Romance Proibido - Capítulo 06:
A Decisão.
Não esperava por aquilo. Mas sem pensar duas vezes me entreguei ao seu beijo, afinal era o que mais havia desejado nos últimos dias. Finalmente podia sentir o gosto de sua boca carnuda e ele era ótimo. Seu beijo era diferente dos beijos que Patrick havia me dado. Era um beijo mais calmo, sensual, estávamos ambos aproveitando ao máximo cada segundo daquele beijo que pareceu durar uma eternidade, como se estivéssemos em uma realidade paralela que não existia nada além de nós dois. Sem dúvidas tínhamos uma conexão.
Quando ele se afastou, desejei que não tivesse feito. Ainda não era suficiente, queria muito mais daquilo. Queria o beijar e nunca mais parar, pois quando nossos lábios se encostavam me sentia ligado a ele como nunca havia sentido com ninguém, como se nós dois fossemos um só. Seria isso amor? Perguntei para mim mesmo mentalmente.
Quando abri meus olhos e vi seu rosto, não entendi. Podia notar que seus olhos estavam prestes a lacrimejar e sua expressão era de medo e nervosismo.
- Desculpa, eu não devia ter feito isso. - disse ele se afastando de mim, se dirigindo rapidamente em direção a porta.
Não podia deixar que Daniel saísse daquele quarto, esperei muito para que aquilo acontecesse e agora que sabia que tínhamos uma chance de ficarmos juntos, não poderia deixá-lo ir. Então segurei com força seu braço, impedindo que ele saísse.
- Não saia. - disse.
Ele não olhava para mim, podia notar por seus ombros que estava tenso.
- Desculpa... por favor não conta para a Bianca... não devia ter feito isso... desculpa... - disse ele entre lágrimas.
- Olhe para mim. - disse isso e ele logo após se virou para mim. Lágrimas escorriam por seu rosto, o que fez meu coração doer. Não o queria ver daquela forma.
- Desculpa... - disse ele mais uma vez em um tom baixo de voz, como se estivesse com vergonha.
- Não precisa se desculpar. Você não fez nada que eu já não queria. - disse olhando diretamente em seus olhos.
- Como assim? Você está com Bianca e... - disse ele agora voltando a me olhar em meus olhos.
- Estou com ela, mas é de você que eu realmente gosto... - disse.
Ele respirava fundo e havia se calado. Parecia estar processando o que eu havia acabado de dizer. Queria falar mais alguma coisa, mas achei melhor não. Então esperei até que ele se pronunciasse.
- Então você é gay? - perguntou ele confuso.
- Sim, mas ninguém sabe... - respondi.
- Então porque está com a minha irmã? - ela perguntou.
- Alguns dias antes de você chegar, sua irmã deu uma festa e como sabia que ela gostava de mim, decidi que a beijaria na frente de todos para que meus amigos não desconfiassem de mim... mas estava nervoso, bebi muito, havia conseguido a beijar como planejei, mas a bebida me fez a pedir em namoro e não sabia como corrigir esse erro... - expliquei.
Ele ficou calado durante mais um tempo. Agora já havia parado de chorar. Novamente aguardei até que ele estivesse preparado para falar algo.
- Quando cheguei na escola e eu o vi pela primeira vez, senti algo estranho, que não sei explicar. Quando chegou o intervalo e descobri que você era o namorado da minha irmã, comecei a sentir algo muito forte... um ciume como nunca havia sentido antes... e não era de minha irmã estar namorando, mas sim de você com ela. Queria me aproximar de você... não entendo o que está passando comigo, nunca havia sentido tudo isso, estou muito confuso e hoje achei que enlouqueceria se não o beijasse... - disse ele olhando no fundo dos meus olhos.
- E fico feliz que tenha feito. Desejei muito isso também. - disse.
- Mas o que estou sentindo é errado... nunca havia sentido isso por outro garoto antes... e você é o namorado da minha irmã. Primeiro tentei lhe seduzir, sem mesmo saber se você era gay e agora o beijei em um impulso... Não devia estar fazendo tudo isso... - disse ele confuso.
- Sim, devia. E deveria fazer mais vezes. - disse e me aproximei dele e novamente nossos lábios se encontraram, agora sendo eu a beijá-lo.
Não podia deixar que ele desistisse de nós por causa de sua irmã ou por estar confuso com sua sexualidade. Queria ser o seu primeiro e único homem. O beijo se acabou e novamente senti a sensação de vazio quando nossos lábios se separaram.
- Seja meu, Lucas. - disse ele olhando diretamente em meus olhos.
- Serei seu então. - disse com um enorme sorriso. Ainda não acreditava que tudo aquilo estava acontecendo.
- Nunca fiz isso antes com um garoto, mas não posso ignorar esses sentimentos dentro de mim. Eu preciso de você, senão irei enlouquecer diante desse desejo. - disse ele segurando minha mão.
- Você não sabe o quanto sonhei para que esse dia acontecesse. Imaginei ser impossível, mas estou tão feliz que estava enganado. - disse a ele.
- Mas Bianca não pode saber sobre isso. Ela ficaria arrasada e jamais perdoaria nenhum de nós... Não aguentaria ver ela sofrendo e saber que sou o motivo, você não pode acabar com ela ainda... podemos nos ver escondido, se você realmente quiser e aceitar que seja dessa forma. - disse ele.
Sem dúvidas nenhum de nós estava preparado para assumir a sexualidade. A ideia de contar a todos me apavorava desde meus 15 anos quando percebi que não havia nada a ser feito, que realmente era gay e nada poderia ser feito para reverter.E Daniel estava muito confuso e eu o entendia, sem dúvidas tudo isso devia estar mexendo muito com ele. Além de que ambos tínhamos algo em comum: não queríamos magoar Bianca. Então nos ver em segredo parecia a melhor opção no momento.
- Sim, eu aceito. - disse fazendo-lhe abrir um enorme sorriso.
- Ótimo. - disse ele antes de me beijar novamente.
O beijo foi rápido, não tínhamos muito tempo, logo Bianca ou Rafaela apareceria. Mas não deixava de ser tão mágico quanto os anteriores.
- Tenho tanto para conversar com você, beijos para te dar e toques a fazer. Mas não temos muito tempo para ficarmos sozinhos. Logo alguém irá procurar por nós. - disse ele.
- Sim, melhor não deixar que Bianca nos surpreenda novamente. - disse rindo e feliz por toda aquela situação.
- Nem me fala. Nem sei o que teria feito naquele dia se tivéssemos continuado. - disse ele rindo.
- Imaginei mil e uma coisas que queria que tivesse acontecido. - disse com um sorriso safado.
- Você já fez isso antes com algum outro garoto? - perguntou ele.
Daniel não poderia saber sobre Patrick. Não sabia como agiria se soubesse que alguém além de mim já sabia sobre ele ser gay. E obviamente não queria que soubesse que era eu e Patrick que estávamos naquele banheiro poucos dias atrás.
- Não. Você é o primeiro. - menti.
- Perfeito! Serei seu primeiro e você o meu. Aprenderemos tudo juntos. - disse ele seguido de mais um beijo.
Não queria começar já mentindo para Daniel. Mas não queria estragar aquele momento.
- Vamos descer para ninguém estranhar nosso sumiço. E logo poderemos ver um momento para estarmos sozinhos. - disse ele após encerrar o beijo.
- Sim, vamos. - disse.
Eu e ele saímos daquele quarto e retornamos a festa com grandes sorrisos estampados em nossos rostos. A festa tinha sido ótima, mas tive que voltar cedo para casa, para que minha mãe não pirasse e me fizesse ficar de castigo. E o que menos queria no momento era algo que impedisse que eu visse Daniel. Fui dormir muito feliz.
No dia seguinte acordei muito disposto. Peguei meu celular e haviam três mensagens:
“ Muito feliz pelo que decidimos, quero mais de seus beijos, e quero poder lhe tocar por horas. E em breve poderemos. Beijos - D.”
“ Mais uma vez foi embora cedo... mas foi bom ver você tão animado por estar comigo. Te amo! - Bianca”
“ Por que não falou com o Daniel? - Rafa.”
A mensagem de Daniel fez eu ficar de mais bom humor ainda. Mas quando li o de Bianca, me senti culpado. Ela estava sendo traída por seu namorado e irmão, e se ela descobrisse ficaria péssima. O de Rafaela simplesmente ignorei, agora não estava mais preocupado, Daniel queria somente a mim. Minha auto estima estava lá encima.
Antes que eu pudesse responder as mensagens. Alguém bate em minha porta, deveria ser um dos meus pais.
- Entra. - gritei.
Era meu pai. Ele se aproximou e sentou aos pés da minha cama.
- Quer falar alguma coisa comigo, pai? - perguntei.
- Sim, é sobre sua mãe. Queria te dizer para ter calma, ela realmente se preocupa com você. Ela não esta fazendo por mal. - disse ele.
- Eu sei pai, mas ela está exagerando. - disse.
- Sim, eu sei disso. Mas é que ela realmente está animada que você finalmente esteja namorando. Você nunca apareceu antes com uma garota. Ela havia até pensado que talvez você fosse gay. Besteira, eu sabia que meu filho não seria viado. - disse ele.
E naquele momento pude dar adeus ao meu bom humor. Não sabia o que tinha sido pior, minha melhor amiga dizendo o quanto achava nojento gays ou meu pai feliz por achar que eu não era um. Não imaginava o quanto algumas frases poderiam impactar em alguém.
- Sim, pai. - disse sem jeito.
- Enfim... vou voltar lá pra ajudar sua mãe com o almoço. Até mais filhão. - disse ele se levantando e saindo do quarto.
Me larguei sobre aquela cama e usei o cobertor para cobrir meu rosto. Queria que ele me protegesse de tudo aquilo que estava acontecendo, assim como costumava fazer quando eu era mais novo e tinha medo de bicho-papão.
Permaneci mais um tempo ali pensativo. Não podia contar a ninguém sobre eu ser gay. Meus pais e melhor amiga não me aceitariam. Minha namorada ficaria arrasada. Agora já planejava uma forma de fugir e ir morar longe daquela cidade quando me formasse, uma cidade em que ninguém me conhecesse, e eu pudesse ser quem eu realmente era. Só teria que achar uma forma de encaixar o Daniel em meu plano.
Decidi levantar daquela cama, afinal ficar deitado ali para sempre não resolveria nada. Então fui e liguei meu computador, desesperado para que Bruno tivesse voltado de seu sumiço. O computador iniciou, abri o Skype e lá estava: Bruno - Online.
Na hora escrevi para ele:
Lucas: Oieee, você estava sumido. Tenho tanta coisa para te contar.
Bruno: Tive alguns problemas.
Lucas: Que problemas?
Bruno: Meus pais descobriram que sou gay e me expulsaram de casa. Estou ficando na casa de um amigo. Os pais dele pelo menos são super abertos e gente boa e tão me tratando bem...
Lucas: Nossa, que horror. Sabia que tinha acontecido algo para você ter ficado tanto tempo sem entrar. Sinto muito :(
Bruno: Até isso se resolver não conseguirei conectar muito, desculpa. Tive sorte de ter um amigo como o Patrick para me apoiar nessa hora.
Patrick? Sabia que Bruno morava na mesma cidade que eu, então quando li aquele nome senti um frio na barriga. Seria apenas uma coincidência, ou ele estava falando do mesmo Patrick que eu conhecia?