Eu dei um grito de dor tão forte que a Nic e o Lipe correram para o quarto.
- O que foi, Dee. Pelo amor de Deus. - Berrou lipe.
Cai sentando no chão chorando.
- Ele foi embora. O Thor foi mesmo embora.
- Como assim, não tinha ficado tudo bem? - Indagou Nic.
- Tinha, a gente dormiu junto normal, transou, pensei que ele tinha esquecido, mas ele. Ele deixou essa porra escrita. - Berrei jogando o papel com o recado do Thor nos dois.
A Nic pegou o papel e o Lipe se baixou e me deu um abraço bem forte.
- Fica assim não amigo.
- Porque ele fez isso comigo. Eu odeio ele. Odeio.
- Calma amigo. A gente está aqui pra te apoiar. Eu também não sei porque ele fez isso. Mas ele te ama também, deve ter tido um motivo, logo ele volta.
- Ele disse que ia levar seis meses para voltar. - Falei enxugando as lágrimas que não paravam de cair.
- O que ele vai fazer. Ele disse? - Perguntou Nic.
- Não. Disse que ia dar um jeito na vida. Eu tô com tanto medo. Se eu nunca mais ver ele. Liga pro celular dele Nic. - Ela pegou seu celular e discou.
- Fora de área. - Falou ela decepcionada ao ouvir a mensagem da operadora, que me fez cair em mais pranto ainda.
O Lipe me levantou do chão e me deitou na cama, deitando agarrando comigo e fazendoo cafuné no meu cabelo.
- Quem aquele porra pensa que é para fazer isso comigo, Lipe? Ele pensa que eu gosto de sair dando para quem pagar. Eu quero só ele, só ele na minha vida. Mas essa é a única forma que eu conheço de sobreviver. É tão difícil entender isso? - Lipe não respondeu nada, apenas continuou me fazendo carinho.
Naquele dia não atendi ninguém, dois clientes que me procuraram o Lipe atendeu. Também não assisti aula. Só me alimentei a noite porque a Nic insistiu até que tomei um suco. Os dois não me deixaram sozinho uma única vez durante o dia e quando íamos dormir, o Lipe aparece só de cueca no meu quarto.
- Vou dormir aqui contigo viu? - Falou ele.
- Não precisa Lipe. Tô quase bem.
- Quase não é bem. Não vou deixar você sozinho pensando besteira.
Ele deitou ao meu lado e me puxou para ele. Me aninhei em seu peito e chorei baixinho mais uma vez, nem sei de onde saiam tantas lágrimas.
No dia seguinte fui para a aula como um cadáver, parecia um zumbi. O Fábio tentou ficar comigo mais uma vez mas não aceitei nem mesmo a carona dele. Levou cerca de uma semana para eu reagir. O Thor disse que voltaria e eu iria querer ele de volta. Ele se despediu dizendo que me amava, então eu ia dar aquela carta de confiança. Passei a me esforçar para voltar a rotina normal.
Parecendo advinhar minha nova disposição, o Sam me liga um dia quando estou saindo da faculdade.
- Oi Sam.
- Já saiu da aula?
- Tô saindo agora. Porque?
- Estou te esperando aqui em frente, vamos dormir comigo hoje?
- Virar a noite é mais caro hein?
- Você vale o preço.
- Estou indo gatão.
Ele estava dentro de uma L200 cinza bem em frente a faculdade. Estava sozinho e dirigia sem camisa, exibindo todo aquele corpo pecaminoso que a natureza lhe concedera.
- Uau. - Botou para quebrar hein? - Elogiei.
- Ta falando de que? Do carro?
- Não. Do teu corpo assim sem camisa.
- Isso é só malhação. Você devia malhar também.
- Me acha fracote é ?
- Você tem o corpo todo defininido, se tivesse mais músculos ficava mais tesão ainda.
- Ah, falou o cara apaixondo. Quem está apaixonado não fica olhando corpo não viu, Sam? Ama até um obeso.
Ele segurou meu queixo com força, como parecia adorar fazer.
- O que eu faço para você aprender a respeitar meu sentimento hein?
- Calma aí. Guarda esse energia para me comer mais tarde. - Falei tentando acalmá-lo.
- Mais tarde nada. Daqui a pouco. - Riu ele me largando e dando partida no carro.
Ele dirigia feito um louco pelas ruas da cidade. Fiquei até com medo. Meu nervosismo era notório e divertia muito ele. Quando chegamos em sua casa, o portão aumático foi aberto e só então percebi que sua garagem era subterranêa. Fiquei impressionado com a estrutura. Se antes parecia tudo moderno, agora era de cair o queixo mesmo. Havia um elevador que levava da garagem direto ao seu quarto, aquele mesmo em que ficamos a primeira vez.
Quando entramos no quarto, ele me puxou para um beijo e correspondi. Enquanto me beijava ele me abraçou pelas costas e me ergueu como uma criança. O Sam era realmente forte.
- Me solta Sam. Tô me sentindo um menino velho. - Reclamei dando tapinhas no seu ombro musculoso.
- Tenho uma surpresa para ti. - Falou ele me girando no ar e me colocando de frente para sua cama, onde havia um lençol preto enorme cobrindo alguma coisa grande.
- Qual a surpresa?
- É o que está embaixo desse pano.
- O que é ?
- O que é uma porra, tá na tua frente leque. Vai lá e olha.
Caminhei cautelosamente e puxei o pano. Ele escorregou todo de lado revelando uma Moto Honda CG 150 Titan. Meu queixo caiu ainda mais, se é que era possível.
- Sam, eu não acredito...
- Você não queria uma demonstração. Tá aí.
Continua...
Até amanha pessoal.