Naquela noite dormi pensando na Júlia. Isso já estava freqüente na minha vida. Acordei de manhã as 6hrs, fiz todo o ritual pra ir pra prisão, digo, colégio. Saí de casa as 6:45, me despedi da minha mãe na porta, quando olho em direção a casa da Júlia, ela estava lá, de braços cruzados, na calçada, me olhando. Fui em sua direção, em um instinto rápido.
Júlia: achei que você não ia falar comigo. – fez uma cara manhosa.
Eu: porque não Julinha? Vamos para o colégio?
Júlia: vamos sim, flor. – ignorou minha pergunta ¬¬’
Conversamos bastante no caminho sobre coisas aleatórias, tipo as músicas que gostamos, as matérias, os professores, e quando nos espantamos já estávamos na frente do colégio. Fomos em direção a sala, entramos, sentamos e a aula correu normalmente. Na hora do intervalo Julinha chegou perto de mim...
Júlia: ei flor, nós vamos juntas pra casa hoje?
Eu: sim, podemos ir.
Júlia: tá bem – disse me dando um beijo estalado no rosto e voltando pro seu lugar.
Fiquei tão estática com aquele beijo tão, tão, tão gostoso que nem percebi os olhares das meninas na porta.
Dani: e você ainda tem a coragem de dizer que é besteira nossa, Sofia?
Yara: tá rolando algo já? Vocês se beijaram? Estão namorando?
Bia: deixem a Sofia falar gente!
Eu: parem, por favor! Nós não temos nada, é apenas uma boa amizade nascendo. Só isso!
Senti que fiquei nervosa e não fui nem um pouco convincente, mas agora já era. Os longos minutos de aula passaram e finalmente o sinal da saída tocou. Minha razão não queria muito aproximação com a Júlia, mas meu coração adorava as sensações que ela me fazia sentir. Apertei um pouco o passo para ver se a loirinha não me vê, mas não deu certo.
Júlia: não foge de mim, Sofia, por favor! – falou com uma carinha de gato de botas que me amoleceu todinha.
Eu: não estou fugindo de você, bebê.
Júlia: não é o que parece! Se você não me quiser por perto eu vou entender, mas pelo menos me explique os motivos. – falou segurando o meu braço.
Eu: eu gosto de você e de estar perto de você, não quero me afastar.
Ela me olhou com uma carinha alegre e sorriu o sorriso mais lindo que eu já vi. Me passou pela cabeça um certo arrependimento de ter falado isso, mas aquele sorriso desmontou tudo o que a minha razão me dizia naquele momento.
Júlia: eu também gosto muito de você, e estar perto de você me faz um bem enorme, você nem faz idéia!
Acho que fiquei corada na hora, senti meu rosto esquentar. Ela pegou no meu rosto, subiu para os meus cabelos e bagunçou...
Júlia: vamos pra casa, flor.
Eu: vamos!
No caminho nós conversamos bastante, como sempre. Mas dessa vez foi diferente, ela tomou o impulso de segurar a minha mão, eu estranhei, mas nada falei. Chegamos em casa, nos despedimos e entramos. Almocei, subi para o quarto para estudar, quando de repente meu irmão aparece na porta...
Diego: a vizinha da frente quer falar com você, maninha.
Eu: como assim?
Diego: ela tá aí na frente de casa uai, pediu pra te chamar.
Eu: tá bem, diga que já estou descendo!
Diego foi fazer o que eu pedi e fiquei pensando no que ela queria, resolvi descer logo, mas instintivamente dei uma passadinha pra checar a lataria, não podia aparecer feia pra Julinha.
Eu: oi Julinha, o que houve?
Júlia: Sofia, desculpa te incomodar, mas você pode ir até a minha casa me ajudar com um exercício de matemática, não tô conseguindo fazer.
Eu: você não prefere fazer aqui?
Júlia: não, vamos fazer ali em casa, minha mãe tá trabalhando e só volta mais tarde, podemos estudar bem tranqüilas. – falou e sorriu maliciosamente.
Eu: tá bem então.
Eu fiquei pensativa, receosa, fiquei imaginando o que aquele sorriso quis dizer. O que será que aquela loirinha atrevida tá querendo? Despertei do transe com a Júlia me sacudindo.
Júlia: ei mulher, morreu? Vamos logo!
E lá fomos nós! Eu não sabia o que essa tarde de estudos me traria, mas estava disposta a correr o risco pra descobrir. Atravessamos a rua, ela me pediu que entrasse, entrei. Ela perguntou se eu queria comer ou beber algo antes de começarmos a estudar, eu fiz sinal negativo com a cabeça. Ficamos conversando um pouco sobre diversas besteiras enquanto ela fazia um suco de laranja. Estávamos na cozinha, eu sentada em um banco atrás do balcão e ela de costas pra mim escorada na pia. Não pude deixar de reparar naquela garota. Que linda! Ela era linda e sexy de qualquer jeito. A forma com que ela prendeu o cabelo facilitou a minha visão em seu pescoço, com uns cabelinhos loirinhos, bem ralos. Aquele shortinho jeans justinho e aquela blusa soltinha pra um lado me deixava perdida admirando seus ombros e suas pernas. Linda demais essa garota.
Eu: então Júlia, onde vamos estudar?
Júlia: então... mamãe não gosta que eu faça bagunça na sala, nem na mesa...
Eu: então... – no fundo eu já sabia a resposta.
Júlia: vamos estudar no meu quarto, pode ser? – levantou uma sobrancelha ao me questionar.
Eu: aaaan, sim, pode ser sim.
Júlia me guiou até a escada. Enquanto estávamos subindo, meus pensamentos estavam totalmente instáveis, minha razão queria me fazer voltar, mas eu queria pagar pra ver o que ia acontecer naquele quarto. - Seja o que for, não pode ser tão ruim, além do mais eu posso correr, pensei. Me atentei e já estávamos na porta do quarto dela...
Júlia: pode entrar, flor. – falou abrindo a porta e me dando passagem.
Era tarde demais, eu não iria fugir, ao menos não pretendia. Entrei...
Continua!
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