A História de Caio – Parte 14

Um conto erótico de Kahzim
Categoria: Homossexual
Contém 1500 palavras
Data: 12/07/2013 21:07:23
Última revisão: 07/09/2015 22:31:38
Assuntos: Homossexual, Gay, Romance

Agradeci a Deus por não estar com nada na boca, porque certamente teria me engasgado. Ele me enche o saco aquele tempo todo e agora além de se abrir sobre seus motivos diz sem mais nem menos que curte caras. Meu primeiro instinto foi achar que era uma zombaria, alguma forma de confirmar a suspeita dele acerca da minha homossexualiade.

- Cara, você é gay?

- Sou bi. - Confirmou ele (AI MEU DEUS, OUTRO BI). - Eu me assumi quando meu pai faleceu lá no Paraná e não quis vir embora deixando meu namorado. Mas quando vim para cá, estava muito traumatizado e resolvi enterrar tudo. Mas essa raiva que senti de ti, deve ter sido porque percebi que você era, então vi que não podia ignorar minha sexualidade. Mas não vou sair falando pra todo mundo não, só vou me aceitar, quem descobrir, que se foda. Quem paga minhas contas é minha mãe e ela sabe há seculos.

- E porque você me ameaçou daquelas forma?

- Idiotice, eu te via todo empavonado com a Samia e queria que você soubesse que eu descobri teu segredo. Vi você entrando no mesmo box que o Mário naquele dia. Ele é seu namorado?

- Deus me livre. - Falei com nojo. - Aquilo foi um erro meu. Seria até bem feito pra minha cara se você tivesse me delatado. Eu fui um mané de ter ficado com um idiota como o Mário.

- Ele te defendeu naquele dia.

- É, e depois tentou me estuprar. Foi por isso que ele saiu do Colégio, com medo de eu denunciar.

Foi a vez dele ficar surpreso.

- Poxa, altas revelações entre a gente hein? Se isso fosse um romance, você iria dizer agora que se apaixonou por mim desde que viu meu sorriso estonteante a primeira vez na sala e aula, a gente se beijaria, assumiria pra todo mundo e seríamos felizes para sempre.

Não pude deixar de gargalhar.

- Na verdade eu criei um nojo de você. Sei nem porque vim conversar. Foi só pela curiosidade de saber porque você não falou a verdade ao diretor. Mesmo sabendo que você curte, acho que nunca vou deixar de ver você como um bicho raivoso. Mas talvez ainda dê para ser teu amigo.

- Olha quem me chama de bicho raivoso. Meu queixo tá doendo até hoje, e o cotovelo ainda não sarou. Mas bora pra aula, que vai começar já.

A surpresa foi geral quando entrei conversando e rindo na sala com o Daniel. Apesar de ser um escorpiano vingativo, eu até que sabia perdoar. Talvez ainda o fizesse pagar cada chateação que me causou, mas por enquanto estávamos vivendo uma bela trégua. Os mais impressionados eram a Samia e o Roney, que não tinham me visto ainda, sentei próximo dos dois fazendo um sinal de que depois explicaria tudo. Eu quase fui agredido pelos dois no intervalo. Não tive como esconder nada. E como o Daniel não pediu sigilo, contei sobre a sexualidade dele, mas pedi pros dois não espalharem.

A tarde teria treino do basquete, então estava fora de cogitação eu ir com eles para o Bnb, Roney disse que tava sentindo falta de encontrar o Yoh, eu estava sentindo falta de beijar o Yoh e de outras coisas que nem tínhamos feito ainda, mas claro que não falei isso a ele. Eu procurava não pensar na questão ética de que estava louco pelo cara que meu melhor amigo estava apaixonado. Decidi seguir o que meu corpo e meu coração pediam e coloquei o juízo de quarentena. Caso se fizesse necessário eu ouviria a opinião dele se tudo acabasse em uma grande merda.

Daniel me passou um papelzinho no segundo tempo, quando olhei era um número de celular seguido de um sorrisinho, eu devolvi com meu número atrás e um cotoco. Ele quase riu alto o suficiente para a professora perceber, mas se conteve. Era estranho ver aquele lado palhaço dele comigo depois das brigas e ameaças. No fundo era um alívio ele cair na real, eu já estava com problemas suficientes e ter um deles resolvido assim era como um dádiva celeste.

Almocei em casa e voltei cedo para o colégio, para estudar por lá. Quando cheguei à quadra, estava quase todo mundo, veio todo mundo me cumprimentar, junto com o Daniel, menos o Emanuel, que talvez tenha ficado envergonhado por ter falado contra mim na escolha do capitão e apenas me cumprimentou com o cabeça.

- Pessoal. - Disse o treinador, mal tinha chegado. - Bora lá, quero ver jogo hoje, que o ano está entrando e o vocês estão na moleza, divide aí em dois grupos. O Daniel e o Caio não podem ficar no mesmo.

- Professor, a ideia não era a gente fazer as pazes? - brincou Daniel fazendo todo mundo cair na gargalhada, inclusive eu.

- A ideia é fazer vocês produzirem. Eu sou contra brigas mas essa disputa de vocês ficando só no jogo pode ser um trunfo excelente para a equipe.

Eu adorava jogar basquete, eu realmente me entregava aquilo com toda a minha alma. O jogo era como uma dança onde eu exorcizava meus demônios interiores, correr pela quadra com a bola se resumia ao motivo da minha existência. Era um grande alívio voltar a jogar sem aquela tensão com o Daniel, que me fazia ficar travado. Em termos de competição ele continuava igual, me marcava sem cessar e adorava um corpo a corpo comigo pela bola. Nem cogitei se o corpo a corpo dele era só pela bola ou seria mais alguma coisa, porque eu só pensava em fazer ponto, fazer outro ponto e depois pontuar mais uma vez.

O Daniel ainda não tinha me visto jogar pra valer e se surpreendeu. Notei que ele me substimbava bastante pelo nosso primeiro encontro, achou que eu era considerado bom apenas por todos os outros serem muito ruins, mas não, eu realmente dominava aquela dança. A quadra era o meu território, e ele aprendeu naquele dia a me respeitar dentro dela. Minha equipe bateu a dele por uma margem considerável, apesar de todos os esforços dele e dos outros.

- Parabéns galera. - Falou o treinador finalizando o jogo. - Todo mundo jogou muito bem. Caio, bom te ver em forma de novo.

- Parabéns, campeão. - Daniel falou enquanto me dava um tapinha no peito.

O Emanuel jogou na minha equipe, mesmo assim não se chegou para falar nada. Eu tive vontade de quebrar o gelo com ele, porque só faltava aquilo para o time ficar todo harmonizado e eu precisava realmente de todo mundo de boa comigo se quisesse ser capitão até as competições que viriam. Mas como ele era uma pessoa muito arredia, resolvi deixar de lado por enquanto, talvez falasse com o Daniel depois para ele dar uma mão nisso.

- Cara, difícil te acompanhar pra caramba. - Elogiei o Daniel. - Já que você reconheceu todos os seus erros, tenho que reconhecer também que você é bem melhor do que eu, a gente podia trocar uns truques depois.

- Verdade. A gente bem que podia trocar. - Pensei que ele falou com dupla intenção mas quando o encarei ele estava sem expressão nenhuma de safadeza no rosto então imaginei que foi coincidência.

Todo mundo tomou banho e eu fui um dos primeiros a sair, estava sentado no saguão de saida do colégio com o celular na mão para chamar um taxí quando o Daniel passa por mim.

- E aí, esperando quem?

- Chamando taxí.

- Que táxi o que, eu te levo em casa, mora onde?

Senti um breve dejavu lembrando como dias antes havia falado ao Yoh como chegar na minha casa.

- É tranquilo cara. Eu moro na Praia de Iracema, te deixo em casa e desço pra minha, é caminho. Bora?

Aceitei na hora. O carro dele era um Honda Fit cinza. Ao contrário do carro do Yoh, estava uma bagunça enorme. Cheio de livros escolares jogados.

- Não repara a bagunça. - Advertiu ele.

- Impossível não reparar. O lance é torcer para a bagunça não reparar em mim e tentar me engolir.

Seguimos viajem falando de regras e lances de basquete. Ele também adorava jogar futebol, e tinha pernas bem grossas de quem jogava mesmo desde criança. Quando parou em frente meu prédio, falou impressionado:

- Caramba, isso ai é um por andar né?

- É sim. - Confirmei.

- Não sabia que tu era tão rico. - Só suspeitei porque todo professor baba o teu ovo.

- Eu não sou rico. Rico é tu que vem me deixar de carro. - Sai rindo e dando tchau.

Subi pelo elevador bem cansado. Só queria outro banho agora e minha cama bem macia, se tivesse um homem para esquentar os lençóis melhorava as coisas, mas como não havia, os lençóis me bastariam. Amanha, eu sairia com o Yoh. Preparado para tudo, pensei. O elevador abre diretamente na sala, então assim que as portas se abriram dou de cara diretamente com meu pai sentado na sala. Ele levanta a vista para mim e fala com firmeza.

- O senhor vai lá no seu quarto e vai trazer a chave do apartamento da beira-mar e me entregar. AGORA.

Continua...

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 6 estrelas.
Incentive Kahzim a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

não sei quem é pior,o carlos ou seu pai,e quanto ao pico mais alto venha escala-lotem uma linda vista da cidade fora que pelo caminho a gente encontra varias arvores nativas...

0 0
Foto de perfil genérica

Credo com um pai desse não precisa nem de castigo(Desculpa, mas é verdade). E pelo visto me enganei, você ficou amigo do Daniel.

0 0
Foto de perfil genérica

Eita... E eu achava que a minha família era complicada. Continua logo, seu conto é viciante. Parabéns de novo rsrs

0 0
Foto de perfil genérica

Você nunca pensou em descobrir algum podre do seu irmão para usar isso contra ele com o seu pai?

seu conto é 10

0 0