Como Chamas 2x18: ELE SEMPRE E EU NUNCA!
O que quer que seja que Nick estava fazendo em seu quarto, estava fazendo um barulho enorme na casa.
Me levantei ainda de pijama e me arrastei descalço até o seu quarto. Bati na porte três vezes e ele atendeu, extremamente sonolento.
- O que foi?
- Qual é o seu problema? Que barulho todo é esse? Perguntei um pouco irritado. Acordar mais cedo do que eu estava acostumado era uma droga.
- Ah, você não devia... Ele começou a dizer quando empurrei a porta, mas fui mais rápido do que ele e quando notei já estávamos naquele quarto escuro.
- Acende a luz.
- Não! Ele gritou e eu acendi o interruptor.
Um Nick completamente nu pulou em cima da cama e pegou um travesseiro.
Quase desmaiei, né? Que droga de garoto gostoso era aquele!
- Você dorme nu?
- Não eu estava... Malhando. Olhei para o acampamento no chão e acreditei nele. Mas ainda não tinha pegado o sentido de malhar pelado. Era ver o que as pessoas da academia não conseguiam?
- To indo nessa. Falei saindo e dando gargalhada.
Inacreditável.
- Tudo bem com você? Saudades! Disse Mike ao telefone esta manha. Eu havia ligado para Felipe para saber como estava tudo com sua família e Mike atendeu.
Eu estava com um pouco de saudades dele mesmo.
- Tudo e com você?
- To legal. Sabia que to namorando? Ele disse com aquele tom de garoto de 14 anos que ganhou o primeiro vídeo-game melhor do que os dos amigos.
- Sei sim.
- Bom é sobre isso que quero falar com você.
- Como assim?
- Meu irmão esta passando por uma coisa meio louca e está atropelando todo mundo pra ficar com você. Porque não dá uma chance a ele?
- Você sabia que eu to namorando?
- Sabia. Mas você ama meu irmão.
- Porque ele me disse e... Meus pais também.
Prendi a respiração. Aquilo não podia ser serio. A família de Felipe conversava sobre mim? Céus, o que será que eles falam de mim? Relaxei um pouco. O pai dele não estava mais declarando guerra contra mim, então não devem ser coisas tão ruins.
- Eu preciso ir. Falei e desliguei.
É realmente saber que o exercito de salve Felipe e Dan estava a postos. Pois eu iria para a batalha, com Jordan.
Afinal, ele também sempre me amou e não teve problema em admitir isso. As coisas eram tão fáceis entre a gente e eu estava longe de querer complicação.
Coloquei meu celular no bolso assim que bati a porta da frente. Tinha algo importante a fazer.
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Eu estava parado na esquina da rua da delegacia. Olhar para aquele prédio quadrado e zinza me dava arrepios. Se eu fosse pego mentindo para a policia, isso iria me colocar em mais problemas do que já estou e não seria nada bom.
Se já estava preocupado com esse depoimento, eu não queria nem pensar no tamanho da mentira que teria que inventar se descobrissem sobre o motivo do assassinato de Violet.
- Vai ficar aqui o dia todo ou...
Antes que o motorista da terra falasse, eu pulei para fora do carro. Cada segundo que passava eu queria voltar para trás. Eu nao queria dar o depoimento, nao queria mentir... Só queria voltar pros braços de Jordan e esquecer tudo.
Dei mais alguns passos e atravessei a rua. A fachada estava logo ali, era só entrar e perguntar sobre o detetive. Não minta sem necessidade. Não minta sem necessidade. Eu repetia varias vezes na minha cabeça.
Dois policiais conversavam perto da escada e as viaturas espalhadas ao longo da rua.
A porta se abriu e um garoto e um policial saíram. Eles conversavam rindo e pareciam bem íntimos. Me esquivei para não tocarem em mim quando o garoto se virou diretamente para mim.
- Dan?
- John? O que diabos esta fazendo aqui?
Eu encarava John completamente pasmo. O que aquele garoto estava fazendo aqui? Depois de ter me salvado daquela casa em chamas e me beijar, ele havia sumido completamente. Mas o que diabos ele estaria fazendo aqui? Na cidade?
- Carinha... Ele se aproximou e me abraçou.
Tudo o que eu pude fazer foi assistir ao abraço e esperar que terminasse logo. De certa forma, eu meio que sentia falta daquele jeito metido e de sou-gato-e-sei-disso dele.
Acabei retribuindo um pouco.
- Eddie, este aqui é meu amigo Dan e Dan este é meu primo Eddie. - falou John com sorriso orgulhoso. - Ele trabalha no departamento de policia daqui.
Arregalei os olhos, surpreso demais para questionar algo. John, o garoto que trabalhava para traficantes era primo de um policial? Acho que agora eu já havia visto de tudo nesta vida.
- Topa um café? Ele me perguntou.
- Gostaria... Mas tenho que ir depor.
- Porque?
John me olhou curioso, eu sabia que ele estava se perguntando se eu contei algo sobre Porto Seguro ou o incêndio e as tentativas de me machucarem. Eu sempre quis contar tudo para alguém, além de Marcie, mas não queria prejudicar John ou Mike.
- Uma amiga minha morreu. Falei por fim.
- Caraca! Não foi aquela loira bonitona não foi?
- Não. Marcie esta bem... Falei me virando e entrando no prédio. Minhas mãos suavam e eu queria vomitar, mas iria falar com alguém que sacaria minhas mentiras? Tomara que não.
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- E vocês só eram amigos a tão pouco tempo? Me perguntou detetive Jones e eu assenti. O depoimento to estava quase terminando e ele não mencionou nada sobre mensagens ou perseguidor.
Eu não havia mentido em nenhum momento.
- Sabe, tem algo que a impressa não sabe sobre o caso que eu gostaria de checar com você.
- O que é?
- Naquela festa, o celular de Violet foi roubado. Daquela grande casa e tudo mais, tudo o que sumira foi apenas o celular dela.
- Foi um assalto? Eu gaguejei. Seria muito mais simples se a policia ficasse fora do caminho.
- Sabe se teria alguma coisa no celular dela que alguém podia querer? Vídeo? Fotos? - Ele fez uma pausa, me encarando - Mensagens?
Meu coração deu um salto. Não minta, não minta, não minta!
- Não sei o que havia no celular dela. Falei.
- Ouvi o depoimento da irmã dela, ela disse que vocês estavam ficando próximos rápido... Violet disse a ela que estavam junto em algo intenso.
- Como assim?
- Isso é você que tem me dizer. Ele respondeu.
- Bom, éramos amigos. Amigos tem segredos, certo?
- Que tipo de segredos?
- Coisas pessoais.
Ficamos em silencio de novo e eu estava ficando assustado. Não sei se agüento outra rodada de pergunta e resposta. E se meu cérebro não funcionar na mesma rapidez?
Meu celular tocou e eu pulei. A tensão já estava alta demais e eu não queria mais nenhum problema a mais na minha lista.
- Tem alguma coisa que gostaria de contar? Perguntou o detetive.
Não tive coragem de abrir a mensagem e apenas desliguei o telefone. Aquilo esta fora de controle.
- Já posso ir?
- Claro, mas podemos precisar de você.
- Qualquer coisa me liga. Falei deixando ele ali e correndo na direção oposta.
Cheguei na porta e vi John encostado um muro do outro lado da rua.
- Você me esperou? Perguntei.
- Claro, quero saber onde conseguiu isso?
Ele me entregou o recorte de jornal que eu encontrei no dia que dei de cara com meu perseguidor.
Olhei para John assustado. Aquela sim seria uma história que eu não queria contar.