Como Chamas 2x22: A PEQUENA MENTIROSA.
Eu estava sentado no meu serviço encarando a mesa vazia de Felipe. Ele havia faltado e estávamos apenas eu, Alice e Jeremiah naquela sala.
Talvez tenha magoado Felipe com minhas palavras e pena que era tudo verdade.
- Ei, Dan. Ta tudo bem? Perguntou Alice.
Levantei a cabeça um pouco destruído.
- To legal.
- Jura, você esteve com essa cara por semanas. Tempos difíceis? Perguntou Jeremiah.
- Nem me fale. Mas e vocês, como estão?
- Bom, - começou Alice. - depois do que aconteceu naquela festa, eu tenho ficado em casa e passando mais tempo com minha família. Eu digo, Violet era tão nova e bonita, mas agora... Tão cedo.
- Eu também não superei ainda.
- Achei bizarro. Mas rolou uma coisa - disse Jeremiah. - Estávamos conversando em um segundo no outro aquela garota loira chegou a levou para dentro.
Arregalei os olhos e me voltei para ele. Uma garota loira levou Violet para dentro?
- Que garota? Perguntei.
Jeremiah deu de ombros.
- Eu não a conheço, mas sei que ela não é daqui.
- Como assim? Você conversou com ela?
- Não, ela entrou e levou Violet com ela.
- Você falou isso para a policia?
- Bem, não achei necessário colocar a garota em problemas. Ela já parecia bem ferrada.
- É essa aqui! Disse Alice estendendo o celular para mim. Me levantei chutando tudo e peguei o celular dela.
Alice havia tirado uma foto de si mesma, mas no fundo, Violet conversa de modo encolhido, como se estivesse preocupada, com uma garota baixa, loira com os olhos mais loucos e irados que eu já vi.
Mas ela não me parecia estranha. Eu já havia visto antes, mas aonde?
Passei a foto para o meu telefone e me virei para a porta.
- Avisem a Joaquim que tive que ir. E sai correndo, no corredor, fui ate a agenda e disquei para um número que eu supostamente deveria ter apagado.
- Alo? Respondeu a voz grogue de John.
- Aonde você esta? Perguntei.
- Na casa do meu primo.
- Me manda o endereço, preciso falar com você agora!
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- Hum, Eai. Disse o primo de John abrindo a porta para mim com um sorriso suspeito no rosto.
Ele estava só de cueca e ainda piscou para mim. Esse cara acha que vou fazer o que?
- Quero falar com John.
- Está no quarto. Segunda porta no corredor.
Ao passar por ele, ele se esticou e roçou em mim. Como sou a pessoa mais desastrosa do mundo, dei uma cotovelada nele.
- Ah, desculpe. Falei seguindo para o corredor.
O prédio aonde ele morava era pequeno e o apartamento menor ainda. Abri a porta e me deparei com John de costas e sem camisa deitado na cama. O lençol cobria sua bunda e suas pernas nuas estavam a mostra. Acho que ele também dormia de cueca.
- Jonh! Ei! Psiu! Eu fiz cutucando as costas dele.
O garoto se levantou assustado e então que eu vi. Ele não estava usando nada.
- Oh, desculpe, é que não pensei que você viesse mesmo então continuei na cama.
- Tudo bem.
Ele se encolheu e passou o lençol em volta da cintura, escondendo as partes intimas. De repente eu estava vendo tantas pessoas nuas que já estava me acostumando. John estava com o rosto inchado e o cabelo bagunçado, mas ainda parecia super fofo.
- Você conhece essa garota? Mostrei a tela do celular com a foto para ele.
- É gatinha. Vai me apresentar? Ele perguntou.
Olhei e vi Alice na frente da câmera, revirei os olhos e dei zoom no angulo perfeito da garota loira dos olhos loucos.
John olhou a foto e quase deu um pulo.
- Puta merda! Aonde ela ta?
- Eu sei lá. Você a conhece? Perguntei.
- Essa é a ex-namorada do garoto que morreu na sua casa.
Eu sabia que já a tinha visto. Acho que Violet me mostrou uma foto do garoto no facebook e ele estava com a garota dos olhos loucos. "Aquela garota é encrenca." Lembrei das palavras do casa que trabalhava na recepção do hotel. Tudo fazia sentido. Meu perseguidor era uma perseguidora. Uma ex-vingativa que queria vingar a morte do namorado.
- Dan, o que ta acontecendo? Porque de repente você esta tão interessado na vida desse garoto?
Eu mordi o lábio. Tentando pensar em algo.
- Consciência pesada.
- Bom, consciência pesada ou não, fique longe dessa garota. Ela é louca.
- Tudo bem, vou ficar. Eu menti.
Eu iria encontra-lá na festa a algumas horas. Tinha que haver um jeito de tudo acabar de uma forma menos trágica.
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Eu entreguei a folha para um cara gordo e algo com a fantasia do batman na portaria da festa e entrei no salão. Estava lotado de pessoas fantasiadas. Garotas em roupas minúsculas e garoto com armadura ou apenas de cueca. Eu estava uma camiseta rasgada, calças extremamente justas e botas de cano longo ate o joelho. Era para ser uma espécie de cantor de rock dos anos 80, mas a peruca coçava demais, então assim que entrei eu tirei. Dei uma boa olhada em volta. Meu perseguidor ou perseguidora viria ate mim, certo?
Me virei e dei de cara com o garçom da cafeteria segurando uma bandeja com uma bebida rosa.
- Eai carinha.
- Oi. Falei não querendo puxar papo. Eu tinha que ficar sozinho.
- Não ta muito tarde para você estar na rua?
- Como é?
- Bom, - ele riu meio sem graça. - Você é todo delicado e tals, não pensei que viesse a esse tipo de festa.
Delicado? O que isso queria dizer? Revirei os olhos e dei de ombros, mas isso não o afastou.
- É pra você. Ele disse me entregando a bebida.
- Eu não pedi isso.
- Eu sei, aquele cara ali pediu pra você.
Eu me virei para olhar na direção que ele apontava. Felipe estava sentado no bar com uma fantasia em que a calça era mais justa que a minha.
Me aproximei dele.
- Você sumiu. - Falei - Tudo bem?
- O que você acha?
Ele bebeu todo o liquido em seu copo e olhou para mim.
- Pensei que estava de castigo.
- E estou. Meu pai acha que to escola. Só posso ficar aqui por uma hora.
- Seu namorado ta aqui?
- Sim - eu menti. - Foi ao banheiro.
Eu não podia falar que estava sozinho se não ele não iria se desgrudar de mim.
- Sua bunda fico uma delicia com esse jeans.
- Não começa. Falei.
Uma parte de mim, estava irritada com Jordan, mas a outra o entendia. Eu não queria terminar com ele.
- Como souberam da festa? Perguntou o garçom trazendo mais bebidas para o Felipe.
- Fomos convidados. Felipe falou.
- Eu tentei conseguir um convite para meu sobrinho, mas parece que o lance é sigiloso mesmo. Conhecem quem esta dando esta festa?
- Não. - Felipe falou olhando para mim. - Você conhece Baby?
- Hum, não. Falei.
Eu sabia que não conhecia, meu perseguidor havia mandando o convite. Um fato preencheu minha mente.
- Como conseguiu um convite? Perguntei para Felipe.
- Me mandaram por email.
- Posso ver? Pedi.
Ele tirou o celular do bolso e me emprestou. O remete do email dele era o mesmo do meu. Meu perseguidor queria Felipe aqui esta noite também. Mas porque?
Ah, mais que droga!
Era isso. Ela queria me matar! Se vingar de mim por ter escapado de seu namorado e de Felipe por ter matado ele.
- Já volto. Eu falei correndo em direção a multidão.
Aquele garota louca estava em algum lugar por ali e eu iria detê-la. Passei por entre todos na pista de dança e no andar de cima, mas não encontrei nada. Estava prestes a desistir quando vi o palhaço. Era uma fantasia de palhaço assustadora, mas eu sabia que a conhecia de algum lugar... Vamos Dan, pense.
E então eu lembrei. Na noite da troca de dinheiro. Os traficantes usavam aquelas mascaras horrendas e um deles ate mesmo... Não havia sido John o palhaço atras de mim naquela noite. Todo esse tempo pensei que tinha sido ele, mas pode ter sido ela. A garota maluca estava frente a mim.
Ela olhava para mim, mas começou a andar quando notou que eu a vi. Corri atras do palhaço, mas as pessoas no caminho me atrapalhavam continuar. Finalmente cheguei ate a porta, havia só algumas pessoas entre mim e o palhaço. Empurrei e tentei passar, mas não consegui. Segundos depois, eu estava na rua. Mas nenhum sinal dele.
- Droga! Gritei.
Ela havia escapado mais uma vez. Um papel foi arrastado com o vento e se agarrou entre meus pés. Eu o peguei.
Um flayer da festa, com uma mensagem na parte de trás, é claro.
DESCULPE, MUDANÇAS DE PLANOS. AINDA TEM ALGO QUE PRECISO FAZER ANTES DE VOCÊ DESCOBRIR QUEM EU SOU. NÃO SE PREOCUPE, ESTAREMOS CARA A CARA BEM ANTES DO QUE VOCÊ IMAGINA.
