CAP 6
Às nove e meia em ponto Caio estava na porta do meu prédio, eu me atrasei um pouco me arrumando, e quando cheguei ele já estava me esperando do lado de fora, encostado. Não houve como não reparar, ele estava muito lindo. Usava uma calça branca que moldava suas pernas bem torneadas, uma camiseta de manga comprida listrada em azul marinho e preto que ficava colada, e mostrava que seu corpo era simplesmente perfeito devido aos seus exercícios físicos. O cabelo bem penteado, e o sorriso estampado no rosto assim que me viu. A combinação perfeita.
Eu usava uma skinny preta, uma blusa cinza de manga com uma estampa engraçada do Mickey, e um tênis Vans branco.Também sorri quando o vi. Naquele momento eu senti algo estranho, algo como uma satisfação por saber que alguém como Caio estava indo me buscar pra sair. Quando chegamos mais próximos nos cumprimentamos com um abraço e disse:
- Nossa, hoje ninguém nem vai olhar pra mim perto de você. Seu chato.
- Para de bobeira né Lipe, você tá lindão. – Ele abriu a porta do carro pra mim e se direcionou para a dele. Era incrível como sempre o seu carro estava tomado com o seu perfume.
Por volta de dez minutos depois chegamos na Fiction, não era longe. Já tinha um número razoável de pessoas na fila. Encontramos o Fer, e ele já estava com todo o pessoal. Cumprimentamos todos e Caio e Fer ficaram conversando, e eu só observando se Bruno chegava logo. As vezes meu olhar se encontrava com o de Caio e ele me olhava sério, ele percebia que eu estava ansioso pela chegada de Bruno, e parecia não gostar. Eu não conseguia entender o porquê.
- Deixa eu adivinhar, você já tem esqueminha pra hoje né Lipe? – Falou Fernando em tom de brincadeira. Fiz uma careta pra ele e comecei a rir.
- Não é esquema não seu trouxa. É só um um amigo que eu conheci na faculdade, e sempre me chama sair e tal, e nunca vou, daí hoje chamei ele pra vir com agente.
- Amigo que fica no seu pé toda vez que vou te buscar né? – Falou Caio num tom seco. Dificilmente isso acontecia, mas parecia que a conversa estava o estressando.
- Você tem que conferir se ele é um rapaz de família, respeitoso. Descubra quais os interesses dele para com o Lipinho viu Caio. – Falou Fernando debochando da situação, nós dois sorrimos, mas Caio deu apenas um sorriso sem graça.
De longe eu vi ele, de calça jeans e uma camisa de manga, com listras azuis e brancas. O cabelo estava mais pra bagunçado que pra penteado, mas estava bonito. Ele estava sozinho, e quando olhou em nossa direção eu acenei, e ele veio em nossa direção. Quando chegou, me deu um abraço, cumprimentando e depois deu a mão pra Caio e Fernando. Logo eu fiz as apresentações. Fernando e Caio, principalmente, foram extremamente educados. Mas Caio quase não participava das conversas na fila, as vezes concordava com algo, ou ria. Mas nada mais do que isso.
- Mas então, como tu conheceu o Lipe? – Perguntou o Fernando, que falava pelos cotovelos. Caio apenas observava.
- Ah, foi no inicio do mês, demos um encontrão na rampa da área 2, ai depois sempre nos víamos na biblioteca. – Falou ele. Bruno era carismático, e conseguia conversar muito bem com todo mundo mesmo tendo conhecido a poucos minutos.
- Você faz engenharia né? Agente sempre vê você com os caras da Civil. – Perguntou Fernando.
- Pois é, são meus amigos. Mas, na verdade eu faço Arquitetura.
- Sério? E o que ce estuda na biblioteca? Nunca te vi desenhando nem nada. - O meu tom era de surpresa.
- Uai sim, não tenho só disciplinas práticas Felipe. Ou melhor, Lipe. – Ele olhou no meu olho e deu um sorriso de canto pra mim depois de falar.
- Felipe mesmo. – Disse Caio baixinho, só eu e Fernando ouvimos. Eu ignorei, Fernando morreu de rir.
Enfim chegou a nossa hora de entrar. Fizemos o chekin no hall de entrada e entramos com a nossa comanda. Bruno chamou agente pra dividir um combo, mas Caio insistiu pra ao menos o primeiro pagar sozinho. Dentro da boate Caio puxava comigo assuntos intermináveis, me tratando super bem, sendo super fofo. Fazia meu copo toda hora, dançava comigo, e quase não me deixava dar atenção a Fernando e Bruno, e pro resto do pessoal que agente conhecia. Eu não via situação com maldade, e afinal, eu gostava de estar com ele.
Bebemos muito, e dançávamos muito também. Lembro que o hit do momento era Don’t Stop The Music, da Rihanna. As vezes Bruno vinha conversar comigo, mesmo com Caio do lado, e tinha horas que ele chegava tão perto que parecia que ele ia me beijar. Mas a boate nem ao menos era mista, então não ali não ia rolar. Trocávamos olhares a todo o momento, pois ele não parava de olhar pra mim. Sempre que estávamos em um desses papos ou olhares Caio me chamava pra fazer algo, ir buscar mais gelo, ou mais energético, ou ir no banheiro... Mas ele sempre me distraia. Só hoje eu percebo o quanto eu era quadrado. Com classe e simpatia Caio repeliu Bruno de perto de mim a noite quase toda.
Por volta das duas e meia da manhã Bruno me puxou pra um sofá que havia próximo a gente , e sentamos. Caio estava distraído conversando com uma menina que era da cidade dele, e não viu na hora que me afastei dele.
- Nossa! Como tá lotado aqui né? Mas eu to gostando. Você tá lindo hoje sabia? – Bruno tentava falar no meu ouvido.
- Você também Bruno, tá lindo. Obrigado por ter vindo. – olhava nos olhos dele enquanto falava.
- Seus amigos são legais. O Fernando é muito engraçado. Mas Caio é mais tímido, é isso?
- Ah o Caio é mais na dele...
- Você vai embora com quem? Eu to de carro, posso ir deixar você em casa... Pra gente conversar melhor. – Ele dia no meu ouvido, discretamente acariciando a minha cintura. “Ah malandro, eu sei a conversinha que você quer ter” pensei, comigo mesmo.
- Bom, não sei, eu vim com o Caio. E ele mora perto do meu prédio... Na hora que agente for embora agente decide isso. – Eu disse finalizando o assunto. Eu não sabia se eu realmente queria ir embora com o Bruno da balada. Não fazia muito tempo que eu havia me ferrado por facilitar as coisas. E então senti uma mão no meu ombro, era o Fêr:
- Lipe, Caio tá passando mal no banheiro e pediu pra eu te chamar.
- Sério Fer? Mas ele nem bebeu tanto, ele tá bem? – Já falei me levantando, e Bruno se levantou também perguntando o que havia acontecido.
- Caio passou mal, vai lá Lipe, que eu fico aqui com o Bruno . – Fernando pôs a mão no ombro de Bruno quando ele fez menção de ir no banheiro comigo também, e Bruno assentiu e ficou junto com ele.
Atravessei a boate com certa dificuldade, era sexta, a casa estava lotada. Até que cheguei no banheiro. Eu só havia visto Caio passar mal bebida uma única vez, quando ele tinha sido escolhido pra representar RI num jogo etílico do InterPUC, onde ele tinha que virar tequila até não aguentar mais. Quando eu cheguei no banheiro Caio estava sentado em uma poltrona com o a cabeça apoiada na mão, olhando pra porta. Comecei a rir e disse:
-Nossa, mas já? Ta cedo ainda. Você bateu todos os meus recordes.
- Não to bêbado, só acho que essa Vodka não fez bem pro meu estomago. Eu ne jantei antes de vir. – Caio disse com uma voz sem empolgação e com um olhar não muito alegre no rosto. – Vamos embora comigo Lipe? Não queria ir só. Mas se você quiser ficar... – Disse ele com uma carinha de cachorro abandonado e sofrido. Eu sorri de lado.
- Uai, vamos então. Agente passa em algum lugar pra comer. Aí você melhora. Deixa só eu me despedir dos meninos... – Na verdade eu queria mesmo era me despedir de Bruno, pois ficaria feio eu ir embora se avisa, eu o havia convidado.
- Não Lipe, por favor, vamos logo. Eu não to bem. – Ele disse baixinho.
- Tá bom então... eu passo uma mensagem pro Fer e pro Bruno explicando. – Dei a mão a Caio e ajudei ele a levantar – Vamos então...
No caixa da boate, enquanto pagávamos a conta, eu mandei uma mensagem pra Bruno: “ Bruno, desculpa ter ido sem avisar tá? É que o Caio tá mal, daí não quis deixar ele ir embora só. Beijão e se cuida.”
CONTINUA!
Galerinha, mais uma vez obrigado pelos comentários! Não moro mais em Goiânia. Me mudei logo depois que formei. E sim, o Caio ainda faz parte da minha vida, só não posso dizer ainda se é só comigo amigo ou não. demorei pra perceber que na época Caio gostava de mim, mas acredito que tudo acontecesse do jeito que é melhor pra gente. beeeeijão :)