NO FINAL DO CAPÍTULO ANTERIOR:
Lucas tirou os fones de ouvido e disse:
— Oi cara.
— Oi Lu.
Tivemos que ser frios e largar um pouco as intimidades na frente dos pais dele, não podemos deixar pistas de que namoramos. O carro ligou e deu início à nossa viagem. O que ela vai nos reservar...?
Descuido.
Eu e Lucas somos amigos desde que nascemos, eu já contei isso. No carro, a gente conversava sobre muitas coisas, mas sempre com cautela, afinal, os pais dele estavam ali. Quando a gente queria falar algo mais particular, nós pegávamos o celular, digitávamos e entregávamos um pro outro, assim a gente podia se comunicar sobre tudo sem que os pais dele soubessem que estávamos falando de algo mais pessoal. Mas não falei nada sobre a chantagem de Jéssica. Já era mais ou menos 00h30 e eu já estava super com sono, apesar de na noite anterior ter dormido normalmente. Pedi pro Lucas ir mais pro canto, então me deitei com a cabeça na perna dele, que começou a fazer cafuné em mim. Era meio apertado, mas dava pra descansar, ainda mais com a pessoa que você mais ama fazendo um afago em você. Não demorou muito e eu dormi.
Acordei umas horas depois, exatamente às 02h15. Não consigo dormir em carros, mas a situação em que eu estava não me permitia escolher aonde dormir, me levantei e me sentei novamente. Lucas estava com a cabeça encostada no vidro da porta do carro dormindo, com fones de ouvido. Tirei eles do seu ouvido e pus nos meus. A música era Versos Simples, do Chimarruts (nossa música, awn ♥). Comecei a cantar baixinho:
— Não te trago ouro
Porque ele não entra no céu
E nenhuma riqueza deste mundo
Não te trago flores
Porque elas secam e caem ao chão
Te trago os... ♫
— Meus versos, simples
Mas que fiz de coração ♫ — fui interrompido pelo cantar de Lucas, que acordou
Olhei pra ele cantando, e ele abriu um sorriso, ficamos nos olhando que nem bobos, loucos pra dar um beijo ali. Aquele momento foi muito lindo. Sussurrei:
— Te amo, Lu.
— Eu também... Me amo.
— Hahaha, chato.
— Chato que você ama.
— E muito.
Sorrimos novamente e continuamos a ouvir a música, um fone no ouvido dele, um no meu. Vi o tio bocejar enquanto dirigia e a tia estava dormindo. Voltei a deitar na perna do Lucas e ficamos conversando enquanto ouvíamos a mesma música. Eu percebi a hora que o tio olhou pra gente com uma cara de desaprovação por estarmos tão juntos assim, mas no fundo ele sabia que era coisa de amigos e tal, apesar de não ser, na verdade.
A estrada asfaltada era boa, mas vez ou outra nos deparávamos com um buraco na pista e dava aquele baque, era muito chato pois sempre incomodava o meu sono. Depois de um tempo, eu e Lucas estávamos sentados ainda compartilhando o fone, e Edson disse:
— Já vi que aqueles policiais parados ali não são boa coisa...
— O que será pai, a essa hora da madrugada?
— Não faço nem ideia.
Ele foi parando o carro gradativamente, um dos policiais que estavam lá foi chegando perto do carro, especificamente na porta do motorista, o tio baixou o vidro e o policial disse:
— Vocês estão indo pro litoral?
— Estamos sim, senhor.
— Desculpem o transtorno, mas aconteceu um acidente aqui a pouco tempo, deixando a pista impossibilitada para o uso. Mas se ainda quiserem prosseguir o caminho, voltando uns 30 metros, à esquerda tem uma estrada de terra que passa meio que por um amontoado de árvores. Não é o certo, mas só há um caminho que no final vai acabar dando de volta na estrada asfaltada, ok?
— Certo, seu guarda. Trinta metros, não é?
— Exato, boa viagem e cuidado.
O tio virou pra trás para dar ré e disse:
— Ê perregue que a gente vai passar pra chegar até a casa da sua tia, hein!
— Mas vale o esforço, lá é muito bacana. — Lucas disse
Após voltar os tais 30 metros, ele fez as manobras com as rodas e entramos na entrada. Era um percurso muito ruim, a estrada era toda desigual e sempre nos encontrávamos com pedras e buracos. Ficamos um tempão nessa estrada péssima, até que sussurrei pro Lucas:
— Vale mesmo a pena?
— Lá é legal, você vai ver.
O pior de tudo é que não dava nem pra descansar naquela estrada horrível. O tio perguntou se estávamos com sono. Lucas disse que não, eu disse que sim. Ele respondeu que estava com um baita sono, a ponto de dormir no volante, mas riu após isso. A mãe de Lucas acordou e perguntou se estava tudo bem com a gente, respondemos positivamente. Ela tirou dois pacotes de biscoitos e nos entregou. Lucas e eu continuávamos conversando sobre bobagens aleatórias.
A estrada ruim já estava me irritando, por mim já teríamos voltado pra casa. A tia já estava dormindo novamente, Lucas notou uma curva à frente, e prontamente falou pro pai dele:
— Já viu a curva né, pai?
Edson não respondeu, permanecia imóvel e só se mexia ritmicamente com as pancadas que a estrada dava no carro. Lucas arregalou os olhos e gritou:
— Pai? PAI?
O carro continuava andando e a curva já estava chegando, à frente uma espécie de mata cheia de árvores escuras e úmidas. A tia continuava a dormir feito uma pedra, mesmo com o carro balançando freneticamente, e o pai de Lucas, que parecia dormir, já estava nos assustando. Lucas se levantou do banco e gritou:
— PAAAAAAAAI!
— Cara, ele tá dormindo! ACORDA! — gritei
Não dava mais, o pai do Lucas dormiu no volante, chegando a cair por cima do mesmo, que acionou o botão. Foi uma cena aterrorizante, o tio caído por cima da direção e o carro entrando na mata, Lucas pra se proteger voltou pro banco e ficou se segurando na cadeira da frente, nós continuávamos gritando:
— PAAAAI! PAAAAAAI!
— TIO, ACORDA! — e ficava balançando ele pelo braço, mas nada
Aquele barulho que os galhos e folhas faziam quando o carro passava com a velocidade que estava por elas era ensurdecedor, eu estava em pânico pois estávamos entrando no meio daquelas árvores e não sabíamos o que nos esperava após aquilo. Lucas começou a chorar, mas continuava gritando pro pai dele acordar, mas ele parecia que tinha desmaiado.
— AAAAAAAHH! ACORDA! — Lucas gritou
— Cara, vamos bater, olha lá!
Na frente, uma grande árvore estava a nossa espera, o carro bateu com tudo nela, que nem se moveu. Com o impacto, o pai de Lucas foi lançado contra o vidro. Ele bateu e foi jogado de volta pra cadeira. O sangue escorria pela cabeça dele e tinham arranhões pelos braços descobertos, pelos estilhaços do vidro. O cinto de segurança envolvido na mãe de Lucas impediu que coisas piores acontecessem com ela. Eu e Lucas, sem o cinto, fomos jogados contra os bancos da frente, eu só senti a pancada na cabeça e fiquei caído no espaço entre o banco de trás e o da frente. Ainda pude ver o que aconteceu comigo acontecer com Lucas, ele ficou com as costas na porta, e nossas pernas ficaram em cima umas das outras. A testa dele foi direto na porta e eu conseguia ver o sangue saindo dela. Lucas permanecia parado de olhos fechados, fiquei com medo de que o pior tivesse acontecido. Eu tentava me mexer, mas não conseguia. Não desmaiei com a pancada, mas estava cada vez mais difícil de permanecer com os olhos abertos. Só consegui dizer isso antes de desmaiar:
— L-Lucas... Você tá... B-Bem?
~~~~CONTINUA~~~~
MUITAS EMOÇÕES NESSA PARTE HEIN
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