Estava extasiada com nossa noite de amor. Completamente em êxtase, mas como a vida não para para desfrutamos de cada momento, levantei-me, tomei meu banho, passei hidratante e me vesti apenas com uma calça jeans, blusa e tênis (já que tínhamos aula de combate a incêndio). Parei em uma padaria próxima a empresa, para tomar meu café da manhã e seguir ao trabalho. Pedi um cuscuz, que vinha com queijo manteiga derretido por cima, e minha velha e inseparável coca-cola zero. Tivera uma manhã de trabalho tranquila, mas ansiosa em poder encontrá-lá novamente. Era sexta-feira, e meus colegas de trabalho tinham o costume de sair para almoçar todos juntos, e, como ainda estava conhecendo e me adaptando, preferi tentar me enturmar o quanto antes. Acabei me atrasando no retorno e isso fatalmente implicaria no meu atraso no curso dado por Cris.
Chegando ao local marcado para nos reunirmos antes de nos dirigirmos ao pátio onde haveria a aula prática, já não havia mais ninguém. Todos os demais já tinham saído e, claro, não haviam me esperado. Em seguida, fui ao pátio. após uma breve explanação sobre a utilização dos variados tipos de extintores, sob sol escaldante, a qual praticamente perco, chegada nossa hora de utilizarmos os extintores para a pagar as chamas previamente provocadas para nossa última aula. Que calor absurdo!
Acho que a temperatura me fizera mal, acredito que minha pressão baixara drasticamente. Fiquei tonta, sentindo vertigens. Minha única preocupação naquele momento resumia-se em me concentrar para permanecer em pé. Tive realmente receio de cair desmaiada em plena aula. Encostei-me em uma mureta e murmurei a uma colega que não estava a passar bem. Logo a Cris fora avisada e chegara imediatamente junto a mim. Ela se postou em minha frente, levemente entre minhas pernas, segurou e levantou o meu rosto entre suas mãos.
Cris: Julia, o que está sentindo?
Julia: Não sei direito, uma sensação ruim. Estou tonta, fraca...
Cris: Vem cá, entra na ambulância! (segurando-me pelos braços e dirigindo-me a ambulância que estava disponível no treinamento)
Ela me fez deitar na maca e pediu para o enfermeiro aferir minha pressão, que, por sinal, nem estava tão alterada. Fiquei por um tempo deitada dentro da ambulância, por orientação do enfermeiro, enquanto a Cris acompanhava os demais na atividade a qual deveríamos estar praticando. Cris então voltou, entrou na ambulância e sentou numa cadeira próxima a mim. Passou sua mão em minha face, tentando sentir como eu estava (embora ache que ela queria era se aproveitar da minha fraquesa naquela situação), e segurou minha mão.
Cris: Como está agora?
Julia: Um pouco melhor.
Cris: Olha, quero que fique aqui por um tempo. Não precisa sair para participar, tá? Acho que foi o sol forte. Toma um pouco de água e descansa. Fica deitada até a hora da gente voltar.
Julia: Fica um pouquinho aqui. (disse segurando sua mão, impedindo-a que levantasse para sair da ambulância).
Cris (com um sorriso meigo e sem graça): Oh, Ju! Tenho que acompanhar o pessoal. (mesmo falando isso, ela não queria ir, virou-se a porta, olhando o andamento do treinamento, e voltou-se a mim).
Cris (ainda sorrindo, piscou um olho para mim, com um ar cúmplice): Tá bem, só um pouquinho (ficamos ali até o final, com as mãos entrelaçadas).
Voltamos até o prédio da empresa num dos veículos que levara o pessoal até lá. Seguimos a sala que havíamos assistido ás aulas durante aquela semana, ela sempre ao meu lado, e me fez sentar a sua frente. Ela fez um breve encerramento, chegando em seguida nosso coordenador para agradecer a ela e a nós, pelo nosso empenho (o meu nem tanto) no decorrer do curso. Ao término, ainda iria me levantar, sem interrompida por ela, me mandando ficar quieta, pois me levaria até a pousada.
Não estava em condições de evitar sua oferta, na verdade, depois de nossa linda noite, só se eu fosse louca de querer evitá-la.
Seguimos à pousada, levou-me até o meu quarto e deitou-me na cama. Ajeitou os travesseiros para que eu apoiasse confortavelmente, tirou meu tênis e pediu que eu relaxasse.
Cris: Ju, fecha os olhos! (fazendo massagem super relaxante em meu pés)
Julia: Hummm, que gostoso, Cris! (minha voz quase não saiu)
Cris: Hoje vou cuidar de você, tá? Vou fazer alguma coisa para você lanchar.
Julia (abrindo um gigantesco sorriso): Sabes cozinhar, é?
Cris: Não se anime, meu repertório é escasso. Mas nem adianta, moça, será surpresa. Sério, mesmo que soubesse cozinhar de verdade, nesse quarto nem poderia elaborar nada. (sorrimos. Tão perfeito esse momento)
Cris: Ju, vai tomando banho. Vai se sentir melhor.
Assim eu fiz. Tomei meu banho e quando retornei, lá estava ela com um sanduíche e um copo de suco, que havia pedido na própria pousada.
Deitei novamente, sendo servida por ela na cama. Comi toda aquela refeição que ela organizara.
Cris: Bom, tenho que ir.
Julia: Não, fica comigo.
Cris (sentada à beira da cama): É melhor eu ir. Tá tarde, eu estou suja, cansada...
Julia: Fica aqui. Toma banho e passa essa noite comigo.
Ela abriu um sorriso meio que surpreso, que me deixou sem graça pela forma espontânea com a qual eu insistia em que ficasse.
Julia: Tô dodói! (caímos na gargalhada)
Cris: Tá certo, Ju, me convenceu.
Depois do seu banho, vestiu uma roupa minha e deitou-se junto a mim.. Ficamos conversando amenidades e adormecemos com o cansaço que nos tomou conta.