(http://www.youtube.com/watch?v=mqFLXayD6e8)
A voz de Danica ecoava pela casa. Não entendia como ela conseguia fazer isso. Era agradável e irritante tantas pessoas em minha casa. Deveria me acostumar com isso. Era minha casa. Apenas minha. Certo frio cortante invadia minha alma só de pensar em como eu ficaria após todos irem embora. Admito que me sentiria melhor com Jeremy e John bem longe da minha casa.
Levantei-me da poltrona onde estava há mais de duas horas e decidi andar um pouco. Meus ossos estavam começando a doer bem como minha cabeça. Não estava acostumado a ficar tanto tempo sentado numa posição. Aos poucos notei que a voz de Danica havia desaparecido. Um som de melodiosa canção começou a inundar a casa. Alguém estava preparando uma nova canção. Eles estavam se aquecendo, pois a noite seria longa naquele bar.
(http://www.youtube.com/watch?v=rRxccy-zcJ8)
Aquela voz. Jeremy estava cantando. Aproximei-me da porta para observa-lo. Lá estava ele, usando uma calça dor de areia, uma camisa branca, sorriso no rosto, faces iluminadas pela luz da janela e acompanhado por John que tocava o violão. Os olhos dele não pareciam enegrecidos de ódio. Estavam claros como o mel mais doce. Nunca o vi emanar tanta luz. Era como se ele fosse um cristal atingido pela luz do sol. Irradiava amor. Irradiava vida. Não poderia ser a mesma pessoa.
Assim que a canção terminou, todos começaram a conversar. John deu um abraço nele e ficou por algum tempo assim. Parece que estavam conversando algo que os demais não poderiam ouvir. O olhar de Jeremy se dirigiu a porta, encontrando-se com o meu. Fugi o máximo que pude. Não deixaria que esse sentimento comprometesse nossa missão.
Fui ao jardim pensar. Sentei-me à beira da fonte que havia nos fundos da casa e fiquei ouvindo o barulho da água até que uma pessoa se aproximou. Era Mark, namorado do Marcel.
_ Perdido em pensamentos? – Perguntou sentando-se a minha frente.
_ Acho que não.
_ Talvez eu devesse perguntar se está fugindo de algum fantasma do passado. – Disse com um sorriso leve.
_ E talvez você devesse cuidar da própria vida. – Respondi ácido.
_ Impressionante. Acho que todos os Siren tem uma língua ávida por destilar veneno. Ao menos todos os que conheci têm uma língua um tanto afiada. – Comentou sorrindo.
_ Perdão. Só estou um pouco cansado. – Disse tocando a água.
_ Cansado de lutar, não? Ou melhor, de resistir.
_ A que se refere? – Fiz-me de desentendido.
_ A Jeremy Siren. Percebi o jeito que olha para ele. Não sei o que rolou entre vocês e muito menos quero me meter nesse assunto. Apenas acho que você deveria ser homem o suficiente para aceitar as coisas como são. Quando conheci Marcel, eu fiquei assustado. Eu havia sido arremessado numa praia por um carro. Abri meus olhos ao sentir um toque quente em minha bochecha. Era tão gostoso sentir aquela mão me tocando que demorei um pouco para abrir os olhos. Porém, ao ver que se tratava de um homem, fiz o possível para rejeitar esse sentimento. Não era possível que eu estivesse gostando de outro homem. Cheguei a me embriagar várias vezes e em uma delas me deparei com ele. – Confessou.
_ E o que aconteceu? – Perguntei interessado.
_ Fui um verdadeiro idiota. Disse coisas horríveis a ele, embora ele estivesse apenas preocupado comigo. Tudo isso não passou de uma forma idiota de tentar apagar a memória daquele calor. Mas não adiantou. Quando estávamos procurando o diário da mãe dele e o vi com frio, não pensei duas vezes: o abracei para aquecê-lo. Foi nesse momento que notei como ele era todo quente. Um desejo se apoderou de mim e nos beijamos. Isso foi o que me deu a certeza final. Eu estava apaixonado e não sabia.
_ Acho que isso não tem muita relação com o que estou passando. Eu sou gay e sempre aceitei isso muito bem. – Disse dando uma risadinha.
_ Pode ser, mas só vou dizer uma coisa: sua covardia vai fazer com que você o perca. – Disse levantando-se e saindo.
Ele poderia ter razão. Minha covardia poderia me fazer perde-lo. Mas eu o desejava de verdade? Ainda havia um amor de infância em nós? Não sabia dizer.
***
A noite chegou. Albumena reuniu todos no escritório para conversar sobre os últimos detalhes do plano.
_ Cada um já sabe exatamente o que fazer, não sabem?
_ Sim, senhora! – Respondemos em uníssono.
_ Ótimo.
Entramos em alguns carros e nos dirigimos a uma festa. Era aniversário da filha de um importante empresário, o qual enriqueceu um pouco as custas da morte dos meus tios, os pais do Jeremy.
Jeremy e eu estávamos num mesmo carro. Só nós dois. Eu estava apavorado. Não sabia o que eu faria nem o que estaria pela frente para enfrentarmos. Estiquei minha mão e entrelacei meus dedos com os dele. Ele baixou o olhar, encarando o chão do carro por alguns instantes. Em seguida olhou para mim. Ele estava de volta. O doce Jeremy por quem eu havia me encantado há anos atrás.
_ Vai dar tudo certo! – Disse otimista e apertando sua mão.
_ Pra quem?
_ Para nós. Todos nós.
_ Até quando, Garrat? Já me cansei desse jogo de gato e rato. Não tenho mais ânimo para isso. – Disse tentando tirar sua mão da minha.
_ Não é um jogo, Jem. É a nossa história. – Disse não deixando que ele saísse.
_ Ainda se lembra desse apelido ridículo? – Perguntou sorrindo.
_ Claro. Chamei por ele todas as noites desde que você se foi. Agora você está de volta. De volta para mim. – Disse dando um beijo em sua mão.
_ Não cante vitória, sir Garrat Siren. Eu não sou o mesmo garotinho inocente e puro de antes.
_ Com quem foi? – Perguntei um pouco irritado.
_ Por que quer saber? Isso não te diz respeito. – Retrucou feroz.
_ Tudo que diz respeito a você também me diz respeito.
_ John. Foi com ele que tive minha primeira vez. – Disse soltando-se de mim e saindo pela porta do carro.
Eu ainda fiquei alguns instantes olhando-o sair do carro. Eu estava arrasado com essa revelação. Mas eu precisava entrar naquela festa, colher a informação que precisávamos e terminar essa história. Tudo que eu queria era sair correndo. Acho que o perdi para sempre.
______________________
Pessoal, tudo bem com vcs??
Espero que sim...
Ficar me desculpando não vai adiantar muita coisa, não é? Então nem vou me dar ao trabalho.
Só peço um pouco de paciência. A partir da missão do próximo capítulo as coisas vão esquentar. O conto deve terminar no capítulo 7, no máximo 8. Não gosto de contos longos demais. Já tenho até o final em mente. A pergunta que faço é: com quem vcs acham que o Jeremy termina? Ainda tem muita água pra passar por debaixo da ponte, então sejam cautelosos.
Quero aproveitar a oportunidade pra mandar um recado pra duas pessoas que não tenho conseguido manter contato, mas que estarão sempre sempre no meu coração: grandão e baixinho, amo vcs!
E vc, que lê esta história, muito obrigado por dedicar seu precioso tempo para prestigiar um rapaz que escreve para distrair seus pensamentos. Muito obrigado, de coração!
