Arte e Sexo - Capítulo 1: A Arte de Trair

Um conto erótico de Mack
Categoria: Homossexual
Contém 2478 palavras
Data: 04/08/2013 23:40:41
Última revisão: 06/08/2013 16:17:15

Olá, pessoal! Aqui é o autor agradecendo pelos comentários, espero que gostem desse capítulo.

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ARTE E SEXO

Vesti minhas roupas, uma camiseta simples de cor branca, uma calça jeans preta justa e tênis casual da Nike preto e branco. Eu teria caprichado mais para o trabalho, mas o chamado de Arnaldo havia sido "urgente". Ele acabara de voltar de uma viagem de negócios e aproveitou-se disso para poder enrolar a família. Inicialmente fiquei com raiva quando Pedro (aquele que cuida dos meus negócios) me acordou uma hora da madrugada. Cogitei em dizer que não poderia ir, mas Arnaldo pagara o dobro por ser tão em cima da hora.

Alguns se perguntariam se concordo com a infidelidade de Arnaldo para com sua família, e eu, sinceramente, diria que não. Deve ser horrível ser traído, e assim seria a forma como a mulher dele se sentiria se soubesse, e o fato de essa traição ter ocorrido com outro homem não melhoraria nem um pouco. Mas a verdade é que se eu me recusasse, ele provavelmente procuraria outra pessoa, e nunca se sabe se esse outro profissional seria saudável e "ético" como eu.

Eu já estava pronto para ir quando Arnaldo saiu do banheiro com uma toalha na cintura.

_Eu te levo. - ele disse.

_Não precisa, vou de táxi. - disse eu.

A verdade era que eu não gostava que meus clientes soubessem onde eu morava. Gosto de privacidade total na minha vida pessoal. Uma coisa que eu deixava bem claro para os clientes era que eu era deles sexualmente, mas em assuntos que não fossem sexo, eu prevaleceria. Arnaldo sabia disso, e não discutiu. Andou até o criado mudo e pegou a sua carteira que estava em cima, abriu-a e tirou uma nota de cem reais.

_O dinheiro do táxi. - ele disse, entregando-me a nota. Eu não a peguei.

_Tenho dinheiro aqui, não é sua obrigação pagar o táxi.

_Não era sua obrigação tomar banho junto comigo. - ele disse sorrindo maliciosamente.

Olhei para ele com uma cara de resignação e estendi a mão para pegar o dinheiro. Ele agarrou meu pulso e me puxou para perto dele. Ele era mais alto, cheirou meu cabelo lentamente, foi descendo, sua barba tocando meu rosto até que sua boca atingiu a minha. O beijo foi lento e gostoso. Nossas bocas se separaram mas nossos rostos ficaram próximos, com uma de suas mãos em minha nuca. Ele deu mais um selinho e me soltou.

_Tenho que ir. - eu disse virando-me e começando a andar.

_Até outro dia, Neve. - ele se despediu.

Apenas dei um tchau de costas, levantando minha mão ao lado. Arnaldo deu um risinho. Passei pela porta e fechei-a. "Arnaldo está ficando muito afetivo..." pensei comigo mesmo. Aquilo era ruim. Olhei para meu relógio de pulso, eram 6 da manhã. Pedi um táxi pelo celular, e não demorou muito para que chegasse. Entrei no carro e falei o endereço.

***

O táxi parou em frente ao meu prédio, paguei ao motorista uma quantia muito menor do que Arnaldo havia me dado. O dinheiro estava realmente fácil para ele, ao que parecia. Entrei no prédio e fui direto pro elevador. Cheguei ao meu piso e me dirigi para meu apartamento. Abri a porta, fui direto para meu quarto quando...

_Opa! - disse Jean, deitado na minha cama com algum de meus livros na mão.

Fiquei estático por um momento, meu sangue gelou, mas mantive a feição calma. Após o surto, suspirei e o olhei como se fosse matá-lo.

_Tá fazendo o que aqui? - perguntei friamente.

_A gente não tá indo ver a Aline? - ele perguntou como se a situação fosse óbvia.

_Eu quero dizer no meu quarto, sua mula.

_Ah, isso... o Sidney me deixou subir. Ele acha que somos namorados.

Suspirei novamente, Sidney era o porteiro. Jean provavelmente teria achado minha chave reserva debaixo no vaso de plantas ornamentais ao lado da porta do meu apartamento. Não culpava Sidney, era normal terem uma boa impressão de Jean. Tinha 20 anos, era alto, atlético e tinha uma pele clara, cabelos loiros bem curtos, olhos azuis e um corpo muito bonito de se ver, com músculos definidos e grandes. Além disso, o modo de ele se vestir o fazia ser bem visto. Ele vestia naquele momento uma camiseta gola V azul claro, bermuda branca e chinelos. Essa imagem tinha o mesmo propósito da minha, seu trabalho. Jean e eu éramos "colegas de profissão", mas seu público alvo era outro, já que ele preferia ficar "por cima".

Também era normal pensarem que éramos namorados. Ele vinha a minha casa com frequência, normalmente junto com Aline, para bebermos e conversarmos ou alguma outra coisa. Não tínhamos nada além de amizade, no entanto. Com exceção de uma vez, na qual viemos para minha casa e algumas coisas rolaram. Eu não podia negar que Jean fora feito para aquele trabalho.

_Você deveria arrumar seu quarto. - ele disse apontando para pilhas de livros que ficavam espalhadas pelo cômodo.

_Está arrumado... - eu disse com cara de quem não se importa.

_Sei... e você deveria parar de ler essas porcarias. Deixa você com um ar mais sombrio. - ele disse enquanto pousava o livro que estava em suas mãos na pilha com outras dezenas de livros. Aquele que ele tinha nas mãos era O Leviatã.

_É mais interessante do que parece. - eu disse - Vamos?

Olhei para Jean e ele me olhava de forma sensual.

_Que tal uma rapidinha? - ele disse alisando o próprio peitoral e sorrindo para mim.

_Deixa eu adivinhar, o último cliente desistiu? - perguntei num tom de quem já sabia a resposta.

Ele suspirou como se estivesse cansado.

_O cara amarelou na hora. Deve ter ficado com medo de doer, ou com medo de gostar demais e não conseguir lidar com isso.

Eu não duvidava disso. Acontecia com uma frequência muito grande com Jean. Algum cara que do nada sentiu vontade de experimentar, mas ainda estava incerto. Jean poderia assustar esse tipo de pessoa por causa do tamanho do seu membro.

_Estamos atrasados. - eu disse me virando e saindo do meu quarto.

_Aff, Mack! Você nunca aceita! - ele disse com sua voz grossa me seguindo.

_Somos colegas de trabalho. É antiético. - eu disse saindo do apartamento com ele logo atrás.

Jean era muito tentador, de fato. Nossa única e última transa havia sido uma das melhores que eu já tivera.

_Ah, é? E onde você leu isso? Num daqueles livros de Sócrates?

_Sócrates não deixou nada escrito. - eu disse sem olhar para ele e chamando o elevador.

_Tanto faz.

Entramos no elevador, estávamos sozinhos. Jean de repente vem de encontro ao meu corpo, segura meus pulsos com sua mãos e as cola na parede da cabine. Ele chega bem perto, seu nariz roça no meu rosto, chega perto do meu ouvido. Ele havia se barbeado, seu queixo e bochechas estavam lisos.

_Sei que você quer e fica fazendo cu doce. - ele fala sensualmente no meu ouvido. - E agora? Eu poderia fazer o que eu quisesse com você.

E ele de fato, poderia. Eu não conseguia mover meus braços presos por ele, e minhas pernas também, porque ele havia chegado muito perto, colando-se em mim. Mantive minha face inalterada, olhando para ele de forma neutra e como se aquilo não fosse nada. Jean era meu amigo e estava tentando me atiçar. Infelizmente eu não sou tão fácil.

Ele olhou para o meu rosto por um instante e se afastou, dando um risinho.

_Ai, Mack... não sei como você consegue fazer isso.

A porta do elevador se abriu e saímos.

_Fazer o quê? - perguntei.

_Tirar toda a emoção do seu rosto. - ele disse.

Continuei andando sem falar nada. Sempre fui desse jeito, meio apático. Também sempre fui muito criticado por causa disso, e inicialmente eu achava que seria um empecilho para o trabalho, mas acabou sendo um atrativo. Aparentemente, alguns homens gostavam de lidar com alguém como eu, embora eu preferisse pensar que gostavam de mim pela qualidade do trabalho. Não importava, desde que eu continuasse tendo dinheiro.

Deparei-me com Sidney e aproveitei para falar:

_Ei, Sidney, ele não é meu namorado.

_Ah... desculpe, Maquiavel. Eu pensei que...

_Para com isso, amor. Já disse que te amo e não fica bravo comigo. - Jean disse me abraçando por trás, passando seus grandes braços pela minha cintura.

Suspirei novamente. Tudo bem, eu não me importaria com Jean invadindo minha casa, ele era uma boa pessoa. Sidney havia parado de falar e estava confuso. Deixei dessa forma, mesmo. Jean ria ao sairmos do prédio.

***

Aline era uma outra amiga minha. Conheci ela no ensino médio, o que não fazia muito tempo. Ela era uma pessoa séria, exemplar e estudiosa. Bastante reservada e alguns a caracterizariam como tímida...

Mas isso só se você não fizer parte da vida pessoal dela.

Aline era uma moeda de duas faces bastante opostas. Animada, divertida, inteligente, pegadora (em festas, baladas etc). Tinha um cabelo longo e liso que chegava até a cintura. Ela o mantinha numa cor alaranjada, mas sempre que se cansava, mudava de cor, e logo depois voltava ao alaranjado, que a deixava com a aparência de uma ruiva genuína. Sua pele é clara os olhos são castanho-claros, assim como os meus. Seu corpo era normal, nada estupendo.

_Não deveríamos ter vindo vestindo algo preto? - perguntou Jean ao meu lado.

"Diz o que veio de camiseta azul e bermuda" pensei.

_Não vejo necessidade, apesar de eu quase estar vestido para a ocasião. - eu disse me referindo às minhas roupas que formavam um contraste preto e branco.

_Como é o nome do pai da Aline? - ele perguntou.

_Não faço ideia. Ela nunca me apresentou aos pais dela, nem sequer os vi. Uma vez ela me disse que ela e o pai não eram tão próximos.

_Então deve ser mais fácil para ela... - Jean concluiu sozinho, pensativo.

_Eu não apostaria nisso. Costumamos perceber a falta das coisas apenas quando as perdemos. - eu disse olhando para o chão enquanto caminhava.

E eu estava certo. Chegamos ao cemitério e fomos para a sala onde ocorria o velório do pai de Aline. A primeira coisa que vi foi um vulto preto com tons alaranjados correndo até mim. De repente eu tinha em meus braços uma garota chorando. Olhei para Jean e ele a olhava assustado.

_Mack... que bom que você veio. - ela disse entre soluços e choro.

_Sinto muito, Aline. - eu disse enquanto a abraçava. Jean então olhou assustado para mim.

Ela desfez o abraço e olhou para mim, seu rosto estava cheio de lágrimas, as bochechas levemente avermelhadas, assim como os olhos. Virou-se para Jean e o abraçou.

_Obrigado também, Jean...

_Que isso, Aline, somos seus amigos. - ele disse dando o forte abraço que parecia reconfortante.

_Sentem ali comigo. - ela nos chamou e nós a seguimos.

Sentamos em umas cadeiras e Jean passou o braço em volta dos ombros de Aline.

_Como sua mãe está? - ele perguntou.

_Acabada. Ela não consegue parar de chorar e não consegue aceitar. - seu choro se intensificou - Mas eu entendo ela.

Ver Aline daquela forma era assustador. Ela construiu uma imagem que me impedia de imaginá-la chorando, como se nada de ruim a atingisse.

Meu celular começou a vibrar no meu bolso.

_Com licença, vou no banheiro atender.

_É por ali. - disse Aline apontando o caminho.

_Já volto. - disse eu me levantando.

Comecei a caminhar e vi que me aproximava do caixão. Ele estava em parte aberto, mostrando o rosto e parte do tronco do pai de Aline. Resolvi olhar enquanto caminhava.

Por um momento eu parei. Meu coração começou a bater mais rápido, todo meu corpo estava paralizado e eu senti que deveria sair dali. Eu estava a uns dois metros do caixão, mas eu podia reconhecer claramente aquele homemdos meus clientes.

"Merda..." pensei. Continuei meu caminho sem perceber que o celular havia parado de tocar. Entrei no banheiro e fui direto para uma cabine, trancando a porta. Sentei no vaso com a tampa descida, passei as mãos no rosto. "O pai da Aline...". Ela não poderia saber daquilo jamais. Ouvi passos. Duas pessoas.

_Alguém devia odiar muito o Carlos para fazer isso. - disse a primeira voz.

_Como assim? - disse uma segunda.

_Foram cinco tiros, velho. - disse a primeira voz.

_Acho que deve ter sido só um assalto que acabou mal. O Carlos era gente boa. Vamos ver o que a polícia descobre.

"Não, o outro cara tem razão", pensei. O raciocínio era bastante simples. Um assalto que acaba em morte normalmente só envolve um tiro, se formos pensar logicamente. Uma vingança ou ato por ódio envolveria mais tiros, pelo simples fato de, nesse caso, haver o desejo de ver a pessoa sofrer e o sangue do odiado escorrendo. Mas nada daquilo realmente importava para mim. Esperei os dois homens saírem para que eu saísse da cabine. Fui até o espelho e refiz a minha melhor cara neutra. Normalmente eu não preciso forçar, mas esse caso era especial.

Saí do banheiro e caminhei até Jean e Aline, que continuavam sentados. Percebi que Jean me lançou um olhar estranho e preocupado assim que me viu. Sentei ao lado deles. Aline continuava soluçando.

Um casal se aproximou de nós e a mulher se dirigiu a Aline.

_Aline?

_Tia... - Aline se levantou e foi abraçá-la.

_Sinto muito, querida. - a tia de Aline a abraçou e começava também a chorar.

_Eu também, tia. - disse Aline também chorando - Onde está o Junior?

_Está ali falando com sua mãe, vamos lá. - disse a tia.

Aline se virou para Jean e eu e disse que voltaria logo. Quando ela se distanciou, Jean tocou em meu ombro com a mão.

_O que aconteceu? - ele perguntou.

Olhei para ele com um olhar que me fazia de desententendido.

_Nem vem com essa, Mack. Eu te conheço bem e conheço esse seu rosto melhor ainda, ele é uma das coisas que nunca mudam em você. O que aconteceu? - ele insistiu.

Olhei para o caixão como se olhasse para o nada.

_Ele é um cliente. - eu disse em um tom baixo.

_Ele quem? - Jean tentava identificar alguém. - Tem muitos caras perto do caixão.

_Estou falando de quem está dentro do caixão. - eu disse mais apático que o normal.

Olhei para Jean e vi um olhar assustado. Ele começou a abrir a boca para dizer alguma coisa, mas vimos Aline chegando. Meu celular tocou novamente. "Esqueci de ver quem era aquela hora."

Levantei e fui para fora da sala onde ocorria o velório. Atendi, era Pedro, o meu "agente".

_Desculpe não ter atendido. Surgiu um problema. - eu disse.

_Que bom que você está vivo. Não me lembro de alguma vez você ter deixado de atender. Está tudo bem? - ele disse, sua voz era grave.

_Sim.

Pedro era bem gentil, mas eu tendia a acreditar que aquele tratamento se devia ao fato de eu ser boa parte daquilo que o sustentava financeiramente.

_Tudo bem, então. Tenho um trabalho pra você.

Continua...

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Comentários

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eu acho que foi o arnaldo que matou o pai da aline, por ciúmes do mac... continua

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