Gente, obrigado tudo mesmo , amo vocês!;3 eu preciso muito da opinião sincera de vocês para sei lá, melhorar meu modo de relato, obrigado amigos, se cuidem!
-Sim Luca. A sua colega faleceu.- advertiu Margareth. - Amanhã não terá aula, em homenagem a ela. Luto. Margareth deu um sorriso solidário.
-Como? Ela faleceu? Vaso ruim não quebra! Vocês estão me zuando não é? - eu encarei Felipe perplexo, Bruno estava ao lado dele.
-Não. ELA FALECEU MESMO. - gritou Felipe.
-Não grita comigo porque eu não sou suas nega. Respeito garoto. - Eu virei para frente. -Mas como essa garota morreu? - eu indaguei.
-A família não quer contar. Falam que ela teve uma hemorragia. - explicou Margareth. -Enfim. Vamos lamentar a perca dela. Hoje quero apenas que leiam os textos da página 20, e pronto. - sorriu Margareth.
Eu abri o livro, ainda não acreditando no que eu ouvi.
'Soneto.' Era o nome do texto.
'Ana Paula morta ? Plasmei. ' Pensei comigo.
'Você sabe porque.' Falou aquela minha voz que eu mesmo odiava.
'Como assim? ' perguntei a mim mesmo, já estava tão acostumado a ser meio loquinho , que isso não me impressionava mais.
'Raciocina seu lol. '
'Não estou entendo.'
'Dona Clotilde... Gravidez . Aborto . Hemorragia.'
'Meu Deus.'
' Ela morreu disso. Eu... eu... eu vi ela indo a caminho da morte!'
'Felipe também viu.'
'E não fez nada. Que tipo de pai leva a mãe para abortar o próprio filho? '
'Felipe.'
'Que horror.'
'Concordo.'
'Mas espera... ele será o pai? '
'Provavelmente.'
' Que mostruosidade.'
' Mas eu já ouvi falar de tantas pessoas que foram fazer aborto com a Dona Clotilde e ficaram bem!'
'Algumas não reagem tão bem assim. Sabe? '
'Sim. Mas morrer ? A Ana Paula? Eu jamais desejaria isso pra ela! '
'Eu sei.'
-Queridos! Tchau, até quarta, amanhã não teremos aula, luto. - Sorriu Margareth sem graça.
Uau, já tinham passado duas aulas.
A próxima era vaga. No meu colégio isso era raríssimo.
Todos saíram.
Ficou Bruno e Felipe. Eu fui ao encontro deles lá no fundo da sala.
-Bruno. Me da licença ? - eu perguntei o encarando.
-Amor. O Felipe está mal e... - veio Bruno em minha direção.
-BRUNO. SAI DAQUI POR FAVOR.- eu cuspi as palavras.
-Ahã. -Bruno me encarou perplexo e saiu da sala.
-Não quero escutando atrás da porta. Fecha a porta! -Eu exclamei.
Bruno saiu e fechou a porta. Eu apenas sentei em cima de uma mesa.
-Oque você fez? - perguntei sério a Felipe.
-Do que você está falando? - perguntou Felipe, fungando o nariz.
-Sinico. - Olhei para a janela e fiz cara de ironia.
-Porque? -perguntou Felipe com cara de indignado.
-Do que a Ana Paula morreu? Se é que ela morreu. Eu duvido. - Cruzei os braços.
-ELA MORREU SIM PORRA! - ficou nervoso Felipe.
-Já disse. Não grita não! - eu o encarei sério.
-Tá tá tá tá!
-Do que ela morreu?
-Hemorragia.
-Aborto?
-Ah? -Felipe arreganhou os olhos. Oque apenas fez aumentar minhas suspeitas.
-É. Não adianta mentir. Eu vi. Vocês indo em direção a casa daquela mulher.
-Mas... não ! Eu não ajudei!
-Ajudou sim. Que bela porcaria de pai você é ein!
-Do que você está falando?! - ele apontou para o lado, parecia mesmo na dúvida.
- De você ter ido lá. Bulinado a Ana Paula Vadia e depois ter incitado o aborto. Você não presta. NOJO DE VOCÊ.
-Não fala oque você não sabe! - gritou ele.
-Eu sei! EU VI! - gritei novamente.
-Viu ... oque ? - ele se aproximou de mim. Os olhos vermelhos, de tanto chorar de certo.
-Eu.. eu.. eu vi! É! Eu vi você levando a Puta Paula pra abortar! - eu exclamei.
-Olha. Deixa eu te explicar...
-Já sei! Não precisa! - eu indaguei.
-Não sabe! Você já não acha que me julgou demais não?! Agora me acusa de psicopata , pai desnaturado , sem me ouvir! - Felipe cuspiu as palavras.
-Eu já sei! Oque você quer me dizer mais ?! - Eu exclamei.
-Primeiro que eu não sou o pai. - ele parecia satisfeito consigo mesmo.
-Ainda mente!
-EU NÃO SOU O PAI. JÁ DEI UMA TREPADINHA COM ELA , PORÉM, COM CAMISINHA. E ULTIMAMENTE ESTÁVAMOS SÓ NA AMIZADE. AMIZADE. SABE OQUE É ISSO?! - ele apontou para mim.
Eu assenti , surpreso. Poucas vezes apenas tinha visto Felipe tão irritado. E essas poucas vezes me assustavam demais.
-Ok. Ok. Mas você errou em ter levado ela naquele lugar!
-Mas ia adiantar eu não ir? Ela ia do mesmo jeito! Você, não gosta dela, mas deve ter idéia do quanto ela é teimosa!
-É. Eu imagino. Como você está?
-Me sentido mal...
-Calma... olha.
Foi impulso gente, o Felipe já tinha sido meu amigo em tantos momentos, eu dei um abraço nele, um abraço forte, ele passou as mãos na minha cintura, e ficamos assim por um tempo, até que eu o afastei.
-Melhor... a gente ir. Senão não vamos aproveitar nem um pouco do recreio! - eu sorri.
-Pois é. - Felipe sorriu de volta.
-Assim que eu gosto! De ver você sorrindo, isso me irrita as vezes, mas fazer oque. - Eu sorri novamente e sai pela porta.
Eu não vi Bruno, devia estar com o grupinho dele, irritando alguém provavelmente.
Eu estava andando pelo pátio quando vejo o Júlio, estava com Amanda do lado, estavam conversando bem distraídos.
Eles foram indo em direção a parte mais isolada da quadra.
Júlio e Amanda estavam de costas.
Eu passei as mãos nos olhos do Júlio, aquela velha brincadeira INOCENTE do 'adivinha quem é? '
-Tay? - perguntou Júlio. Eu belisquei ele.
-Nunca mais me confunda com essa garota . -Eu sentei do lado de Amanda. E encarei Júlio, fingindo que estava bravo com ele, mas eu não estava.' Nada verr genten.'
-Amanda! Você não sabe quem morreu! - eu cutuquei ela.
-Ah ? Morreu? Quem...? - ela fez cara de dúvida.
-A Ana Paula. - eu olhei para baixo.
Amanda gargalhou alto, e do nada, deu um ataque de risadas nela, eu a encarei e abri a boca, de indignação.
-Ai ai . Palhaço. Até parece que você ia me dar uma notícia tão boas dessa numa segunda. A Puta morreu porque? Teve um orgasmo que sugou toda a sua força vital?! - Amanda levantou as mãos e fez cara de débil.
-Amanda... eu estou falando sério. - Eu a olhei apreensivo.
-Vou te mandar pra globo! - ela riu de novo, parou e me olhou com cara de nojo. Ela parou e me encarou. - Droga. É verdade?!- Ela chutou o ar, sinal de revolta. Eu fiz sinal de sim com a cabeça. - Do que essa desgraça morreu?! - me encarou Amanda perplexa.
-Hemorragia, ou seja, aborto mal feito. - eu olhei para baixo.
-Nossa, que bad. - Falou Júlio. Que até pouco tempo não estava na conversa.
-Você... você... me lembra quando me ligou falando sobre... aquilo?
-Sim. Foi... exatamente naquele dia que o aborto foi feito.
-Ah? Oque está acontecendo? - perguntou Júlio se dirigindo à mim e a Amanda.
-O Luca . Ele ontem, viu a Recalcadinha Morta-Viva ... - eu belisquei Amanda, pra que ela parasse de xingar a garota morta.- Ai!!!! -Amanda me encarou infurecida.- Tá! Tá! A Ana Paula. Ele viu ela indo em direção a casa de uma velha lá na rua de baixo, que não presta, há relatos que ela faça aborto.
-Que horrível! - Júlio colocou a mão na cabeça.
-Eu... liguei para Amanda. Ainda bem que não fiquei lá. Eu vi a Ana Paula bem... estava mais puta que nunca. Que Deus à tenha. - Eu fiz um crucifixo com as mãos.
-Aquela horrorosa morreu mesmo? Meu Deus! - Amanda me olhou, com os olhos cheios de lágrimas.
-Amanhã é o enterro dela. Quem for, ganha abono nas aulas. - eu disse.
-Então a gente vai! Tá combinado! - Disse Amanda fazendo beicinho.
-Você odeia ela!
-Mas não interessa. Eu lamento a morte dela ... eu não me vinguei totalmente. Eu acho que ela merecia mais um tapa.- suspirou Amanda.
-AMANDA! - eu gritei, à repreendendo novamente.
-Tá. Eu tava zuando.
-Parem de brigar! - Júlio se intrometeu na conversa de novo, dando um sorriso de pura ironia.
O sinal bateu, aquela manhã passou rápido, logo a notícia da morte de Ana Paula se espalhou igual formigueiro, notícia de desgraça incrível, parece trem bala. Vai indo rapidinho de boca em boca.
Na verdade, quase ninguém sabia do que ela realmente morreu, eu não conseguia acreditar. Já havia lido que aborto mal feito levava a morte. Mas... conhecer alguém que morreu assim? Ok. Eu odiava a Baranguete , achava ela horrorosa , horrível, mas também linda, inteligente. Não. Pera. A última parte eu estava zuando ok?
Mas a morte dela mexeu comigo, sei lá, pena... ela era tão jovem, apesar das nossas diferenças. Eu sou humano também.
Aquela foi uma tarde chuvosa. Bruno me ligou, nós nos falamos pouco, ele disse que iria no enterro amanhã da Ana Paula. Óbvio. Eu ainda não estava conseguindo acreditar nisso. Ele me disse que foi no velório, e ela já estava exposta no Cemitério da cidade, o particular óbvio, o público e estranho. Vive sendo vandalizado e etc.
Ele disse que me ama, e que vai cuidar de mim. Ele estava bem mexido com a morte de Ana Paula. Óbvio. Era o 'ex' dela.
Eu perguntei a ele , como a família dela estava lidando com o fato do aborto, de se não o culpavam. Ele disse que foi sincero, falou que não ouve sexo, e além disso, Ana Paula estava grávida de 2 meses. E eles namoraram por 2 semanas e meia.
A curiosidade me bateu.
'Quem será o pai? ' perguntei.
'Não te interessa ! ' rebateu aquela vozinha.
'Claro que interessa.'
'Não.'
'OK. NÃO INTERESSA.'
'Ela morreu tão atoa não acha? '
'Sim. Aborto. Uau.'
A voz rapidamente desapereceu, ela tinha consciência própria, vinha a hora que queria.
Me recordo que aquela foi uma tarde chuvosa, choveu, mas choveu, parecia que o céu ia desabar. Sassenhora.
Eu dormi cedo também.
Acordei no dia seguinte mais tarde. Não teria aula.
Eu recebi uma sms do Bruno.
'Amor, o enterro vai ser as 13h, eu queria ir almoçar fora depois, vamos? '
'Sim, pode ser. A Amanda quer ir no enterro e tal.'
'Ah tá, fala pra ela se comportar por favor.'
'Ok, pode deixar. ' Respondi.
'Te amo.'
'Eu também.'
Eu liguei pra Amanda e Marquei de ir as 12h na casa dela, a mãe dela nos levaria.
Eu cheguei lá, foi a mesma coisa de sempre, a mãe de Amanda disse que lamentava a morte de nossa colega, e deu um enorme sermão sobre sexo com preservativo e aborto.
Era um cemitério bem chique, parecia um hotel, o hall onde a difunta estava era enorme, tinha até máquina de Coca-Cola lá! Imagine!
Quando eu e Amanda chegamos não tinha muita gente, conhecido tinha Felipe, Bruno e mais uns lá, mas no total, umas dez pessoas no máximo.
Eu e Amanda nos dirigimoos ao corpo, assustados.
Ana Paula estava mesmo morta.
Oque nos assustou.
Ela estava bem maquiada , porém pálida, estava com um vestido branco, longo, eu passei a mão nas dela.
-Nós não nos demos muito bem..
Mas... Durma em paz.
-Pela primeira vez na sua vida, você está decente, e calada assim está melhor. - eu cutuquei Amanda forte. Todo mundo à olhou. - Nós não nós demos bem de blah blah blah, mas que Maria Madalena cuide de você. - Eu cutuquei Amanda mais forte agora, realmente pra doer.
-Respeito! - sussurei.
-Ain, eu estou sendo sincera tá legal! - ela disse irritada.
Eu a puxei e fomos em direção aos jardins. Era bem bonito, se não fosse um cemitério.
Estava nublado.
Tinha uma pequena fresta de sol.
Mas estava frio.
Eu e Amanda nos sentamos. Ela me deu uma bala.
Bruno vinha meio longe. Sozinho.
Ele chegou e se sentou ao meu lado.
Eu estava com as mãos dentro da jaqueta.
Naquele dia, praticamente todo mundo estava de jaqueta, calça, e também de chachecol, era um verdadeiro milagre Ana Paula estar de vestido. Longo! Tá. Parei.
-Eu vou dar um volta por ai tá bom? Vou ver se eu acho alguma coisa pra comer. -Amanda se levantou e fez cara de nojo. -Não. Pera nè. Aqui é um cemitério. - Ela fez cara de nojo de novo. - Vou ver uns mortos ai. Quem sabe com defunto não desencalho !
-Amanda. Para de falar besteira. - Eu ri, Bruno me olhou e deu um sorriso travesso.
-Tá. Eu vou vasar. - Amanda se virou para trás. Não vou nem falar a roupa da Amanda. Vocês já devem imaginar que ela esta arra-san-do! O cabelo estava liso, com cachos embaixo, e ela estava estilosa. Uma calça preta. Uma jaqueta branca, e um cachecol cinza.
-Doidinha doidinha essas sua amiga não é? - Bruno sorriu, um sorriso seco, meio sem vida.
-Pois é. As vezes me causa tantos problemas. Ela é doidinha, mas é legal.
-É sim... -Bruno olhou para o lado, e pegou nas minhas mãos desfarçadamente . - Está de pé nosso almoço ainda?
-Yes. - eu mordi os lábios e fiz sinal de ' jóia' . -ei... você ficou um pouco abalado com a morte da Piranha Paula não ficou? Ops, Ana Paula. Pra mim ela morreu... mas continua piranha, desculpa. - eu engasguei o olhei para baixo.
Bruno gargalhou de novo.
-Você é tão lindo pedindo desculpas. - Ele me olhou e mordeu os lábios com cara de sapeca.
-Ah ... está usando cachecol agora? - eu apontei para o cachecol dele.
-Sim. Dona Fernanda. - ele fez bico, de descontentamento.
-É. Sei. - eu sorri, olhei para Bruno, estava sem bonè(óbvio) , com um cachecol preto, uma jaqueta de couro preta, uma calça preta, e um tênis da Nike. Típico Playboy que se acha. Mas meu playboy que se acha.
-Você sabe quem é o pai? - perguntei à Bruno.
-Não. Ninguém sabe. Talvez Felipe.
-Talvez seja Felipe.
-Não. Ele não mentiria para mim. Ele é assim, mas assume as conseqüências do seu erro, por mais que essa consequência seja de matar.
-Eu não sei. Essa história está confusa... - eu passei as mãos no meu cabelo.
-Pois é. Mas vamos pensar em nós... sabe... nós. -Ele sorriu de novo, eu amava vê-lo sorrir, pra mim.
-Vão enterrar a... Ana. - Felipe se aproximou com as mãos no bolso, os cabelos loiros desarrumados, os olhos de azuis estavam vermelhos, e ele estava seco. Estava com uma jaqueta vermelha . Calça preta e luva.
Eu e Bruno levantamos, e Amanda vinha em nossa direção, de certo ela percebeu que todos estavam se levantando.
Todos nós nos encaminhamos para o prédio, ela seria enterrada em gaveta. Oque era estranho.
Bem. Como explicar um enterro? Estava todo mundo chorando, os pais dela principalmente.
-Ainda bem que ela foi enterrada de vestido, porque se fosse de saia, ia passar frio. - Disse Amanda. Alto o suficiente para que a olhassem. - Tão linda. Tão jovem! Porque morreu tão cedo! Meu Deusss! Por que?! - Amanda se corrigiu tapando o rosto. Fazendo uma imitação barata de que gostava de Ana.
Ela podia ser linxada ali, então, ainda bem que ela se corrigiu.
A hora de enterrar foi triste, ver aquela garota, que me irritava , que tinha apenas 17 anos. Era muito bonita. Morrer por causa disso. Aborto?
Meus olhos lacrimejaram , percebi que Amanda estava quieta, encarando o caixão, parecia estar pensando o mesmo que eu. Como as coisas acontecem tão rápido? Porque pessoas assim, tão jovens, morriam por motivos... bestas? Oque fazer? Eram as perguntas que se fixavam na minha cabeça, enquanto eu lembrava de Ana Paula, e de sua juventude. Lágrimas foram inevitáveis.