31 De dezembro de 2007
Hoje é dia de ano novo... Eu estava escondido embaixo dos cobertores com medo dos estrondo fortes dos fogos que brilhavam no céu, normal para uma criança de 9 anos! Gritos podiam ser ouvidos no andar de baixo, minha mãe e meu padrasto brigavam como dois cachorros, o motivo: minha guarda. Eles ficaram a tarde inteira falando ao telefone com os advogados. Eu havia acabado de acordar por um som de um dos fogos que estrondou tão alto que me fez tremer... Peguei minhas pantufas de ursinho e as calcei, desci a escada de vagar, tomando cuidado para não tropeçar em um dos degraus. Cocei meus olhos pesados e perguntei a minha mãe:
-Mamãe, tá tarde... vamos dormir?
-Filho...- ela respondeu chorando-... Suba para seu quarto, eu e seu ex-padrasto estamos brigando.
-Madalena!!!- meu padrasto gritou-... você não vai vencer a guarda da criança! você só sabe maltrata-lo!!!
-Cala a boca! Não é de sua conta! o filho é meu!
-Mamãe- eu chorava
-SOBE GAROTO!!!- ela gritou apertando meus braços finos.
-Tá vendo?- meu padrasto disse- Você só sabe agredir ele!
-Vou agredir você se não se calar!
Subi as escadas tampando os ouvidos para não escutar os estrondo vindos do céu. Deitei na cama esperando minha mãe aparecer e provavelmente me bater por ainda estar acordado, minha mãe não apareceu. Por breves momentos dormi, meu padrasto apareceu me sacudindo para um lado e para o outro, ele estava nervoso com os olhos esbugalhados.
-Eu fiz isso por você meu filho!- ele gritou
-Cade minha mãe?- perguntei ainda zonzo.
-Você tem que sair daqui! esse lugar vai estar em chamas daqui a pouco!
-O que? cade minha mãe?
-VAMOS EMBORA!
Percebi uma luzes alaranjada aparecerem do lado de fora da janela, a igreja que ficava na frente de casa estava em total chamas. Ele me pegou no colo e desceu as escadas correndo, me colocou no carro e me levou até a lanchonete Burguer Delicioso, que era o local que eu mais gostava de frequentar.
-Cade a mamãe?
-Ela não vai voltar meu filho! agora é só eu e você!
*****
1 de fevereiro deraio brilhou no céu, acordei suando gelado, minhas mãos estavam tremendo e meu olhos esbugalhados. Virei e vi o relógio, eram 03:34, coloquei meus tênis azul e fui caminhar pela cidade. Meus pais adotivos sempre me deixavam livres para caminhar a hora que quisesse, eles diziam " caminhadas noturnas são ótimas para espantar os pesadelos."
Sai do apartamento e corri pela calçada até chegar na casa do vizinho. Enquanto corria, flashes daquele pesadelo transcendia em minha mente. Eu tinha apenas 16 mas vi e vivi coisas que idosos de 90 anos nunca vão ver nem viverão. Meus pais morreram quando eu tinha 9 anos, minha mãe queimada em uma igreja -pelo meu padrasto- e meu pai fuzilado pela PM em uma transversal da Rua Julia de Azevedo. Não minto que minha mãe era uma vadia, ela batia em mim como se eu fosse um pacote de batatas mas ela não merecia morrer daquele jeito, não naquele dia nem naquela situação.
****
-Fernando...- Meu novo pai adotivo falou com uma voz de frustração-... você que deu a ideia de nos mudarmos para o Sol das montanhas, você tem certeza? podemos vender a casa e desistir de tudo se você quiser.
-Pai... tenho a máxima certeza, eu tenho que vencer essa cidade, se não ela me vence
Estávamos todos encolhidos no carro de 8 lugares, minha irmãzinha, Letícia, eu, minha irmã mais velha, Diana, minha mãe Claudia e meu pai Paulo.
Íamos para a minha cidade natal onde todo aquele pesadelo aconteceu, no caminho passamos por uma ponte da qual me recordava de ter passado com meu padrasto fugindo da policia, o carro passava por fazendas e casas abandonadas, parecia um cenário de filme de terror, finalmente chegamos a nossa cidade; Sol das montanhas POPULAÇÃO:PESSOAS, dizia a placa de 3 metros ao lado da rodovia velha. O cenário ficava cada vez mais verde e cheio de rios azuis transparentes passando como veias pelo chão, as construções começaram a surgir, eram casas gigantescas e bonitas, casa de gente rica mesmo, passamos pela igreja queimada, eles estavam substituindo as madeiras queimadas de 6 anos atrás, a cidade não arrumou antes por acharem que aquele era um simbolo de lá, apareceu em todos os jornais da região e até no New York Post dos E.U.A. como "Church in fire".
Finalmente havíamos chego no lugar, era uma rica construção de madeira e vidros.
-Vocês estão esperando o que?- disse minha mãe, Bianca- vão escolher seus quartos.
Corríamos como loucos pisando forte pela madeira do chão, fomos em disparada para o segundo andar correndo para achar um bom quarto. Escolhi o menor por dois motivos: além de ter medo de um quarto gigantesco escuro e sombrio o pessoal tinham escolhido os outros primeiro que eu.
***
Fui um dos primeiros alunos a chegar na escola naquela manhã, todos olhavam para mim como se eu fosse uma estrela famosa, eu realmente era famoso, todos sabiam pelo que eu passei.
-Queimado!- gritou um garoto do outro lado do corredor. Risadas explodiram no local.
-Queimada, rá rá rá- os adolescentes riam de mim.
Abaixei a cabeça e continuei andando, eu estava com muita vergonha de toda aquelas pessoas rindo e se divertindo por uma piada que eu sinceramente não achei a minima graça. Todos riam menos uma garota que me olhava com cara de dó, os cabelos dela eram ruivos e lisos, a pele branca como a neve e os olhos verdes como grama, ela era a famosa cantora da banda da escola, Carol o nome dela. Um garoto musculoso que usava um uniforme de futebol puxou ela e a beijou, ela deu tapas fracos no peito dele e se soltou, virou para mim com cara de dó e brigou com o namorado.
-Qual é, eu sei que você gosta quando te puxo e te beijo assim, você gosta né?- ele lambeu os lábios e passou as mãos no proprio cabelo loiro.
-Você é um idiota!
-O idiota que te dá um puto prazer na cama não é? putinha.
-Chega- ela virou e deu um tapa na cara dele, a escola inteira viu e ficou boquiaberta-... eu não sou suas ex- namoradas que gostam de ser chamadas de putas.
-Você não sabe quem eu sou! nem o que posso fazer! vou acabar com sua vida Carol Beneditto, vou acabar com você- ele disse segurando os braços dela.
-Ai, socorro tá doendo- ela gritava tentando tirar as mãos que apertavam seus pulsos.
-Hugo para!!!!- os amigos dele diziam- você vai acabar sendo expulso pela diretora Nadine, escuta o que digo!
-Vadia- ele respirou fundo- se você acha que vai ficar assim desse jeito, está enganada!- ele deu dois tapas de leve nos seios de Carol- e vê se guarda essa sua periquita para mim, viu?- ele deu um tapa nas partes intimas dela.
-Me larga seu merda!
Carol arranhou o rosto dele tão forte que marcou 3 linhas vermelhas de sangue vindo dos olhos até boca. Hugo tocou no seu rosto sangrento e olhou para Carol com os olhos esbugalhados de ódio.
-Você me arranhou!-a pele dele ficou vermelha e inchada, parecia uma panela de pressão. Ele tirou a jaqueta que ganhou do time de futebol americano da escola e mostrou os braços grossos...
-Calma, desculpa Hugo, não fiz de proposito.- Carol disse se jogando para trás e correndo de medo. O rosto dela ficou serio e a testa franzida.
****
Do outro lado da escola andava Manson, ele era assumidamente gay, todas as garotas queriam ser sua amiga -dizem que amigo gay é o que há!- ele era o mais estiloso dos garotos e todos os encubados queriam quebrar ele na porrada.
-AMIGO! VOCÊ NÃO SABE!!!!- disse Lana.
-Não sei o que? Lana, sua barraqueira.
-Sabe aquele muleque que teve o pai que queimou a Igreja do Padre Menino De Ouro? faz muito tempo isso.
-Ãn... não! esqueceu que eu me mudei para essa cidade ano retrasado?
-Enfim, o padrasto dele era um louco que matou a mãe a queima roupa e depois queimou a igreja, logo depois o pai pegou o garoto e fugiu com ele, ou pelo menos tentou...
-Tá mas e dai?
-Ele esta estudando nessa escola- ela disse rindo- ele vai ser o garoto mais odiado daqui!
-Por que odiar ele?
-O pai dela... O PAI DELE QUEIMOU A NOSSA UNICA IGREJA! minha mãe que é cristã maniaca disse que se pudesse matava o garoto e o pai, por que você sabe que normalmente quando o pai é louco o filho também herda isso né?
-Não tem nada haver- Manson disse arrumando os cachos lisos e macios do cabelo- esse boy ai é só mais um do colégio.
-Ai meu deus- ela disse virando o rosto para a parede e rindo- olha ele vindo ali!
Eu estava passando pelo corredor quando vi aquela garota disfarçando o riso e aquele lindo garoto olhando para mim com uma expressão de dó.
-Deixa ele em paz!- gritou Manson para todos os curiosos que riam de mim. Como súditos, todos se calaram obedecendo a Manson, alguns com uma feição de raiva e outros com um total compreendimento.
Me dirigi a sala ainda de cabeça baixa, nem queria ver quem falou comigo.
Entrei na sala e sentei no ultimo lugar, o mais isolado. Os alunos foram chegando...
****
-... dissecaremos sapos e peixes esse ano- o professor de biologia disse se sentando na cadeira- alguém tem nojinho?- ele disse brincando...- Você tem, oh "filho de assassino"?- ele apontou para minha carteira, a sala inteira riu.
-Não senhor...
-"Não senhor"- ele riu satirizando minha resposta- SE VOCÊ PENSA QUE VEIO PARA MINHA SALA ZOAR COM TUDO QUINEM SEU PADRASTO DESGRAÇADO FEZ COM A CIDADE ESTA MUITO ENGANADO!
-EU NÃO SOU MEU PADRASTO!- eu me levantei da cadeira e andei em direção a ele, meu sangue fervia... quem o deu o direito de falar de meu padrasto?
-Vai fazer o que?- ele riu- Vai tacar fogo na escola? vai fazer a escola ficar quente?
-NÃO, VOU FAZER VOCÊ SENTIR SEU CORO QUENTE!- disse esmurrando o rosto dele. Derrubei ele da cadeira e o esmurrava no chão -NUNCA MAIS FALE DO MEU PADRASTO!
***
-NÃO SOU OBRIGADO!- disse o professor com o rosto roxo- você tem que expulsar esse garoto da escola!- ele argumentava para a diretora, estávamos na diretoria.
-Você senhor Paulo, ofendeu o padrasto dele com palavras xucras... Não vou expulsa-lo por que o que ele fez com você foi necessário. O que eu posso fazer é coloca-lo em um castigo que temos aqui na escola, ele vai ter que fazer trabalhos comunitários para o colégio do tipo: varrer o chão, limpar as janelas e etc...
-ESSE GAROTO MERECE A EXPULSÃO.
-Paulo meu senhor, se você falar isso novamente eu juro que o expulso aqui será você...- ela disse se retirando da sala e indo em minha direção.
-Garoto, você fara um trabalho voluntario com um grupo da escola... começara hoje depois da escola.
-Mas eu preciso avisar aos meus pais...
-Fica tranquilho que a gente avisa para eles...
***
Nos juntamos as empregadas da escola, no grupinho tinha eu, a garota que arranhou o rosto do outro menino no começo do dia, o menino que me defendeu diante os xingamentos dos alunos.
-Vamos começar nos apresentando?- Disse uma garota arrumando os cabelos ruivos atrás da orelha, ela era a garota mais linda do colégio- meu nome é Carol, prazer...
-Pois é, todo mundo já sabe quem é você Carol...- disse Manson- e eu sou Manson, o "gayzinho" do colegio "na respectiva do Hugo".
-E eu sou...- disse eu- Fernando
-Gato, todo mundo já sabe quem é você também... o único anonimo aqui sou eu.- Manson riu.
-Por que vocês estão aqui?- Carol perguntou.
-Eu estou aqui por que... na verdade nem sei, toda semana eu to aqui- Manson disse.
-Eu estou aqui por que bati no professor de biologia.
-OQUE?- disse Carol- VOCÊ REALIZOU O SONHO DE MUITOS ALUNOS AQUI!!!
-E você por que está aqui?- perguntou Manson com uma cara de deboche -deve ter sido por que quebrou a unha...- ele susurrou.
-Por que arranquei uma boa parte do rosto do Hugo.
-NOSSA GATA!- Manson riu- VOCÊ REALIZOU O SONHO DE MUITOS ALUNOS AQUI!!
-Ainda bem...- Disse Carol rindo enquanto eu também não me aguentava e caia na gargalhada, estávamos os 3 rindo no jardim do colégio.
-Legal...- eu disse.
-SABE O QUE SERIA LEGAL? A GENTE SAIR DAQUI!- disse Manson se arrumando para pular o muro da escola.
-Você tá louco?- Carol perguntou...- vai acabar com tudo!
-Não vou não, vou salvar a nossa sexta feira a noite! Vamos, eu já fiz isso milhares de vezes, eles não vão nem perceber que fugimos.
-Eu voto em sairmos logo daqui!- falei já pulando o muro.
-Af gente, me esperem que eu vou também!- gritou Carol.
***
Estávamos os 3 sentados no capô do carro opala azul de Carol.
-Então, você é rica Carol?- Disse Manson.
-Quem me dera, esse carro aqui quem me deu foi o Hugo no nosso primeiro ano de namoro.
-Ele é rico?- Perguntei.
-Obviou, ele é milionário.- Carol disse jogando a tampinha da garrafa de Pepsi Cola do outro lado do rio embaixo da ponte que estávamos.
-Gente, eu ouvi que a Carol é a melhor cantora da escola, bem que você poderia fazer uma palhinha aqui para a gente não é?
-Não só posso como vou!- ela disse saindo do capô do carro e se arrumando na nossa frente. Ela cantou como um anjo, uma voz grave e sedosa que passava como rio embaixo de nós. Quando acabou aplaudimos como se não houvesse amanha, gritamos e batemos palmas como loucos.
-Gente, tive coragem para fazer isso, agora é a vez de vocês, posso tentar uma coisa?- disse Carol rindo.
-Pode!- dissemos os dois.
Ela se inclinou em cima de mim e com seus lábios rosas beijou minha boca, depois beijou a de Manson.
-Gata, você sabe que eu não curto meninas né?- Manson disse rindo.
-Beija o Fernando então...- ela disse olhando para nós dois.
-Beijaria se ele não me batesse- disse Manson rindo.
-Ele gosta de meninos também, eu reconheço um bissexual quando vejo!
-Eu...- eu estava nervoso e com medo de assumir minha bissexualidade.
-Você é Bi?- Manson perguntou olhando nos meus olhos- meu deus, como eu não percebi?- ele se inclinou e beijou minha boca, aqueles foram meus primeiros beijos. Eu havia amado. Carol se juntou a nós e demos um beijo triplo de língua, nossas bocas ficaram todos sujas de batom, nossos olhos não se abriam e estávamos todos excitados. Loucos para transar...
-Gente, eu amo vocês- disse Carol.
-EU amo vocês- disse Manson
-Eu que amo mais vocês dois- disse eu.
Aquela sexta feira a noite ficou lembrada nas nossas mentes para sempre.
(continua)
"O Manson é o meu bebe. Homem que tem medo de vaginas, é apaixonado por chocolate. Uma das pessoas mais fofas do mundo.
A Carol é meu anjo sem asas. Aquela que me acalma com a voz, que me faz rir com o som da sua risada. A princesa que está a procura da seu príncipe."
Saudades de vocês: de Felipe <3