Na outra semana, eu não conseguia olhar na cara do Beto. Ele só ria de mim. Nos fundos do prédio do cursinho tinha uma “cozinha”, entre muitas aspas, porque só tinha um micro-ondas e uma pia. No intervalo tarde-noite, eu e ele íamos para lá e ficávamos nos amassos. Eu pegava na bunda dele, por dentro dos bolsos. Ele notou isso. haha
A língua... hahaha. Provei da Língua Portuguesa, de fato. =P
Fato é que eu estava na dele. Devia ser a terceira semana que nós estávamos ficando. Pois bem. Ele, numa dessas horas que estávamos nos fundos do cursinho, me olhou e começou a falar.
_João, a gente tem que conversar.
Eu já não gostei porquê ele me chamou de João. Lá todo mundo me chamava de jotapê. Pensei que eu tinha feito alguma coisa errada já.
_Fala, ué. –disse beijando ele, e impedindo ele de falar.
_É sério. Precisamos conversar. O que eu tô fazendo com você não tá certo.
_E o que você tá fazendo comigo?
_A gente tá ficando. Mas isso tudo é loucura...
Ele me explicou que estava numa fase ruim da vida, que tinha acabado de terminar o namoro antigo dele. Que estava vulnerável. Mas isso não foi o pior.
_Eu recebi uma notícia essa semana.
_Que notícia?
_Faz algum tempo que eu tava pleiteando uma bolsa na USP. E ela saiu.
Eu fiquei feliz por ele. Fiquei mesmo. Mas isso implicaria que a gente não continuaria ficando, óbvio.
_E de quanto tempo é?
_Seis meses.
_E quando você vai? –eu já estava meio choroso.
_Embarco na semana que vem.
Tecnicamente, de fato, aquela foi a última vez que eu o vi naquele ano. Acompanhei ele ao ponto de ônibus naquela noite para ele ir para casa, e o beijei num canto escuro. Foi o último beijo que demos.
_Eu vou te esperar ok? –eu disse.
Ele me olhou com cara de cachorro que caiu da mudança, e foi-se. E foi-se mesmo, para o outro lado do atlântico. Portugal. Na primeira semana a gente conversava muito pelo facebook. Mas eu parei aos poucos, e ele não me chamava mais também.
Foi num dos dias de Outubro, que eu entrei no Facebook e vi que ele estava num “relacionamento sério” com um cara. Era português. Aquilo acabou comigo, e eu não falei com ele mais. Ou quase. No meu aniversárioele me mandou parabéns, falando que sabia que eu estava chateado e mimimi. Eu não respondi.
Só fui acertar as contas com ele no início de 2012, quando ele na volta de sua viagem, apareceu no cursinho. Conversamos pouco, mas como amigos. Não toquei mais naquele assunto por mais de um ano com ele. Falávamos pouco, mas pelo que eu soube o relacionamento dele não foi pra frente.
O Beto foi a minha primeira grande desilusão amorosa, mas serviu de lição para o que ainda viria. Achei importante reportar isso, pois há pouco tempo ele me ajudou –e muito- com os meus problemas, por isso lhe dediquei alguns capítulos. Hoje somos bons amigos. =)