ENTRE HOMENS CAPITULO XIV – UM SONHO DE VERÃO
A nossa saga continua espero que goste deste capítulo... Muitas coisas ainda estão por vir... lembre-se de uma coisa... O AMOR NUNCA MORRE...
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Como Taumaturgo estava deveras cansado e também muito envolvido intimamente com os últimos acontecimentos, quando chegara à fazenda apenas pensara em descansar, caiu morto e desmaiado na cama. Sendo cuidado por Miguel, seu peão namorido. Que tirou sua roupa deixando apenas com a peça íntima. Miguel resolveu tomar um copo de água antes de dormir. Andava sem nenhuma preocupação aparente. Passou pelo corredor que apenas podia enxergar alguma coisa por causa da penumbra. A única coisa que iluminava era uma luz oriunda do fim do corredor. Quando se aproximou do balcão da cozinha que fica no meio da mesma, pode observar apenas uns pés. Logo correu para mais perto pra ver o que estava acontecendo quando se depara com Enzo desmaiado no chão.
“Enzo, Enzo, Enzo... acorda!” falou Miguel tentando reanimá-lo sem muito sucesso. “Enzo acorda rapaz!” Continuava em vão na sua tentativa de acorda o modelo que estava inerte no chão frio da cozinha.
Miguel então o carrega nos seus braços fortes até o seu quarto. Mas quando já estava sendo posto na cama, Enzo começa a murmurar algumas palavras:
“Não, não, não, me deixa em paz!”
“Quem tem que te deixar em paz?”
Enzo sem saber o que estava dizendo num reflexo dá um selo em Miguel, cujo peão o deixa na cama. Aos poucos o modelo vai recobrando. Abrindo os olhos lentamente, vendo tudo ainda embaçado, logo toma um susto pois não sabia quem estava diante dele.
“Ahhhhhhhh, nãoooo...”
“Calma rapaz sou eu o Miguel. O que houve?”
Enzo ainda muito traumatizado com a voz que escuta horas antes e diante do susto que tomara, tentou apenas ficar sentado junto à cabeceira da cama, o que não era possível, pois ainda estava meio tonto. A cabeça pesada, talvez por passar muitas horas desacordado no chão frio.
“Não sei, apenas saí do quarto para tomar água... estava chovendo muito... e quando voltei pro quarto e não me lembro de mais nada.”
“Estranho! Mas está tudo bem com você?”
“Obrigado Miguel está tudo sim. Valeu por ter me trazido pra cá. Onde eu estava mesmo?”
“Você estava jogado próximo do balcão da cozinha. Talvez você passou horas lá desacordado.”
“Vou tentar descansar. Mais uma vez obrigado por tudo.”
“Vou dormir mano. Tivemos uma noite cheia de emoções. E ainda estamos ruminando todas as informações.”Passaram-se dois dias, na fazenda Paraíso
Retorna Humberto, já recuperado das lesões que sofrera depois da briga que tivera com Taumaturgo. Seu Fernando providencia um quarto provisório para que o Humberto fique hospedado.
“Vamos fazer um almoço festivo, quero comemorar a vida de Humberto em nosso meio. Este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e fora achado.” Disse cheio de alegria no coração, seu Fernando apontando para Humberto.
“Nossa! Nosso pai está muito feliz mesmo, não é Humberto?”
“Posso te chamar de mano, Taumaturgo?”
“Claro, agora você faz parte da família.” (risos)
“Seu Fernando posso convidar uma pessoa para o almoço?” disse Humberto ainda meio acanhado e olhando para o chão meio desconfiado.
“Seu Fernando! Chame-me de pai, papai, paizão.”
“Eu ainda tenho que me acostumar com tudo isso ainda é tudo novo pra mim.”
“Quem você quer chamar para o almoço?” disse-lhe Fernando.
“A Rita, seu Fernando... desculpa, pai.”
Miguel e Taumaturgo se entreolharam e se cutucaram mutuamente. Então Miguel falou: “Rita, é isso rapaz, sei que você arrasta um trem por ela!”
“Nossa dar pra perceber isso?”
“Claro... sempre notamos isso, até mesmo a Rita já percebeu isso. Estamos torcendo por vocês dois.” Concluiu Miguel.
“Valeu Miguel, desculpa por tudo cara, eu fui muito egoísta mesmo. Você e o meu irmão são legais e eu apenas procurei fazer o mal a vocês. Espero de coração poder reparar meus erros.”
“Rapaz me dar um abraço aqui, agora sou o teu cunhado.” (risos) E continuou dizendo: “Bom alguém nessa família tem que trabalhar né!” Saiu deixando todos na sala e se dirigiu aos seus afazeres na fazenda como um bom peão. Mas antes deu um selo em Taumaturgo e disse diante de todos os presentes que o amor de sua vida tinha nome e coração, que era o anjo mais lindo do mundo.
Após Humberto se recolher ao seu aposento provisório, Taumaturgo resolve ver como está Enzo. Adentrando em seu quarto o encontra ainda meio entre dormindo e acordado.
“Oi primo, como você está?”
“Estou bem Taumaturgo.”
“O Miguel me disse que te encontrou desacordado na cozinha. Está tudo bem mesmo Enzo?” Falou com um tom de preocupação.
“Claro, foi apenas um incidente, talvez o teu peão deva ter aumentado a história... estou muito bem obrigado. Além do mais já sei me cuidar, priminho.” Disse com um sorriso amarelo.
“Espero que esteja tudo bem mesmo. Mas quero te dizer uma coisa. Estou te achando muito diferente desde que você voltou. Parece que você está mais ansioso. Alguma coisa te aflige meu priminho?”
“Impressão sua Taumaturgo. Está tudo bem. Vim pra cá apenas pra fugir um pouco da agitação dos grandes centros. Sabe essa vida de modelo tem muito glamour mais também muitas cobranças. Somos a todo o momento cobrado pra manter uma boa aparência e participar de eventos que nem sempre nos agrada. Fazer o que né, ossos do ofício, faz parte do show.”
“Espero que aqui seja um ótimo lugar pra você descansar. Outra coisa vamos fazer um almoço pra comemorar a volta de Humberto.”
“Eu não te entendo Taumaturgo. O cara pintou e bordou com você, te humilhou, te agrediu, espalhou boatos sobre você e o teu peão, e mesmo assim você o considera como irmão e aceitou tudo numa boa?”
“Acho que perdão e misericórdia não são palavras que fazem parte do teu vocabulário não é mesmo Enzo?”
“Claro que não... no meu meio as pessoas são tratadas pela aquela regra ‘olho por olho, dente por dente’... por isso não entendo vocês passarem por cima de tudo isso e ainda acolherem esse cara aqui.”
“Só que esse cara também é o teu primo e meu irmão. Perdão é uma coisa que experimento a todo instante na minha vida primo. O amor de Deus é tão misericordioso que me deu tudo isso aqui sem eu mesmo merecer. Na vida devemos aprender agir com mais misericórdia, o grande ensinamento de Jesus foi esse sejam misericordiosos uns com os outros da mesma forma que o meu Pai o tem por vocês.”
“Tudo isso é lindo mais na prática não devemos ser tão tolos, ingênuos, o mundo não perdoa quem age assim priminho.” Falou com um tom de ironia olhando fixamente para Taumaturgo.
“O amor vence tudo Enzo. Devemos sempre acreditar nessa boa nova. O amor vence tudo, vence o mal, vence a dor, vence a morte. O amor nos traz esperança e vida nova. Sem ele não podemos olhar adiante e acreditar que podemos ser felizes.”
“Ok padreco, entendi seu recado, mas ainda continuo desconfiado desse tal de Humberto.” Após falar isso jogou o travesseiro que estava no seu colo contra Taumaturgo que apenas se defendeu.
“Espero que um dia você mude de pensamento.” Depois de exortá-lo Taumaturgo o deixou ainda descansandoO almoço em família
Com a mesa posta e todos presentes, seu Fernando tomou a palavra:
“Estou muito feliz, pois estamos celebrando a presença de Humberto em nosso meio. E também fico feliz que a nossa família está cada vez maior com a presença de Enzo e Rita. Não posso me esquecer do meu genro querido, Miguel e do meu filhão Taumaturgo. Por isso tudo façamos um brinde à vida, a vida de todos aqui presente, um dom que nos é dado, uma dádiva para não nos deixar solitários em meio ao caos da falta de amor que possa está por ai fazendo mal a muitas pessoas.”
Apenas escutávamos o barulho dos copos se confraternizando e das pessoas rindo ao redor da mesa. A mesa de fato revela quem somos e o que temos. Na mesa experimentamos o amor humano ou até mesmo o oposto. A mesa revela se a nossa casa tem em abundância ou não, ou do calor humano que por ventura dispensamos aos convivas que dela se aproximem. A mesma é o espaço por excelência da revelação da vida. Até mesmo Jesus fez isso aos seus amigos, se revelou como o Cristo ressuscitado ao se doar no Pão e Vinho aos seus amigos. A comunhão com Jesus é vivenciada quando experimentamos o que ele nos disse: ‘Fazei isso em minha memória’. O amor divino então se comunica e nos entrelaça no amor humano. A família expressa num núcleo menor o amor universal de Deus pela humanidade.
No nosso almoço tinha de tudo: carne assada, frango guisado, salada de verduras variadas, frutas vermelhas e muito suco natural de sabores diversos, uma verdadeira fartura. Parecia que estava posta para um batalhão do exercito. Coisas do seu Fernando, para ele a mesa tinha que sempre representar o que ele chama da celebração da família, tem que ser grande quanto tal. E seu Fernando tinha muitos motivos pra comemorar mesmo. A família aos poucos ia crescendo em número. Depois que terminamos o almoço começamos a nos dispersar por diversos ambientes, seu Fernando ficou conversando com Enzo; Humberto ficou de prosa com Rita e, Taumaturgo e Miguel foram até o pátio ficar um momento a sós.
Na sala de estar de encontravam apenas Humberto e Rita que começaram uma troca de olhares tímidos.
“Rita posso te dizer uma coisa?”
“Pode sim Humberto.”
“Queria te convidar para gente sair juntos. Pode ser?”
“Claro... eu tenho uma ideia melhor.”
“Qual seria a ideia?”
“Que tal a gente passar um fim de semana acampado próximo à cachoeira Paraíso?”
“Hum pode ser, mas seríamos somente nós dois não é (risos)?”
“Claro que não Humberto, vamos chamar o teu irmão e o Miguel.”
“Claro que sim.”
Então os dois se dirigiram ao encontro de Taumaturgo e Miguel que se encontravam no pátio e fizeram a proposta que logicamente foi aceita pelo casal. Seria um encontro de casais num lugar parasidíaco. Taumaturgo convidou Enzo para o passeio, mas o mesmo disse que não iria segurar vela pra ninguém e preferiu ficar na fazenda mesmo. Como combinado começamos arrumar as nossas coisas para um fim de semana que prometia muito para ambos os casais.
Chegamos já quase anoitecendo a cachoeira Paraíso. Aos poucos tiramos as bagagens do carro. Humberto e Rita armaram duas barracas, pois ainda não era um casal propriamente. Já Taumaturgo armara uma barraca para o casal de pombinhos. Fizemos uma fogueira no centro para nos aquecer devido à noite está muito fria. Como Taumaturgo tinha levado seu violão começou a tocar algumas músicas. Miguel ficava assando alguns tira-gostos, e por sua vez Humberto ficava abraçado a Rita na tentativa de aquecê-la do frio. O ambiente estava muito harmonioso, com o passar do tempo todos estavam fazendo um coro uníssono ao violão e voz do frade. Músicas diversas de todos os gostos como populares e até algumas românticas, afinal o clima estava convidando a isso.
‘Se você fosse lua
Dormiria contigo na praia
Entraria contigo no mar
Choraria o teu minguante
Seguiria o teu crescente
Habitaria teu luar
Se você fosse sol
Eu seria girassol
Tua luz seria meu farol
Amaria teu calor
O teu fogo abrasador
Queimaria por amor
Se você fosse vento
Queria você todo momento
Pra enrolar meu cabelo
Levantar a minha blusa
Arrancar-me um suspiro
Ser o ar que eu respiro
Se você fosse chuva
Eu me deixava molhar de prazer
Dançava na rua pra ter
Minha roupa bem molhada
Minha alma encharcada
Se chovesse você.’
Como Miguel ficara próximo da cerveja fazia a distribuição das mesmas aos presentes, até Rita não se fazia de arrogada e também tomava as suas.
“Toma a sua, cunhado.” Falou Miguel jogando uma latinha de cerveja na direção de Humberto.
“Caramba, Miguel esta aqui está bem gelada. Parece até um véu de noiva (risos). Estupidamente gelada. Pena que a noite não está tão quente, porque ai seria melhor ainda.”
Taumaturgo continuava sua noite de seresteiro animando a todos em sua volta. O frade realmente era um rouxinol, que voz perfeita, que encantava a todos os presentes.
‘Eu gosto tanto de você
Que até prefiro esconder
Deixo assim ficar
Subentendido
Como uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor obrigação de acontecer
Eu acho tão bonito isso
De ser abstrato baby
A beleza é mesmo tão fugaz
É uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor pretensão de acontecer
Pode até parecer fraqueza
Pois que seja fraqueza então,
A alegria que me dá
Isso vai sem eu dizer
Se amanhã não for nada disso
Caberá só a mim esquecer
O que eu ganho, o que eu perco
Ninguém precisa saber
Eu gosto tanto de você
Que até prefiro esconder
Deixo assim ficar
Subentendido
Como uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor pretensão de convencer
Pode até parecer fraqueza
Pois que seja fraqueza então,
A alegria que me dá
Isso vai sem eu dizer
Se amanhã não for nada disso
Caberá só a mim esquecer
E eu vou sobreviver
O que eu ganho, o que eu perco
Ninguém precisa saber.’
A noite ia avançando quando Miguel se sentou mais próximo de Taumaturgo. Ambos começaram a trocar selinhos.
“Não estamos incomodando vocês não?”
“Claro que não mano, relaxa, meu período de preconceito passou. Estou achando até bonitinho vocês dois se beijarem agora (risos).”
“Ainda bem, vocês sabem que existe muito radicalismo das pessoas de não aceitam de afeto homossexual em público. As pessoas falam de atentado ao pudor só porque vêm dois homens andando de mãos dadas em público.”
“Taumaturgo e Miguel entendo o que vocês estão sentindo agora. Mas entendam uma coisa o mesmo direito que o casal hetero tem de mostrarem afeto em público, o casal homossexual o tem, e nem pode ser diferente.” Disse Rita com certa empolgação.
“Nossa essa mulher é muita a frente de sua época (risos).” Falou Humberto apertando com um abraço Rita.
“Nada disso só não aceita injustiça social. Geralmente a sociedade estabelece dois pesos, duas medidas, pra mim isso não existe o teu irmão e o Miguel tem tanto direito quanto qualquer casal hetero.” Retrucou Rita.
“Acho que tem uma coisa que podemos fazer pra equilibrar isso aqui e agora?”
“O quê?” Indagou Rita.
“Isso...” Nesse momento Humberto reuniu toda a coragem e beijou Rita.
“Nossa finalmente Humberto tomou coragem, isso aí cunhado (risos).”
Humberto depois do beijo ao ver que a plateia estava esperando por esse desfecho ficou todo corado de vergonha. Rita não se intimidando com a plateia resolveu retribuir com um beijo mais ardente.
“Olha aí, eu ganhei uma cunhada avassaladora.” Falou Taumaturgo. “Como não quero ficar por baixo mesmo.” Tascou um beijo demorado em Miguel. Nossa o inimaginável se realizando ali, dois casais heterogênicos se amando muito.
“Mor vamos deixar os pombinhos a vontade queria ficar um pouco a sós com você.”
“O casal não se importa da gente dar um volta? (risos)”
“Claro que não maninho, pode ficar a vontade até mesmo demorar (risos).”
Miguel e Taumaturgo caminhavam de mãos dadas por um pouco de praia que tinha em volta da cachoeira, a paisagem era mais rochosa e menos areia. Quando o casal de pombinhos estava bem distante do acampamento. Começaram ainda mais trocas de carícias calientes.
“Mor eu te amo demais. Não sei mais viver sem você meu anjo.”
“Olha peão, será que eu acredito nisso mesmo?”
“Mor pode acreditar você me realiza como pessoa e como homem.”
“Eu te amo mais do que a mim mesmo, as vezes eu esqueço que eu existo, e sonho que tudo em você é a mais pura realidade!”
“Eu te amo!” Enquanto roubava-lhe beijos, Miguel persistia nessa afirmação entre um beijo e outro. “Eu te amo! Eu te amo! Eu te amo!”
“Eu pensava que nunca iria encontrar alguém tão especial quanto você Miguel. Mas Deus me abençoo. Hoje não sonho mais em ser amado. Já amo. Te amo minha vida!”
Passando a mão no semblante de Taumaturgo de uma forma carinhosa lhe diz:
“Já vi milagres acontecerem, mas nunca vi nada igual quando os teus olhos olham pra mim.”
“Oxi meu bebezão, hoje você está inspirado hein!”
“Você é a minha voz, você me faz sonhar, você me faz desejar mais, e olha que estou enfrentando o mundo pra está do seu lado. Imagina um peão de rodeios se entregando de coração a outro homem? Nunca me imaginei assim. Hoje vejo que não estou mais apaixonado. Estou realmente amando de verdade.”
O casal encontra uma rocha em que pudesse ficar sentado. Com o luar inspirador para iluminar os corações apaixonados, Taumaturgo recostou a sua cabeça no colo de Miguel que apenas acarinhava seus cachos castanhos claros.
O amor é algo realmente inexplicável como dois corações tão distintos podem em um momento da vida se encontrarem e dedicarem ambas liberdades para a mútua realização da felicidade? Já dizia o poeta Tom Jobim: “Nesta vida ninguém consegue ser feliz sozinho.” O amor é algo insondável, uma aventura inesperada, um sonho, um caminho percorrido por dois.
Sempre se sonha em encontrar alguém para se amar. Apenas esquecemos que o sonho tem que ter os pés nos chão. Ninguém é perfeito, tampouco perfeito na vida a dois. Cada pessoa tem sua história de vida, seus sonhos, suas verdades, uma raiz familiar, seus projetos, seus traumas e medos. Numa coisa temos algo em comum um coração disposto a amar. Somos duas almas que vivenciam uma grande amizade num corpo somente. Oh amado de minha alma adentra a minha intimidade para permea-la de felicidade. Sou teu, tu és meu. Somos seres em relação onde contemplamos e testemunhamos o amor.
O céu estrelado parecia o enfeite do teto do nosso quarto. A lua o nosso luminário natural. A brisa noturna nos envolvia e acalentava nossos corpos ardentes. Éramos os amantes mais lisonjeados e abençoados pela natureza. Venha solidão, onde tu estás que não compatível com apenas um ser amado apenas. O teu poder é potente, a tua graça uma desgraça. Onde estás que não consegue vencer um ínfimo do amor. Reporta-te para a exclusão, pois os amantes adentraram no templo da plenitude.
“Taumaturgo vamos dormir um pouco... amanha quero acordar do teu lado.”
“Meu peão, meu morzão, nem precisa pedir duas vezes, o meu corpo tem sede de ti. E só deseja em ti repousar.”
Abraçamo-nos efusivamente, parecia que nossos corpos eram um só sem nada que pudesse separá-los. Beijamo-nos ardente e demoradamente. Nossos olhos fixavam-se como num espelho que reflete a alma um para o outro.
“Mor vamos dormir...”
Acho lindo ver o Miguel como todo o seu jeito parrudão e de peão me chamando carinhosamente de mor, ainda mais com certo sotaque de caipira, dá um charme muito especial.
“Morzão vamos sim, hoje quero adormecer nos seus braços fortes. Quero sentir-me protegido.”
“Nunca se esqueça meu anjo sempre vou te proteger nem que seja preciso entregar a minha própria vida.”
Voltamos para junto de Rita e Humberto que nessa altura do campeonato estavam dormindo juntos na mesma barraca. Então nos deitamos na nossa barraca e dormimos de conchinha. Como é bom dormir sentir o calor do homem que se ama. É bom demais!Durante a madrugada quase amanhecendo alguém caminhava entre as barracas perambulando e revirando as cinzas que ainda estavam acesas. Quem poderia ser esse estranho, quem sabe futuramente saberemos.
Continua...