# Oi. Esse é um relato gay de uma pessoa não muito sociável que estava à beira de cometer suicídio. A história não tem por base somente sexo, portanto se você veio aqui essencialmente para isso, sinto lhe desapontar. Se não se interessar pela história, simplesmente ignore tais linhas e siga para outro conto. Comentários construtivos serão muito bem-vindos. É uma história real, os nomes, alguns, serão trocados e outros não. Meu nome é esse do texto mesmo, eu não tenho medo de falar. Os lugares são reais, mas eu não sou louco de especificar exatamente onde tudo ocorreu. Não gostou do desenrolar da história? Fácil! Ninguém grudou sua bunda na frente da tela do PC! É só parar de ler. E eu me comprometo a não fugir muito do que realmente aconteceu. #
+
“A vida é engraçada, as vezes. No momento em que você mais acha que está mal, horrível, e que não pode piorar... BUM! Você descobre que sim, pode piorar.”
+
Eram mais ou menos 23:40 de um dia do mês de Abril do ano de 2013. Eu iria voltar pra casa. Voltaria sim. Muitos podem pensar que eu fui fraco, mas eu não conseguia mais. Ele quase não falava comigo, nossa convivência ficou horrível. Tinha feito minhas malas durante o dia, enquanto ele estava trabalhando. Contei à ele que eu iria embora, ficou combinado que iríamos juntos até metade do caminho para que ele pudesse ir para a outra casa dele, numa outra cidade.
Mas eram 23:40. Eu planejava sair meia noite de casa, para pegar o ônibus da 01:00 na rodoviária, que ficava longe de casa. Casa. Da kit que ele alugou para nós, na verdade. Ele chegou eram 22:50 da faculdade, me deu um beijo. Não foi um beijo qualquer, foi um simples beijo. Um selinho. Tirou a roupa, ficando só de cueca, e deitou-se na cama. Ele sempre fazia isso. Eu fiquei sentado na cama (que era de solteiro) esperando sei lá o que. Uma reação dele, algo assim. Meia-noite. Meia noite e meia, e nada. Nada d’ele se pronunciar, se iria mesmo ou não.
Aquilo não podia ficar do jeito que estava. Eu não sei o que me deu, levantei e me vesti. Ele só me olhava, com o celular na mão. Ele não parava de mexer naquela merda de celular, ele não falava direito comigo faziam alguns dias já.
Eu me arrumei, peguei minha mala, fui até ele. Dei um beijo na bochecha dele.
- Eu te amo.
Ele não falou nada. Apenas ficou me olhando.
- Depois, se você tiver tempo e interesse, olha no meio do nosso álbum. Tem algo pra ti lá.
Eu havia escrito uma carta para ele, pela tarde. Uma carta de umas 3 ou 4 folhas, contando tudo que eu estava sentindo, que ele estava estranho comigo e que a minha situação naquele local estava insustentável. Eu fui franco, expus pra ele o quanto eu o amava. Chorei, mas tentei exprimir em palavras tudo o que se passava. E saí. Mal sabia eu que era o último contato direto que eu teria com o amor da minha vida. Fui caminhando para a rodoviária, já eram quase uma da manhã. A cidade estava toda inquieta, era sexta-feira, eu me lembro. Todos muito alegres e altos, já. Só gente que não presta na rua, e eu caminhando... Reto e sempre. No meio do caminho as lágrimas simplesmente começaram a descer. Quando eu estava quase chegando na rodoviária vi a hora no meu celular. Com sorte eu pegaria o bus da uma e meia. Porra. Duas mensagens não lidas. Enquanto eu me acomodava no saguão da rodoviária, eu desbloqueava meu celular, uma terceira mensagem chegou.
“Fica. :´(“
“Por favor, fica.”
“=´(“
Aquilo me cortou o coração e eu me derramei em lágrimas mais uma vez. Jesus, eu não desejo aquilo para ninguém. Eu respondi:
“Ficar? Pra que? Pra você ficar mexendo na porra do celular? Você consegue fazer isso sem mim.”
Eu estava, ao mesmo tempo, bravo/nervoso e muito, mas muito triste. E chorava. Nunca chorei tanto na minha vida. Outra mensagem.
“Se você for, você sabe que vai ser como antes. Fica. Por favor.”
Mas aquela situação estava horrível. Eu passava fome, não conhecia ninguém naquele lugar e já tinha me humilhado ao máximo pra ficar com ele. Eu não ligava pra isso, pra nada disso, enquanto ele estava comigo. Eu ignorava tudo, só pra poder ficar com ele. Me afastei de todos os meus amigos. Reneguei à minha família, e fui para um lugar totalmente nada a ver comigo, só pra ficar com ele. Pra poder chegar ao fim de todo dia, e ele vir me beijar sem ninguém ficar olhando torto. Para a gente não ter que se esconder. Pra ele ficar me cutucando, e resmungando que eu já estava dormindo.
Mas ele parou. Ele estava estranho, e eu realmente não estava gostando do rumo que a nossa relação estava tomando. Respondi a sms dele:
“Eu sei. Sei muito bem, mas pior do que você está comigo não pode ficar. Eu volto. Prometo que eu volto. Mas agora eu preciso ir. Meu bus parte em uma hora e meia, você sabe onde eu estou.”
Era minha última esperança. Meu ônibus não partiria em uma hora e meia, eu menti. Se eu quisesse daria para eu ter ido naquele exato momento. Mas eu esperei. Esperei por ele. Se ele quisesse realmente ficar comigo, ele viria, eu sei que viria. Ele, logicamente, não veio. E ao fim de quase uma hora de silencio, meu celular vibra.
“Por favor, fica. =´(“
Eu já havia comprado a passagem das 2:30. Respondi:
“Meu ônibus sai em 30 minutos. Você sabe onde eu estou.”
E, em vão, esperei os últimos 30 minutos. Ele não veio. Eram 5 horas de viagem, e a madrugada inteira eu chorei. A pessoa que estava do meu lado na poltrona deve ter estranhado, mas eu chorei mesmo. Eu sabia que algo tinha se rompido ali.
#É isso aí galere... Foi foda reviver essa noite, que foi a pior da minha vida. Não sei se o tamanho do conto ficou bom, qualquer coisa a gente vai ajustando. Obrigado por ler isso.#