Adormeço abraçado na camisa. Isso estava indo longe demais, eu estava sendo arrastado para um poço de sombras outra vez. Tinha que fazer ou iria entrar em depressão outra vez, mas...
O que fazer?
Será que eu deveria dar um voto de confiança a Henrique ou esquecer o que ele disse?
Eu não estava apaixonado por ele, mas ele era lindo e parecia ser legal. E era baseado nisso que minhas dúvidas floresciam. O que ele viu em mim? De qualquer forma se isso era verdade eu estraguei tudo com a cena que eu tinha feito mais cedo.
Quem iria querer namorar um louco com dificuldade em se comunicar e com baixo alto-estima do tamanho do universo?
Acordo com pedras sendo arremessadas na minha janela. Levanto-me e vou ver quem é... Henrique! O que ele estaria fazendo aqui? E por que estava com minha mochila nas mãos?
Desço as escadas em um embalo louco e vou logo abrindo a porta. Quando fico na frente dele não consigo olhar em seus lindos olhos verdes.
_ Eu queria falar com você... Eu posso? _ Ele diz isso me entregando à mochila que estava em sua forte e grande mão.
_ Sim... Eu quero pedir desculpas por mais cedo.
_ A culpa foi minha, eu deveria ter ido mais devagar. Pedro me contou o que aconteceu na Oitava série, eu realmente não sabia!
_ A culpa não foi sua, eu é que pirei geral! É que... É tão... Difícil acreditar que alguém como você pode gostar de alguém tão patético como... Eu.
_ Ei você não é patético, você é lindo e eu gosto do seu jeito. E, não imitando o vampiro cintilante, eu sinto vontade de proteger você! Por favor, me dá uma chance?
Ele pega meu queixo e o ergue, depois ele encosta os lábios dele nos meus. Era tão bom, eu nunca havia me sentido tão especial. Desgrudo nossos lábios e pergunto:
_ Promete que isso não é uma aposta ou outra armadilha para eu ser humilhado novamente?
_ Prometo! Você pode confiar em mim!
Eu o levo para de trás de uma arvore, pois eu não queria que o meu pai nos visse, e colo minha boca na dele. Sua língua sôfrega procurava a minha com muita necessidade e suas mãos passeavam pelas minhas costas, como se ele estivesse se segurando para não fazer uma besteira.
_ Dinho!
Minha mãe me grita estragando o clima.
_ Fica aqui e depois sai tá bom?
Eu vou saindo, porem ele segura meu braço me impedindo de sair.
_ Eu não quero namorar escondido!
Namorar? Nossa ele realmente estava gostando de mim!
_ Me deixa só ajeitar as coisas lá em casa.
_ Ok!
Ele me dá um selinho e eu vou para casa, pois minha mãe já estava no terceiro grito.
_ Onde tu se meteu? Me ligaram da escola dizendo que você não havia assistido aula!
_ Eu estava com dor de cabeça...
_ Essa cara não é de quem estava com dor de cabeça, não! Como é o nome dele? Quero conhece-lo e rápido!
Nossa! realmente não dava pra esconder nada da minha mãe.
_ Henrique!
Ela me olha com aquela cara de juíza e diz:
_ Quais são as intenções dele com você?
_ Ele me disse que não quer namorar escondido!
_ Traga ele aqui às três horas para comer um lanche, ah e por enquanto é melhor que seu pai não saiba nada disso.
Meu pai chegou do trabalho e a conversa parou ali! Minha mãe falava uma ou duas coisas e meu só respondia com monossílabas.
Enfim acabou aquele almoço e eu vou na casa da frente. Bato na porta e ele atende com uma cara de sono muito fofa!
_ Eu te acordei? _ Eu pergunto depois que ele me convidou para entrar.
_ Não, quer dizer eu ainda nem tinha começado a dormir direito! Mas o que te trouxe aqui? Além das pernas, é claro.
Ele começa a rir e eu também.
_ Minha mãe quer você na minha casa às três horas. _ Eu despejo tudo sem respirar!
_ Uau você foi bem rápido, hein?
Ele diz isso com um sorriso travesso.
_ Me desculpa, mas ela olhou na minha cara e já quis saber quem eu tava namorando, não sei como ela faz isso e eu não queria mentir... _ Eu já estava com medo dele está bravo.
_ Calma, Dinho! Eu não estou bravo... É bom saber que a sogrinha quer me conhecer!
_ Hum, mas e seus pais?
_ O que tem eles?
_ Será que eles vão me aceitar?
_ Eles morreram já faz dois anos!
_ Eu sinto muito!
_ Não sinta, eles eram ótimos pais. E eu tenho certeza que eles estariam me apoiando!
_ Você mora sozinho aqui?
_ Sim, mas espero que não por muito tempo.
E eu é que sou rápido?
_ Hehehehe, então eu já tô indo! Te vejo às três horas, tchau.
Eu saio de lá antes que eu ficasse mais vermelho. Chegando em casa vou direto pro meu quarto falar com meu confidente.
“Querido diário,
Eu sei que tomei uma decisão arriscada, mas eu precisava disso. Como eu disse o mal me persegue e eu não posso evita-lo. Mas eu posso me preparar para o bem e quando ele vier eu posso aceita-lo, porque todo mundo precisa dele... Eu preciso. ”
O relógio faz tique-taque, tique-taque, tique-taque. E enfim às três horas chegam.
Foi muito legal, tirando a parte que a minha mãe o ameaçou apontado a faca para o meio das pernas dele dizendo que ia cortar o ‘brinquedinho’ dele, se ele estivesse só brincando comigo.
Quando dá cinco horas ele diz que precisa ir embora e eu o acompanho até lá fora.
_ Sua mãe é muito legal! _ Ele diz já fora de casa.
_ Eu fiquei assustado na hora da faca!
Nós começamos a rir e ele do nada se ajoelha.
_ Que namorar comigo?
Eu fico pasmo:
_ Pensei que a gente já tivesse namorando!
_ Fala que sim logo, não estraga o clima!
Eu o pego pelos ombros, o levanto e digo:
_ Você disse que queria me proteger e aceito isso, mas você não pode me proteger de joelhos.
_ Nossa que bom que você pensa assim, eu estava me achando um ridículo. Mas então: aceita ou não?
_ É lógico que sim!
Eu o beijo e agora sem medo! Eu não estava nem aí pra nada, nem pra ninguém... Quer dizer só para o maravilhoso rapaz que estava me devorando com a boca.
Contnua...