Cheguei no meu prédio e subi as escadas rápido para chegar logo. Tirei minha chave e abrir, pensando que não haveria ninguém na sala, mas me deparei com Nic, Thor e Lipe mal entrei.
- Finalmente hein? - Falou Nic.
- Foi um programa dobrado, com casal, eles pagaram em dobro.
- Não precisa entrar em detalhes. - Falou Thor.
- Não ia entrar em detalhe, amor. - Falei fechando a porta. - Cadê a comida que estou morrendo de fome.
O Lipe levantou e foi pegar os meus sushis na cozinha. Ele era muito prestativo. Pensamos que não voltaria quando foi ver sua mãe no Piauí, mas dois meses depois ele retornou dizendo que sua mãe estava reagindo bem ao tratamento, de alguma forma ver ele fez muito bem a ela. Então ele pediu para morar com a gente pois queria voltar a fazer programa para ajudar a mãe e não tivemos como recusar.
Sentei do lado do Thor e sem nem mesmo lavar as mãos começei a comer os sushis. A Nic e o Lipe dividiam um quarto, eu e Thor ficávamos no outro. Os dois logo foram deitar e fiquei ali só com meu namorado.
- Fez programa hoje amor? - Perguntei.
- Fiz dois. E você, só esse casal?
- Foi, mas valeu a pena, porque...
- Amor, não quero saber detalhes dos teus programas.
- Poxa amor, é o trabalho da gente, não da pra ficar fingindo que não fazemos isso. Não acho algo vergonhoso.
- Você sabe que eu tenho ciúme.
- Pois eu não tenho, sei que você é só meu.
- Então você não quer sair dessa vida?
- Claro que quero, mas vai ser para viver de uma forma melhor. Enquanto isso programa é a única coisa que sei fazer. - Conclui engolindo a última peça de sushi e levantando. - Bora dormir?
- Bora. - Respondeu ele desanimado e me seguindo.
Só havia um banheiro no apê. Tirei a roupa e fui até ele só de toalha. Tomei um banho bem caprichado para que não restasse em mim nenhum cheiro de sexo com outra pessoa. Retornei e ele já estava quase dormindo, me ajeitei do lado e logo peguei no sono também.
Acordei morto de cansado, como se não tivesse dormido nada, mas precisava levantar para estudar. Se não levantasse a coisa ficava feia, estava tendo dificuldade em aprender algumas coisas. O Thor havia saído e o Lipe ainda dormia e a Nic também.
Eu mesmo fiz o almoço após algumas horas. Nic e Lipe pareceram acordar com o cheiro da comida e logo levantaram. Quando estávamos almoçando o Thor chegou, tinha ido fazer programa. Eu também sentia ciúme quando ele chegava de um programa, era chato ficar imaginando que seu namorado acabara de transar com alguém.
Enquanto almoçávamos o Otávio me liga, queria ficar comigo a tarde, fiquei super feliz porque ia fazer um programa naquele dia, pensei que não ia rolar nada. Nós tínhamos perfil em sites de garotos de programa e até um blog com os três e seus respectivos celulares, às vezes trabalhávamos na rua, ou zapeávamos em boites, mas os melhores clientes vinham dos anúncios virtuais mesmo.
Me preparei para ir para a faculdade após o programa com o Otávio. Após uma longa sessão de lambidas pelo corpo sem me excitar, peguei minha grana, com um agrado adcional que ele sempre dava e fui estudar. Consegui pegar um ônibus que parou super perto do campus da faculdade, que ficava em uma avenida bem movimentava, junto com várias outras faculdades afins e os cursos de línguas da universidade.
Entrei na sala como sempre sem falar com ninguém, uma garota morena sorriu para mim, não era a primeira vez que ela tentava fazer amizade. Respondi ao sorriso mas não dei abertura alguma para conversa. Meu curso tinham muitos gays, era impressionante. As garotas deviam pensar que eu era um dos poucos héteros, ledo engano delas, coitadas.
Deu uma apertada e fui no banheiro antes das aulas. Aquele banheiro da Letras era um perigo, sempre haviam caras que curtem caras de olho em alguma oportunidade. Quando entrei, percebi que não havia ninguém, suspirei aliviado, era incômodo as vezes ficar evitando os olhares. Entrei em uma das divisórias e fechei a porta. Assim que saí, dei de cara com um branquinho musculoso parado olhando para mim. Fiz de desentendido e desviei dele.
- E aí, fera. Beleza? - Falou ele segurando meu braço.
- Beleza cara, pode me soltar agora. - Respondi friamente.
Ele deu um sorrisinho e soltou meu braço, me seguindo até as pias. Liguei uma e lavei minhas mãos.
- Meu nome é Fábio. - Ele falou como para ninguém.
- Diego. - Respondi seco.
- Pensei que era Dee. - Falou Fábio Rindo.
- Como? - Me virei para ele cauteloso.
- Pensei que podia te chamar de Dee.
- Não cara, não tenho esse apelido.
- Só usa quando está fazendo programa?
Continua.
P.S: Logo tem outro...