Parei por uns três segundos pensando na melhor forma de responder àquela demonstração dele.
- Sam, não posso aceitar isso.
- Claro que pode.
- Sam, você sabe. Eu gosto de outro...
- Outro que fugiu como um cachorro magro assim que eu dei as caras.
- Não fala assim do Thor. Ele precisou resolver umas coisas. - Defendi sem muitas convicção. - Mas sério Sam, eu sei que sou prostituto e tudo mais e deveria ficar superfeliz de ganhar esse presente. Mas eu sei que não é o presente de um cliente, é de um cara que está querendo me conquistar .
- Que cara mais idiota meu. Tu é um pé rapado qualquer, um zé ninguém. É um cara bonito, mas tu não tem nada na vida. Até outro dia nem o teu corpo te pertencia. Agora eu te ofereço uma vida boa. Te dei liberdade. Posso te dar grana, carro, moto, o que tu quiser. Que mais um viadinho como você poderia querer? - Falou ele em tom de deboche.
- Sam. - Falei calmamente. - Eu te respeito pra caramba. Mas eu não quero bens que só vão me tornar propriedade de outra pessoa. Eu quero pertencer a mim mesmo não a um idiota novamente.
- Está me chamando de idiota? - Falou ele me segurando pelo queixo como sempre fazia. - Você acha mesmo que alguma coisa em ti te pertence? - Completou puxando um canivete da roupa e pressionando contra a minha bochecha.
- Será que ainda ia ter muita gente te pagando por sexo se eu cortasse teu rosto todo? Eu poderia fazer isso agora mesmo e você perderia toda essa marra. Quem ia comer um michê com o rosto desfigurado? - A pressão que ele fazia com o canivete era tanta que tive medo da lâmina simplesmente adentrar minha carne.
- Por favor, Sam....
- Por favor é o caralho, já te fiz favor demais. Pensei que com o inútil do teu namorado sumindo você ia cair na real que eu sou o cara certo. Mas você só vacilou comigo, então já era para você. Não tem mais moto, não tem mais presente. Agora é só cacete no teu rabo, que isso tu nunca recusou.
Ele finalmente tirou o canivete do meu rosto e me jogou na cama. Fiquei lá jogado de costas, meus olhos cheios de lágrimas. Vi ele mexer em uma gaveta e tirar um tubo de gel. Voltou então para onde eu estava e puxou minha bermuda e cueca de uma vez, expondo minha bunda.
- Que rabão gostoso, não canso de olhar pra essa tua bundinha definida. Você usa camisinha nos seus programas né?
- Uso. - Falei.
- Beleza. Então vou enfiar no pêlo. Odeio camisinha. - Falou ele tranquilamente me fazendo me virar assustado.
- Não Sam, eu não transo sem camisinha.
- Porque não? Tu é doente?
- Não, claro que não.
- Então vou enfiar sim.
- Eu tenho medo de pegar algo. - Falei cauteloso e pela segunda vez ele me apertou o queixo.
- Tá indinuando que eu tenho doença?
- Não Sam, é pela minha sáude. Entende cara.
- Entendo porra nenhuma. Pode virar a bunda que vou meter em você.
- Cara, não vou fazer isso... - Minhas palavras foram interrompidas por um forte tapa no rosto.
- Aquele viadinho do teu namorado com certeza te enfiava o pau sem camisinha.
- Não Sam, nem ele... - Outro tapa, dessa vez o olhar dele ficou furioso e novamente me apertou o queixo com muita violência.
- Não mente para mim, porra. Você está me tirando do sério. Vira a porra dessa bunda agora pra eu meter ou eu enfio uma bala no meio da tua testa e chamo alguém limpar o lixo do meu quarto. Você pode sair daqui só com esses dois tapinhas e o cu ardido ou moído de pancada e com o cu ardido. Escolhe agora, escolhe AGORA...
Eu tremi por dentro lembrando do terror que era a casa do Bill, pelo menos ali eu sairia quando acabasse, no Bill eram vinte e quatro horas de terror. O Sam estava muito alterado e não imaginei nada que eu pudesse fazer para acalmá-lo. Nada exceto ceder aquele desejo. Me virei e fiquei me quatro na cama.
Aquela foi uma das transas mais horríveis de toda a minha vida. Até na noite que transei no apartamento, angustiado por causa do Thor, senti prazer com o Sam. Mas daquela vez eu só senti medo, dor por não conseguir relaxar. Fiquei imaginando se não estava contraindo alguma doença. A sensação da pele na pele, do sexo com o sexo, sem a camisinha isolada, que me dava tanto prazer quando era com o Thor, na confiança e cumplicidade de um relacionamento, ali apenas mutilavam todo o prazer que eu poderia vir a sentir.
O ápice daquela sensação horrível foi seu orgasmo, ele urrou alto enquanto senti os jorros de leite quente nas minhas entranhas. Senti seu suor pingar nas minhas costas enquanto seu pênis que perdia a rigidez abandonava o meu corpo.
Me levantei em silêncio e vesti minhas roupas.
- Foi mal, Dee. Ter te tratado assim. Mas eu só quero te agradar e tu me tira do sério, poxa.
- Tudo bem, Sam. Te entendo.
- Entende mesmo? - Indagou novamente me segurando pelo ombro com carinho.
- Entendo cara. Agora me deixa, ir. Preciso ir para casa.
- Certeza que não quer a moto?
- Sim. - Falei.
Ele não voltou a insistir, mas chamou um dos seus comandados e mandou que fosse me deixar em casa em outra moto. Quando cheguei, agradeci ao rapaz que me levou e subi as escadas apressado. Estava com pressa de um banho, precisava me livrar dos sinais daquela transa. Eliminar os eflúvios dele que corriam dentro de mim.
Quando abri a porta a Nic estava na sala vendo TV. Ela pareceu captar algo no meu olhar e levantou-se e me segurou quando passei por ela.
- Espera menino. Aconteceu alguma coisa? Você está diferente.
- Aconteceu Nic. - Falei com as lágrimas caindo. - Eu quero matar o Sam.
Continua...
P.S: Pessoal, desculpem não ter aparecido ontem. Tive um estresse enorme com uma empresa, e só consegui resolver após as 23:00 horas. Mais tarde volto com novas postagens.