Transando com um demônio.

Um conto erótico de Cronista
Categoria: Homossexual
Contém 3617 palavras
Data: 10/07/2013 03:06:06
Assuntos: Homossexual, Gay

Nessa vida nada é melhor do que encontrar velhos conhecidos. Achi que um dos maiores prazeres de todos que se pode ter é realmente esse e exatamente por isso que quando uma amizade é boa e verdadeira, passe o tempo que passar, ela sempre será valorizada e mesmo aqueles que ficamos anos ou décadas sem ver, no instante que reencontramos, parece que o assunto foi retomado do momento em que parou. No Facebook, a janelinha de conversas tem esse poder, mas na vida real, só os amigos o têm.

Pois bem, fui numa dessas saídas de trabalho que acabei tendo uma das gratas surpresas dessas que tão poucas vezes temos. Sentado em um boteco desses meio pé de chinelo em plena Praça da Bandeira, que é um bairro colado ao Centro da cidade do Rio de Janeiro, muitas vezes ermo para quem não sabe andar por ele. Eu, porém, por tanto conhecer os recantos de minha cidade, tinha todos em vista, ainda mais esse onde se encontra a mais famosa vila do Brasil, a saber: a Vila Mimosa. Quantas vezes não estive lá...

Fundada ainda nos tempos do início do Brasil República, as "primas" (prostitutas), residiam na região do mangue, onde começa hoje em dia a Avenida Presidente Vargas. Era a época do prefeito Pereira Passos e as suas grandes reformas que moldariam a cidade maravilhosa pelos idos de 1904. Dentre essas mexidas que o cara fez, para atender aos soldados e as famílias desses que tinham combatido na Guerra dos Canudos, a zona de baixo meretrício foi deslocada de lugar, indo para mais longe. Em seu lugar um prédio foi erguido e recebe dos cariocas o apelido de "Piranhão". Após alguns logradouros, as meninas acabaram por se alojar na rua Sotero dos Reis, na esquina com a rua Ceará. Para quem quiser conferir, basta colocar no Google Maps, pois facilmente encontrará.

Por que começo com essa pequena dissertação historiográfica? Acho que se não desse algumas referências essa história poderia ficar se ambiente e você não a entenderiam por completo, até porque ela terá uma personagem ilustre que logo os apresentarei.

Estava quase indo visitar a Vila Mimosa e comer alguma puta. Era quarta-feira e tinha que dar uma trepada. O problema é que não estava querendo o de sempre e a putaria, por mais legal que seja, tem uma hora que cai na monotonia, nos levando a admitir que até ela tem seus limites. Quem come caviar todo dia, uma hora deseja o feijão com arroz.

Enquanto tomava um café olhando de longe a entrada da rua que levava a ela tentando decidir se ia lá ou apenas ia para casa assistir ao jogo na Libertadores do Palmeiras contra o Botafogo - apesar de não torcer para nenhum deles -, eis que alguém corta os pensamentos. Para meu agrado, aquela voz realmente era a que eu precisava ouvir naquele instante. Acho que todos gostariam de conhecer tal pessoa também.

- Quem é vivo sempre aparece, não?

- Cristina. Essa é a melhor de todas as surpresas. Afinal, nesse mundo perdido, sempre há quem o salve.

- Assim você me valoriza muito e fico vaidosa, amigo. Rogério, como você está? (Disse me dando um beijo na bochecha que foi devolvido na sequência).

- Sabe como é, né, querida: filhos, casamento, trabalho, essas coisas.

- Soube que teve outro. É um menino, não é?

- Sim. Precisa ir lá em casa vê-lo. Minha esposa, vez por outra, pergunta sobre você. Por falar nisso, o que anda fazendo? Me fala um pouco de tuas aventuras, pois sabe que sou o teu fã número um. Quer beber algo?

- Sim, aceito um café também. Vamos nos sentar ali no canto para trocar um dedinho de prosa, como dizia minha avó - que Deus a tenha -.

Fomos ao canto após pedirmos outro café. Devo confessar para todos vocês que quando disse ser um fã, realmente falava a verdade, porque estava diante da mulher mais sensacional que tinha conhecido, assim como todos que a encontraram. Acho que se precisava ver alguém, esse anjo da guarda era ela. Se todos tivessem a minha oportunidade, diriam o mesmo ao estar com ela. Ela é realmente demais.

Deixem-me falar um pouco de minha amiga. Seu nome é Cristina Yumi Yamazaki. Tem vinte e dois anos - nos conhecemos quando tinha ela dezesseis e eu trinta e um -, tem um metro e sessenta e dois, rosto totalmente japonês recebido como herança dos pais oriundos da terra do sol nascente, longos cabelos negros e lisos até a cintura e um corpo deslumbrante, que passaria facilmente por uma Panicat sem destoar das atuais, com a vantagem de ser delicada, ao contrário das mulheres bombadas da TV. Esse era o quadro, mas muitas coisas são interessantes nela além de suas características físicas. Pode se dizer que ela sim é a mulher mais completa que já vi.

- Sabe, Rogério, esses dias tenho andada muito ocupada. Coisas demais para fazer e nem dormir tenho direito.

- Novamente com três empregos, querida?

- Kakakaka... Que nada, meu querido.

- Ainda bem que desistiu de se matar. Assim você morre mais cedo. Agora está com mais tempo livre?

- Aí é que você se engana, pois agora estou em seis empregos.

- Meu Deus! (Quase que meu café é cuspido na surpresa e no riso). Coisa pra caralho, não? Quais são?

- Que nada! Sabe que sou hiperativa, né? Estou trabalhando de atendente de telemarketing pela manhã, vendedora de loja à tarde, serviços gerais em um hospital à noite - por escala -, cuidadora de idosos aos sábados, bilheteria de um cinema no Barra Shopping aos domingos e digitadora de contratos à distância para o bando BMG.

- Caralho! De onde vem tudo isso? Me dá um pouco dessa energia. Mas você não dorme não?

- Eu e o sono temos algum problema. Desde pequenininha acabei não tendo muito gosto por dormir e me pego de olhos abertos madrugadas a fio. Antes mesmo dessa de virar nos trampos, já curtia virar a madrugada e não só na putaria, mas fazendo coisas mais úteis do que ela, embora a vida de noitada tenha me ensinado muito sobre o ser humano. Digamos que briguei com Morpheus para não dormir e a Pombagira do Cabaré me recebeu de braços abertos.

- Você é hilária! Lá vem com seus "causos" sobre os deuses e afins. Ainda sonha com aquelas orgias malucas com os caras mais doidos do mundo?

- Hum! Então você curte meus sonhos, não é? kakakakaka...

- Quem não curtiria? Da última vez me disse que sonhou que estava em uma praia com o Camões, o Bozo, o Pelé, a Mulher Maravilha e o ET de Varginha em uma suruba sensacional. Disse que a nunca tinha visto um boquete mais pleno do que quando o Bozo estava comendo a Mulher Maravilha e o Camões fazia dupla penetração nela, isso enquanto o ET de Varginha a punha para mamar. Para ti restou o Rei do Futebol.

- Nada mal, não é? Lembre que antes eu também dei para o ET e o baixinho era o cão. Fodia como um bicho. Apesar dessa intensidade, a coisa passou. Dessa vez - já que curte meus "causos" - digamos que tenha um para te contar. Dessa vez um real.

- Hum! O último da suruba no quartel foi sensacional. Só quero saber o que vai rolar dessa vez. Mais café?

- Mais um, por favor. Se possível, pede uma fatia daquele bolo de chocolate da vitrine também, pois estou com fome.

- Pode deixar.

- Bem, meu caro, sabe que sempre foi religiosa, não é? Apesar de sê-lo ao meu modo. Sexta-feira vou meio dia à mesquita islamica rezar e à noite na Umbanda fazer a gira, no sábado de manhã curto queimar um incenso e jogar arroz para as divindades budistas e à tarde ir às reuniões espíritas no Centro, aos domingos amanheço na missa, à tarde estou no Candomblé e à noite vou ao culto evangélico, primeiro no batista e depois no pentecostal, temperando as coisas. Apesar de que hoje em dia só vou quando sobra tempo durante os trabalhos. Durante a semana ainda tenho a academia e não rola muito. Deus me entende e sei que Ele me considera sua ovelha desgarrada pronta para arrebanhar os povos através de meus caminhos de sucessagem. Cada um recebe Dele uma missão, ué! A minha é levar novos caminhos ao mundo. Abrir seus horizontes.

- Nossa! Anda lendo muito?

- Desde sempre e até morrer. Dante ainda é meu favorito, embora tenha lido muitos quadrinhos da Marvel e da DC e sites sobre construção civil. Comprei um livro em um sebo sobre como fazer uma casa que é uma maravilha. Na página 142 o arquiteto que o escreveu descreve a feitura de uma parede de gesso de forma divinal. Acho que até dava para o coroinha com a cara do Van Hensilg do Peter Cushing.

- Queda por coroas agora?

- Eu? Não zoa, Rogério. Até com cachorro, bode, árvore e estátua do Diabo já trepei. Para mim você sabe que vale de tudo, que o importante é o momento. Sou bem eclética quanto a quem me come ou a quem como. Tive até que usar um cinto com um piro de borracha no sábado passado para enrabar uma amiga e seu marido no motel. Pensei que o cara ia me comer, mas era um viado da porra. Não deu nem para saída. Acredita que o cara queria ser comido por outra mulher que não a sua?

- É cada coisa, não?

- Sim, mas o problema é que o povo não inventa e fica na puta da mesmice.

- Ué, como assim?

- É verdade. Vale lembrar que sempre digo que divido a sexualidade em duas: as pessoas "sérias" e as "malucas". Somos o segundo quadro. Embora tenha um povo que defenda a ideia ridícula de que sexo é sexo e que toda a vida sexual dos casais é deturpada, bem ao estilo Nelson Rodrigues, você sabe que não é bem assim. Meu irmão é pastor e um cara super linha reta, o que não o torna um chato. É bem mente aberta, um renovador da fé, mas sempre tranquilo com a mulher na cama. Olha que descubro coisa por tabela sobre os dois, pois nunca abrem o jogo comigo. Até porque, a vida sexual dele não me diz respeito. Do mais, acho que quem não segue essa conduta mais reta, optando por uma vida de sexo livre, deveria deixar a mente fluir.

- Será que eu consigo? Kakakaka...

- Você? Ah, amigo, tem o potencial. Só precisa exercê-lo. Mas isso o futuro dirá.

- Bem, pelos teus padrões, prefiro ter minhas restrições. Você é bem ampla mesmo. Nem o Salvador Dali poderia pintar o que passa em tua cabeça.

- Isso é verdade, mas só porque ninguém se liberta por completo. Outro dia, por exemplo, estava em uma boate e o cara quis dar em cima de mim. Arrotou que fazia e podia, mas quando perguntei se ele ia até o final, o cara arregou. Perguntei se ele toparia tudo mesmo comigo. A princípio, de olho em me comer, disse que sim, mas quando disse que eu adoraria comê-lo com um vibrador, ele disse que não. Ainda ficou puto quando perguntei se ele não daria a bunda para um amigo meu que estava de olho em enrabar algum sujeito durante a madrugada. Aí você vê como são as coisas com esse povo limitado mentalmente. Se é para quebrar as barreiras, quebremos todas logo, sem restrições.

- Aí vem, coisa.

Devo avisar que a Cristina é um ser bem interessante. Apesar de ter nascido em São Paulo e morado até a adolescência na Vila Mariana, quando veio para cá aos dezoito anos, não saiu mais. Apesar de visitar a família, gostou mesmo é daqui. Outro fato interessante é que ela se denomina "hexassexual". Alguns chamam de pan-sexualismo, mas ela prefere denominar assim; acha mais "bonitinho", em suas palavras.

O que seria essa diversidade sexual? Ela me diz que curte homens, mulheres, animais, plantas, minerais e mortos. Pois é, ela já saiu com tudo o que é imaginável. Seu nível cultural e intelectual é altíssimo, chegando a fazer diversos professores universitários passarem vergonha ante seu vastíssimo repertório de saberes. Acho que nem o Sherlock Holmes seria tão exótico (quem ler a descrição do Dr. Watinson sobre o amigo no livro Um Estudo Em Vermelho, entenderá o que digo). Com tantas qualidades, já perguntei o porquê dela não ingressar em uma faculdade para arranjar empregos melhores, mais de acordo com o seu nível. Não que ache algo errado ou humilhante em qualquer trabalho, mas vê-la limpando chão e privada de hospital, atendendo clientes em telemarketing, logo uma garota que com apenas dezoito anos já leu mais de oito mil livros e fala fluentemente português, inglês, espanhol, italiano, alemão, grego, latim, japonês, árabe, mandarim, coreano e iorubá, esses doze idiomas, além de ter curso de informática avançada, Segurança do Trabalho, Técnica de Edificações, Formação de Professores, Enfermagem, faixa preta em Jiu-Jitsu, Kung Fu e Karatê, além de ter carteira de habilitação com as classes A, B, C e D, é algo meio paradoxal. Pois bem, essa é a minha amiga, que ante meus conselhos, diz que não consegue ficar parada e vive saboreando a vida. Fazer o quê...

- Rogério, já te contei da última no cemitério?

- Ui, essa deve ser de matar.

- Que trocadilho! Ai, amigo, logo você dando uma de lugar comum?

- É, vacilei... Foi mal. Kakakaka.... OK, então conte a do cemitério. Vamos ver o que vem.

- Na semana passada, passando em frente a um cemitério, vi que rolava um despacho bom para Exu. Desci do ônibus e fui até lá, mas quando cheguei a senhora que o fazia tinha ido embora. Parada ali ante aquele prato de farofa com rosas e um espumante - embora chame todos de Champanhe - com a rua deserta, pensei que era melhor partir. Assaltos sempre são comuns em lugares ermos. Quando ia partir, vi que havia um buraco no muro. Eram quase três horas da manhã e eu diante de um cemitério. Apesar de toda a precaução, você sabe que sempre fui uma menina bem curiosa e além do mais os cemitérios nunca me foram estranhos.

- Isso é bem verdade. Mas prossiga.

- Pois bem, deixando a curiosidade me levar, entrei pela brecha e fui andando pelas ruelas do cemitério. Sepulturas me ladeando e nada de mais. Aquela lua gigante no céu me acompanhava. Estava prestes a ir embora dali, pois não havia nada diferente nele agora do que poderia ver durante o dia. Só que nunca devemos nos precipitar ante as oportunidades que a vida nos traz.

"Quando me virei, vi que havia um túmulo aberto. Se foi ou não obra de algum assaltante, isso jamais saberei, mas quando o alcancei, no cruzeiro central um vulto me chamou a atenção. Pelo som não pareciam passos. Era mais como quando as folhas secas se arrastam no cimento, só que não havia vento. Então fui até onde um redemoinho se erigiu. Acho que se fosse sensata como a maioria, o medo estaria me dominando, porém a sensatez nunca foi meu forte e prossegui. Aqui parecia o Noites Na Taverna do Aluísio Azevedo. Quando cheguei, vi que sobre a estátua de um anjo, alguém se escondia sobre uma capa.

"Ouvi uma risada e a capa abriu. Quase rezei, mas logo vi quem era. Estava diante de um súcubo. Eles são demônios femininos. Embora muitos os condenem e na Idade Média muita gente sofreu tormentas, ora nas mãos dos padres acusadores, ora nas tentações de tais criaturas, estava ali algo que queria experimentar. Ela era linda, de uma beleza terrivelmente exótica. Tinha a pele vinho como o licor da uva, cabelos, lábios, olhos e unhas negros, dentes pontiagudos, pequenos chifres, uma calda e estava nua, mostrando os seus três seios apetitosos. O que cria ser uma capa era na verdade seu par de asas negras e rubras.

"Sem me fazer de rogada, andei em sua direção. Ela me farejou e saltando, passou por cima de mim e caindo por trás, senti sua língua bifurcada como cobra lambendo meu pescoço. Se era sexo que ela queria, isso eu daria sem pensar duas vezes e me virando, fiz com que nossas bocas se encontrassem. Um beijo colado, de língua. Seu hálito era estranhamente perfumado e com gosto de calda açucarada. Talvez por isso mesmo que muitos pecaram em beijá-la. Devo admitir que durante o beijo, apalpei seus seios volumosos com três mamilos cada enquanto ela me apertava a bunda.

"Ficamos em uma louca pegação, então desci mais e passei a língua em seus mamilos. Chupava os do seio esquerdo e bolinava os do seio direito. Ela gemia e eu caía de boca, sobretudo, naquele seio do meio. Então a fiz deitar na dura chapa de cimento que cobria a sepultura e abrindo suas pernas, lambi o grelo daquele ser voluptuoso. Ela gemeu e comecei a bater uma siririca nela enquanto sugava sua boceta apertada e estreia, que servia para trazer prazer a quem a penetrasse. Nesse caso, eu estaria despreparada para atendê-la, mas valia o momento de lesbianismo.

"Tinha que fazer algo para aumentar aquele tesão e também comecei a me siriricar. Ela sentiu a coisa e seu rabo peludo veio até minha boceta por dentro da calça do uniforme de serviços gerais e por dentro de minha calcinha, começou a massagear minha xana, que estava bem melada de prazer. A sua também parecia um lago de tanto mel. Ficamos nisso, mas sabia que tinha mais. Então estendi a mão ao lado e do túmulo aberto, ela vez vir voando um fêmur pertencente a algum morto decomposto há algum tempo. Peguei o osso que cheirava muito mal e o introduzi em sua boceta. O demônio gemi de tesão e comecei o vai e vem. A cabeça do fêmur dilatava sua vulva e ela se contorcia. Mete e sai. Mete e sai. Mete e sai. Então vi algo que jamais pensei que veria: o súcubo gozou... Ela teve um espasmo e chegou ao orgasmo.

"Nunca tinha visto nada assim, pois quando gozou, a criatura jorrou mais de um litro de mel da xana em mim. Eu cheirava a bala de morango, como um perfume, mas estava cheia de mel de orgasmo de um demônio. Nos beijamos firme e deliciosamente e ela batendo asas voou sumindo pelos céus negros da noite.

"Saí de lá o mais rápido que pude e tomei a primeira condução para o mais próximo de casa que vi, que foi uma Van. Ao chegar em casa, só tive tempo de tirar um cochilo de uma hora antes de ir para o trabalho na empresa de telemarketing. Mesmo cansada, valeu a pena. Não acha?

- Claro que valeria a pena. Só lamento que isso tudo não passe de mais uma fantasia. Você deveria ser escritora, querida. Suas fantasias são tão férteis e sua vivacidade ao contá-las, sobretudo com essa habilidade de contadora de história, faz qualquer um acreditar. Mesmo sendo mais uma aventura de sua cabeça, eu adorei. Por isso mesmo nunca quis quebrar o pacto contigo.

(Tínhamos o pacto de nunca transarmos, pois como já havíamos feito sexo, ela com tudo e eu com muitas e alguns, achávamos que se transássemos, o encanto de nossa amizade se perderia, pois nunca teríamos o mistério de não conhecer o tesão um do outro. Certas horas a fantasia é melhor do que a realidade. Então, assim que nos conhecemos tivemos a ideia de nunca transarmos, sob nenhuma circunstância. Ela topou, pois queria alguém que como ela mantivesse a sensação de amizade sem erotismo com alguém, o que para pessoas habitualmente acostumadas com sexo diário com muita gente, de forma promíscua e muitas vezes desregrada, soava como uma novidade a ser cultivada em uma vida monótona de aventuras que podiam acabar perdendo o gosto se não tivessem um objetivo).

- É verdade. Esse pacto nos ajuda a manter pelo menos algo ainda não conhecido, o que dá um gosto melhor a vida. É nossa árvore do bem e do mal, como a que Adão e Eva tiveram no Paraíso. Se comermos, não seremos mais crianças e a realidade de duas pessoas transando será normal e o encanto do que cultivamos será perdido. Isso não pode acontecer, pois certos segredos valem mais do que a realidade. Agora, quando ao que te contei, não acredita, né?

- Olha, Cristina, sei que você tem experiências fantásticas e algumas bizarras, mas essa de demônio, súcubo, é difícil de crer. Até acho que seria muito show comer um ser espiritual, mas eles são só lendas.

- Tem certeza?

- Absoluta.

Então, tirando da bolsa, ela colocou em minhas mãos uma longa unha vermelha e um pedaço de osso. Sem entender o que era, perguntei:

- O que são, Cris?

- Ela me deixou umas coisinhas suas como recordação. Essa unha não foi pintada, é vermelha mesmo e esse pedaço de osso que segura é um de seus chifres. Agora, você acredita.

- É, só e resta crer. Mais um café?

- Agora não. Preciso ir. Tenho que encontrar minha namorada, pois desmarquei com meu namorado que vai viajar.

- Ué, está com quantos dessa veznamorados e duas namoradas. Eles não se conhecem, mas prefiro assim. Evita briga entre eles. Bem, Rogério querido, vou partindo. Espero que nos encontremos mais vezes. Você tem o meu celular. É só me ligar e marcamos algo.

- Claro que sim. Qualquer dia vamos fazer um programa legal e te levo na pizzaria junto com minha esposa e meus filhos. Eles gostam muito de você.

- Até mais, meu bem.

- Até mais, querida.

Com um caloroso abraço entre amigos, nos despedimos. Essa foi a última vez que nos vimos desde então. Vez por outra nos esbarramos e não será difícil nos vermos novamente. Onde ela estiver, será sempre um prazer encontrá-la.

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Comentários

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Mas eu não entendi uma coisa,súcubo é mulher! sua amiga deveria ter transado com um incúbo. e tanto os súcubos quantos os incúbos matam suas vitimas depois do ato sexual,sugando sua energia vital pelo sexo.

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eu já vi(sou paranormal)fantasmas,demonios(vi na casa da minha avó)lobisomen(vi no meu quinta)e até acho que vi um anjo(não tenho certeza porque ele passou voando muito rapido),mas transar com um deles eu nunca tranzei,sua amiga ou é louca e mentirosa ou ela é muito corajosa.

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