Falar aquilo foi como um bálsamo, um alívio pra minha alma. Eu finalmente admiti que amava o Gahardt, um outro cara, e que além disso era dois anos mais novo que eu. Sinceramente, hoje eu nem sei o que era loucura maior, esconder ou revelar isso. De maneira alguma aquilo poderia acabar bem.
-Eu imaginei, amigo! Você pelo menos admitiu, isso. Agora, tens uma boa jornada pela frente, pra aprender a se amar do jeito que você é.
- Eu sei, Brunno, mas essa é a parte mais difícil pra mim.- eu estava deitado na minha cama e olhava pro teto do meu quarto. Me sentia ao mesmo tempo vazio por dentro e cheio, cheio do amor que sentia pelo Guê.- e agora eu tenho tanta coisa pra pensar. Não posso simplesmente deixar a Vânia assim, ela já está passando por um momento difícil. E eu nem sei como é "ser gay".
- Hum. Agora eu fiquei curioso, o que está acontecendo com a Vânia?- Brunno perguntou. Ele era novo na escola, então não conhecia a Vânia.- posso saber?
-Ai, Brunno,pra encurtar uma longa história, a mãe dela teve que fechar o restaurante da família, que é Super simples, porque o pai dela teve um AVC. E quando isso aconteceu, os funcionários da fazendinha deles roubaram muitas coisas de lá.- eu expliquei sem vontade- eles moram no interior, ela mora aqui com uma irmã mais velha e uma tia. A mãe cobrou que ela ou a irmã voltassem, mas como a irmã faz jornalismo, não acho que vai querer ir.
-Olha, amigo, eu não quero tripudiar em cima da desgraça alheia, mas essa é uma boa oportunidade de você se separar dela. Ela provavelmente vai ter de viajar, então...- Brunno falava sem maldade- deixa ela em paz e segue com sua vida, menino!
- Ai, Brunno, eu sou um covarde! Eu não sei se consigo, ela é importante pra mim, sério!
Bom, deixa isso pra lá, minha intuição feminina me diz que isso vai se resolver sozinho.
-Intuição feminina? Sei, Brunno... - só o Bruninho pra me fazer rir naquele momento- por falar nisso, me conta, como é ser gay?
- Agora você me pegou de vez, eu não sei dizer isso- ele disse- você tem que viver, mano!
-Então me diz pelo menos como foi sua primeira vez, seu primeiro beijo, sei lá. O meu foi contigo, né!-de verdade, não consegui ficar com raiva do Brunno por causa daquele beijo, mas não me sentia atraído por ele- me fala, eu preciso saber o que é esse mundo!
-Ai, aí já facilita, né!- Brunno riu- Bem, minha primeira vez e meu primeiro beijo foram com o mesmo cara! Ele é um amigo da minha mãe, e deve ter uns quarenta anos. Ele sempre ia lá em casa e eu sempre soube que eu era gay, nunca me enganei.
-E você nunca ficou com mulher, Brunno?
-Meu querido, de racha eu quero distância! Credo!- Brunno não era muito afeminado, mas dava pra perceber que era gay, especialmente em frases como essa-mas o que importa é que ele sempre me olhava de um jeito diferente, com desejo. Um dia ele foi na minha casa perguntando pela minha mãe e eu disse que ela tinha saído, mas eu sabia que ele sabia disso. Ainda assim ele pediu pra esperar por ela lá dentro. Aí, eu deixei. Fui à cozinha pegar um suco pra ele e quando eu estava de costas pra porta, lavando um copo, ele veio por trás me encoxou e me abraçou apertado...
-Fala, cara, eu tô curioso pra saber como foi- eu já tava era de pau duro- me diz, você não ficou com medo da tua mãe chegar?
- Não. Eu sabia que ela ia demorar bastante. Então aproveitei, me virei e ele me deu um beijo de tirar o fôlego!- eu estava imaginando o beijo, se teria sido tão bom quanto o que ele me deu- Ele desceu as mãozonas pelas minhas costas e aperteu minha bunda com força, mas não doeu, foi bom. Nos beijamos mais um pouco e ele me pediu pra irmos pra sofá, que era mais confortável pra namorar, como ele mesmo disse. Fomos e ele foi logo arrancando minhas roupas e chupando meus mamilos... Que sensação maravilhosa! Fui ao céu! Ai, e que mãos aquele coroa tinha...
- Como ele é? Tipo, fisicamente.- eu queria saber de cada detalhe!- descreve ele.
-Ai, ele é moreno, cabelos bem pretos, ondulados e cortados baixo. Tem um rosto bonito, uma carinha de safado... Ele sorri de um jeito muito sexy!- eu absorvia cada palavra do meu amigo e imaginava a cena em detalhes- ele não é saradão, mas tem um corpo legal pra quem tem mais de 40, tipo peitoral forte, pernas grossas, e o peito com pelos, mas acho que ele apara. Ele me jogou no sofá e chupou meus mamilos de novo, aquilo me dava um tesão enorme, eu gemia sem parar. Enquanto isso ele já estava tirando meu short e minha cueca, me deixando peladinho... Nossa, amigo, eu delirava quando ele chupava meu pescoço, me deixou uns três chupões, depois tive que cobrir com uma base da minha mãe pra ela não ver.
- Puxa, você é tão branco! Deve ter ficado roxo!
- Sim! Mas valeu a pena. Eu usei os pés pra empurrar a bermuda dele pra baixo, já ficando em posição de frango assado- eu sabia o que era, mas nem imaginava que dava pra dois homens transarem de frente!- ele desceu e enfiou a língua gostosa dele no meu cuzinho, dizendo "hum, que rabinho apertadinho, cheiroso". Ai, você precisa experimentar! Nossa, eu me contorcia, é como uma onda de prazer que sobe de lá e meche com seu corpo inteiro... Ele fazia aquilo gemendo, como se estivesse sentindo prazer em me chupar o cu. Então ele parou, sentou no sofá e disse "sua vez, gatinho, chupa o tio, chupa".
-Brunno, "tio"? Quantos anos você tinha?
- Já tinha quinze, menino. Já sabia muito bem o que queria. Pois ele me pôs ajoelhado na gente dele e me pus a lamber o caralho dele. Era grandinho, uns 18 cm. -não acho 18 grande, o meu tem 18. E eu sou alto, então é proporcional.- então eu segurava pela base e ele estava duríssimo, e meti todo na boca... Eu no começo não gostei, mas depois achei foi bom. Hoje em dia dou valor num cacete! O dele era grossinho e reto. Cabeça rosinha, pequena. Chupei muuuiitoo! Ele gemia tão alto que fiquei com medo de alguém ouvir, mas eu também amava estar sendo a fonte de prazer daquele macho. Ele disse que ia gozar e pediu pra eu parar.
- Porque? Ele não queria gozar?
- Não na minha boca, né? Não foi nesse dia que provei uma porra pela primeira vez...- Brunno falava de um jeito que eu imagino até hoje que ele estava relembrando da transa e se excitando naquele momento - ele me levou pra cama no meu quarto, é de casal. Fiquei de quatro e ele linguou meu cuzinho de novo, ele me deixava doido com aquilo. Depois ele veio por trás e se encaixou por cima das minhas costas, sentia seu hálito morno na minha nuca, seu pau cutucando meu buraquinho... Ai, delícia... Ele perguntou "posso meter?" Eu disse "vai com calma que eu sou virgem..." Nossa, parece que entrou um caboco naquele homem... Ele ficou doido quando soube que seria meu primeiro macho!
- Doeu? Ai, eu não sei se quero dar, não, Brunno!
- Hum, tu falas isso agora, deixa um gostoso te pegar de jeito pra tu ver- disse Brunno rindo- mas então... Ele pegou uma camisinha e foi colocando a rola na entradinha, que tava molhadinha da saliva dele. Ele passou um pouco de lubrificante, ele foi preparado pra me comer, o safado! Quando foi entrando, doeu sim. Demorou uns dois minutos pra sentir os pentelhos dele na minha bunda. Tinha entrado tudinho. Ele deixou eu me acostumar com o caralho dele por em tempinho, mas ele estava excitado demais, logo começou a bombar e rebolar atrás de mim... Ai, a dor foi passando e eu estava amando! Ele é muito bom de foda, dava uns tapas fortes na minha bunda, ficou toda vermelha. Ele não gemia, ele urrava! Estava indo cada vez mais rápido, metia forte e puxava meu cabelo, me chamava de meu putinho, gatinho do tio, safadinho... Eu adorava! Logo ele pediu pra eu deitar de costas e levantou minhas pernas. Meteu no meu cuzinho e foi se deitando sobre mim... Oh, delicia de beijo, viu! E eu só rebolando e apertando ele com força... Até que ele disse que ia gozar. Pedi pra ele gozar dentro, bem gostoso... Ele urrava de prazer, tremia todinho, mordeu meus lábios com força, até sangrou um pouquinho! E gozou em mim. Foi o dia mais perfeito da minha vida!
- Nossa, Brunno, mas esse cara te deixou todo marcado!- nessa época eu me assustava com pouca coisa- sua bunda, seu pescoço, sua boca...
Que nada, amigo, desse jeito que é bom! Deixa acontecer contigo pra tu ver!
- E depois? Ele ficou aí esperando tua mãe? Que desculpa vocês deram?
- Mas quando, menino. Ele só queria me comer. Depois disso nós tomamos banho e ele se despediu e foi embora, nem falou mais da minha mãe. Mas disse que voltaria outro dia pra gente repetir trepada...
- E voltou? Vocês transam até hoje?
- Não transamos até hoje, mais ele ainda foi lá em casa umas cinco, seis vezes mais. Depois foi transferido pro nordeste, de vez em quando minha mãe fala com ele por telefone, email.
- Puxa, Brunno, me conta mais sobre suas aventuras, vai... Eu morro de curiosidade nessas coisas, fiquei até imaginando a foda de vocês!
- Ai, amigo, conto sim... Deixa eu ver, vou te falar como conheci meu primeiro namorado...
E assim Brunno começou a narrar suas aventuras românticas e sexuais. Ele era só um ano mais velho, mas pense! Aquilo já era tão rodado que podia receber o apelido de CD. Mas o importante é que as coisas que o Brunno falava despertaram minha curiosidade e também me fizeram ver que o mundo gay não é o monstro de sete cabeças que eu pensava. Rolava sexo, amor, paixão, desilusões, brigas... Tudo normal. A diferença é que era entre dois homens, né? E como eu era ignorante a respeito de tudo isso! Por isso eu bebia as palavras do Brunno como se fossem um copo de água gelada no meio do deserto. Aquela conversa durou horas, fomos dormir de madrugada. E isso se repetiu várias vezes durante aquele mês todo, adianto logo.
O importante é que aquela primeira conversa me deu confiança suficiente pra pelo menos pensar "eu posso ser feliz sendo quem e o que eu sou!" Brunno me ajudou a começar a perceber que não era errado ser quem eu era e eu vi que não tinha escolha.
Eu lutei tanto contra isso, me autoflagelei, orei, rezei, fiz promessa de ir na corda do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, arranjei uma namorada tão gata que todo mundo achava que ela era muita areia pro meu caminhãozinho, transava com ela pelo menos uma vez por semanas e fazia bem, com direito a fazê-la gozar na minha língua e no meu pau, mas nada disso adiantou. Eu passava meus dias pensando no Gehardt.
Foi depois daquela conversa com o Brunno que percebi que estava fudido do mesmo jeito. Afinal, ele era menor de idade, hétero e, pelo comentário que fez sobre não gostar de viados, também era homofóbico. O que eu poderia fazer,senão me afastar e rezar pra essa paixão aquietar e esse amor morrer? Mal sabia eu que esse era o menor dos meus problemasNa outra semana na escola, eu deveria ter previsto a sequência de problemas que viriam. Começou quando a Paula já chegou me abraçando, me dando beijinho no rosto, me pedindo desculpas pelo tapa que me deu.
- Me perdoa, Doni, não quis te machucar e agora eu pensei melhor nos seus motivos pra ter falado aquilo pro Otávio- ela falava me olhando nos olhos. Estranhei ela usar o meu apelido,fora minha família, só a Évora me chamava assim, mas deixei pra lá- você me desculpa e eu te desculpo, que tal?
- Nossa, Paula, que bom que você me perdoa- falei, puro e inocente como um bebê.- Eu é que tenho que te pedir desculpas pelo que eu fiz, mas eu não tinha escolha! Era isso ou ver meu pai fazer alguma loucura.
- Deixa isso, pra lá, querido. Vem, vamos falar com o resto do pessoal.
Fomos entrando no pátio e logo encontramos nosso grupinho. Cumprimentei a todos e Gehardt veio pra perto e disse:
- Pô, cara, eu faltei na sexta, então nem pude falar contigo depois da tua suspensão. Você tá legal? - ele perguntou olhando pra cima. Eu era quase uns 20 cm mais alto que ele- teus pais te bateram?
Eu só olhava pra ele desejando aquela boquinha rosada, desejando que estivesse colada na minha. Mas logo respondi:
- Não, cara, não me bateram. Eu tô bem, sim.- eu não podia ficar perto dele muito tempo, era tóxico pra mim, me matava aos poucos tê-lo ao mesmo tempo tão perto e tão longe. Virei oro pessoal- galera, vamos subir, que a aula já vai começar?
Subia as escadas na frente de todo mundo e tentei focar na aula de química.
No intervalo, deixei o Neto e o Gahardt descerem, mas pedi pra Évora, Brunno, Maria e Paula ficarem pra conversarmos. Decidi contar pras três que finalmente eu tinha me aceitado como gay, ou pelo menos bissexual, e que estava apaixonado pelo baixinho fofo. Queria ajuda pra esquecer o Guê, eu não poderia ficar com ele, mesmo.
- Meninas, eu preciso contar uma coisa pra vocês- eu falei olhando para o chão- eu não quero esconder isso de vocês que sempre me apoiaram.
- Ah, já até sei o que é- disse a Évora- que bom que tu estás lidando melhor com isso, Doni.
- Ai,fala logo que eu já estou até ficando nervosa, Donovan!- disse a Maria. Paula só me observava- O que é.
- Meninas, eu descobri que sou bissexual.- como eu tinha namorada, achei que dizer que era gay era precipitado demais- e estou realmente lidando e aceitando melhor isso na minha cabeça agora, especialmente depois de uma conversa que tive com o Brunno, uma não, nós conversamos direto esse fim de semana. - eu estava nervoso com a reação delas- o que vocês estão pensando?
- Amore, sabes que eu te amo, e isso não vai mudar nada entre nós- disse a Paula, me abraçando.- Vou estar sempre do seu lado, ok?
-Isso é contra minha religião, você sabe, mas não influencia minha opinião pessoal sobre você- disse a Maria, que era protestante, da Assembleia.- você continua a ser meu amigo, independente disso.
Ela levantou e me deu um beijo lo rosto.
- Agora tem mais uma coisa. Eu estou apaixonado por um cara, alguém que jamais vai me querer. E quero ajuda de vocês pra esquecer dele.- eu disse olhando pra todos.- Eu não posso e acho que nem devo concretizar essa paixão, então, por favor, me ajudem.
Logo, Maria e Paula olharam para o Brunno, mas ele fez uma careta e riu, fazendo que não com a cabeça. Évora e ele sabiam de quem eu falava.
- Não, meninas, não é o Brunno.- eu ri- é o Gehardt.
- Mas credo, tamanho tampinha, nem bonito é- disse a Maria- Mas antes fosse o Brunno mesmo! O Gehardt parece gato pirento, de bonito só os olhos!
- Ah, vai, amiga, ele tem seu charme.- disse a Évora- mas ela tem razão, seria legal ver você e Brunno juntos, os dois altões, um moreno e o outro branquelo, vocês fariam um lindo casal!
- Ei, o Brunno é meu amigo. E eu tenho namorada, lembra?- eu disse rindo- Mas então, vão me ajudar?
- Claro! No que for possível, conta comigo!- disse Maria.
- Eu vou é te apresentar uns bofes beeem melhores que esse Toquinho de amarrar onça, viu- falou a Évora - conheço uns gatinhos...
- Sempre, né amigo?- falou o Brunno.
- Meu amor, é claro que te ajudo, fico até feliz com isso... - disse a Paula.
Agradeci a todos o logo o sinal tocou. As aulas transcorreram normalmente, e Gehardt acabou encostando em mim de novo. Meus amigos olhavam com pena. Eu ouvia risadinhas lá de trás. Realmente, olhando assim, dava pra pensar que éramos namorados. Mas ele era corajoso, sabia dos boatos, mas achava que eu não era gay, então não ligava.
Depois da aula, fiquei arrumando meu material e todos desceram. Demorei um pouco mais, não lembro porque. Mas Évora ficou pra trás comigo. Quando descemos e passamos em frente a área da cantina, vimos um casal aos beijos num canto escuro. Reconheci o cabelo da Paula. Novidade, a Paula se agarrando com alguém... Toda semana era um menino novo.
Ela nos ouviu passando e virou, saindo da frente do menino. Era o Gehardt.