Saí de casa destruído! Minha mãe tinha me colocado pra fora e não parecia voltar atrás. Pelo menos ela me deixou sair com as minhas coisas, o que naquela situação era um avanço.
Como não tinha a quem recorrer, fui atrás do Léo. Cheguei no apê e ele tava do lado de fora ansioso, com o celular na mão, esperando que eu ligasse:
- Que malas são essas amor?
Ele disse depois de me dar um abraço, ainda na calçada.
- Minha mãe me colocou pra fora. Eu não tenho pra onde ir.
Ele ficou mais chocado que eu. Me convidou para subir e eu fui atrás dele. Seu pai estava na sala (eu só fui perceber isso depois que eu contei a história toda pro Léo rsrs). Após eu contar, Léo ficou sério e eu ameaçava um choro, mas me mantive forte. O pai dele não se intimidou com o clima e disse firme:
- Você vai ficar aqui garoto, pelo menos até as coisas darem uma acalmada. Sua mãe vai voltar atrás.
- Eu não acho, mas agradeço em poder ficar. Nem tenho a quem recorrer.
Léo se levantou e foi até o quarto. Não entendi sua reação e Marcio também estava com uma expressão de dúvida. Fiquei calado e com vergonha de estar sozinho com meu sogro, mas rapidinho ele me cutucou:
- Vai lá ver o que ele tem. O namorado é seu, não meu.
Foi intimidador (hoje engraçado rsrs). Fui atrás dele e ele olhava pela janela. Cheguei o abraçando por trás e perguntei "o que foi" bem próximo do seu ouvido. Ele se virou ainda sério:
- Eu tô prejudicando você Lucas. Tô preocupado com isso.
- Não amor. O problema não somos nós, é ela. O preconceito é dela, a raiva é dela. Apesar de ela ser minha mãe, ela sequer me ouviu direito.
- Lucas, acorda pra realidade. Você tem 17 anos. Ela paga sua faculdade, ela te dá muitas coisas que eu não posso dar. Nós estamos meio que casados agora, eu nem sei se é isso que eu quero, e...
- Casados? Você tá viajando. Vou te deixar pensar sobre suas dúvidas.
Saí do quarto e ele nem protestou. Seu pai já havia colocado minhas coisas no outro quarto e eu fui arrumar minhas roupas no armário de lá. Estava chateado, tanto pela minha mãe quanto pelo Leonardo. Fiquei pensando que se o pai dele não tivesse me chamado pra morar lá, eu estaria na rua, já que Léo já tinha demonstrado que não queria minha presença lá. Enfim, liguei pra Denise e contei tudo. Ela colocou a casa dela a disposição e me deixou um pouco balançado. Ela morava apenas com o irmão, com idade próxima a minha, e segundo ela não os incomodaria.
Fiquei pensando nisso quando meu sogro entra no quarto com um sanduiche.
- Você deve tá com fome garoto.
- Tô sim. Obrigado seu Marcio.
- Me chama só de Marcio. Vocês brigaram?
- Acho que seu filho não me quer aqui, mas eu já arrumei outro lugar pra ficar. Eu vou passar a noite aqui e amanhã eu me instalo na casa de uma amiga.
- Tenha calma com ele. Pelo que eu conheço do Leonardo ele deve tá se sentindo culpado.
- Eu sei que sim. Estou calmo, só acho melhor ele repensar algumas coisas e eu não quero atrapalhar.
- Bom, vou sair pra trabalhar. Fique a vontade.
- Valeu.
Ele saiu e eu fiquei pensando na minha mãe. Meu pai havia morrido há alguns anos e desde então minha mãe e eu éramos a companhia um do outro. Mas o laço tinha se desmanchado. Pensei em ligar pra ela, mas achei melhor não. Fui levar o prato na cozinha e Léo estava lá. Ele me olhou sério:
- Acho que precisamos conversar.
Ele achava? Eu tinha certeza.
