COMO TUDO COMEÇOU, NEM PERCEBI
PARTE 15
Na Faculdade eu e Rafa éramos, inseparáveis, sabe sempre demonstramos nosso carinho um pelo o outro, Iago sempre estava no nosso lado, Pedro depois que soube da gente mudou um pouco, mas pelo menos não tentou mais nada comigo. Como eu disse foi no carnaval que nos assumimos para alguns amigos, era final de fevereiro, estávamos nos divertindo muito, quando quem agitava a galera pede para todos os casais desse um beijo na boca, sabe carnaval né. Eu e Rafa no maior agito começamos a nos beijar ali mesmo na frete da galera.
O pessoal não tava acreditando, Pedro como tava conosco ficou de queixo caído, o Iago vem até nós e diz:
Iago- Até que fim em, resolveram se assumir... - Nos dando um abraço apertado...
Nós estávamos tão felizes, que chegava a me dá um medo de perdê-lo.
Em abril fizemos uma loucura, viajamos só nós dois, íamos apenas passear, curtir o feriado prolongado, o dia 21, que havia caído em uma sexta feira, viajamos na quinta e era para voltarmos na segunda, porém na outra segunda também era feriado 1 de maio, então emendamos e faltamos 1 semana de aula, então já viram, levamos uma bronca, meu pai me chamou de irresponsável e mais, que estava levando o Rafa pro mesmo caminho, que ele era um menino tão certinho, e blá, blá,blá... Isso tudo só porque não avisamos pra onde íamos, desligamos os celulares, e passamos quase duas semanas sem dá noticias, horas havíamos viajado no dia 20 e voltamos, só no dia 1 à noite, apesar da bronca foi maravilhoso, eu faria tudo de novo, não me arrependo de nada ...
Chega Junho... Não tem como esquecer, na verdade se eu pudesse eu esqueceria, eu passaria uma borracha em minha memoria, ou pararia o tempo, ou mudaria um trecho, ou pegaria um caminho diferente ou simplesmente não sairia de casa...
Foi antes do dia dos namorados, pois o dia dos namorados cairia em uma segunda, e Rafa queria aproveitar o fim de semana comigo, planejou todo o nosso fim de semana.
Disse que iríamos ao cinema, que eu dormiria em sua casa, que no dia seguinte sua mãe e preparar um almoço, que me apresentaria como seu namorado e que até o irmão dele ia está presente. Depois íamos a minha casa e contaríamos para o meus pais, e na segunda eu ia ter uma surpresa...
E sabe aquele calafrio, aquele sentimento de perca, pois é eu senti, e quando eu tô com essas sensações eu não saio de casa, eu não queria ir ao cinema, mas o Rafa insistiu tanto, pediu até a ajuda de Dora, contou para ela o que tinha planejado para nós, era dois contra um, eu acabei topando...
Assistimos "x-men o confronto final" pois já estava com mais de uma semana que ele tinha estreado, e Rafa era fã da Marvel.
Depois fomos lanchar, ele ficou falando que eu era paranoico e tal, e eu concordei, afinal tava tudo perfeito.
Ele pediu para eu pilotar a moto, e me passou a chave da moto, Estávamos no estacionamento, dei um beijo nele e coloquei o capacete, ele me deu um abraço apertado, nossa eu não queria soltá-lo, tinha medo de que se soltá-lo poderia perdê-lo, era essa a sensação que eu tinha e sem soltá-lo falei...
Eu- Fael eu te amo tanto, você é a minha vida, nunca me deixa tá?
Rafa- Eu também te amo seu bobo, não fica assim não, eu sempre vou tá contigo...
Subimos na moto e fomos para casa, estávamos na metade do caminho, quando eu parei no sinal vermelho.
Muitas vezes eu me pergunto por que não ficamos mais um pouco no shopping, ou porque não fomos para minha casa, ou simplesmente não passei no sinal vermelho.
Mas não, saímos cedo do shopping, fomos direto para a sua casa, e eu parei naquele sinal vermelho... Sinal vermelho significa PARE né? Mas para um motorista bêbado significa SIGA em frente...
Quando o sinal abriu, eu dei a partida, aconteceu tudo tão rápido, só senti o impacto, foi Tão forte, dizem que quando estamos por um fio vemos nossa vida passar como um relâmpago, mas eu não vi, no momento do impacto, eu apaguei...
Quando eu acordei estava na cama de um hospital, minha mãe estava do meu lado, não sentia dores no corpo, e quando abri os olhos, eu a olhei ela sorriu para mim, gritou ele acordou e veio me abraçar.
Confesso eu tava confuso, não sabia o que tinha acontecido, e aos poucos eu fui lembrando do acidente... Foi quando me dei conta do que tinha acontecido, e comecei a perguntar sobre o Rafa, se ele estava bem, por que ele não tava ali, se eu podia vê-lo, ninguém me respondia e eu entrei em desespero, queria levantar para procurá-lo, mas me sentia tão fraco, eu sentia meu corpo, porém tava pesado... Devido ao meu agitamento me deram um calmante, e só acordei no dia seguinte.
Quem tava no meu quarto era o Iago, ele havia pedido para me dá a noticia. Nesse momento Ninguém quer dá noticias ruins. Acho que ele só pediu por que saberia a minha reação. Ele me abraçou, e foi logo falando...
Iago- Lipe eu sinto muito, eu sinto muito, eu sinto muito... - Era só isso que ele me falava, quando eu sinto as sua lágrimas. Instantaneamente as minhas caem também, eu o solto e o empurro, e o encaro, e ele fala a única noticia que eu não tava preparado para ouvi...
Iago- Você e o Rafa sofreram um acidente, já faz uns três meses, tu sofreu um traumatismo craniano e entrou em coma.
Eu- Cadê o Rafa?
Iago- O cara tava bêbado, e passou o sinal vermelho...
Eu- e o Rafa ele tá bem não tá?
Iago- Eu sinto muito Lipe, mas o Rafa não resistiu...
Ele ficou falando um monte de outras coisas, mas não consegui escutar mais nada, eu só sabia chorar, ele me abraçou e disse que sentia muito, que a dor ia passar logo, eu chorei até dormir...
Essa é uma parte que eu não gostaria de escrever ou que eu mudaria se eu pudesse e diria, ele saiu do acidente ileso, ou que ele ficaria com sequelas, ou que ele tava em coma, mas a realidade é que em junho de 2006, eu o perdi.
Tínhamos feito tantos planos. E por causa de um motorista bêbado, que não sabe diferenciar um sinal vermelho de um verde, morreram ali naquele acidente.
Ainda passei mais uma semana no hospital, mas meu sorriso não existia mais, minha família estava feliz por eu ter sobrevivido, por ter acordado, mas eu não tava feliz...
Pedro foi quem me pegou no hospital e ia me levar para minha casa, onde minha família se encontrava reunida para comemorar a minha chegada... Pedi para passarmos no cemitério primeiro, mas não desci do carro, não tive coragem, a dor era tão grande, chorei bastante nos braços de Pedro. Ao chegar em casa fui direto para o meu quarto, me isolei, não queria falar com ninguém.
Entrei em depressão, não saia de casa e pedi pro meu pai trancar o meu curso...
CONTINUA...