Era terça-feira e na escola o sino avisando que era intervalo já soava, Júlia a meu lado tagarelava sobre as notas que eu devia me preocupar devido a uma semana minha de falta. Sua voz era fina e muito estridente e tudo combinado aquela má sensação de mal pressentimento me deixou com uma dor de cabeça e um estresse daqueles:
-Você vai ter que estudar bastante pra prova de matemática e a de física, agente podia marcar um dia pra estudar na sua casa ou na minha. Tudo depende onde você quiser. – Olhava pro chão irritado respondendo sem muito interesse ao que Júlia dizia:
-Ai não sei depois eu vejo isso...
-Mas você não pode deixar isso de lado porque a prova é semana que vem e...
-Ai Júlia eu já disse que vejo isso depois porra! – Respondi com raiva me afastando ás pressas dela antes de eu arremessar minha mão na cara dela.
Estava pensando na minha relação com o Alexandre, as dificuldades já haviam começado e agora uma das piores era não poder dizer pra todo mundo. Me irritava o fato de ele me beijar no carro depois de fechar as janelas, o fato de ele não me ligar talvez sendo que pra manter as aparências a distância seria necessária e o piór de todos que seria ele nunca me dizer que me amava. Claro que ele não era obrigado a dizer o que não sente pois se ele me enganasse e me iludisse seria bem pior, mas quando ele me pegou pela primeira vez suas palavras me diziam que ele sentia algo parecido com amor. Aquele pensamento voltou, será que tudo seria uma enganação de sua parte? Será que ele apenas me usava para seu prazer próprio e me descartaria? Uma lágrima descia pelo meu rosto pensando na hipótese de que esses pensamentos fossem verdade. Eu estava isolado no jardim da escola, lá ninguém ia sendo meu “canto particular”, meu esconderijo onde quando as outras crianças me chateavam quando eu era menino. Parte das que me chateavam me surpreendendo na verdade eram lésbicas e gays enrustidos, talvez faziam isso pra se proteger do sofrimento que me proporcionavam. Era muito estranho e ao mesmo tempo normal, minha escola não ser separada naqueles grupinhos, era tudo junto e misturado pois lá no ensino médio a personalidade das pessoas já estava formada e a parte colorida estar bem presente a dos góticos, emos, funqueiros, nerds, cdf´s etc. E naquele momento ninguém mexia com ninguém (sem provocações tudo era em paz) tornando aquela escola tanto bem vista tanto mal vista para os pais conservadores e os não convencionais. Eu estava sentado no chão que recentemente havia sido molhado pela chuva, meu estado emocional as vezes combinava com o tempo, em dias de chuva eu ficava mais pensativo e em dias de frio eu ficava irritado, estranho mas era perceptiva essa particularidade em mim.
Com a cabeça em meio aos joelhos sentado encolhido naquele local húmido estava eu sozinho pensando na minha vida que como a de muitas pessoas era difícil, queria uma vida diferente pra mim e para a da minha família e começava a pensar nos caminhos que deveria trilhar. Senti alguém a meu lado, pensei que seria a Júlia que sempre soube de meu lugar e odiava que alguém viesse me perturbar, nem a velha dos dente podre (inspetora da escola) conhecia aquele local fazendo lá ser meu esconderijo. Levantei a cabeça olhando ao lado me surpreendendo por não ser a pessoa que eu esperava, aqueles dos olhos azuis claros me fitavam, logo aqueles lábios abriram um sorriso tímido pra mim.
-Oi – Ele disse num tom tímido com aqueles olhos azuis cintilantes. Era estranho sentir tudo aquilo novamente mesmo que não na mesma intensidade, aquela sensação que me tanto me torturou. Gustavo foi meu primeiro amor, minha primeira decepção amorosa e vê-lo perto de naquela minha hora me fez reviver algo parecido que sentia a uns tempos atrás, meu coração disparou e eu fiquei sem fala. Isso acontecia naquele momento com o Alexandre mas não me entendi pois pensava que tudo aquilo estava morto e enterrado. Ele respondeu depois da minha cara de besta sem resposta:
-Eu sempre te vi aqui sozinho e nunca vim conversar com você, tá tudo bem? – Gaguejei me envergonhando:
-N – não eu só vim aqui pra pensar um pouco. – Eu respondi desviando os olhos na tentativa de voltar ao controle.
-Ás vezes tudo o que você mais procura sempre esteve á sua espera, e os problemas te cegam transformando invisível aquilo que você tanto almeja. – Ele dizia aquilo com os olhos em mim, não tive coragem de encara-lo pois era covarde demais. Respondi olhando pro céu nublado:
-Por que tá me dizendo isso?
-Não sei... Esse é o meu pensamento atual, talvez te ajude nesse seu problema que te aflige... – Ele deu um riso baixo em seguida.
Aquela frase ainda flutuava em minha mente com um enorme ponto de interrogação, o cara que você gostava (será que um dia deixei de gostar?) te diz uma coisa daquelas o que se deve pensar? Depois do meu silêncio ele me pergunta:
-Meu pensamento te ajudou em algo?
-Acho que não... – Mal sabia ele que aquilo me complicou ainda mais, não me dando a resposta do meu problema original e surgindo mais outros...
-Que pena... O sinal tocou a uns dois minutos, vamos pra sala? – Eu levantei me limpando, como estávamos no outono as folhas das árvores caíam aos montes deixando meu cabelo amarelo das folhas mortas. Tirei as folhas do cabelo, mas fui surpreendido Gustavo se aproximou retirando a ultima folha do meu cabelo, ele olhou pra mim e sorriu dizendo:
-Pronto agora não tem mais nenhuma. – Meu coração disparado me fazia arfar um pouco.
Voltamos pra sala, ele se sentou no lugar dele e veio a Júlia com os olhos arregalados já querendo me interrogar:
-Sério que eu vi você com o Gustavo mesmo. – Ela dizia com um espanto na voz. Respondi com empolgação:
-Pois é Jú... Nem eu to acreditando... E o “péor” de tudo é que eu ainda sinto alguma coisa pelo Gustavo...
-Péra e o psicólogo gostosão?????? – Quando ela me disse isso eu coloquei minhas mãos no rosto sentindo o desespero tomando conta. Eu amava o Alexandre mas aquilo que eu havia sentido a dez minutos atrás me fez perder a cabeça.
-Ai eu não sei... To muito confuso amiga! – Eu disse quase arrancando meus cabelos. No decorrer da aula de tentava fazer minha dissertação, tinha muita habilidade em redigir textos, mas não conseguia pois meus pensamentos não estavam naquela ação. Hoje de manhã tinha medo pela hipótese do Alexandre não gostar de mim e me descartar, mas agora eu descobri que um sentimento antigo ainda não foi apagado em meu peito me fazendo pirar. Com aquela caneta na mão ainda nenhuma palavra havia sido escrita naquele papel branco, olhei para o outro lado da sala e ali estava o foco do meu problema. E que problema lindo eu tinha, aquele cabelo arrepiado, personalidade forte e timidez cativante me deixava encantado. Fiquei olhando até aqueles olhos azuis cintilantes se voltarem contra mim me deixando com aquela cara de panaca quando é pego no ato, ele abriu aquele sorriso e logo senti meu celular vibrar. Peguei escondido da professora meu celular recém parcelado em dez vezes no cartão e fitei o display, era uma mensagem no whatsapp do Gustavo, não tinha o número dele e de alguma forma ele havia pego meu número. Olhei pra Júlia que sorria pra mim, fuzilei ela com os olhos voltando meus olhos para o display, lá dizia: “temos que conversar... dps da aula vc e eu no mesmo lugar do intervalo”. Olhei pro Gustavo com um sorriso, retribuindo comecei a redigir a pior redação da minha vida, sério não sabia o que eu estava fazendo com aquele papel mas era melhor que deixa-lo em branco, logo o sinal tocou olhei para o lugar do Gustavo já estava vazio. “O que será que o Gustavo queria?” essa era a pergunta que apitava na minha cabeça naquele momento, cheguei no jardim onde ninguém visitava, meu antigo “canto particular” agora seria habitado por alguém que eu nem deveria conversar. Não havia ninguém naquele local, me senti um boboca estando ali sozinho, quando estava pronto pra ir embora sinto algo pegar minha cintura me jogando na parede, logo minha boca era devorada pelo Gustavo que tinha uma pegada incrível. Aquela seria a cena dos meus sonhos se tornando realidade até a imagem do Alexandre aparecer na minha mente, mesmo lembrando dele não conseguia desgrudar meus lábios do Gustavo. Suas mãos exploravam meu corpo trilhando locais estratégicos retirando de mim suspiros e gemidos, não aguentei e tirei meus lábios e tentei me soltar fracassando no ato. Gustavo era muito forte e tentava me beijar não deixei, ele me olhou com uma expressão de dúvida e eu disse me sentindo a pessoa mais traíra do mundo:
-Eu tenho alguém... – Quando eu disse isso ele não pareceu se importar, aquele rosto tímido que conhecia agora não era aquele a minha frente cheio de desejo no olhar. Suas mãos envolveram minha cintura com um pouco mais de força e novamente abocanharam meus lábios como um leão abocanha sua presa. Ele me prensava na parede e eu não conseguia resistir aqueles beijos fortes e intensos, tudo o que era certo e errado passava na minha mente mas era impossível controlar meu corpo naquele momento. Ele então disse:
-Se gostasse desse “alguém” de verdade não se entregaria tão fácil ou sequer se entregaria... Acho que isso é mentira... – Me soltei de seus braços já me irritando com ele, meu celular vibrava vendo a tela do celular o nome do Alexandre aparecia no identificador de chamadas, atendi arfando de tanto nervosismo:
-Oi
-Dani cadê você? To aqui te esperando vai fazer dez minutos... – Aquela voz grave dizia do outro lado da linha.
-Eu to resolvendo um negócio na direção e já to indo... – Gustavo ria já se aproximando, eu me afastei desligando meu celular.
-Era ele?
-Era, agora me deixa em paz porque ele tá me esperando – Arrumei minha roupa amarrotada e ele novamente me prendeu na parede com os lábios nos meus ele disse:
-Não me importa que você tenha esse babaca, vai ser até legal te fazer esquecer esse cara... – Empurrei ele vendo que minha força não era muito grande, me afastei dele dizendo:
-Sonhe mais ok... Me deixa em paz – Fui embora daquele lugar antes de eu perder a cabeça. Entrei no carro prata cintilante com a maior cara de culpado, Alexandre me beijando fechava as janelas abri os olhos e vi o Gustavo do outro lado da rua com um sorriso cínico no rosto me olhando, as janelas se fecharam e ali estava quem eu não deveria ter traído. Não sabia mais o que fazer e não sabia o que o Gustavo iria aprontar, com a cabeça no peito reprimia as lágrimas que estavam prestes a sair pensando na preserpada amorosa que estava enroscadoOlá leitores, disse que o próximo capítulo teria drama e tals, mas uma completa falta de criatividade me atingiu e assim surgiu esse capítulo. Um triangulo amoroso não estava nos meus planos quando iniciei esse conto mas o próximo capítulo é imprevisível até pra mim que escrevo kkk. Essa minha falta de criatividade é por culpa talvez de eu ter me demitido me deixando muito pra baixo, eu estou muito triste e fiquei a noite inteira tentando escrever mas apenas as primeiras linhas saíram. Espero melhorar e votem e comentem gente é muito importante pra mim a opinião de vcs. Beijos povo
Daniel