Caminho para o paraiso parte IV

Um conto erótico de Conto é vida
Categoria: Homossexual
Contém 2812 palavras
Data: 23/08/2013 00:38:16
Última revisão: 23/08/2013 01:00:09

Capitulo quatro: A namorada.

YURI

Toquei a campainha e pouco tempo depois um rapaz me atendeu. Tinha cerca de quinze anos de idade, cabelos castanhos jogados para o lado direito. O rosto era coberto por algumas espinhas, principalmente nas bochechas.

– Pois não? – Kevin perguntou cruzando os braços me avaliando de cima abaixo.

O encarei de forma firme não me deixando intimidar por seu olhar. Kevin não gostava de mim assim como Letícia. Não sei exatamente o porquê. Talvez pela discussão que tive com sua irmã no mês anterior. Eu a chamei de piranha quando a vi beijando um outro menino em frente ao shopping. Foi horrível. Ela me chamou de viado e intrometido e eu de vagabunda falsa. Contei para Nicolas, mas ela conseguiu engana-lo dizendo que o cara roubou um beijo dela. O que eu sabia ser mentira, pois vi claramente quando ambos se inclinaram e se beijaram.

– Quero falar com Letícia – minha voz era firme e decidida.

– Espera ai – disse fechando o portão de madeira. Demorou certo tempo até que Letícia abriu o portão para me receber. No rosto a expressão de desdém.

– O que é? – disse cruzando os braços assim como seu irmão.

Respirei fundo.

– Posso conversar com você por um momento? – pedi em tom urgente. Ela não pareceu dar muita importância ao que eu tinha para dizer então acrescentei – É sobre Nicolas.

Pude ver que ela ficou curiosa para saber o que eu teria para falar a respeito dele, pois abriu o portão mostrando o pequeno quintal.

– Pode entrar – disse ainda tentando parecer que não se importava.

Eu agradeci por educação e entrei na casa. Ela me conduziu pela sala de estar, onde Kevin jogava videogame. Ele me fuzilou com o olhar, me deixando desconfortável, mas relevei. Precisava ficar seguro.

Havia tomado uma decisão naquele dia. Uma decisão nada egoísta e que provavelmente me causaria muita dor, mas não podia vê-lo sofrer. Seria mais doloroso do que vê-lo feliz nos braços dela. Se ele a amava, ele seria dela e não meu. Senti meu coração se despedaçar com a imagem dos dois juntos. Morando na mesma cama, com um casal de filhos no quarto ao lado. Acordando todos os dias só para ver que ela estava ali abraçada a ele. Ele sorriria e saberia que estava feliz. Talvez isso bastasse para mim.

Letícia sentou em sua cama e indicou que eu sentasse na cadeira do computador em frente à mesma. Olhei-a nos olhos curiosos e tomei coragem para falar.

– Não termine com Nicolas – cada palavra saía como laminas cortando minha boca – Ele gosta muito de você.

Leticia revirou os olhos como se nada que o que eu dissesse poderia mudar o que ela já tinha decidido.

– Ele não me quer e eu também não quero mais ele – respondeu indiferente – Eu arrumo outro assim – e estalou os dedos para dar ênfase.

– Não vai encontrar outro igual a ele – argumentei.

Ela deu uma risada com o que eu tinha dito.

– É exatamente o que eu quero – disse como se fosse a coisa mais óbvia possível – Terminar com alguém para depois encontrar outro alguém igual a essa pessoa não faz sentido nenhum. Além disso, ele vai superar. É bonito e inteligente. Não fica sozinho muito tempo.

– Você não se sente nem um pouco triste por ele? – perguntei indignado com a total indiferença dela pelos sentimentos de Nicolas – Você não gostava dele nem um pouquinho?

– Claro que eu me sinto mal por ele – respondeu ultrajada por eu supor aquilo – Mal, pois ele nunca vai encontrar alguém assim como eu. Linda e popular assim meu filho, só eu mesmo.

E sorriu convencida. A fuzilei com o olhar, mas ela não deu nem importância. Sentia-se superior demais para se incomodar com isso.

– Você só pensa em você garota nojenta? – disse arrancando aquele sorriso seboso de seu rosto – Uma garota como você não merece alguém como ele! Ele é doce, educado, carinhoso e compreensivo de mais pra que você dê valor. Alguém como você só merece um cafajeste que vai te trair com a primeira vagabunda que ver pela frente!

Sua expressão passou de estupefata para superior novamente. Deu uma risada de escarnio com aquilo. Estava se divertindo com minha raiva.

– Ai meu Deus! Eu sabia! Você gosta dele! – disse sem consegui se controlar. Curvava-se para frente segurando o estomago com a mão como se a qualquer momento ele fosse explodir – Sempre soube que você era viado!

Franzi o cenho para ela e me levantei da cadeira.

– Não vou ficar ouvindo você me xingar – disse indo em direção a porta.

Ela me segurou pelo braço tentando controlar a sua risada, mas era difícil demais.

– Não, não. Senta ai e vamos conversar – disse me soltando.

Sentei na cadeira e cruzei os braços esperando que sua rize de riso passasse. E levamos certa de três minutos assim até que ela finalmente conseguiu se controlar. Lagrimas escorriam por seu rosto de tanto rir e ela as secou com as mãos.

– Acabou? – indaguei.

Ela ameaçou rir novamente, mas conseguiu se conter.

– Me desculpe? – pediu sem realmente quer que eu a desculpasse – É que é meio patético não acha? Você apaixonado pelo seu melhor amigo. Um amigo que não suporta viadagem! – disse se referindo ao preconceito de Nicolas contra os homossexuais.

– Não vim aqui para falar disso – não conseguia negar o fato de que o amava e que faria de tudo para vê-lo feliz – Vim falar de Nicolas!

– E não estamos falando? – contra argumentou me olhando com os olhos brilhantes de satisfação. Mais um assunto para fofocar – Eu não vou voltar com ele ouviu? Quero um homem de verdade que me pegue de jeito e me faça sentir uma mulher. E cá entre nós, ele nem conseguia me beijar direito – e arregalou os olhos parecendo perceber algo – Mas é claro! Agora faz sentido. Aquele viadinho todo delicado e sentimental é realmente um viadinho!

– Nicolas gay? Nunca! – disse me lembrando de todas às vezes que ele disse que era errado ser gay e de como ele não gostava de tê-los por perto.

Me lembrei de todas as vezes em que ele Olhou para Fabricio de forma raivosa pelo seu preconceito. Ou talvez fosse a forma que ele tivesse encontrado para suprimir seus desejos. Lembrei-me também de todas as vezes que ele tinha me abraçado e me beijado no rosto. Da forma que eu o pegava me olhando às vezes como se me admirasse. Então aquela imagem me veio à cabeça. A imagem de uma criança perturbada ao perceber que tinha sido beijado pelo amigo. Ele claramente não havia gostado daquilo. Nicolas não era gay. Todas as suas demonstrações de carinho faziam parte de seu jeito carinhoso de ser. Ele demonstrava que gostava dos pais dessa mesma forma carinhosa. Demonstrava que gostava de meus pais desta mesma forma também. Ele era assim e não havia nada além da forma como ele demonstrava seu amor por mim do que havia na forma que ele demonstrava que amava os outros. Nicolas era um menino carinhoso e nada mais.

– Gay sim! Um viadinho enrustido igual a você! – disse tirando sarro – Vocês são perfeitos um para o outro. Merecem ficar juntos.

– Que saber Letícia! – me levantei da cadeira e ela me acompanhou com o olhar – Vai para o inferno! Você é uma piranha egoísta que todo mundo já passou a mão! Convencida e usada é isso que você é! Vim aqui querendo fazer uma coisa boa para meu amigo, mas pelo visto eu estava errado. Qualquer uma é melhor para Nicolas do que você.

– A vai tomar no cu seu viado! – disse se levantando também e arregalou o olhar sorrindo – A não! Isso você iria gostar né? Então vai pra puta da sua mãe e diz pra ela que tem um viado como filho! – E me olhou triunfante.

– Quer saber. Não vale a pena discutir com você – rebati – Gastar saliva com alguém que não sabe nem quem descobriu o Brasil é a maior perda de tempo que existe.

– Então o que está fazendo aqui que ainda não foi pra sua casa? – perguntou gesticulando para a porta – Não tem nada te segurando aqui.

Bufei e revirei os olhos para ela. Caminhei em direção à sala querendo sair dali o mais rápido possível. Percebi que ela me seguia com olhar superior. Ao ver o olhar da irmã, e que eu praticamente bufava, Kevin sorriu de prazer para mim.

– Já vai viadinho? – provocou.

Senti o ódio inflamar meu corpo e me fazendo serrar os punhos. Voltei-me para ele e o segurei pela gola da camisa. Estávamos cara a cara naquele momento. Seus olhos refletiam o medo que sentia. Nunca tinha me visto com tanta raiva antes. Lutei contra meu corpo para não dar um soco nele. Mas não podia deixar barato.

Roubei-lhe um beijo de língua e para a minha surpresa ele retribuiu. Foram dez segundos em que minha boca esteve em contato com a dele e minha língua explorava cada canto de sua boca e a dele fazia o mesmo. Abri os olhos e percebi que os dele estavam fechados enquanto saboreava meu beijo. Aquilo foi o suficiente para mim. Afastei-me abruptamente o fazendo abrir os olhos procurando por mim. Respirava ofegante querendo mais.

– Quem é o viado agora? – sorri satisfeito e o joguei no sofá onde ele ficou imóvel me olhando. Não demonstrava nenhuma reação além de espanto por minha atitude e pela dele próprio. Olhei para Letícia que me olhava chocada. Olhos arregalados e boca coberta pela mão como se para impedir que um grito lhe escapasse – Antes de discriminar alguém por ser gay, deveria pensar que você tem um em sua própria casa.

E caminhei até a porta da sala saindo para o quintal e batendo a porta. Abri o portão de madeira e dei de cara com a rua. Quase não tinha pessoas caminhando por elas, mas carros passavam a todo o momento. Não pude deixar de sorrir. Havia acabado com Letícia e com Kevin no mesmo dia. Sem falar de Nicolas. Uma nova suspeita pairava a respeito dele. Será que ele me amava de outra forma que não fosse um irmão?

– Que sorriso é esse? – meu pai me perguntou enquanto assistíamos ao Jornal Nacional na sala de estar – Algo de bom aconteceu?

Não tinha percebido até então, mas um sorriso discreto estava estampado em meu rosto.

– Você acha que Nicolas possa gostar de mim? – perguntei abertamente.

Meu pai parou de sorrir naquele momento. Ainda era desconfortável para ele que eu falasse sobre Nicolas dessa forma para ele. Ele se ajeitou no sofá procurando a melhor posição possível. Olhou para minha mãe que desviou a atenção do telejornal para ver como ele lidaria com essa questão.

– Bom meu filho – ele deu um pigarro para facilitar que as palavras saíssem de forma clara – Talvez, quem sabe. Por que a pergunta?

– É que eu andei pensando na forma como ele me trata e às vezes parece que ele quer ser mais que meu amigo – disse francamente.

Minha mãe sorriu quando meu pai engoliu em seco procurando as palavras certas.

– Talvez seja hora de você conversar com ele a respeito disso – disse em seu discurso ensaiado – Conte para ele como se sente.

– Mas e se ele não gostar de mim? – perguntei com a mesma insegurança que fiquei quando soube que iria conhece-lo.

– Então vocês terão de resolver isso da melhor forma possível – minha mãe se intrometeu fazendo com que meu pai suspirasse de alivio pela ajuda – Vocês são amigos há muito tempo e se ele não gostar de você... Bom, tenho certeza de que podem superar isso e continuar sendo amigos.

– Mas o problema é que Nicolas não gosta de gays – argumentei – Ele já me disse isso várias vezes. Ele nunca me aceitaria como amigo.

– Talvez ele mude de ideia quando descobrir de você – disse meu pai suando de nervosismo – Eu mudei a minha opinião sobre isso. E tenho certeza de que ele também vai mudar a dele.

Sorri para meu pai que sorriu de volta e o abracei de uma forma que não fazia a muito tempo. Ele ficou surpreso, mas retribuiu meu abraço da mesma forma que retribuiu quando eu me assumi para eles aos treze anos de idade. Me aceitando mesmo com todos os seus preconceitos. Passando por cima de suas convicções para continuar amando o filho. Eu o amava muito. Meu pai. O homem que eu mais admirava no mundo.

NICOLAS

– COMO ASSIM VOCÊ É GAY? – Gritei para Yuri assim que entrei no quarto naquela manhã de sábado. Ele acordou sobressaltado, comprimindo os olhos de sono.

– O que? – ele me perguntou confuso.

– Não se faça de sonso! – ordenei com lagrimas saindo de meus olhos – Como pode fazer isso comigo? Como pode fazer isso com você?

– Mas do que você está falando Nick? – ele tentou disfarçar fingindo não entender o que estava acontecendo ali.

– Letícia me contou que você beijou o irmão dela! – disse andando de um lado para o outro daquele quarto.

Yuri levantou da cama e veio até a mim tentando repousar suas mãos em meus ombros para me acalmar, mas eu os sacudi.

– Calma Nicolas, não foi isso o que aconteceu – ele me disse tentando me tranquilizar, mas eu percebi que ele também estava nervoso.

– Então como foi? – perguntei querendo uma explicação.

Eu havia ido à casa de Letícia para conversarmos. Ela me dispensou sem titubear dizendo que não daríamos certo, pois eu não sabia ainda o que eu queria e que deveria pensar a respeito disso. Eu comecei a chorar e ela me confortou dizendo que era melhor agora do que daqui a algum tempo quando estaríamos juntos apenas por comodidade, mas estaríamos infelizes. E fechou dizendo para eu tomar cuidado com Yuri por que ele era gay e que tinha beijado Kevin no dia anterior na frente dela.

Eu não queria acreditar, é claro que não. Ele era meu melhor amigo e aquele tempo todo nunca tinha demonstrado sentir nada além de amizade por mim. Todas as vezes que tinha me abraçado, beijado, dormido de mãos dadas comigo e dizendo que me amava era apenas uma forma de demonstrar o amor fraternal que sentia por mim. Ou talvez eu não quisesse enxergar o que todos enxergavam.

– Eu fui até a casa de Letícia ontem para pedir que ela voltasse para você. Ela disse que queria um homem de verdade eu não um viadinho como você...

– Ela me chamou de viadinho? – eu o interrompi imaginando essas palavras saindo de seus lábios com estrema facilidade.

Ele sacudiu a cabeça positivamente.

– Começou a te difamar dizendo que você não sabia beijar e que precisava de alguém que a fizesse se sentir uma mulher. Tentei te defender e ela me chamou de viado também. Fiquei com raiva e fui embora. Quando cheguei à sala o irmão dela me chamou de viado também. Não aguentei e o beijei só para humilha-lo na frente dela também e pra minha surpresa e correspondeu. Mandei ela ter cuidado com o viado que ela tinha dentro de casa e vim embora.

– Mas por que você o beijou? – ainda não conseguia entender o motivo daquilo.

– Ela me chamou de viado tantas vezes, chamou minha mãe de puta – disse ficando vermelho de raiva ao se lembrar disso – Queria transferir isso pra alguém e ele estava lá na hora. Foi só isso. Eu não o beijei por que senti atração por ele.

Olhei para ele e não encontrei sinais de que estivesse mentindo. Olhava nos meus olhos castanhos de forma carinhosa esperando que eu acreditasse nele. Olhos tão verdadeiros que era impossível não se render aos seus encantos.

– Então você não é gay? – perguntei querendo acreditar que aquilo era verdade.

– Mas é claro que não – disse se aproximando de mim – Eu nunca faria isso com você.

E me abraçou de forma terna e carinhosa. Sentir seu corpo junto ao meu fez com que eu sentisse uma corrente elétrica percorrer meu corpo e meus pelos se eriçarem enquanto eu me acalmava por aquilo não ter passado de um mal entendido.

Por mais que eu estivesse aliviado por Yuri não ter beijado Kevin por atração, me sentia preocupado por perceber que minha reação não tinha sido por ele ser gay. Tinha sido uma crise de ciúmes ao saber que ele tinha estado nos braços de outro.

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Obrigado a todos vocês e prometo que vou tentar publicar com mais frequência para que a historia não fique muito arrastada e assim demore a acabar.

Espero que tenham gostado de mais esse capitulo e que acompanhem os próximos até o fim.

Obrigado pelos comentários nos três primeiros capítulos e saibam que eu fico feliz com cada um deles. É tão bom quando alguém diz que você é bom em algo que você gosta de fazer. E é gratificante saber que vocês acompanham a minha historia e aguardam pelos próximos capítulos desejando que venham o mais rápido possível.

Obrigado mais uma vez e aguardem o próximo.

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Comentários

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Maravilhoso, espero que o Nicolas se aceite e descubra esse amor correspondido dele e assim possam viver juntos.

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Aaaaaaaaah, seu conto (Isso é muito mais que um conto) é extremamente viciante! Não consigo parar de ler... Sério, um dos melhores contos daqui, parabéns! Espero que não demore à publicar o novo capítulo... Nota mil.

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Demais. E não vejo a hora dos dois se declararem um pro outro.

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