Olá meu nome é Gael tenho 1,75 de altura e atualmente tenho 28 anos, antes de começar a contar a minha historia teria que voltar um pouco mais no tempo para que vocês possam entender como certos acontecimentos influenciaram meu futuro.
Eu nasci em Spandau que é um distrito municipal de Berlim, capital da Alemanha. Morava com meus pais, sendo a minha mãe professora e meu pai um policial, contudo nossa família estava longe de ser feliz, meus pais brigavam muito e para piorar meu pai sempre foi um homem muito violento e algumas vezes bebia muito e batia na minha mãe ou em mim, quando tinha nove anos era um sábado por volta das 22 horas meu pai chegou bêbado em casa e sem motivo algum começou a me espancar e minha mãe ouvindo meus gritos tentou conte-lo, mas ele era forte e bateu nela também, só me lembro de tentar fazer com que aquele monstro parasse de machuca-la segurando em seu braço, mas ai senti uma pancada forte na cabeça e tudo ficou escuro.
Mesmo estando de olhos fechado, eu me lembrava de pessoas conversando perto de mim, mas eu não conseguia abrir os olhos ou mexer qualquer parte do meu corpo, era como se eu estivesse em um pesadelo em que eu gritava, mas nenhum som sai da minha boca ate que sinto varias mãos me segurando, mas eu precisava sair daquela escuridão, lembro-me de gritar chamando a minha mãe, implorando a ajuda dela para me acordar daquele pesadelo, mas não conseguia, só sentia varias mãos segurando meus braços, pernas e meu corpo até que sinto uma picada em meu braço e a partir dai não me lembro mais. Até que escuto uma voz de uma mulher, mas não era a minha mãe, era a voz da minha avó... Sim era ela mesma, mesmo a muito tempo sem que ele nos visitasse por causa do meu pai que não se davam muito bem e também por ela morar em Florianópolis Santa Catarina no Brasil, ela não tinha condições de nos visitar com frequência, já esquecendo minha mãe é brasileira e meu pai é alemão, mas reconheceria a sua voz em qualquer lugar, era uma voz doce e suave de uma senhora já com mais de setenta anos.
V:Meu netinho...
G:Vô?
V:xiiii fica calmo, eu estou aqui com você.
G:Vó acende a luz vó, esta muito escuro...
De repente minha avó ficou em silencio e escutei alguns sussurros como se fosse um choro baixo, mas não tinha certeza se era isso mesmo, nessa hora eu imaginava que tinha acabado a energia ou algo parecido.
V:Fica quietinho eu vou chamar o medico...
Quando ela saiu escutava os seus paços e o que seria o barulho da porta e então com a mão eu fiquei tateando pela cama e vi que alguns fios estavam ligados em mim e uma dorzinha na mão e logo entendi que tinha algo ligado ali e claro eu estava em um hospital e tomando soro.
Após alguns instantes entrou algumas pessoas no quarto...
Bom eu ia detalhar, mas vou resumir essa parte para o conto não ficar cansativo.
No quarto estava a minha avó, um medico e a psicóloga e eles me disseram que devido ao trauma eu fiquei cego, mas eles me disseram que essa cegueira poderia ser temporária, já que nada de errado foi encontrado, porém que eu iria fazer alguns exames para ter um diagnostico mais preciso, lembro-me que na hora eu fiquei como se estivesse congelado pelo que acabara de ouvir e agora entendia a razão daquela escuridão e assim eu fiquei desesperado, sentia-me sufocado como se estivesse preso em uma quarto sem portas ou janelas e só existindo a escuridão. Com muito trabalho a psicóloga e minha avó conseguiram me acalmar ate que fiquei sabendo que meu pai havia matado a minha mãe com dois tiros e depois se matou. Daquela fatídica noite ate aquele momento já fazia quase uma semana e já tinham feito o velório e eu nem pude me despedir da minha mãe. Claro que quando soube tiveram que me fazer dormir, por que eu amava muito a minha mãe, ela era uma mulher espetacular, amável e muito carinhosa e eu sendo seu único filho então podem imaginar a dor que senti e agora eu só tinha a minha avó, já que a família do meu pai eu nem tinha muito contato e eles não gostavam da minha mãe e muito menos de mim.
Mesmo após vários exames os médicos não conseguiram explicar o motivo de eu estar cego e também não tínhamos muitos recursos e, portanto sem muito o que fazer, depois de quase um mês entrei novamente em minha casa e aquela saudade da minha mãe foi tão intensa, como era possível aquele monstro destruir sua família daquele jeito, e o pior agora eu estando cego seria um peso morto para minha avó que já tinha idade avançada. Depois de muito conversar resolvemos vender a nossa casa, moveis e o carro e meus pais tinham uma poupança e juntando tudo daria uma grana boa e por fim embarcamos para o Brasil deixando para trás a pessoa mais importante da minha vida naquele cemitério.
Ao chegarmos em Floripa minha avó disse que não ia mexer no meu dinheiro, que era para guardar ate que eu ficasse adulto, eu tentei convence-la a usar, mas ela disse que não precisava e que mesmo com um pouco de dificuldade ficaríamos bem. Nos primeiros dias foi muito difícil me adaptar a nova realidade e também ao novo país e seus costumes, mas a saudade da minha mãe e até dos meus coleguinhas foi uma dor difícil de segurar e ainda mais agora que eu teria que reaprender e me adaptar a viver com essa deficiência, com ajuda de uma psicóloga amiga da minha avó eu consegui superar e assim dias... Meses e anos se passaram eu estava com dezoito anos e praticamente só ficava em casa ou na escola, tinha dois amigos que eram um casal de namorados que por sinal eu vos apresentei um ao outro, mas mesmo assim eu não queria dar trabalho para ninguém, ficava em casa com a minha avó que com ela aprendi a tocar piano. Muitas vezes ficávamos nos dois sozinhos ela me ensinando a tocar ou então lendo algum livro pra mim, não por que ela queria e sim por que eu não gostava de sair e dar trabalho para os outros.
Quando me formei do ensino médio não queria comemorar, acho que ficar em casa já estaria bom, mas a Clara me fez prometer que no final de semana eu iria sair com ela e o Gilberto, o casal vinte que havia mencionado e sem muitas opções eu aceitei e no sábado de manhã eles passaram em casa e disseram que eu devia colocar uma roupa simples que eles iam me levar em um salão para dar um tapa no visual.
G:Para com isso, estou bem assim.
C:Nem se atreva a me contrariar, mesmo seu cabelo sendo lindo loirinho assim precisa de cuidados... ai como eu queria ser loira.
Gi: Meu amor nem diga isso eu adoro minha moreninha linda.
G:Ei ei ei, olha a sacanagem aqui.
Sem muita escolha eles me levaram em um salão onde a Clara e uma moça discutia um corte que ficaria bom em mim e que fosse fácil de eu mesmo me cuidar sabendo das minhas limitações. Então depois de quase uma hora estava pronto.
Eu não disse mais tenho cabelo loiro e meus olhos são azuis e cortaram meu cabelo curto na lateral e em cima mais comprido e por ser liso a Clarinha disse que eu fiquei parecendo um modelo de passarela, mas nunca acreditei muito nela, enfim recebi vários elogios delas e de algumas pessoas do salão, depois fomos para casa e minha avó jurou que eu estava muito lindo.
Durante a tarde eles me arrastaram para o shopping, a Clara queria comprar um vestido, eu e o Gilberto compraríamos uma roupa para a noite e assim fizemos eles escolheram uma roupa para mim e para o Gilberto e depois fomos com a Clarinha comprar o tal vestido dela, ate que ela entrou em uma loja e como estava um pouco cheia eu disse que queria esperar lá fora ate por que conheço minha amiga e sei que ela iria demorar horas para escolher um vestido e que o Gilberto como namorado teria que ficar com ela dando palpite mesmo que a opinião dele não faça muita diferença.
Sendo assim o Gilberto me acompanhou ate o lado de fora, mas como estávamos perto da praça de alimentação eu pedi pra ele me levar ate uma mesa e comprar um milk shake pra mim e assim fomos.
GI: Não sai daqui viu moleque.
G: Há há engraçado, vai lá e boa sorte com a Clarinha.
Enquanto eu tomava meu milk shake se passou alguns minutos ate que alguém senta na mesa que eu estava e antes que pudesse dizer alguma coisa ...
?: Ate que enfim te encontrei, o Marcelo e a Mari disseram que já estão chegando... Adorei o novo corte de cabelo de vocês, já comprou os ingressos? Apesar de que nem vai precisar por que a Mari disse que o Kadu ganhou cinco ingressos vip...
Porra quem é essa maluca que não para de falar nem um minuto, ela deve estar me confundindo.
G: Quem...
?: A olha eles ai... MARCELOO AQUI.
Parece que mais duas pessoas sentaram na mesa e a garota não parava de falar um minuto e isso já estava me irritando ate que um cara que também deve estar me confundindo fala.
M:Uai mano que roupa é essa? Nuca te vi com essa roupa?
G:Olha cara você deve ta me confundindo...
Eu já me levantei da mesa e queria sair dali, parecem um bando de loucos.
L:Daniel o que houve?
G:Olha garota você deve estar me confundindo, eu não sou esse tal de Daniel...
Sou interrompido pela gargalhado dos três ate que escuto um telefone tocando e assim eu ia saindo ate uma garota segura meu braço.
L:Ai Dani deixa de ser xato e senta ai que temos que combinar o horário que vamos sair la Da sua casa.
M:Quem ta falando? Pera ia que brincadeira é essa, eu to aqui na sua frente na praça de alimentação.
G:Me solta garota eu não te conheço.
D:O que é que esta havendo?
De repente todos ficaram em silencio e eu senti que todos estavam olhando pra mim.
L:Gente eu acho que eu estou louca ou vocês são três?
D:Que brincadeira e essa mano?
M:Não é brincadeira irmão...
G:Olha vocês devem estar me confundindo eu vou nessa por que meus amigos devem estar...
O pior é que eu havia esquecido o nome da loja que eles entraram.
G:Alguém poderia me ajudar a encontrar uma loja de vestidos meus amigos estão lá então...
M:Pera ai pera ai, que loucura é essa, você é cego?