O motorista assentiu, parecendo confuso. Rafa o seguiu e entrou no carro.
Christopher agora precisava de um momento sozinho.
Rafael retornou a mansão e não viu mais Christopher naquele diaNo dia seguinte, Rafa resolveu fazer uma visita aos pais. Logo cedo, se vestiu, tomou um café rápido, e aproveitando que o marido não estava em casa pediu à um dos criados que o levasse de carro.
-Meu querido! -Blanca exclamou, ao receber o sobrinho. -Fernando, venha cá!-Chamou, enquanto abraçava Rafael.
O pai do ruivo apareceu momentos depois, fumando um charuto, a expressão séria.
-Olá papai .- Rafa foi abraçá-lo.
-O que faz aqui? E seu marido?
O ruivo recuou, um pouco sem jeito.
-Christopher está resolvendo alguns assuntos e não pôde vir comigo, papai. Mas não está feliz em me ver?-Ele o olhou.
Fernando fez um gesto impaciente com a mão, dando uma tragada no charuto.
-Sim.
-Claro que ele está, meu amor. -Blanca sorriu para Rafa. -Mas venha tomar um chá conosco. Como vai a vida de casado?
Rafa acompanhou a tia, contente. Fernando seguiu-os logo atrás.
Durante o chá, tia e sobrinho ficaram conversando alegremente. Fernando só comentava alguma coisa ou outra, e somente quando Blanca lhe dirigia a palavra, ou quando ele tinha uma oportunidade de criticar Rafael.
-Com licença, vou para o meu escritório. -Ele disse em certo momento, se levantando, colocando o copo de whisky na mesinha e saindo.
-Acho que ele não está muito feliz com a minha visita. –Rafa murmurou para Blanca.
-Não diga bobeiras, Rafael. Ele é seu pai.
-Isso não quer dizer nada. -O ruivo franziu a testa.
Blanca balançou a cabeça e deu um jeito de puxar outro assunto banal com o sobrinho.
Decorrida meia hora, a mulher disse que precisava providenciar o almoço com os criados, e pediu que Rafa a esperasse e ficasse à vontade.
Quando a tia saiu, Rafa encarou a parede da sala de estar. Logo se levantou, e decidiu ir até o escritório da casa.
Deu duas leves batidas e entrou.
Fernando estava sentado numa poltrona, de frente para a janela e observando o lado de fora.
Ele olhou para trás e quando viu Rafael não falou nada.
-Posso entrar? -Ele perguntou, hesitante, já fechando a porta atrás de si.
-Já entrou. -Fernando respondeu com frieza, voltando a encarar a janela.
Rafa engoliu em seco e se aproximou... já estava na hora de ignorar seus medos em relação ao pai e enfrentá-lo. E aquilo seria agora.
-Não parece muito contente com minha visita hoje. -Murmurou de forma banal.
Fernando deu de ombros.
-Estou normal, .Rafael
-Sim, normal. -Ele soltou o ar. -Normal porque você sempre me tratou assim, desde pequeno. Mas somente é normal para você, papai. Não para outros pais.
-Do que está falando, menino?
-Eu quero dizer que o normal é um pai amar seus filhos. -Ele respondeu, distante. -Dar carinho, atenção, e querê-los bem.
-Agora vai querer dizer que eu não a trato bem, é isso?
Rafa soltou um suspiro.
-Só quero dizer que você não age como os pais normais. Você me faz sentir um completo estranho aqui. Me faz sentir indesejado, como algo que incomoda. E me sinto assim desde pequeno, papai.
Ele não respondeu, e o ruivo se aproximou, tocando o braço de Fernando.
-Porquê? Porquê me trata assim? Eu sou seu filho!
Rafa estava com vontade de chorar, mas estavam prendendo todas as suas emoções.
Fernando voltou-se para trás, encarando o ruivo. Pareceu avaliar o que diria por um segundo, e logo voltou a virar para frente, ficando de costas para ele.
-Você foi um acidente. -Fernando disse de repente.-Eu e Lucia não havíamos planejado você, na época éramos muito jovens e não estávamos preparados. Eu não queria filhos tão cedo. -Ele disse em tom distante .Rafa ficou estático .-Mal havíamos casado, um filho iria atrapalhar tudo. Eu... Pedi para Lucia tirar, quando ela engravidou, mas ela não quis. -Ele confessou. Falava tudo sem olhar para Rafael, como se falasse sozinho. O ruivo começou a sentir os olhos arderem. -As pessoas começaram a tentar mudar meus pensamentos... Começaram a dizer que se Lucia tivesse uma menina, ela poderia ser dada em casamento, e eu ainda ganharia algum dinheiro em cima do noivado. E era verdade. Aos poucos eu me animei a ter uma FILHA.
Rafa sentou-se numa cadeira, calado.
-E foi aí que você nasceu. -Fernando pela primeira vez olhou para trás e olhou no fundo dos olhos verdes de Rafa. -Tem noção da decepção que foi para mim?
O ruivo engoliu em seco, a garganta ardendo pelo nó que havia se formado.
-Um menino... -Ele continuou, amargurado. -Destruiu todas as minhas esperanças, e acabou com a vida da mulher que eu amava, Rafael você matou sua mãe no parto... Você é minha maior decepção. -Ele murmurou, sem pena.- Foi quando eu conheci os pais de Christopher, e eles ficaram comovido com a história e me fizeram a proposta do casamento. No começo eu achei um absurdo. Mais com a junção das famílias muito dinheiro iria passar pelas minhas mãos. – Fernando olhou sorrindo para suas próprias mãos. – Você nunca me serviu pra nada, mesmo. Só me trouce desgosto.
O ruivo ofegou, os olhos rasos pelas lágrimas. Mas não ia chorar na frente do pai.
-Agora eu entendo. -Ele sussurrou. -É uma pena que eu tenha te decepcionado tanto, mesmo que sem querer, papai.
Dizendo isso, Rafa se levantou da cadeira e saiu do escritório sem olhar para trás.
Passou pela sala de estar, e saiu da casa sem se despedir de ninguém. Somente entrou no carro que o esperava do lado de fora, querendo sair dali o mais rápido possível“Você é minha maior decepção, Rafael.” “Você nunca me serviu pra nada.”
Aquilo martelava violentamente a cabeça do ruivo. Quando chegou na Mansão, Rafa desceu do carro sem ao menos prestar atenção onde estava.
Os olhos estavam marejados e sua expressão estava pálida, quase mórbida. Precisava de um lugar tranquilo, somente isso...
Entrou na mansão Uckermann, de cabeça baixa e rosto triste. Foi andando pelo jardim. Ia entrar na casa, mas mudou de ideia e foi atrás de algum lugar escondido e solitário no jardim.
Logo achou... um lugar escondido perto da Fonte da mansão. Sentou-se no chão, pouco se importando se ia sujar sua roupa, e momentos depois não segurou mais o pranto que lhe assolava por dentro.
Todas as tristezas que lhe remoíam por dentro saíam através de lágrimas e soluços.
Estava com as pernas dobradas, e a cabeça enterrada entre os braços, todo encolhido, quando uma mão quente lhe tocou o ombro.
Rafa estava tão mal que sequer se deu ao trabalho de levantar o rosto para ver quem era. Adelaide, talvez...
-Tudo bem Rafael? –Christopher perguntou se sentando ao lado de Rafa.
-Tu... Tudo
- Então pare de chorar... Vamos, pare.
Rafa levantou o rosto puxou o ar, secando o rosto mais logo as lagrimas molharam o seu rosto novamente.
-Você está tremendo... O que aconteceu?- Christopher parecia preocupado.-Ei, Não chore!
Rafa engatinhou e sentou no colo do marido, Chris arregalou os olhos ao ver o que o ruivo tinha feito. Rafa o abraçou e enterrou a cabeça em seu peito e com a voz entrecortada pelos soluços ele falou.
- Só... Quero ir embora, Chris...topher!- Rafa soluçou mais uma vez, e Christopher o abraçou forte.
-Vamos aonde quiser, até outro país se for de seu desejo, mas pare de chorar. Não suporto isso, meu anjo.
Rafa estava num pranto tão profundo, que nem se deu conta do que o marido havia chamado-o.
-Me conte o que você tem. Porquê está assim?-Christopher murmurou nervosamente, afastando-se um pouco para que pudesse pegar gentilmente no rosto de Rafa e fazê-lo olhar para ele.
O ruivo soluçou, sem conseguir falar, as lágrimas escorrendo pelo rosto delicado.
-É que... anh..
-Shhh..-Ele lhe beijou os cabelos, balançando-o em seu colo. -Calminha, estou aqui. Só me diga o que têm, por Deus... Está assim por mim? -Chris perguntou, temeroso.
Rafa tentou se acalmar, balançando a cabeça.
-Então porquê?-Ele insistiu, apertando-o levemente e passando o dedo pelo cabelo macio.
-Meu pai...
Com muito esforço, ele contou o que tinha acontecido entre ele e o pai. No momento o único consolo que havia em sua frente era Christopher, e Rafa necessitava desabafar pois a mágoa e a tristeza estavam corroendo-o por dentro.
Quando o ruivo terminou de falar, Christopher se levantou com uma expressão extremamente dura.
Rafa o olhou com dúvida.
-Porque está assim? Ficou bravo comigo?-Ele limpou o rosto com a mão.
A expressão de Chris suavizou momentaneamente.
-Claro que não, porque eu ficaria? -Chris o puxou pela mão. -Venha, vou te levar para dentro.
Rafa já tinha parado de chorar, mas ainda soluçava. Christopher o rodeou com os braços e levou-o para dentro da casa como se ele fosse feito de porcelana.
-Adelaide!-Ele gritou.
A mulher apareceu alguns segundos depois, apressada.
-Senhor, Christopher?-Quando ela olhou para Rafa, emudeceu. -O que aconteceu?
-Leve Rafael para dentro, lhe dê um chá calmante, e depois volte aqui. -Ele ordenou.
O ruivo agarrou-se ao braço de Christopher quando ele fez menção de passá-lo para frente.
-Já, já volto para ficar com você. -Ele o tranquilizou. -Mas agora precisa ir com Adelaide, Rafa...
Era a primeira vez que ele o chamava daquela maneira. Rafa...
Por isso, dando um último olhar para Christopher, Rafael se deixou levar por AdelaideContinua...
Amores, ontem nem postei neh? Eu passei o dia muito mal, e fiquei no hospital de observação, não deu mesmo... A noitinha posto mais um ok?
Beijokas