Meus pensamentos estavam um pouco confusos, eu não sabia o porque de estar pensando naquela menina, não sabia o porque de nada daquilo. Naquele dia a aula terminou normal, me despedi da galera e fui em direção ao portão de saída, quando ouço uma voz a me chamar.
Júlia: Sofia, espera! – chegou até mim ofegante, parecia que tava na São Silvestre.
Eu: o que foi Júlia?
Júlia: você esqueceu... seu livro. – falou recuperando a respiração.
Eu: ah, obrigada, esqueci mesmo! – falei um pouco desconsertada.
Júlia: de nada. Pra que lado você vai?
Eu: pra lá – falei apontando.
Júlia: posso ir com você? Vou pra lá também!
Eu: pode sim bebê.
O que? Chamei ela de bebê mesmo? Que diabos tá acontecendo comigo? Fomos conversando o caminho inteiro, demorou uns 10 minutos e já estava na rua de casa. Estranhei uma movimentação intensa na frente da minha casa.
Eu: meu Deus, que confusão é essa na frente da minha casa?
Júlia: você mora aqui? – apontou pra minha casa e fez uma cara de espanto.
Eu: sim, por que?
Júlia: porquê essa movimentação é da minha mudança, eu e minha mãe vamos morar aqui na frente da sua casa. – falou toda feliz.
Eu: poxa, que legal! – falei um pouco assustada, mas no fundo eu tava curtindo a idéia.
Nos despedimos e entramos em nossas casas. Fiquei pensando nesse acontecimento. Sério que essa loirinha vai morar na frente da minha casa? Que tentação! Aliás, que chato, agora mesmo que ela vai querer grudar em mim. Pensei, pensei e pensei... impressionante como essa menina tava mandando nos meus pensamentos. Já estava no quarto, com a cabeça afundada no travesseiro tentando apagar a Júlia da minha cabeça quando a minha mãe bateu na porta...
Eu: entra mãe!
Mãe: filha, você tá bem?
Eu: sim mãe, por que não estaria?
Mãe: não sei, você anda tão caladinha ultimamente, hoje saiu que eu nem vi. Tá acontecendo alguma coisa?
Eu me sentia muito à vontade pra conversar com a minha mãe sobre qualquer assunto, mas não ia chegar com ela e dizer que talvez estivesse me interessando pela vizinha da frente.
Eu: tô bem mãe, só tô um pouco cansada, enjoada do colégio... e ontem saí cedo porque acordei cedo demais, então resolvi ir logo.
Mãe: tá bem filha. – pegou em minhas mãos – mas você sabe que pode contar com a mamãe pra tudo, não sabe?
Eu: sim mãe, obrigada! – abracei a minha véia.
Mãe: vamos almoçar, pequena.
Almoçamos e conversamos. O Diego chegou eufórico...
Diego: mãe, mana, vocês já viram a vizinha da frente? É muito gata! – falou com cara de cachorro babão.
Mãe: não vi não filho. Quem é?
Diego: Não sei mãe, mas vou descobrir. – falou com cara de safado.
Eu: já tá de olho na Júlia, Diego? – falei com uma voz alta.
Diego: então você conhece ela, maninha?
Eu: sim, ela estuda comigo. Mas vá tirando o seu cavalinho da chuva, porque não vou intermediar nada!
Diego: calma, Sofia! – me olhou estranho.
Fiquei incomodada e disse pra eles que ia subir para o meu quarto, ia dormir.
Me olhei no espelho, molhei o rosto... Porque eu fiquei assim? O que tá acontecendo comigo? Deitei na cama e voltei a pensar na minha loirinha. Peraí, minha? Ai Sofia, cai na real, esquece ela, não tem nada a ver. De tanto pensar na Júlia, acabei adormecendo. Acordei por volta das 7hrs da noite, assustada... Meu Deus, eu hibernei! Sai da cama, procurei algo pra fazer, não achei e fui tomar banho. Decidi sair e liguei pra Dani, Yara e Bia, elas toparam e combinamos de lanchar perto da escola, no shopping, as 8:30. Fiz algumas coisas em casa e fui me arrumar. Coloquei um short jeans, uma regata e uma rasteirinha, fiz um rabo-de-cavalo, uma maquiagem leve e fui. Cheguei e as meninas já estavam lá. Conversa vai, conversa vem...
Dani: e aí Srta. Sofia, como vai a Júlia?
Eu: vai bem, ela se mudou e agora tá morando na frente da minha casa. – falei distraída.
Na hora percebi a cagada que tinha falado. Elas ficaram me olhando com uma ironia no rosto.
Eu: meu irmão que me contou, só falo com ela no colégio. – disse, tentando desfazer a burrada, mas foi em vão.
Bia: sei, sei...
Dani: vi você e ela saindo juntas do colégio hoje, amiga.
Yara: huuuuum, já estão saindo juntas é? – todas elas riram e eu fiquei com cara de taxo.
Eu: lá vem vocês com esse papo. Parem já. – mudei de assunto – vocês fizeram o exercício de Bio?
Elas se entreolharam...
Yara: eu não fiz, quem vai me dar cola?
Bia: eu fiz de tarde, posso dar pra vocês amanhã no primeiro tempo.
Dani: tem exercício é? – falou assustada.
Rimos da Dani, como sempre avoada com as coisas do colégio. Comemos e conversamos mais, deu 11hrs da noite e tivemos que ir. Fui andando de volta pra casa, quando cheguei na minha rua, vi a Júlia sentada na calçada de sua casa. Fingi que não a vi e fui andando pra casa, quando ouço ela gritar...
Júlia: você é linda até me ignorando, viu!?
Eu: ah, oi Júlia, nem te vi aí... – menti descaradamente.
Júlia: sério? Pareceu que viu, mas não quis falar comigo. – falou e piscou.
Eu: impressão sua bebê.
Júlia: bebê? Adoro quando você me chama assim. – sorriu maliciosamente.
Aquela loirinha tava diferente, tava bem mulher naquela noite, maquiada, com um olhar mais envolvente, sensual. Eu disse “sensual”? Não me conheço mais... Conversamos sobre assuntos do colégio e depois minha mãe me chamou pra entrar. Dei tchau e trocamos dois beijinhos. Entrei em casa pensando nela, de novo, como sempre! Ai Sofia, você tá pirando ou o quê?
Continua!
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