Meu pequenino amor – 4
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Era um adolescente, parecia ter a minha idade, mas por um momento tive uma grande familiaridade com ele. Eu sentia que já o tinha visto alguma vez. Eu mal piscava, e mal respirava. Eu apenas aproximei-me dele e...
- Carlinhos? – eu perguntei.
Ele abriu um grande sorriso e abraçou-me forte, matando a triste e dolorosa saudade.
- Que bom que você se lembrou de mim! Depois que voce tinha ido embora ficou um pouco chato minha vida no Brasil. Minhas viagens foram sem graça.
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Explicando: Carlinhos era um grande amigo de Harry. Ele é brasileiro, e passou uns anos morando em Solvang. A familia dos dois eram muito proximas e eles sempre organizavam viagens fora juntos. E entao, a familia de Carlinhos, se fixaram um tempo no Brasil, consequentemente, afastando os dois. Carlinhos tem a mesma idade de Harry, tao baixo quanto ele, e tem o cabelo marrom-escuro. Ele era o único amigo de Harry e o unico que sabia de sua sexualidade, antes das atuais circunstancias. Ah, e ele fala inglês, espanhol, alemão e italiano fluentementeVocê não mudou nada. Impossivel não reconhecer! – e o abracei mais uma vez rindo e quase chorando de emoção. – E os seus pais?
- Estão arrumando as mudanças em casa. No quarteirão ao lado! E... Quem é ele? – e apontou Ben.
- Err... Meu namorado – dei uma risada envergonhada.
Os dois cumprimentaram-se e Carlos pediu para irmos aos instrumentos, sendo apoiado por Ben que pelo visto adorava me ver tocar e cantar. Ben pegou o violão e tocou alguns dedilhados apenas, em silencio. Ele parecia estranho. Não falava nada, e eu tinha medo de ele estar sentindo ciumes, pois ele sempre nos olhava de rabo de olho.
- Aí Ben. Já ouviu musica brasileira? – perguntou Carlos me fazendo sorrir, porque eu adorava.
- Não, ainda. Mas gostaria de ouvir. Qual você vai tocar?
- Tempo Perdido, Legião Urbana.
Eu conhecia essa entao fiz o solo de fundo enquanto ele tocava os acordes, um atrás do outro. E sua voz, de repente, tomou nosso ar, fazendo-nos mexer a cabeça involuntariamente com a musica. Em algumas partes eu o acompanhava, um pouco desajeitado por causa da lingua diferente. E a letra era linda...
“Temos nosso próprio tempo”
“Somos tão jovens, tão jovens, tão jovens...”
A musica acabou e Ben que estava com uma cara de tedio antes do começo da canção, se auto-admitiu que fora muito boa.
- Meninos, venham comer. O jantar está servido. – mamãe chamou.
Chegando na sala de jantar vejo os pais de Carlinhos. Sorrio e vou em sua direção.
- Olá, Ana, Marcelo. – Dou um abraço em Ana, e um aperto de mãos em Marcelo.
- Você continua o mesmo menino pequeno. Não mudou nada. – disse Marcelo tocando o topo de minha cabeça.
Sentamos na mesa, e conversamos, matando a saudade. Mamãe, para um jantar de boas-vindas de volta, preparou um prato típico do Brasil: Chica Doida. Apesar de não ser uma especialidade de minha mãe, até que ficou muito bonita e cheirosa.
- Uau, que atraente – falou Ana.
Cada um foi recebendo seu prato servido por mamãe. Estava cheia de queijo, e a massa em cima crocante (morram de vontade rçrç). Comemos, e sim, estava perfeito. Minha mãe era uma grande chef de cozinha.
Terminando o jantar, peguei a mão de Ben e o puxei para a o jardim da frente. Abri a porta e deixei ele passar. Ficamos em silencio alguns segundos, eu estava pensando em uma maneira calma de falar com ele, porque eu não gostava de ciúmes.
- E então, Ben? Porque estava tao quieto? – falei, já sendo direto.
- O que? Por nada.
- Ben... – falei ameaçando. – Vamos fazer o seguinte: Eu aceito totalmente namorar com voce, e acho que depois de... hoje, cada um deve contar ao outro o que sentimos, sem medo, sem vergonha. E eu estou confiando em você. Agora é contigo.
Ele ficou um pouco em silencio, e depois olhou-me sorrindo, me contagiando.
- Era apenas ciúmes. Vou deixar isso pra lá. Mas ainda assim não gostei do seu amiguinho.
-Ah... Não precisa se preocupar, não vou agarrar ele de repente. Aliás ele reagiu de boa em questão de eu e você. E ele foi o único amigo que esteve do meu lado, antes de tudo isso acontecer.
- Ruum... Tomara que esteja certo. – ele me tomou em seus braços e deu-me um beijo simples, mas que significava muito pra mim. E sim, em meros três dias em que permanecemos juntos, perto um do outro, ele conseguiu provar que é bom pra mim, fez-me apaixonar de verdade. Pois cada dia longe dele durante toda esta semana, foi doloroso, preocupante. Eu sentia vontade de estar perto dele todo momento, sentia calafrios aos toques, e sentia-me bem com ele.
Voltamos pra dentro e ouvi o celular de Ben tocar. Tinha a foto de seu irmão. Ele não atendeu. Ficou apenas olhando a tela do aparelho pensativo. Ele em um choque, voltou a si e digitou alguma coisa rapidamente. Ele estava me preocupando muito aquela noite. Ele estava quieto, e eu estava convicto de ser apenas ciúmes. Eu estava receoso a isso. E o pior é que ele não queria se abrir.
- Ben, há mais alguma coisa que queira me contar? – perguntei.
- Não. Ainda. Voce não pode saber disso por enquanto. Perdoe-me, Harry. Mas é uma coisa familiar, e para sua segurança.
- Mas como vou poder confiar em você, se voce não confia em mim? Se é algo ta perigoso assim, como vou saber que voce está em segurança?
Ele ficou pensando por um tempo e voltou a falar:
- Eu te conto. Mas não hoje. Por favor me da um tempo. Eu estou com medo do que isso possa trazer pra nós. E não quero te perder assim tao facil. E mais: não quero te deixar preocupado demais comigo.
Eu estava chocado com suas palavras. Meu peito doía, e tinha muito medo do que pudesse acontecer de tao grave como ele falava. O que ele escondia?
- Flashback há 3 anos> Narração por Benjamim aos 14 anos de idade -
- Mãe o que está havendo lá fora. Que explosões são essas? – falei tentando controlar meus olhos, mas cada estrondo me assustava dentro daquele porão.
- Olha filho. Não faça barulho. Pegue isso – ela me entregou uma pasta. – Esconda no lugar mais seguro possível. Não deixe ninguém saber ou ver. Eles estão atrás disto. Por favor, meu querido, se esconda... Agora. Vai.– a porta do porão se abriu e pude me esconder. Ela fez um sinal em libras de “Te amo”. Respondi-a e ela foi levada pelos seguranças. Uma lagrima escorreu por meu rosto, e depois disso apenas noticias da queda do avião. Eu a perdiTudo bem. Voce vai ficar aqui em casa hoje? Ou vai voltar? – perguntei.
- Vou voltar em casa. Não quero trazer preocupação pra voces. Muito menos atrair pessoas até aqui e acabar te envolvendo nisto.
- Mas e se voce estiver sendo vigiado?
Ele pensou um pouco, e logo voltou a digitar novamente no celular. Provavelmente com o irmão. Ele sentou-se no sofá e pos a mão no rosto e começou a chorar. Aquilo partiu meu coração. Sentei ao seu lado e apenas afaguei sua cabeça junto a mim. Deitei sua cabeça em meu colo e fiz cafuné em seus cabelos. Beijei sua testa enquanto dizia:
- Sinto muito, Ben. Desculpe te forçar com esse assunto. Te vendo assim me parte o coração. Tudo minha culpa.
- Não, tá tudo bem. Estou superando.
- Ben, seja o que for, eu estou aqui e por mim, pretendo te ajudar. Voce pode confiar e contar comigo em qualquer coisa.
- Oh, Harry... Eu.. – ele parou. Esperei ele terminar de dizer, mas não saiu nada.
- Você...
- Nada. So não quero admitir que eu estou com medo. Pela segunda vez em minha vida.
Eu toquei sua lagrima com meus dedos finos e apalpei seu rosto o olhando triste. E senti-me observado por todos que estavam ali.
- Porque tanta tristeza gente, que tal conversarmos mais? – chegou meu pai sentando no sofá. – Vai dormir aqui, Ben?
Ele confirmou com a cabeça e se sentou logo que os outros foram chegando.
- Bom desculpem-me mesmo por agora, mas não estamos muito em clima de conversa. Vou leva-lo pra dormir. – falei pegando a mão de Ben. – Foi um prazer recebe-los de volta. Amanha quem sabe não saímos novamente? Boa noite a vocês.
Ele chorou novamente quando chegamos no corredor e ao entrarmos no quarto ele apenas tirou as roupas grossas, ficando apenas de camiseta regata e cueca preta. Deitou na minha cama e eu deitei ao seu lado, aninhando num abraço bem juntinho com as pernas enroscadas e adormecemos logo em seguida em baixo do cobertor.
- Narração por Benjamim –
Acordei com a luz do sol invadindo a janela e fazendo meus olhos doerem. Estava me sentindo leve, por ter Harry para compartilhar o peso deste perigo. Eu não queria envolve-lo nisto, mas ele deixou-me sem saída. Eu espero um dia estar em paz ao seu lado, vivendo velhinho com ele, enquanto nossos netinhos correm no quintal brincando de pega-pega.
Ele moveu-se quando um vento entrou pela janela aberta. O vento era frio então eu o afaguei em meus braços cobrindo-lhe. Abracei tentando acorda-lo, mas não funcionou. Soninho pesado. Levantei da cama e procurei minha escova de dentes nas minhas coisas que havia trazido. Terminei minha higiene e desci com uma roupa decente. Encontrei Samantha fazendo um chá. Eram 7hrs ainda. (desculpem, não me lembro bem que dia era na história, e estava sem o texto na internet, então vai um domingo).
Fiquei impressionado com a hora, pois geralmente eu acordava meio-dia. Mas enfim adentrei a cozinha e senti cheiro de chá de menta.
- Bom dia, Samantha.
- Bom dia, querido. Pode me chamar de Sam, não gosto de Samantha. Quer tomar café da manhã?
-Claro. Esta cheiroso. E to morrendo de fome rsrs.
Ela despejou chá em minha xícara e ofereceu-me pão, bolo, frutas e rosquinhas. Comia o que me era oferecido e estava tudo muito bom. E ao terminar o chá sinto um toque apertado no ombro, era meu pequeno Harry. Ele beijou-me na bochecha e se sentou do meu lado, pegando um pão. Ele estava sorrindo, enquanto passava a manteiga e preparava um mero sanduíche. Ele notou meu olhar quando Sam estava lavando a louça, e ficou corado. Toquei seu rostinho e lhe dei um selinho apenas e voltei ao quarto. Chegando ao corredor, MarcusBom pessoal, acho que essa parte ficou um pouquinho ruim, sei la, mas se tiverem gostado, mandem a opiniao pelos comentários, por favor. Infelizmente, estou demorando pra enviar as partes. Entao aí vai mais uma.