- Di, pode dar as chicotadas cara, eu aguento. - Falou Thor.
Minhas mãos começaram a tremer de nervosismo, eu não estava preparado para uma situação difícil daquelas assim logo de cara.
- Bill, cara. - Falei com os olhos cheio de lágrimas. - Não precisa disso não.
- Quem diz o que precisa ou não nesse cacete aqui sou eu. Seu viadinho. Seu puto duma figa. Vocês não são nada. São uns merdinhas. Eu podia matar você e enterrar no meu quintal que ninguém saberia, porque você é um zé ninguém, você não existe. Nem você nem esse panaca ai do seu lado. Agora decide, agora porra. Eu tô sendo misericordioso com vocês. Podia enfiar uma bala na cabeça de cada um, mas só quero que você dê 20 chicotadas nele. Só vinte, para ele aprender a não me desobedecer.
- Ele vai dar as chicotadas, Bill. - Falou Thor.
- Não vou não. Nem fudendo. O Thor não merece isso, pode me bater.
- Gostei de ver, heroizinho. Primeira lição na casa do tio Bill, aqui herói não sobrevive. Cai fora Thor. - Falou ele se aproximando.
- Não cara. Puta que pariu, Diego. Deixa de ser burro... - Gritou Thor enquanto Bill o empurrava para fora do quarto e trancava a porta.
- Volta pro teu quarto e dorme. Thor, se você der uma batida nessa porta eu mato ele. - Gritou Bill após fechar a porta violentamente. - E então meu doce. - Completou voltando-se para mim. - Como você prefere levar sua pisa.
- De qualquer jeito. - Falei com as lágrimas já caindo pelo rosto.
- Tira a camisa vai. - Falou ele calmamente. - Você sabe que não precisava passar por isso. Eu fui com a tua cara, você é bonito e nem parece atrevido. Mas precisa aprender quem manda aqui. Eu vou odiar fazer isso.. - Falou dando a primeira chicotada nas minhas costas. - Uma.
- Aiii. - Gritei.
- Calma, ainda tem 39. Não fique com raiva de mim, foi você que quis isso. Duas.
A dor da segunda me fez desabar no chão. Mas trinquei os dentes e não gritei novamente.
- Te apoia ali no sofá, vai ser melhor. Vou pegar leve com você, não te quero marcado para amanhã.
Tirei a camisa e fui andando até o sofá. Ele segurava o chicote em uma mão e a arma na outra. Eu sabia que era idiotice reagir, se ele me matasse, realmente ninguém sentiria falta. Eu era um ninguém no mundo, todos ali éramos isto.
- Pensando bem, põe a camisa ai. Não quero te cortar que já estou negociando quem vai te inaugurar amanha. E parece que é alguém que curte meter. Ia ser uma pena meu cliente ter sua noite estragada ao ver tuas costas rasgadas de chicote quando estiver enfiando o cacete no teu rabo.
Não falei nada, apenas coloquei a camisa de fiquei de quatro apoiado no sofá.
- Vai levar na bunda, viu. Que o Tio Bill não quer o produto avariado. Três. - Senti a chicotada por cima da calça, a dor era menor, mas mesmo assim terrível, trinquei os dentes novamente. Não ia dar o prazer adicional daquele sádico me ouvir gritarDez. - Gritou ele caindo na gargalhada. Desabei no sofá com a sequência de chicotadas. Eu queria morrer.
- Onze. Doze. Treze. - Minha bunda ardia como fogo. Imaginei como não seria mais terrível se fosse nas costas nuas. Tentei me equilibrar no sofá e mas fui impedido por outra sequências. - Quartoze. Quinze. Dezesseis. Dezessete. Dezoito. Dezenove. Vinte. Uhuuuuuuuuuu. - Vibrou ele como se estivesse em um jogo de futebol e seu time acabasse de fazer um gol.
Eu ia matar ele, foi só o que pensei. Um dia eu mataria aquele maldito, nem que me matassem depois. O que eu tinha a perder? Nada, a vida era o único bem que havia me restado.
- Estamos na metade, coração. Se você tivesse dado no seu amiguinho, já teria acabado. Mas sua palavra é lei. Vinte e um. Vinte e dois, vinte e três. Vinte e quatro. Vinte e cinco. Vinte e seis. Meu braço cansou. - Gritou ele rindo novamente e trocando o chicote de braço.
- Cansei dessa porra, você nem dá uns gritinhos pra animar. Vou acabar logo. Vinte e sete, vinte e oito. Vinte e nove. Trinta. Trinta e um. Trinta e dois, trinta e três. Trinta e quatro. Trinta e cinco. Trinta e seis. Trinta e sete. Trinta e oito. Trinta e nove. Quarenta. Ufa. - concluiu retirando o suor da testa com o dedo enquanto eu estava caído de costas no sofá tremendo de tanta dor e chorando.
Ele imediatamente jogou o chicote de lado e se aproximou de mim portando apenas a arma.
- Ai meu Deus. - Falou em com preocupado. - Você está bem? As coisas que vocês me obrigam a fazer. Odeio dar castigo. Olha pra mim coração. - Falou brandamente. Não me virei.
- OLHA PRA MIM PORRAAAAA. - Gritou e me virei me tremendo sem conseguir falar por causa do choro.
- Isso, quando o tio Bill pedir pra olhar. Você olha para ele. Não irrita o tio Bill e nunca mais vai apanhar de novo. Certo?
Fiz que sim com a cabeça.
- Pronto, agora pode ir. Pede pro Thor te dar um banho de sal grosso para não inchar muito. O sal grosso é por conta da casa. Gosto de você.
Sai andando tremendo pelo corredor. O Thor estava no final dele e correu até mim. Ele chorava.
- Puta que pariu cara. O que aquele doente fez com você? - Perguntou aos prantos.
- Eu nunca apanhei tanto na minha vida. - Falei. - Eu quero morrrer Thor. Morrer.
- Vamos sair daqui, vamos lá pro quarto, ele não pode me ver.
Ele me levou primeiro ao banheiro, tirou minha roupa e me deu realmente um banho de sal grosso com água morna. Não era exatamente algo incomum entre eles aqueles banhos, então ele estava acostumado. Eu não sou uma pessoa muito espiritualizada, mas acredito que mesmo havendo passado por coisas bem ruins até então, foi naquele dia que alguma parte da minha alma trincou e depois que a alma de alguém trinca, para virar estilhaços não precisa de muita coisa.
Continua...
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A História de Caio, completa e revisada para leitura on line e download e contos inéditos no meu blog:
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