
Subi as escadas correndo sem dizer uma palavra.
- Ei, ainda se deve pedir licença para invadir essa casa. - Gritou Ramon rindo da minha pressa.
Bati na porta do quarto, que estava fechada. Meu coração pulava no peito de ansiedade. Eu precisava dizer aquilo a ele.
- Para de escândalo Ram...
Ele engoliu a frase quando viu que era eu que estava na porta. Pulei em cima dele abraçando-o.
- SIMMMMMMM – Berrei.
- Sim?
- Pro pedido de namoro seu bobo. Estou livre novamente e agora eu sou teu, tipo, para sempre.
- Tipo para sempre? - Riu ele.
- É. E nem ouse dizer nada ao contrário. - Adverti, vendo nos seus olhos que aquilo também era a coisa que ele mais queria na vida.
A História de Caio – Epílogo
Não conto as vezes em que chorei relembrando todos esses fatos do passado. As dores, as angústias, os amores, as dúvidas. Vida de adolescente é dura e, perdoem-me se pareço presunçoso, mas julgo que a minha foi ainda mais dura que a de um adolescente normal.
Praticamente 8 anos após tudo isso, cá estou, mudei tanto naqueles meses mas de lá para cá continuo sendo basicamente o mesmo Caio. Continuo apaixonado. Continuo com minhas paixões literárias. Algumas preocupações sumiram. Outras surgiram.
Eu e o Carlos fizemos uma boa dupla no comando da empresa, hoje em dia temos controle total e os negócios só florescem. Ambos mostramos ter mesmo o mesmo gene para os negócio do vovô e do papai. Falando nisso, vovô Magnlólia continua viva e morre de orgulho da gente, mas ainda não sabe que somos ambos gays.
Falando em gay, o Carlos está a dois anos namorando o mesmo carinha, é um dentista e se chama Estevão, eles formam um casal muito bonito, principalmente o sorriso. O Roney perdi completamente o contato naquele ano, ele não passou de primeira no vestibular e se isolou da Samia também.
A Samia passou na segunda tentativa para enfermagem, eu acusei o Ramon de ter subornado alguém ou comprado a prova. Mas foi de brincadeira, a gata se esforçou para valer. Ramon e ela namoram há 8 anos. Ele, por sua vez, fez faculdade de direito junto comigo, mas entrou só dois anos depois. E pasmem, eu passei no vestibular para Direito de primeira. Me formei 2 anos atrás, com 22.
O Dan vemos umas duas vezes por ano. E já fomos visitas ele também lá em Curitiba. Ele namorou uma garota logo após chegar em Curitiba, mas largou ela meses depois. Está há 3 anos namorando um cara. Se chama Rodrigo e é um jovem médico que estava sendo orientado pela mãe dele na faculdade e conheceram-se por acaso. Ele atrasou ainda mais os estudos mas ainda hoje faz faculdade de computação, daqui a um ano se forma. Se não se formar, eu e o Yoh prometemos que vamos pendurar ele pelado de cabeça para baixo em uma estaca em praça pública.
Falando do Yoh, tenho que concluir falando do meu amor não é? Hoje é um domingo qualquer do ano de 2013, e nos casamos há 15 dias. Quando chegamos da lua de mel, senti que minha vida tinha mudado mais uma vez para sempre e quis registrar tudo que passou até aqui. Minha vida está maravilhosa e só agradeço por isso, mas quis lembrar que para chegar até eu caminhei muito, ralei muito. Então há uma semana resolvi sentar e escrever minhas memórias. E enquanto escrevia elas, pensei, porque não compartilhar?
Então agradeço a todos vocês que se dispuseram a reviver minha história junto comigo. Espero que ela tenha servido para mostrar a vocês que não importa as dores que passemos e as dificuldades que foram plantadas no jardim da nossa vida. Por baixo de tudo sempre há terra fértil e nunca é tarde para arrancar tais ervas daninhas e cultivar lindas rosas. O amor está esperando cada um de vocês na próxima esquina que dobrarem, na fila do supermercado, na caminhada ao entardecer.
Embora algumas partes da minha história seja triste, espero que este final feliz inspire quem ler. Se sua história está hoje triste, não ligue, você ainda terá histórias bonitas para contar. Até lá, viva, pois só deixando a vida rodar as pessoas mudam, as situações mudam, o mundo muda ao nosso redor. E se sua vida está feliz, ótimo, compartilhe sua felicidade com os outros, como resolvi fazer. O mundo precisa de histórias bonitas.
Muito Obrigado.
Caio César D. B. A.
Fim.
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Pessoal, mais uma vez venho chatear vocês dizendo que sou super grato por tudo. E sou mesmo, não canso de dizer. Sem vocês nada disso seria possível. Completei um sonho como escritor terminando esse romance. Estou saindo agora para uma breve viagem e para onde onde vou a internet não é das mais eficientes. Retorno no sábado e talvez já comece a postar A História de Diego. Agradeço todos os feedbacks que receber por aqui ou por e-mails. São muito importantes para meu aperfeiçoamento como escritor.
Muito obrigado.
Ian Morais (alahric@yahoo.com.br)