A ESCOLHA – PARTE 17
Alex: Oi. Quem fala?
Ouvi á voz suave dele.
Eu: É o Ronny. Eu estou ligando para encher o saco.
Alex: Claro que não. Você nunca me atrapalha Rô, pelo contrário... Você me deixa tão feliz por estar falando comigo.
Eu: Alex, você pode vir aqui em casa? Eu sei que você acabou de me trazer aqui, mas é que to sem fazer nada e ta um tédio aqui. A gente talvez possa tomar alguma coisa aqui ou comer, você escolhe...
Alex: Ei calma!
Ele riu.
Alex: Eu vou sim. Olha estou indo ai já. Logo, logo chego.
Eu: Uia, legal... Vou esperar.
Desliguei o telefone e fiquei sentado na beirada da cama esperando aquele volvo reluzente estacionar na frente da minha casa. Alguns pensamentos passavam pela minha cabeça e um deles era o fato de que o Alex me perturbou muitas vezes e me fez sofrer, será que ele faria aquilo de novo? Aquela época éramos adolescentes e não éramos muito maduros e agora Alex parecia ter se tornado uma carinha legal.
O carro dele parou na frente da minha casa e eu fui lá recebê-lo. Chamei-o para dentro de casa. Era domingo e estava todo mundo em casa reunido. O Jack e sua namorada, meu pai e minha mãe. Acho que não vão se incomodar se eu chamasse o Alex para almoçar com a gente. Eu o apresentei para minha família, e meu pai logo se apegou á ele, mas o Jack sabia quem era ele e não curtiu muito. Almoçamos todos juntos na mesa da sala de jantar e meu pai e minha mãe fazia algumas perguntas pro Alex... Aquelas: “Você estuda?”, “Trabalha?” e etc.
Aproveitei que o pessoal estava entretido na mesa e sai e fui ao banheiro, mas antes que eu entrasse na porta do banheiro, Jack me segurou.
Bruno: O que ele está fazendo aqui? Esse cara nem deveria estar falando com você!
Eu: Relaxa Jack, ele é de boa e não é mais aquele babaca de antes.
Bruno: Rô, depois do que ele fez com você no colégio e fez com o Alessandro, você têm coragem de chamá-lo para almoçar aqui em casa!
Eu: Pare com isso! Droga Jack, eu estou te dizendo, ele não é mais como antes. Por que não dá uma chance para ele e tenta conhecê-lo, afinal você não o conhece, apenas sabe do que aconteceu á alguns anos e sabe o nome dele. Vai lá e tenta ser amigo dele, você vai ver... Ele é legal.
Bruno suspirou e saiu de perto de mim e voltou para a sala de estar. Fui ao banheiro e depois voltei á mesa, onde o meu pai continuava a perguntas as coisas pro Alex. Alice conversava com minha mãe e Jack ficava me encarando e depois encarava o Alex como se ele fosse avançar nele. Depois do almoço, minha mãe e meu pai foram dormir como de costume, e Jack e sua namorada foram ficar de agarro-agarro no sofá em frente a TV. Chamei o Alex para se sentar comigo no quintal de casa e ficamos lá conversando até que o telefone dele tocou e ele atendeu. Eu vi pela expressão do rosto dele que alguma coisa tinha acontecido... Ele mal se despediu e saiu de casa correndo e entrou no carro. Poxa fiquei preocupado, ele não havia me dito o que tinha acontecido. Entrei em casa e deitei um pouco na cama e logo apaguei.
Acordei no final da tarde, já estava quase dando seis horas e tinha algumas ligações do Alex que eu havia perdido. Retornei 3 vezes, mas ele não atendia. Desisti de tentar e entrei no Facebook para ver se conseguia achá-lo on-line ou o Felipe. Nenhum dos dois, mas a Mag estava. Comecei a falar com ela.
Eu: “Oi, faz um tempão que não falo com você menina. Como você está?”
Mag: “Oi Rô, saudade de você. Ultimamente eu não tenho muito tempo por isso dei uma sumida. Agora que estou trabalhando, as coisas estão mais corridas. E você?”
Eu: “Há estou sobrevivendo.”
Mag: “kkk, o que está fazendo de bom?”
Eu: “Eu estava tentando ligar pro Alex agora, mas ele não atende, então desisti.”
Mag: “pois é eu estava tentando ligar para ele também para dar uma força... Eu ficaria acabada se o que aconteceu com ele acontecesse comigo.”
Eu: “O que aconteceu com ele?”
Mag: “Você não soube? Eu fiquei sabendo agora á tarde. Os pais do Alex sofreram um acidente e os dois morreram na hora.”
Eu: “O que!”
Eu nem me despedi da Mag. Puxei o cabo do computador da tomada e peguei o telefone e fiquei tentando ligar pro Alex, mas foi em vão. Ele não atendia. Eu precisava falar com ele... Se ao menos eu soubesse o endereço dele... Sai do quarto e fiquei muito atormentado. O Alex estava precisando de apoio agora, e eu precisava falar com ele antes que ele fizesse uma besteira e se matasse... Nunca se sabe o que poderia realmente acontecer.
Então eu pensei em uma coisa... Uma coisa meio doida e totalmente idiota. Peguei meu celular e ligue para á policia.
Policial: Central de policia, em que posso ajudar?
Eu: Olha eu perdi meu celular e tinha coisas muito importantes nele e eu preciso recuperá-lo. Estou ligando nele, mas ninguém atende então ninguém o achou. Você pode rastreá-lo para mim e dizer onde está?
Policial: Senhor não posso...
Eu: Pelo amor de deus, eu sei que eu to parecendo um idiota ligando ai para pedir uma coisa dessas, mas é por que eu preciso muito recuperá-lo.
Policial: Ok tudo bem senhor, vou ajudá-lo. Pode me passar o número?
Como eu não sou burro, passei o número do Alex. O policial mandou eu esperar alguns minutos e eu esperei. Não demorou muito e ele volta na linha e diz onde o celular está que em outro caso era o endereço do Alex.
Eu: Obrigado senhor. Agradeço muito.
Desliguei o telefone. Agora sabia onde eu deveria ir.
Corri para o banheiro e tomei um banho rápido e coloquei uma roupa decente e sai de casa sem avisar ninguém mesmo e peguei um Ônibus que passaria perto do endereço indicado pelo policial. Depois de alguns minutos longos, desci do ônibus e caminhei rápido na direção da casa de Alex. Logo encontrei a enorme casa dele e já fui entrando no quintal. Apertei á campainha três vezes e ninguém me atendeu. Dei várias batidas na porta e nada. Tentei abrir á porta, mas o alarme disparou numa altura insuportável. Tá legal agora eu estava morto.
Voz: Ei você! Pare agora!
Disse uma voz meio grave atrás de mim. Me virei e era um guardinha. Tinha guarda ali? Eu não o tinha visto.
Eu: Ok eu to parado.
O guardinha foi chegando perto de mim e pegou suas algemas na cintura.
Guarda: Tentando roupar não é mesmo. Vai querer conhecer a cadeia?
Eu: Ei, essa casa é do meu amigo e eu não estava tentando roubá-la eu juro.
Guarda: Então por que você disparou o alarme? Chega, você vai para a delegacia.
Ele me algemou e mandou eu andar até a viatura parada do outro lado da rua. Eu nem tinha visto aquela viatura da policia. Ouvi á porta da casa se abrindo.
Alex: Ei pare! Senhor Tiler, ele pé meu amigo.
Eu me virei para ele e fiquei tão feliz de vê-lo.
Guarda: É mesmo? Ele tentou abrir á casa...
Alex: Senhor Tiler não há necessidade de prendê-lo. Solte-o.
Guarda: Tudo bem.
Ele tirou as algemas das minhas mãos e voltou para o carro. Olhei para o Alex que estava me olhando na porta. Corri até ele e o abracei bem forte. Ele não estava mais chorando, mas parecia ter ficado horas e horas chorando por que seus olhos estavam inchados e vermelhos.
Eu: Eu sinto muito Alex. Sinto muito pelos seus pais.
Alex: Tudo bem Rô. Estou tão feliz por vê-lo. Desculpe pelo Tiler, ele é o guarda que cuida a casa durante o dia e á noite. Entre, por favor.
Eu entrei e ele fechou á porta e pediu para que eu me sentasse no sofá. Assim eu fiz. Ele ficou me olhando por alguns segundos e então se sentou ao meu lado e me abraçou. Eu gostava de abraçá-lo. Era um conforto para mim.
Alex: Obrigado por ter vindo aqui Rô. Eu preciso te contar uma coisa. Minha vida já era... Estou sozinho. Sem ninguém.
Eu: Não fale assim. Você não está sozinho... Está comigo. Eu estou aqui do seu lado.
Ele começou á chorar e aquilo estava cortando meu coração. Eu não queria estar no lugar dele. Perder o pai e mãe no mesmo dia não era uma coisa muito agradável. Ele devia estar sufocando por dentro.
Alex: Você está aqui do meu lado agora, mas não estaria se soubesse a verdade.
Eu: Que verdade Alex? Do que você está falando? Bem... Não importa, olha eu sei que você está sofrendo e eu estarei aqui do seu lado para...
Ele me interrompeu ao falar um nome do meu passado.
Alex: O Alessandro morreu por minha culpa!
Ele desabou a chorar. Fiquei olhando para ele pensando se ele estava zoando logo num momento daquele, mas ele não estava brincando.
Alex: Eu fiquei tão magoado quando soube que tinha perdido você para o Felipe e depois perdi você para o Alessandro. O ódio tomou conta de mim e eu queria vingança. Queria me vingar de você e do Alessandro por estar namorando com você. Eu fiz aquilo no colégio para acabar com a fama do Alê e depois chamei meu primo e pedi para que ele desse um bom susto em você. Meu primo chamou uns amigos dele e ficaram cuidando sua casa, para ver a melhor hora de te dar o susto sem que sua família soubesse. O plano era eles ameaçar de matar o seu irmão e o Alessandro, mas não era para acabar naquilo. Era para ter ocorrido só o susto, mas você e o Alê começaram a socar o meu primo e os caras que um deles ficou assustado e atirou. Não era para isso ter acontecido. A culpa é minha do Alê estar morto. Eu juro que não queria que isso acontecesse e que não há um dia que eu não penso no que aconteceu e me arrependa.
Fiquei olhando para ele. Não tinha palavras. Eu estava parado. Eu sabia que tinha alguma coisa familiar naquele garoto que saiu do carro aquele dia. É por que era o primo do Alex. Eu queria que ele dissesse que estava brincando, mas isso não ocorreu. Virei de lado e meus olhos começaram a encher de lágrimas. Olhei para ele e vi que ele retirou uma adaga de bronze da cintura dele. Aquilo estava na cintura dele desde que cheguei?
Alex: Eu sei que isso é imperdoável. Agora eu estou sozinho e não quero viver sozinho. Ronny, eu não quero viver sozinho. Eu sou o culpado pela morte dele então vingue a morte do Alessandro. Por favor. Quero morrer pelas mãos de uma pessoa que eu amo. Mate-me.
Ele me entregou a adaga e eu fiquei parado olhando meu reflexo naquela lâmina afiada. Pensei no quanto eu sofri com a morte do Alessandro. Eu o amava demais e queria tanto que as coisas tivessem sido diferentes. O Alessandro tinha morrido em vão e eu jurei que ia vingá-lo, que eu mataria a pessoa que o matou. O ódio invadiu o meu coração novamente. O mesmo ódio de tantos anos atrás e agora eu sabia o que fazer. Encarei o Alex e joguei a adaga no chão. Abracei-o. Ele chorava muito.
Eu: Você não o matou. Você pode ter colocado aqueles caras atrás e mim, mas não foi você. Por favor, não se mate Alex. Eu te perdoou você do fundo do meu coração, mas acho que o Alessandro devia receber desculpas. Estou de dando uma chance.
Alex se levantou do sofá como se tivesse furioso, mas não estava.
Alex: Está me dando uma chance?
Eu: Sim. De viver.
Alex: Sim, mas também de fazer alguma coisa!
Eu: Então você já sacou? Sabe que quero vingar a verdadeira pessoa que matou o Alê.
Alex: Já. Mas promete para mim que não vai machucar o meu primo. Por favor, não o machuque. Não foi ele que atirou no Alê. Deixe-o viver.
Eu: Prometo, eu só quero matar o cara que atirou no Alessandro. Como posso encontrá-lo?
Alex: Ele era amigo do meu primo. Só meu primo sabe onde encontrá-lo.
Eu: Então me fale onde encontro seu primo.
Alex me deu o endereço da casa do primo dele e então peguei a adaga dele do chão que provavelmente eu iria usá-la hoje e me despedi dele e disse para ele não fazer besteira que eu gostava dele e que não queria perde-lo.
Alex: Tome cuidado Ronny... Também não quero perder você.
Sai da casa do Alex e eu estava decidido que iria acabar com aqueles com aqueles caras hoje á noite.
---(CONTINUA)---
COMENTÁRIO DO AUTOR:
OBRIGADO PELOS COMENTÁRIOS ANTERIORES. ESPERO QUE ESTEJAM GOSTANDO DA RETA FINAL DESSE CONTO...
campoazul_10@hotmail.com
EM BREVE Á CONTINUAÇÃO DE A ESCOLHA.