Minha história, minha luta, minha glória 16.

Um conto erótico de Dr. Friction Fiction
Categoria: Homossexual
Contém 3414 palavras
Data: 15/09/2013 21:57:10

- O senhor está mentindo! Que história ridícula- eu disse. Era demais eu acreditar nisso- isso seria doentio!

- E é isso que você conseguiu se tornar! Eu quero você fora da minha casa, agora!- ele gritou ajoelhado ao lado da minha mãe- pega suas coisas no quarto e rua!

- Mas pai! Pelo amor de Deus!- eu me desesperei- eu sou seu filho! Eu não tenho pra onde ir! Por favor!

- Meu filho está na rua, comendo a namorada dele como você deveria estar fazendo- ele disse chorando- eu não tenho outro filho, o mais velho morreu pra mim. Agora, você sai da minha casa, ou eu te dou a surra que faltou eu te dar há muito tempo!

Eu não tinha mais argumentos! O que eu ia dizer ou fazer? Fui até meu quarto, enchi minha mochila e uma bolsa de nylon de viagem que estava no meu guarda-roupas com o que eu tinha de melhor, pus meus tênis em uma sacola, e saí. Não olhei pra trás, se ele não me queria, eu também não iria implorar mais, eu já tinha sido humilhado demais pra um semestre, pode ter certeza.

Liguei pro Otávio, ele iria me buscar, então pedi que fosse me encontrar uma pracinha que estava vazia naquele horário, aliás, as periferias de Belém ficam desertas depois do almoço. Era muito perigoso, mas eu não tinha escolha. Desci até a praça, agarrado aos meus pertences, esperando que nada de mal me acontecesse. E logo Otávio chegou, fazendo um percurso de 35, 40 minutos em apenas 20. Ele deve ter corrido muito, talvez tenha até pego umas multas. Assim que ele parou o carro, eu corri pra dentro, e ele me abraçou forte.

- Meu amor, vai ficar tudo bem!- ele me falou bsixinho- você não está sozinho, ouviu? Eu estarei sempre ao seu lado!

- Mas são meus pais, Otávio!- eu estava triste demais- meu próprio pai me botou pra fora como se eu fosse um completo estranho...

- Ele vai se arrepender, você vai ver- ele falou- seu pai sempre me pareceu um homem justo. Ele só não sabe lidar com tudo o que está acontecendo. Seria muito pra qualquer pai, e ele foi foi criado de uma maneira antiga. Não julgue seu pai.

- Não estou julgando- eu disse- mas é difícil ver que ele não consegue me amar do jeito que eu sou.

- Ele te ama, só não sabe como reagir agora- ele disse- agora, vamos pra casa. Pra nossa casa, aliás.

- Não quero abusar, da sua hospitalidade, da sua boa vontade. Vou passar no banco pra tirar o que sobrou da minha mesada da poupança pra te ajudar nas despesas, tá?

- Só se você estiver querendo me ofender muito- ele falou sério- agora vamos que eu quero arrumar suas coisas lá, e vamos ao cinema hoje, relaxar um pouco!

Fui pra casa do Otávio, ou melhor, pra "nossa casa" e lá me instalei o melhor que pude, usando um quarto ao lado do de Otávio. Eu dormiria com ele, óbvio, até hoje não conheço sensação melhor, mas minhas coisas ficariam no armário do tal quarto.

Depois saímos e fomos até o cinema Nazaré, hoje uma sede das lojas Americanas. Aquele filme era bom, mas eu mal prestei atenção, não conseguia parar de pensar em tudo o que acontecera naquela manhã. Otávio me beijou muito e assistimos o filme inteiro abraçados aproveitando o escurinho. Mas eu não conseguia simplesmente me entregar, não naquele dia. E quando saímos, passamos em frente à entrada do Cine Ópera, um cinema de filmes pornô, reduto de pagação e sexo dos gays de Belém que só queriam sexo. Pensei em quanto eu tive medo ao passar ali na frente, várias vezes durante a infância. Via aquelas pessoas quase como monstros, aberrações nojentas. Como poderiam elas estarem ali pecando quase em frente à Basílica de Nazaré? Como eu era tapado! Eu não percebia que a base para o meu medo era, no fundo, saber que eu era como aquelas pessoas, mas não podia admitir. Talvez essa tenha sido, de todas a primeira e maior das glórias da minha história, a minha autoaceitação. E foi preciso muita luta pra atingir o grau de maturidade pra abraçar esse lado meu sem restrições ou preconceitos. Amar sem restrições sociais. Que conquista!

Assim, passou-se mais uma semana e eu não tive sequer notícia da minha família. Sempre que eu tentava ligar pra alguém da família, eles desligavam assim que ouviam minha voz. Se não fosse o apoio do meu magrelo, eu teria me suicidado, como várias vezes passou pela minha cabeça. Não me orgulho disso, hoje eu nem cogitaria pensar em autoextermínio. Mas foi preciso passar exatamente por todos os problemas que passei pra me tornar quem sou hoje. Em um livro da Cassandra Clare, cujo primeiro livro da coleção até virou filme recentemente (Cidade dos Ossos), ela diz que "o fogo tempera e testa o ouro". E é verdade. Passar por provações nos torna mais puros e fortes, mais preparados pros males do mundo.

No fim daquela semana, na quinta, pra ser exato, algo mudou. A sexta seria o dia em que faríamos a grande apresentação do trabalho interdisciplinar, e nada da Évora e do Brunno conseguirem pegar o cartão. Eles foram me visitar na casa do Otávio, e a Évora já estava toda gentil com ele; acho que ela percebeu finalmente que ele só me queria bem. Brunno, então, nem se fala. Fiquei até com ciúmes do jeito que ele falava com Otávio, mas sei que é difícil não se encantar com o charme do meu magrão, ele conquista as pessoas facilmente por ser muito educado, solicito e inteligente. Pode não ter um corpão sarado, mas compensa isso mil vezes sendo que é.

Mas voltando ao que aconteceu na quinta, bem, minha mãe me ligou! Ligou chorando muito, dizendo que sentia saudades, e que meu pai não queria dar o braço a torcer mas já estava arrependido do que tinha feito, que queria me ver, saber se eu estava bem... Enfim, eu fiquei super feliz de receber a ligação dela, e tudo mais, mas fiquei sem reação quando ela disse que queria me ver e ir aonde eu estivesse, inclusive queria ir até lá pra levar mais roupas e outras coisas minhas. Otávio estava na cozinha adiantando algo pro jantar, então perguntei o que deveria fazer!

Ah, sabe o que ele fez? Tomou o celular da minha mão!

- Olá, dona Yolanda?- eu quase desmaiei quando ele falou- aqui é Otávio Franco, eu sou o namorado do seu filho e ele está na minha casa. Se a senhora quiser vir até aqui, seria um prazer enorme recebê-la com um jantar preparado por mim, para que possamos conversar melhor... Sim... Hoje mesmo, que tal?

... OK, a ata gosta de ravióli?... Sim, molho branco e de tomate, claro!... Bem, então está combinado, daqui a uma hora, então! Um abraço. Toma, Donovan, ela ainda quer falar com você.

- Alô, mãe?- eu perguntei- a senhora vem mesmo?

- Claro, meu filho!- ela respondeu- eu preciso conhecer esse rapaz, preciso ver onde você está, se está se alimentando direitinho, se está bem acoomodado! O que você quer que eu leve?

Bem, eu fiz uma lista de coisas que precisava e assim que eu desliguei Otávio me pediu pra descer e comprar um monte de coisas pra ele poder incrementar o jantar! Pense num homem nervoso! A lista dele até cogumelos esquisitos tinha, hoje sei o que são, mas na época, eu era meio ignorante com relação a boa gastronomia.

Desci, comprei, voltei e o ajudei como pude a fazer o jantar, até aprontamos tudo e tomamos um banho rápido, e assim eu terminei de me vestir, o porteiro interfonou informando que uma dona Maria Yolanda Absche Freire tinha chegado de carro. Pedimos que ela subisse, eu nervoso e Otávio mais ainda, por incrível que pareça. Eu olhei pra ele e fiz uma cara como que dizendo pra ele parar de bater os dedos na mesa.

- Que é? Hoje eu posso, estou REALMENTE conhecendo sua mãe!

- OK, mas relaxa só um pouquinho, tá?- eu falei. Nessa hora a campainha tocou- é ela!

Eu me apressei e fui abrir. Na hora ela me olhou, ei a olhei e congelamos por um segundo. No segundo seguinte ela já estava chorando e me abraçando. Eu também chorei um pouco. Tá, confesso, chorei bastante também!

- Meu filho! Que saudade!- ela me apertou muito- que bom que você está bem! Deixa eu te olhar, não está passando fome, não está doente?

- Mãe, eu também tava morrendo de saudades!- eu disse retribuindo o abraço e os beijos- e a senhora vai ver que nessa casa o que não se passa é fome!

- Boa noite, dona Yolanda!-disse Otávio se aproximando- agora posso ver de onde toda a beleza e charme do seu filho vieram! Estou encantado.

- Boa noite, Otávio. É isso, não é? Bom, eu faço o que posso- ela falou. Pronto, elogiou a beleza da minha mãe, conquistou na hora- mas eu queria mesmo ter certeza se tinha ouvido certo seu nome e sobrenome.

- Otávio Franco, e se a senhora está se questionando sobre de onde ouviu meu nome, bem, eu sou o orientador do colégio dele- ele disse meio envergonhado- mas saiba que o que temos não afeta e nem influencia nosso relacionamento profissional.

- Eu sabia. Bem, espero deixar claro que seu relacionamento com meu filho não me agrada, mas é o que ele quer, se é o que o faz feliz...

- E como, mãe! Se não fosse por Otávio, eu já teria morrido- eu disse- a senhora não sabe da metade do que eu passei. Mas vamos jantar, e conversamos enquanto comemos.

E assim foi. Otávio foi um perfeito cavalheiro com minha mãe e eu o tempo todo, chegando até a puxar a cadeira pra ela, que ficou encantada. E ela adorou a comida dele, que estava divina como sempre. Conversamos bastante e durante o jantar ela conheceu melhor Otávio e viu que ele não era nenhum monstro. Contamos como tudo começou, contei o que aconteceu com relação ao cartão roubado e ao beijo com Guê (não entrei em detalhes com relação a sexo, nem na parte do vídeo nem sobre o baixinho), e foi quando ela engasgou. Decidi então perguntar sobre o que meu pai me disse sobre ele ser meu primo.

- Mãe, na hora em que você desmaiou, meu pai falou que o Gehardt é meu primo- eu disse. Já tinha falado sobre isso com o Otávio- isso é uma mentira, não é? Ele falou aquilo pra me machucar.

-... Não, não é mentira, Doni- ela disse olhando para o prato- ele é seu primo sim.

- Mas como, que loucura é essa?- eu me assustei com a confirmação- eu não consigo entender a conexão!

- Dona Yolanda, se isso for apenas uma tentativa de afastar o Donovan do jovem em questão, é desnecessário- falou Otávio, que disse aquilo, mas sei que queria dizer do "baixinho ridículo" ou algo assim- Donovan está comigo agora, e isso foi apenas um deslize.

- Não estou mentindo, Otávio. Ele é seu primo- ela falou olhando de um pro outro- ele não é filho da Albertina, não biológico, pelo menos. Ele é filho da sua tia Yara, minha irmã.

- Como assim, que loucura! Ela só tem os dois meninos, os gêmeos- falei me referindo a Everton e Elison, filhos de tia Yara, de cinco anos de idade- ela não pode ser mãe dele, eu saberia!

- Você era muito novo pra lembrar, mas ela engravdou dele muito nova, e era muito irresponsável- ela falou- na época, o marido da dona Albertina era conhecido do seu avô. Seu bisavô e o pai dele vieram juntos da Alemanha. Eram judeus, vieram fugidos.

Isso era verdade. Daí vem não só minha altura como também meu nariz enorme. Aliás, meu pai é negro, então meu nariz não é só comprido, como largo. Já viu o porquê do bullyimg todo, né? Mas eu já até fiz uma plástica pra reduzir a nareba. Bem, voltando ao que interessa, nós nunca praticamos o judaísmo em si porque meu avô se converteu ao catolicismo pra casar com minha avó. Então os amigos dele que eram judeus foram aos poucos se gastando, e dessa maravilhosa herança, só sobrou o sobrenome, Absche.

- Mas onde nessa história o Gehardt foi parar na família dele?- perguntei- o que aconteceu?

- Sua tia não queria o menino- ela continuou- o pai dele também é loiro e de olhos muito claros, então ele nasceu muito parecido com seu avô. Você e seu irmão e a maioria dos seus primos têm pai moreno ou negro, não puxaram esse traços. Mas a dona Albertina só teve o Cristiano, que tem esse nome porque ela é católica igual sua avó. O marido dela queria mais um filho, um que fosse receber um nome judaico.

- Mas porque ela simplesmente não engravidou- perguntou Otávio- não era mais prático?

- Você já conhece a dona Albertina? E você, meu filho?- fizemos que não com a cabeça- ela tem idade pra ser minha mãe! Quando engravidou do Cristiano, já era uma quarentona,quase cinquentona. E o Cristiano é dez anos ou mais, mais velho que o Gehardt. Por isso ela se interessou em adotar o menino, e sua tia, louca, deu o pequeno pra ela criar como filho. Depois disso, pouco contato restou entre as famílias, eles enriqueceram, se tornaram muito poderosos e somente em raras ocasiões falamos com eles.

- Nossa, porque nunca ninguém falou isso em casa?- falei- Nem depois que eu e ele passamos a estudar juntos?

- Porque esse assunto virou tabu. Sua avó não queria que ela o doasse- ela falou- seu avô não se opôs. A Yara era muito nova, só tinha 17 anos quando engravidou.

- Isso não justifica, a senhora tinha 19, e me criou- eu falei- nossa, se ela não tivesse doado ele, tanta coisa seria diferente...

- Não justifica, mas explica- ela continuou- seu pai me engravidou fora do casamento, mas antes da barriga nascer, eu já estava casada. Seu pai sempre foi um homem de verdade, meu filho. Enfrentou seu avô e disse que você já era a maior alegria dele. Casamos, apesar de nos conhecermos a apenas seis meses na época! Já o pai do seu primo... Sumiu! Nunca foi homem pra assumir o próprio filho.

- Nossa, mãe que história!

- Por isso, fique longe desse rapaz- ela falou com um dedo apontado oro alto- essa possível relacionamento não pode ser algo saudável.

- Quanto a isso, não se preocupe, dona Yolanda- falou Otávio- ele está comigo, e eu sei o quanto esse menino é tóxico pro Donovan.

E assim, terminamos o jantar em silêncio. Apenas no fim minha mãe, enquanto mostrávamos o apartamento pra ela, falou que meu pai estava arrependido do que fez e já tinha até cogitado em me pedir desculpas, mas era cabeça dura demais pra isso. Ele estava muito mal ainda com a revelação de que sou gay, e minha mãe chegou a encontra-lo com a arma na mão, pensando em suicídio. Isso me preocupou muito. Como eu poderia já ter sido a maior fonte de alegria do meu pai e agora o fazia pensar em se matar? Eu sinceramente nem sabia mais o que fazer.

Mamãe também conheceu Tavinho, de longe. Ela é alérgica, lembram? Pois até achou ele bonitinho, mas muito grande (ele já estava maior que um gato SRD adulto).

Antes de se despedir e voltar pra casa, mamãe chorou mais um pouco e disse estar triste por não poder me levar, mas sabia que eu estava bem. Ela deu então um abraço apertado em Otávio, e disse:

- Enquanto você tratar bem do meu bebê (ela me chama assim até hoje, tipo no meio da rua, morro de vergonha), você sempre será muito querido- ela falou entre lágrimas- pois agora eu vejo que vocês podem ser e serão felizes juntos. Muito obrigado por proteger e cuidar do meu filho, Otávio!

- Não me agradeça, dona Yolanda! Eu amo seu filho de todo meu coração- ele disse- e eu agradeço, pois você deu à luz, a luz da minha vida.

- Continue cuidando dele, meu filho- ela falou pra ele e virou pra mim- e você, cuide bem desse rapaz, que ele vale ouro! Você escolheu muito bem o meu genro!

- Pode deixar, mãe! Vou cuidar sim!- dei um abraço nela- vou ficar com saudades!

- A senhora é muito bem vinda aqui, pode vir sempre!- Otávio disse- aliás, é só me avisar pra eu caprichar ainda mais no jantar!

- Pode deixar! E depois me ensina essa receita, hein!

Minha mãe se foi, e eu fiquei um pouco mais aliviado. Mas eu sabia que reconquistar o respeito do meu pai seria difícil, e eu teria mais uma luta pela frenteNo outro dia pela parte da tarde, fui pra escola pra apresentar o trabalho com meus colegas, o grande, sobre profissões. Assim que entramos em sala, foi feito um sorteio pra decidir a ordem de apresentação, e nós fomos escolhidos os segundos. O grupo da Paula, Gehardt, Évora, Brunnlo e uma pequena que nem sabia o nome seria o último. Descemos então para o auditório, e lá encontramos Otávio, seus primos, seu tio, diretor e proprietário da escola, vários outros professores e até alunos de outras turmas.

Claro que fiquei nervoso, mas foi tudo bem. Os grupos se apresentaram e por fim, a vez do grupo da Paula chegou. Eles fizeram uma boa apresentação, afinal Brunno, Évora e Gehardt eram bons alunos ao contrário da safadona, e depois de serem aplaudidos, desceram do palco.

Mas Paula ficou pra trás. Nessa hora, eu sabia que ia dar merda. Évora e Brunno me olharam com cara de quem não sabia o que ela ia fazer. Pura que me pariu. Eu sabia.

- Bem, gente, eu queria encerrar as apresentações com chave de ouro e mostrar uma das profissões mais velhas do mundo- o povo riu, muita gente que conhecia a fama dela de periguete fez brincadeiras sobre ser ela mesma o exemplo- pois é, estou falando das putas! Aí eu decidi mostrar pra vocês um videozinho com uma puta muito feia e ridícula em ação! Não se preocupem que ei editei! Nada de sacanagem, hein!

Nessa hora, Otávio já tinha mandado cortar o microfone dela, mas ela falava alto, e ele já subia com mais alguns professores pra retirar a vaca do palco, mas infelizmente não deu tempo. Ela deu play no vídeo que estava no pen drive dela, antes de eles conseguirem impedir.

O vídeo estava escuro, mas alguém com uma nareba como a minha é facilmente reconhecido. Ouviu-se um "ohhh!" pela sala toda, e logo que Otávio apareceu me comendo (o rosto dele realmente não aparecia), a galera caiu na gargalhada. Outros me olharam e vaiavam, e me xingavam de vários termos muito pesados. Eu fiquei paralisado por um tempo, até que Otávio alcançou o púlpito e desligou o vídeo. Eu me virei e já ia sair correndo. Mas então a raiva que me tomou foi mais forte do que a vergonha, mais forte do que o medo e eu engoli o choro e caminhei de cabeça erguida até o palco. Os professores tentaram me impedir, mas eu passei e fui até a vaca nojenta que tinha feito a maior desgraça na minha vida. Otávio ficou meio de lado e me olhou, como que suplicando que eu nada fizesse. Tarde demais.

- Ei, puta! Gostou de fazer parte da minha apresentação?- ela disse- Você estava glamurosa no vídeo! E gemia feito uma cadela!

Reuni todo meu sangue frio e cheguei perto dela. Então dei-lhe um abraço e disse em seu ouvido:

- Vai ter volta, sua desgraçada. Eu agora vou jogar o seu jogo- então me afastei e falei alto pra que todos ouvissem- obrigado, Paula, pelo menos me poupou o trabalho de assumir pra todos. Sou gay, sim. E hoje pelo tenho pelo menos a felicidade de ter ao meu lado um homem de verdade que me ama! E se alguém aqui pagar as minhas contas e dormir no mesmo quarto que eu ou for dono do cu que eu der, pode me atirar a porra da primeira pedra!

Virei as costas e saí. Saí de alma lavada, sabendo que apesar da enxurrada de problemas se aquele barraco ainda me traria, pelo menos ninguém naquele auditório teria coragem de me falar um "ai" que fosse na minha cara.

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Comentários

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O.o caramba, quanta coragem! Tem meu respeito pois enfrentou de cabeça erguida o problema por pior e mais vergonhoso que fosse (afinal, ter um vídeo seu exposto não é nenhum pouco legal, ainda mais contendo sexo); Fico feliz que sua a relação com sua mãe tehpnha voltado (aparentemente) aos bons tempos ^^. Só espero que teu pai pare de ser tão cabeça-dura e volte ao menos a falar com você, porque vocês se davam tão bem

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Fosse superior, pensei que ias encher a cara dela de bolachas. Mas mostrasse que é alguém melhor que ela. Demais.

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Nooossa, qie miserável essa garota, merece uns tabefes. Queria ver a desmoralização dela se o filhinho dela não fosse do Otávio. Adorei sua atitude. Não consigo sequer me imaginar em tal situação

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