Samuel sempre me pareceu uma figura extremamente destemida, mas eu nunca o vira sem uma arma na mão. E melhor, nunca o vira sob a mira de uma arma. Então aquele foi o momento em que testei sua coragem de verdade.
- Que é isso, porra. Que é isso Diego. - Falou ele nervoso.
- Pensou demais com a cabeça de baixo, seu filho da puta. - Falei com tanta raiva que a mão tremia.
- Que é isso cara, baixa essa arma. O Kaue está vindo ai, ele vai te dar a grana que prometeu, eu dou uma grana também, você vai ficar de boa.
- De boa uma porra. Você fez o cara que eu amo se afastar de mim. Você acabou de me fazer trair ele. Por mim eu te mataria bem devagar, cortando um pedaço de cada vez. Eu odeio você como nunca odiei o Bill.
- Você não é um assassino Diego.
- Agora eu tenho nome é? Agora eu sou Diego? Não sou o viadinho. O putinho. O vagabundo?
- Cara, era só um modo de falar, não sabia que tu se ofendia. Maxo, me entrega isso antes que alguém se machuca, você nem atirar sabe.
- Como você sabe? Já me viu atirando? Não viu seu viado encubado de merda. Isso mesmo, você é um viadão Sam. Um viadão encubado que quer posar de macho mas curte mesmo é meter em cu de novinho. Seu asqueroso, eu tenho nojo de você.
- Cara, baixa essa arma, isso pode ficar feio pro teu lado. Entrega a arma agora que a gente esquece esse incidente.
- Você vai ter que esquecer mesmo, seu imundo, porque eu vou matar você. Fica bem quietinho aí. - Falei apontando bem no meio do seu peito, para não ter perigo de errar se atirasse, enquanto peguei meu celular e disquei para o Thor, não deu dois toques e ele atendeu.
- Thor? - Falei antes mesmo dele dizer alô.
- Oi Diego. O que houve? Que voz nervosa é essa?
- Thor, você precisa me ajudar, estou correndo risco de vida. Estou em um motel. E não posso falar muito. - Falei apressado dando a ele o endereço onde me encontrava.
- Espera, estou indo para aí agora mesmo. - Ele falou do outro lado.
O Thor havia mudado muito, o antes hesitante garoto que conheci agora era bem decidido. Nos tempos de Bill ele pediria mil confirmações antes de se dirigir ao motel, mas naquela noite apenas desligou o celular e veio ao meu encontro. E isso foi bem proveitoso, pois eu não podia dizer a ele que estava com medo de atirar e não acertar no Samuel porque nunca havia apontado uma arma para ninguém antes.
O Sam ficou imóvel durante todo o tempo que falei no telefone. Ele não arriscou nada porque minha atenção ficou toda voltada para ele. Joguei o celular de lado e segurei novamente a pistola com duas mãos.
- Escuta. Escuta bem que isso pode resolver tua vida. - Falou Sam muito nervoso. - Eu dou minha palavras. Palavra de homem. Que te pago 50 mil contos se você me entregar essa arma. Cinquenta mil e você nunca nem vai lembrar que eu existo. Juro que esqueço de você.
- Acha mesmo que eu vou acreditar em um conto do vigário desses?
- Eu dou minha palavra.
- Sua palavra vale menos que o papel que você usa para limpar a bunda, Samuel.
- Cara, tem gente grande por trás de mim. Vão atrás de você. Você pode escolher sair dessa com muita grana ou sair liso e precisando passar a vida fugindo de gente perigosa.
- Eu prefiro... - Comecei a falar mas fui interrompido por três batidas na porta. - Vai abrir, Samuel, lembre que estarei atrás de você com a arma apontada.
Ele caminhou lentamente para a porta e a abriu, dando de cara com uma empregada do motel.
- Senhor, a comida que o senhor pediu. - Falou ela lentamente.
- Não pedi comida nenhuma. - Falou o Sam.
- Bem, nesse caso. - Falou a Garçonete colocando a mão em um bolso no vestido. - Levante as mãos e dê três passos de costas lentamente para dentro do quarto, Sam, que a gente precisa bater um papo. - Completou ela mudando a voz completamente para um tom masculino. A garçonete era o Ferdinando.
Continua...