Afinal, viu que Christopher não era o monstro cruel e frio que ele sempre vira. Era apenas um ser humano ferido e sem esperançasRafa não voltou a ver Christopher naquele dia, pois ele saíra e Rafa estava tão cansado que tinha ido dormir bem cedo sem ao menos jantar.
Na manhã seguinte, o ruivo acordou um pouco palido. Ao terminar de se aprontar, desceu para o café da manhã.
Estava nervoso... seria melhor dizer ao marido que já sabia toda a verdade sobre seu passado? Ou o melhor seria não falar nada?
Indecisa, Rafa entrou na sala de refeições. Christopher já comia, sem esperá-lo como sempre, com os olhos arrogantes fixos na torrada. Sequer levantou o olhar quando o ruivo sentou-se no outro extremo da mesa.
-Bom dia. -Ele murmurou, incerto, observando-o. Chris apenas acenou com a cabeça, indiferente.
Agora que sabia de toda a verdade, via Christopher de uma maneira totalmente diferente. O via mais humano. Até os seus sentimentos por ele haviam mudado.
-O que vai fazer hoje?- Rafa perguntou, tentando iniciar uma conversa.
Mas Christopher naquele dia parecia especialmente taciturno, como se não tivesse disponibilidade para conversas.
-Terei que ir até o interior mais tarde para resolver alguns assuntos. Dará uma hora e meia de viagem até lá, por isso eu só regresso à noite. -Ele disse de forma gelada.
-Ah. -O ruivo olhou para o próprio prato, desapontado. -Mas... Pensei que hoje você ficaria na Mansão, pois ontem você passou o dia inteiro fora e...
-E o que tem isso? -Ele o interrompeu friamente. -Afinal você deve comemorar quando eu estou ausente.
Rafa balançou a cabeça firmemente.
-Claro que não.
Christopher riu ironicamente.
-Finjo que te acredito. -Ele disse, largando o guardanapo na mesa e se levantando.
-Aonde vai?-Ele perguntou rapidamente.
Christopher ergueu uma sobrancelha.
-Vou me aprontar para sair.
Ele saiu da sala, deixando Rafa sentado na cadeira sem saber o que fazer. Jack apareceu de repente, saltitante, e foi pedir colo para ao dono. Rafa acariciou o pelo macio do gato, distraído.
Decidiu ir atrás do marido. Levantou-se de um pulo e saiu correndo pela mansão. Subiu as escadas e entrou no quarto sem ao menos bater.
Christopher estava sem camisa, e se virou na hora que ouviu a porta se abrir abruptamente.
Rafa quase ofegou ao ver o dorso nu, malhado e bronzeado do marido. Os músculos da barriga e do braço tonificados, como se ele se exercitasse todos os dias, porém Rafa nunca o viu fazer nenhum exercício.
Era tão bonito, o retrato da beleza máscula e sensual.
O ruivo fechou a porta atrás de si de forma apressada. Christopher pegou uma camisa nas mãos, observando-o com a expressão irônica.
-Christopher. -Ele começou. -Posso ir com você resolver estes assuntos na outra cidade?
Ele ergueu as sobrancelhas, terminando de se vestir.
-Para quê?
-É que eu não quero ficar sozinho aqui. Não gosto, é muito solitário. Por favor, deixe que eu o acompanhe hoje?
Ele o observou, arrogante, e logo deu de ombros.
-Se quiser.
Rafa sorriu meigamente.
-Obrigado. Vou me aprontar bem rápido e já desço, ok?-Ele andou apressadamente pelo quarto, indo até a penteadeira.
Christopher o observou por um momento, de olhos apertados, e logo saiu do quarto, dizendo:
-Te esperarei lá embaixo.
Rafa não levou mais do que cinco minutos, e logo desceu. O marido o esperava do lado de fora da Mansão, em frente ao carro que os levaria até a outra cidadeA primeira meia hora de viagem foi silenciosa. Christopher não parecia inclinado à dizer nada, e Rafa não sabia ao certo o que dizer.
-Porque estamos indo tão devagar?-Christopher perguntou friamente ao motorista, ao notar o carro indo bem mais devagar.
-Desculpe, senhor. Algumas ovelhas entraram na frente do carro... -O motorista se desculpou, sem graça.
Christopher bufou.
-Ótimo, faça elas saírem o mais rápido possivel. Não posso me atrasar.
-Sim, senhor.
O carro parou. Christopher parecia impaciente; se encostou no banco, mas logo saiu do carro.
Rafa suspirou, ouvindo de longe o canto dos pássaros. Decidiu sair do carro também, pulando para fora.
Christopher estava encostado no tronco de uma árvore, frio e distante, observando a estrada.
Rafa o olhou, com os olhos brilhantes e meigos, e se aproximou lentamente. Ele ergueu os olhos ao vê-lo, mas não mudou a expressão. Continuou implacável.
-Posso lhe fazer companhia?-Rafa perguntou com um leve sorriso, encostando-se na árvore ao lado e o olhando.
-Tanto faz. -Ele respondeu.
Rafa suspirou. Aquilo não ia ser nada fácil.
-Veja, as ovelhas estão com fome. -Ele comentou, apontando para o rebanho de ovelhas comiam alegremente o pasto ao lado da estrada.
Christopher olhou rapidamente para os animais, com indiferença.
-É o que parece.
Rafa olhou para as mãos, hesitante.
-Christopher, eu estou tentando ser mais gentil com você. Porquê age assim com tanta frieza?
O ruivo não o culpava, depois de ter descoberto toda a verdade, apenas tentava fazer com que o marido se abrisse mais.
Chris se virou para ele, com os braços fortes cruzados.
-E porquê exatamente está forçando tanta gentileza? Quer alguma coisa?
Rafa se desencostou da árvore, indignado.
-Claro que não, eu não sou assim.
Christopher riu sarcasticamente.
-Claro. -Ele ironizou. -Pois então guarde sua gentileza para si, não preciso dela. -Disse em tom rude.
Rafa piscou.
-Deus, Christopher, para quê tudo isso? Você não pode viver nesse mundo solitário e obscuro que construiu ao redor de si para sempre. -Ele disse firmemente.
-Você não sabe nada sobre meu mundo, Rafael. -Ele respondeu, gélido. -Tampouco lhe importa meu modo de viver a vida.
Ele deu as costas para se afastar.
-Me importa por eu ser seu esposo. -Ele disse, parada no mesmo lugar. –E você está muito enganado, eu sei perfeitamente sobre seu mundo. -Ele soltou o ar. -Eu sei sobre seu passado, Christopher.
Ele parou de andar. Pareceu uma estátua, sem ao menos respirar, e Rafa o observou com firmeza.
De repente Chris se virou para ele, os olhos cerrados.
-Perdão? Não entendi o que disse.
Rafa suspirou.
-Entendeu perfeitamente. Eu... sei sobre seu passado. Descobri todo o mistério que envolve sua vida, que eu jamais poderia imaginar. Sei tudo sobre Ilana, e todo o resto, Christopher.
Ele de repente ficou pálido, com uma expressão que Rafa jamais vira em seu rosto.
Christopher pareceu absorver a notícia por alguns momentos, e logo se aproximou com passos largos e fortes, agarrando Rafa pelo pescoço com uma só mão.
O pescoço fino e pequeno do ruivo foi totalmente coberto pela grande mão do marido, mas ele não gritou nem fez nada. Se manteve decidido, olhando-o nos olhos.
-Como sabe disso?-Ele gritou, parecendo furioso e ao mesmo tempo.
Rafa deveria estar com medo, a julgar pela expressão do marido, mas pela primeira vez se sentia decidido a enfrentá-lo, nem que tivesse que apanhar para isso.
Iria resolver aquilo, e seria agora. Não lhe importava nada mais.
-Isso não importa. -Rafa respondeu com certo esforço, devido à mão dele estar sufocando-o. -O que importa é que eu descobri tudo.
-COMO? -De repente algo se fez nos olhos de Christopher, deixando completamente transtornado. -Adelaide! Foi ela, não foi? Era a única que sabia de tudo!
Rafa tentou respirar.
-Não foi ela...
-Não MINTA! Será pior!
Rafa engoliu seco, mas não respondeu nada. Christopher riu de uma forma diabólica, que a fez arrepiar-se, e apertou-o ainda mais no pescoço.
-Não precisa sequer responder. Já sei a resposta. -Ele o olhou. -Mas isto não lhe importa, minha vida não importa nem à você nem à ninguém! -Ele disse alto. -Sua vontade de querer descobrir tudo isto foi seu erro, Rafael. -Ele murmurou com desprezo, forçando a mão no pescoço dele.
-Não creio. -Rafa rebateu, esforçando-se para respirar. -Pode falar o que quiser, não me importo.
-Parece-me que palavras não bastam com você. -Ele disse, apertando-a cada vez mais...mais...
-Vai me matar? – O ruivo perguntou, olhando-o bem nos olhos. -É isso que quer? Não acho que isto vai apagar seu passado, Christopher. Me matar não vai mudar as coisas.
Ele fechou os olhos por um breve momento, engolindo em seco.
-Se eu quisesse o mataria agora mesmo. - Chris respondeu com frieza. -Mas eu não estragaria minha vida fazendo tamanha tolice. -Dizendo isso, ele desapertou o pescoço do ruivo e o largou.
Rafa cambaleou, segurando o próprio pescoço e puxando o ar com força.
-Até porque, como você disse, isto não iria alterar as coisas. -Ele falou, parecia uma estátua fria e sem sentimentos.
Após recuperar o fôlego, Rafa ergueu os olhos.
Era incrível, mas não tinha mais medo de Christopher. Nenhum medo.
Talvez porque antes não o conhecia e o achava sem escrúpulos, capaz de tudo. Mas agora tudo estava diferente: agora ele sabia que havia um Christopher oculto por trás de toda aquela máscara de escuridão e crueldade. Um Christopher que ele escondia para se defender, mas que no fundo estava ali.
Por isso ele sabia que Chris se defendia da forma que podia: no caso era daquela forma fria e explosiva.
Rafa só precisava trazer o verdadeiro Christopher à tona novamente...
O ruivo tirou uma mexa cacheada da face, erguendo os olhos para observá-lo.
Naquele momento Christopher parecia tão... desnorteado. Tão solitário.
Era uma sombra do homem maldoso e gélido que se mostrava à todos.
Rafa teve uma vontade desconhecida e impulsiva de ir até ele e abraça-lo.
-Christopher...eu não pretendo atormentá-lo com nada disso. -Ele murmurou, com bondade. -Apenas quero dizer que estou aqui se precisar.
Christopher o olhou, ofegante. Pareceu sem saber o que dizer por um momento, como se estivesse desarmado.
-E...preste atenção. -Rafa se aproximou lentamente. -A culpa do que aconteceu não foi sua! Não pode se culpar.
-Cale-se.- Ele mandou.
-Christopher, eu apenas quero te ajudar...-Ele murmurou com desespero, erguendo a mão para tocá-lo.
-Não PRECISO da sua ajuda! -Ele gritou, empurrando a mão dela com violência. -Não quero nada de você, fique LONGE de mim! -Ele urrou, saindo como se fosse um leão enjaulado que ganhava a liberdade.
Ele saiu de forma tão abrupta, que logo Rafa o perdeu de vista. O ruivo passou a mão pelos braços, os olhos marejados.
Sentia o corpo tremendo.
-Senhor, com licença. O patrão desistiu da viagem?-O motorista se aproximou de repente, sem jeito.
Pelo visto estivera tão ocupado com as ovelhas que não havia notado a briga, já que Rafa e Christopher tinham estado afastados.
Rafa ergueu os olhos.
-Me parece que sim... pode me levar de volta?
O motorista assentiu, parecendo confuso. Rafa o seguiu e entrou no carro.
Christopher agora precisava de um momento sozinhoContinua...
richzach- Falo sim meu lindo *o*
Yld- Obrigada (:
(Al)- Nem deu pra postar mais um ontem amor, a bateria do meu notebook acabou e eu não estava em casa...
Tay Chris- Como eu já disse em alguns capitulos anteriores esse conto não é meu... Eu copio algumas partes que são sim no feminino e passam despercebidas. Mais eu sempre tento dar uma corrigida, mais alguns erros passam.
Amores um capitulo para vocês. Boa noite