Me apressei para ir na casa do Roney porque no fundo estava me roendo de vontade de saber o que tinha rolado com o carinha. Fiquei na dúvida se ia a pé, mas fiquei com medo de assalto e chamei um táxi. Em 40 minutos estava lá. O Roney também morava em apartamento, ele e a mãe, que era divorciada do pai dele, a dona Zelma era enfermeira e por isso não era comum encontrar ela em casa, vivia fazendo plantões noturnos para aumentar a renda, porque ela criava o Roney sozinho e realmente dava de tudo a ele, além de morarem em um condomínio razoável de 3 por andar.
- Cade a tia Zelma, bichinha?
- Trabalhando, entra ai gato.
Fui entrando e me jogando no sofá, antes que ele abrisse a boca para soltar bobagens eu intimo:
- Bora, vai logo falando tudo senão te jogo pela janela.
- Calma mona, deixa de ser apressada, o apressado come cru. O primeiro fato é que eu vi ele, achei pegável, se for ativo, é partidão.
- Que filho da mãe, fui a semana toda e nada dele. Falei indignado.
- Pois é, ele resolveu aparecer só pra colega aqui. Zombou a Bicha exibida.
- tu nem me faz inveja bicha, porque eu chupei um boy.
- Que bafo, conta ai quem foi.
- O Mário.
- Cruzes menina, desse jeito melhor desistir do direito e fundar uma funerária, a sra. está vivendo de ressuscitar defunto agora.
- Vai tomar nesse teu cú. Foi por acaso, vai mais acontecer não, to precisando de boy novo também, tem um pra mim não?
- Não tenho nem pra mim amiga, ativo de verdade tá mais difícil que político honesto nessa cidade. Mas deixa eu contar, fui com a rapariga pro Bnb, como a senhora sabe, ela ficou estudando e estudando, ela tá tão interessada a bichinha, mas eu nem liguei, quando vi o boy, só queria conhecer, não só por mim mas porque sei que a senhora quer conhecer também. Eu vi ele lendo o mesmo livro que a gente está estudando, de história do ceará, como é o nomezim?
- Nomezim é tuas pregas arrombadas, viada, o Aírton de Fárias, não aprende nem o nome do autor do livro essa bicha, continua ae.
- Ai que viado revoltado, pois eu fui lá tirar dúvidas com ele, disse que estava estudando o livro no colégio e tava com muitas dúvidas.
- Caramba, eu já vi ele lendo esse livro, porque cargas dáguas não usei essa desculpa? Falei indignado comigo mesmo.
- Porque a sra é uma bicha pêssega, e a colega aqui é rapariga velha passada na casca do alho, ele derreteu-se todo e começou a explicar alguma coisa das fases da história do Ceará e falou ate as que mais caiam no vestibular.
- Cacara, teria sido útil conversar com ele. O que mais?
- Ai menina, eu nem ai para a história, queria era sondar ele, descobri que ele está no último semestre de direito na Federal, fazendo últimas cadeiras, tem 21 anos e já passou em concurso do judiciário ou algo assim, ou seja, nerd total.
- Se for ativo é um partidão neh?
- Se for passivo também, só não serve pra mim. Falou ele caindo na gargalhada.
- Ele tem 21 e está terminando a direito na Federal? Ele entrou com 17? Meu sonho, queria conhecer ele.
- A sra. quer é chupar ele, isso sim.
- Isso também. Concordei rindo.
Continuamos a conversar, falei a ele o que tinha havido no treino de basquete e ele vibrou junto comigo. Voltou a me reprovar por ficar com o Mário, ele achava arriscado e sem sentido, mas confessou que tinha muito tesão também e se pudesse traçava o Mário e não teria medo de sentar em cima. Ele ainda me chamou pra dormir lá, mas eu não podia porque tinha aula pela manhã e eu não tinha levado meu material.
Dormi muito bem aquela noite, as novidades sobre o carinha do Bnb apagaram totalmente minhas divagações vespertinas sobre o Mário. Acordei super disposto no sábado, o que é não muito comum porque detesto aula nesse dia, queria dormir o dia todo. Ia haver um aulão de física e é uma matéria que eu não gosto muito, mas fiquei lá quebrando a cabeça com cálculos de mecânica que nunca iria precisar após passar no vestibular se não optasse pela área de exatas, o que estava definitivamente fora de cogitação. Na hora do intervalo ficamos eu, a Samia e o Roney na arquibancada da piscina, só conversando, quando o Daniel se aproxima, não vi ele se aproximar, só percebi sua presença quando ele tocou no meu ombro:
- E aí meu capitão, vai uma disputazinha na piscina?
Tirei a mão dele do meu ombro com rispidez e respondi:
- Cara, vai ver se eu estou na esquina.
Ele me olhou com raiva e falou:
- Sabe, até pensei em ser teu amigo, mas você é muito metidinho mesmo, acho que vou deixar de ter clemência de você e te esmagar de vez.
- Seria encantador ver você tentando fazer isso. Eu também estou sendo bonzinho demais com você seu babaca, pensa que só porque veio não sei de onde pode chegar aqui se sentindo? Você não faz a mínima idéia do que eu sou capaz, e se fizesse pensaria 20 vezes antes de falar dessa forma comigo.
Ele nada falou, apenas se afastou fazendo um gesto de quem dá um tiro com a mão. A Samia levantou e me abraçou por trás, dizendo pra eu ficar calmo. O resto do dia no colégio tinha sido estragado. Para completar quando estou de saída, vou ao banheiro e encontro lá o Mário, parece muito animado em me ver e me chama para entrar em um box.
- Cara, te coloca no teu lugar, eu não quero mais fazer nada com você, não sou máquina de refrigerante pra você chegar assim, enfiar uma moeda e gozar na minha boca não.
Ele ficou tão assustado que não falou nada e eu sai do banheiro batendo a porta com violência. Sequer falei com a Samia ou o Roney na saida, cheguei em casa morto de cansado achando que não haveria como as coisas piorarem naquele dia quando entro no meu quarto e vejo o Carlos mexendo no meu computador.
Continua...