01 de janeiro de 2008
Me lembrava como se fosse ontem, a rua escura, meu padrasto me segurando pelas mãos, estava frio meu corpo tremia com leves espasmos.
-Onde estamos Pai?
-Estamos quase lá Fernandão! aguenta mais um pouco!- ele disse ofegante.
-Pai? você esta ouvindo? tem um helicoptero em algum lugar.
Podíamos ouvir o leve som da hélice girando em rapida velocidade, ela ficava cada vez mais forte.
-Vamos, vamos ter que correr um pouco agora tá bom meu filho?- ele disse limpando meu rosto sujo de barro, me pegou no colo e correu comigo pela floresta. Paramos em uma rua que cruzava o lugar, na frente tinha uma pequena construção de tijolos e um posto de gasolina.
-Pai, eu estou com sede!
-Agora não vai dar para beber água ok?
Ouvi as sirenes dos policias tocando de longe, eles ficavam cada vez mais alto, vi de longe as luzes azul e vermelha iluminando as escuras arvores do lugar!
-Merda! filho... filho...- disse meu pai se ajoelhando a minha frente para ficar do meu tamanho-... só não quero que você perca a fé em mim! eu te amo meu filho!!! eu quero que você saiba e se lembre que eu tentei profundamente te fazer ficar bem!
-Pai, por que a policia está mirando a arma em você? eles só tem que fazer isso em ladrões!
-Tá tudo bem filhão, eu não sou ladrão mas mereço isso!- ele disse enquanto uma lagrima caia de seu rosto. Ele olhou em meus olhos e disse- corre e tampa o ouvido e fecha os olhos, mais fogos aparecerão essa noite!
-Mais fogos? eu tenho medo de fogos!- disse me virando e andando reto, tampei os ouvidos quando ouvi o policial dizer "mãos para cima palhaço!" ouvi um estrondo e vi uma claridade iluminar meus olhos por dentro das pálpebras. Eram varios tiros disparados em menos de 4 segundos, me virei e vi meu padrasto caído no chão de concreto gelado, ele virou para mim e com os olhos pedrados riu e deu seu ultimo suspiro. O sangue havia formado uma poça ao lado dele, corri e fui tentar acorda-lo, um policial me pegou no colo e tentou me acalmar, eu me debatia enquanto lagrimas caiam de meu rosto, eu não sabia o que "morte" queria dizer mas estava chorando tanto que parecia que sabia que nunca mais veria meu padrasto.
04 de março de 2013
-Sabe o que quer dizer aquilo?- perguntou Hermes Oliver, eu estava em um total transe quando fui acordado pela doce voz dele- você tem cara de inteligente sei lá, parece que sabe o que isso significa!
-Eu sei, é uma Hipotenusa...- disse com vergonha, nunca havia falado com ele e agora ele me perguntava algo.
-Meu nome é Hermes Oliver Lós, e o seu?
-O meu é Fernando Oliveira.
-Bonito nome... - ele disse rindo, Hermes era o garoto mais bonito do colégio inteiro,tinha sorriso branco e simétrico, cabelo arcajus curtos e lisos, olhos azuis tão claros que pareciam ser transparentes e uma pele branca como porcelana, macia como pêssego e tinha um rosa corado em algumas partes como as bochechas, o nariz, o cotovelo, o joelho e onde mais você bater "qualquer tapinha fazia a pele dele ficar vermelha", mas não era por causa disso que ele era fraco, na verdade é o contrario, ele era magro e muito forte.
Seus braços grossos pulavam para fora da camisa branca com detalhes azuis que realçavam mais aqueles olhos azuis.
-O seu tambem...- disse sorrindo.
-Você pode ir me ajudar no trabalho da escola?
-Não posso na verdade- disse olhando para os olhos dele.
-Vou ter que ir ajudar Manson e Carol a fazer rolinho primavera para a festa japonesa que eles vão fazer na casa da Carol, quer ir?
-Ir na festa deles? ninguem me convidou!
-Eu estou convidando!
-Não sei, você não quis me ajudar na lição
-Vamos fazer o seguinte?- disse rindo- eu te ajudo se você for na festa e não me deixar sozinho lá.
-Ok, mas quem me garante que eu não vou ficar sozinho?
-Eu sei que não vai ficar!- disse entregando um bilhetinho com o endereço da casa da Carol, me virei para frente e copiei a lição da lousa.
***
-EU NÃO CONSIGO!- gritou Manson.
-Manson, é simples e rápido- disse lavando a mão na pia da cozinha de Carol, peguei a massa do rolinho primavera e tentei colocar no oleo quente de uma forma que ele fique com o formato do rolinho.- viu, eu consegui agora é sua vez!
-Af, Manson- Carol segurava um rolinho e o preparava para jogar no oleo- é facil, você esta sujando toda a cozinha, a festa é de noite mas a cozinha já está toda suja.
-Hmmmmm querida, é só lavar depois- ele debochou.
-Eu sei mas quem vai lavar? você?
-Eu mesmo querida! enquanto vocês se arrumam eu limpo, faço essa caridade para vocês.
-Manson, o seu namorado vem hoje?- perguntamos
-Sim, mas ele estará escondido por entre a galera e nem falara comigo- ele disse mudando a feição de alegre para triste.
-Eu sei como é...- Carol disse conçando o nariz.
***
Já estavamos todos prontos quando as primeiras pessoas começaram a chegar, vieram em grupos, primeiro vieram os nerds, depois um grupinho rockeiro, depois os populares. Fiquei esperando o Hermes aparecer sentando no sofá, sabia que me sentiria sozinho depois de um tempo na festa, por isso convidei ele. Os adolescente suavam enquanto pulavam e dançavam por entre a casa, vi Hermes aparecer usando uma calça jeans preta e uma jaqueta de algodão azul xadrez. O pessoal que estava na frente da porta o cumprimentou, ele virou os olhos azuis para mim que estava sentado no sofá preto, ele sorriu e eu sorri de volta, como se convidasse ele para sentar comigo. Ele passou pela multidão que o olhava dos pés para cima, algumas garotas dançavam se enroscando nele. Ele passou por todas e sentou ao meu lado.
-Ainda bem que você veio- ele disse rindo para mim- ficaria muito sozinho aqui se não estivesse comigo.
-Você conhece todo mundo, ou todo mundo conhece você não é?
Eu podia ve-lo perfeito, podia ver tudo lindo, até os adolescentes atrás de nós estavam colaborando para o momento virar o melhor de todos, e são esses momentos que ficam na nossa mente para sempre, mesmo sem ao menos estarmos perto de nos beijar eu sabia que aquele era o momento perfeito, os olhos dele, a pele corada e o sorriso branco, são esses momentos que nossa mente congela para durar a vida inteira, o que importava era que eu estava lá com ele, e ele estava tão lindo... Eu podia ver, aquele momento é o qual você percebe que essa não é uma historia triste, percebe que você esta vivo! quando você para pra pensar e vê que o momento te torna maravilhoso, quando você esta sentado no sofá da casa de sua amiga em uma festa onde seus melhores amigos estão tão perto de você, Manson estava no jardim, Carol sentada na escada e o meu amor platonico ,Hermes, estava sentado bem na minha frente, rindo de minhas palavras bonitas.
-... e eu não quero mas nada com o passado sabe?- ele disse depois de rolar muita conversa entre nós-... só quero relaxar um tempo, só namorar gente nova!- ele piscou para mim, aquela piscada fez nascer borboletas na minha barriga.
-Amor- ouvi uma menina falar atrás de mim- eu vim para você- ela disse beijando a boca de Hermes, ele a beijou de volta e a apresentou para mim:
-Fernando, essa é Mariana, minha namorada- eu meio que me senti um merda quando ouvi ele dizer "namorada" pensei que para algo machucar ele primeiro tem que existir, nesse caso nada existiu em mim e Hermes mas aquilo me fodeu de um jeito que prefiro nem comentar.
-Oi Mariana- disse estendendo a mão.
-Oi Fernando- ela era sorridente e bem gentil, pena que ela estava namorando o meu namorado imaginário.
-Com licença- disse indo para o banheiro, entrei no cubículo e comecei a chorar, limpei meus olhos com a agua da pia e voltei tentando não exibir meu choro.
Fui até a escada e procurei por Manson, a unica pessoa que via era Hugo com o cabelo loiro e o sorriso sacana ele perguntou:
-Vai para onde gazelinha-
-Nenhum lugar- disse meio envergonhado.
-Vem cá então putinha!- ele segurou meu braço "estava bêbado" e me puxou para um quarto, chegando la me trancou e começou a me beijar, ele era gostoso demais, tirou a camisa camisa e exibiu os músculos, eram perfeitos, os peitos bombados e o abdômen malhado, os pelinhos loiros da barriga me chamavam para chupa-la, foi aí que lembrei que ele era o namorado de minha melhor amiga "ou pelo menos estava na frescaiagem de 'dar um tempo'"
-Me larga- eu disse o soltando de mim e saindo do quarto, ele pegou meu braço e me puxou beijando minha boca no corredor da casa, quase ninguém tinha visto a não ser Hermes que estava no outro lado me procurando, ele abriu a boca e com ciumes tampou o rosto e alucinado deslizou a mão até a cabeça, ele correu e se sentou no sofá ao lado da namorada.
-O que foi Hermes?- ela disse- parece que viu um fantasma.
-Quase isso amor, vi uma coisa bem pior, puta que pariu!- ele estava nervoso- eu não posso deixar isso acontecer.
Corri da casa e fui para meu lar andando mesmo, eu ia pegar uma carona com Carol mas achei muito abusado ter beijado o namorado dela e depois pegar carona com ela até em casa... Minha cabeça explodia, cheguei em casa e bati um boa punhetinha imaginando o corpo musculoso de Hermes e Hugo, imagens se passavam de Hugo me beijando e de Hermes me comendo, não podia aguentar...
Teclo em um botão aleatório do celular e vejo uma nova mensagem do Hermes, ele dizia nela "Não precisava ter beijado o Hugo... se sua intenção foi me deixar com ciumes de você, conseguiu! D:" olhei para a tela e fiz tipo: ?