“O Gêmeo Errado ou Um é pouco, dois é bom e três é melhor ainda”
Eu não sei vocês, mas todas as vezes que me pego pensando no passado, lembro-me de como a vida de universitário era dura, e mais dura ainda eram as rolas que eu apertei.
Para mim, essencialmente a vida nunca foi fácil. Não pude pagar a universidade particular porque minha mãe não tinha condições, e meu pai abandonara a família deixando para trás uma mulher e três filhos. Eu, como o mais velho, tive que trabalhar cedo para ajudar a sustentar a casa. O jeito foi estudar feito um condenado para conseguir um lugar ao céu. Como eu não tinha tempo para passar em uma universidade pública, tive que conseguir uma bolsa num dos programas de assistência do governo.
Eu não vim aqui para ficar falando de “duras realidades da vida” ou me lamuriar de como eu já sofri. É que eu preciso ambientar vocês, meus queridos leitores, para entender o que vai se passar logo mais.
Quando eu passei no programa de bolsa do governo, decidi cursar biblioteconomia numa faculdade renomada em São Paulo. Minha mãe, naquela época, estava se mudando para o interior, tentar a vida ao lado de uma irmã dela, uma tia minha bem sucedida na vida. E fiquei sozinho na metrópole mais populosa do hemisfério sul. ‘Inda bem que encontrei a pensão da Dona Margot.
Dona Margot era uma senhora muito da simpática. Uma mãe para todos os rapazes da pensão. Ela tinha um casarão antigo ali na Santa Cecilia, muito do antigo mesmo, herança de algumas gerações, que era utilizado como pensão. O quarto dela ficava no topo, no quarto piso, e abaixo dele, outros três quartos em cada andar até antes do térreo, e lá embaixo, a sala de estar, uma sala de jantar com uma mesa longa, uma cozinha bem colonial, e, aos fundos da casa, numa edícula, um banheiro duplo. Em cada quarto cabia em tese, duas camas, mas na maioria dos quartos existia uma super-lotação de três camas e numa delas, um beliche. Era muito marmanjo num lugar só!
Morei no quarto dos fundos do primeiro andar por quatro anos. Partilhei daquele minusculo ambiente com três grandes amigos: Lucas, Augusto e Alan. Confesso que sempre soube que sou gay. Confesso também que demorei um pouco para tratar com naturalidade esta característica peculiar. Saí do armário mesmo, só no ultimo ano da faculdade. Até lá, vivi de brincadeiras e envolvimentos que não considerei serem sérios. Mas sentia que algo era muito diferente.
Sempre vi meus companheiros de quarto pelados. O nível de intimidade era de primos, ou mesmo irmãos. Lucas era um cara bem fechado. Pele branca, olhos verde, cabelos loiros escorridos, não muito longos. Não era muito chegado em papo. O Alan era o mais palhaço de todos nós. Era um cara baixinho, parrudo, bastante fora dos padrões de beleza, mas simpatissíssimo. Era o que literalmente mais comia a mulherada. Nunca entendemos o que tinha naquela rola. Já o Augusto era um fofo. Era um pouco mais baixo do que eu (fui por tempos o mais alto da turma, quase dois metros) e estava entre o malhado e o fofinho. Sabe aqueles caras que te dão vontade de apertar e morder? Este era Augusto. Não era tão lindo quanto o Lucas, mas, sem duvida tinha muito mais charme na simpatia. Seu sorriso e sua preocupação com os outros eram cativantes.
Uma coisa que era curiosa, e já tinha se tornado frequente, é que todas as férias, a pensão da Dona Margot ficava inexoralmente vazia, quase morta, sem vida. Primeiro, noventa e cinco por cento dos rapazes voltavam para suas casas em muitas partes do Brasil, e segundo porque em janeiro, a própria Dona Margot tirava férias. Então, tudo ficava silencioso em casa nessas épocas. Foi no penúltimo verão, que as coisas mudaram.
Trabalhei o verão inteiro, fazendo horas extras todos os dias. Como estudava biblioteconomia, fui corroborar com minha paixão por livros trabalhando em uma livraria na Rua São Bento, bem próxima à Praça do Patriarca, no coração de Sampa. Chegava já era mais de nove da noite, e ainda estava claro.
Cheguei em casa, subi no quarto para pegar uma toalha, e quando abri a porta, encontrei Augusto se secando, pelado, esfregando a toalha pelo corpo. Ele passeava a toalha por seus músculos, e pela barriguinha, descendo suavemente até a virilha direita, segurando seu pinto e seu saco, e depois trocando de mão para secar a outra virilha. Estonteante a visão.
— Tudo bem, cara?! Cê tá estranho… — perguntou-me. Claro que eu devo ter feito a maior cara de lobo faminto possível.
— Opa, tudo ótimo… Desculpas, estou exausto… — Desconversei, corri até o guarda-roupas, peguei a toalha e sai. Tomei uma longa ducha gelada. E enquanto a água caia em minha cabeça, eu não conseguia tirar aquela imagem da mente. Bati uma punheta pensando no corpo nú de meu colega de quarto. Jantei, e fui pra cama, ler um pouco.
Minha cama ficava na parte de baixo do beliche. Alan, o nanico dormia em cima, Lucas na cama do meio e Augusto dormia no outro canto. Era mais de onze da noite quando Augusto entrou no quarto. Vestia uma regata folgada e um calção, desses de praticar esportes bem solto. Estava sem cueca, a julgar que sua jeba balançava livremente ao andar. Ele sentou na cama, com um sorriso torto e me encarou por um instante. Achei master estranho, e decidi quebrar o silêncio:
— Que você faz aqui, carinha? Não quis voltar para casa?
— Não… — e sorriu — Esse ano eu vou economizar um pouco. Fiquei mais por causa do estágio, da grana extra. Voltar para casa seria um disperdicio de tempo na atual conjuntura. E você?
— Cara… Eu não consigo ir embora. Minha mãe quer me matar por ficar tanto tempo sem vê-la, mas assim é a vida. Trabalho igual a um condenado, estudo, tenho que pagar minha estadia, comida, transporte. Num vence…
— Hum… Saquei… — desviou o olhar por um momento. Hesitou fazer uma pergunta, e então tornou a falar — Hei, Pedrinho… E as namoradas?
— Quais?! — indaguei jocosamente. — Estou bem tranquilo. De boa na lagoa, meu caro. — E você?!
— Ah! — suspirou erguendo a cabeça, e coçando o saco. “Minha Grande Mãe, ô imã de olhos que esse saco tem!” pensei comigo — A Jéssica é do tipo das cocotas difíceis, véio… É dura na queda, mas estamos levando bem — e sorriu feito bobo, parado por um instante. Nos viramos, cada um pro seu lado e fomos dormir.
Conversamos mais algumas vezes naquela semana. Sempre de noite, antes de dormir. Descobri que ele estava muito feliz com o curso de engenharia dele, descobri que sua mãe ligava todos os santos dias. Foi bem bacana saber do que ele gostava, do que ele achava ruim num relacionamento. Nos aproximamos bastante. Sexta feira, à noite, quando cheguei do trabalho, Augusto me convidou para tomar umas cervejas. Disse que não faria mal algum, e meio relutante concordei.
Acabamos indo pr’um barzinho um pouco movimentado na Barra Funda. Sentamos em uma mesinha, ambos do mesmo lado, olhando para fora, vendo o movimento de pessoas. Curtindo a beleza da galera bem produzida. Percebi que Augusto não deixava de observar uma mulher bonita que passava. Às vezes eu acompanhava o olhar dele, para saber onde ele estava olhando. Ele balbuciava uns “Ahhhh…” e “Noooosssa”... tipico de macho alfa. Eu me limitava a sorrir, tirar sarro da cara dele, e ele da minha. Conversa vai e conversa vem, copo cheio, copo vazio, copo cheio de novo algumas vezes depois, devo dizer que eu não estava mais tão atento a ponto de me certificar que não estava dando pinta.
E aquela noite de verão abafada estava repleta de deuses gregos e romanos passeando. Tive que seguir com os olhos algumas bundinhas sensacionais. Foi numa dessas olhadas, já mais pra lá do que pra cá, que quando meus olhos se voltaram para meu companheiro de copo, vi que ele tinha percebido tudo. Estava estático, com um sorriso torto no rosto, desconcertado. Ruborizei no ato. Queria desaparecer naquele instante de tanta vergonha. Abaixei a cabeça, desejando que aquele momento não existisse. Eu não sei muito bem porque me senti assim. Ele mostrou seu valor naquele instante.
— Velho… — falou baixo — Não precisa ficar assim — e soluçou — Tenho um irmão que é como você…Eu te entendo…
Levantei minha cabeça lentamente, com lágrimas escorrendo pelo rosto e encarei-o por um instante. Felizmente, ele não tinha um olhar de repugnância, ou de pena. Augusto parecia estar sóbrio e sereno.
— Co-co-como eu?
— É — e sorriu como sempre fazia — Que curte outros caras — disse na lata, sem pestanejar — E acho mais! O Alexandre está vindo no próximo fim de semana para Sampa. Vai ser bem bacana vocês se conhecerem. Acho que pode dar certo… — concluiu. Fiquei um bom tempo olhando para aquele cara. Como ele conseguia ser daquele jeito, tão amável?
Eu não me lembro muito bem do que aconteceu logo em seguida. Desconfio que o álcool tenha se apossado do meu corpo, e eu tenha sido reduzido ao papel de bebado inconveniente levado pra casa. Quando acordei na manhã de sábado, morrendo de dor de cabeça, fiquei parado por um bom tempo em minha percepção. Digeri cada momento que pude me lembrar, e quando me dei conta, Augusto estava sentado na cama em minha frente, me oferecendo um copo de água gelada. “Talvez tenha sido só um sonho. Eu só tenha ficado bêbado, e imaginado tudo”.
— Sente-se melhor — me entregou o copo. Sentei na cama, e ele perguntou — Quando você descobriu que curtia outros caras?
— Hein?! — atordoado indaguei.
— Sabe… Você deve ter descoberto que não era normal.
“Ah...claro, nem todo hétero pode ser perfeito…”
— Véio… Não estou em condições de te dizer “Olha… eu tinha nove anos, estava na terceira série, numa manhã de outono chuvosa, em frente ao tumulo do meu melhor amigo, descobri que eu era gay…” — Ele estremeceu. Descobri que ele não gostava do termo gay.
— Tudo bem. Fica susse. Vou guardar essa comigo. Mas antes! Vou apresentar meu irmão — “Tá tá tá… Ahaamm… Senta lá, Claudia” pensei comigo mesmo.
A semana passou rápido. Mergulhei na minha cama domingo inteiro, trabalhei feito um camelo, e estava feliz que sexta feira não teria que trabalhar, feriado de Aniversário de Sampa. Cheguei alegre e contente em casa na tarde de quinta. Fui entrando em pela sala e encontrei Augusto sentado no sofá. Ele sorriu para mim de um modo estranho. Passei corredor adentro, e subi as escadas. Quando fui abrir a porta do quarto, encontrei-o escolhendo qual camisa iria usar. Cumprimentei-o e ele sorriu mais parecido com o usual.
— Pedro, Pedro! Vai tomar banho correndo, que a gente vai sair. Você, a Jeh, o Alê e eu. Vai! — e me jogou a toalha na cara.
Desci as escadas novamente, e atravessei a sala. Lá estava Augusto sentado no sofá, alinhadíssimo. Quando eu cheguei na porta da cozinha e me toquei que não era imaginação virei-me. Augusto desceu as escadas num salto, fazendo algazarra, e pude então perceber que havia dois Augustos naquele comodo. Idênticos. Meus olhos com certeza estavam esbugalhados de susto.
— Pedrinho! Este aqui é o Alexandre, aquele meu irmão que eu te falei… — se eu fosse um pouquinho mais mole do que eu sou, certamente tinha desmaiado. A cópia alinhada do Augusto sorriu torto, igualzinho ao Augusto original.
— Vocês são…
— Gêmeos!!! Ahaaam… Eu não contei?! — disparou o Augusto original a falar — Cara, eu jurava que tinha te contado… Acho que foi quando você bebeu um pouquinho demais da conta… Alê! esse cara é bom na bebida… Demorou horas para cair. Mas também, nem avisou. caiu duro na mesa. Deu um trabalho!
Com cara de tacho eu fiquei. Cumprimentei o Alexandre como se deve, dei um aperto de mão, e senti seu perfume. Seu toque era suave e nada desengonçado, diferentemente de seu irmão. Pedi licença para tomar um banho rápido, e ele ergueu a sobrancelha.
Meia hora depois estávamos no carro, a caminho de um barzinho na Vila Madalena. Bebemos algumas cervejas e “otras cositas”, conversamos um pouco. Achei bem estranho no começo, aquelas duas cópias do Augusto me deixaram tonto. Ou foi a vodka. Eles tinham o tom de voz muito parecido, e a única diferença que percebi foi o leve sotaque mais paulistano (ou menos interiorano) do Augusto. O vocabulário do Alexandre também era um pouquinho mais rico. Com a evolução da conversa, o Augusto deixou de ser o âncora do grupo, e passei a trocar poucas palavras com o irmão e com a namorada dele. Já estava ficando meio tarde quando tiveram a ideia de voltar pra casa.
Chegando em casa, fui à cozinha, peguei água pra mim e pro Alexandre, que me seguiu. Trocamos um olhar e um sorriso de cumplicidade momentânea, e quando voltamos para a sala, o irmão estava se atracando literalmente com a guria. Sentamos no sofá, lado a lado, ele fez uma careta engraçada, e liguei a tv. Estava passando um filme de ação qualquer, e ambos relaxamos um pouco.
— Galerinha… — Augusto interrompeu os amassos, e se dirigiu a nós — A Jeh e eu vamos subir pro quarto… Vocês dêem um tempinho antes de subir… Ou melhor: Não subam se possível… — E riram com as caras mais safadas possíveis. Subiram pro quarto se abraçando, com as mãos percorrendo os corpos um do outro, loucamente. Alexandre e eu continuamos a ver o filme, na mesma posição, lado a lado no sofá de frente para a tv. Levantei para pegar água, e apaguei a luz da sala, me sentando no mesmo lugar. Estava começando a ficar entediado com o filme e sonolento. Quando percebi, o irmão do Augusto estava encostando a cabeça no meu ombro. Ele levantou a cabeça, em um susto, e pisquei um olho, sussurrando que estava tudo bem. Recostou novamente a cabeça, e senti seu cheiro novamente, o mesmo de quando apertei a mão dele. Fiquei sentindo a cabeça dele pesar sobre meu ombro, e me peguei rindo internamente. Eu praticamente estava com o Augusto nos meus ombros. Só que não.
Quando acordei na manhã seguinte, ele não estava mais lá. Levantei assustado, e me dirigi a cozinha. Com uma camiseta meio folgada, uma bermuda velha, estava terminando de colocar leite na xícara. Virou-se pra mim e sorriu. Eu sentei à mesa, passei geléia no pão, e me servi de café.
— Dormiu bem? — acenei com a cabeça — Eu sabia que você ia gostar do Alê. E ai? Rolou? — seu sorriso safado acabou com todo o romantismo. Aquele era o gêmeo errado. O correto entrou na cozinha e sentou-se de frente para mim. Seu sorriso tímido era igual do irmão. Deu-me bom dia, e comeu duas fatias de pão. Augusto saiu da cozinha, com uma bandeja de café para a periguete dele, deixando-nos a sós.
— O Guto me contou que você trabalha em uma livraria, certo?
— Ahamm… — respondi, bebericando minha caneca.
— Puxa vida, deve ser um trabalho interessante! Viver perto de muitos livros, organizá-los, receber as novidades antes de serem lançadas… — continuou.
— Ah… Tem suas vantagens como essas… E muitas desvantagens também.
— Os cliente desorganizam tudo, não é?
— Além disso, você recebe um salarinho mequetrefe para fazer cosplay do Google.
Ele ficou sério. E depois caiu na gargalhada. Como era gostoso ouvir a gargalhada dele. Alexandre tinha um jeito sério e comportado que seu irmão não tinha.
— Eu gosto bastante de ler. Sempre que posso, vou à livraria na cidade vizinha e compro um ou dois livros novos, para me entreter — parou um instante, e seus olhos brilharam por um segundo — Qualquer hora dessas te faço uma visita no trabalho.
“Oh Meus Deuses, como ele é tão fofo!”, pensei comigo. Perguntei o que ele faria no feriado, e me respondeu que não sabia. Aparentemente o irmão estava deixando ele meio de lado, por causa da namorada nova. Convidei-o para visitarmos o museu da Língua Portuguesa e a Pinacoteca Estadual. Seu sorriso de felicidade valia mais do que mil palavras.
Pegamos o metrô até a Estação Republica, e depois outro até a Estação Luz. Expliquei para ele algumas curiosidades sobre as estações, sobre o transporte de Sampa, e o Alexandre me respondeu que estava adorando eu de cicerone. Demos uma passada no museu da língua, não muito demorada, e nos estendemos pela Pinacoteca. Uma exposição de um fotografo russo despertou o assunto sobre autores russos, e descobrimos gostos em comum. Fizemos a pausa pro café na cafeteria da pinacoteca, do lado externo, à esquerda em relação a entrada. Comemos uma quiche de alho poró e tomamos chá silvestre.
O dia estava lindo, o sol estava baixo já, numa temperatura agradável naquele verão. Saímos da pinacoteca, e demos uma volta volta no Parque da Luz. As árvores deixavam o ar fresco e à sombra estava perfeito. Deitei debaixo de uma árvore bem grande, e meu companheiro fez o mesmo, encostando sua cabeça em meu ombro olhando para o horizonte. Ficamos contemplando o céu azul, em silêncio por um bom tempo.
— Meu irmão me contou…
— O quê?
— Que você curte…
— Que eu curto? — dei um sorriso torto — O que seu irmão disse que eu curto?
— Ah… Você sabe…
Permaneci em silencio. Será que ele ousaria dizer. Estava prestes a dizer, quando hesitou.
— Alê… Estou gostando muito de te conhecer — falei bem baixinho. Virou-se, com o olhar incredulo, sem graça, e perguntou se era sério. Respondi que era.
— Então…
Virei o rapaz do interior na grama, e deitei por cima dele, meus olhos encontraram os dele, e não resisti. Senti sua língua macia penetrar minha boca, meio desordenada. Meus lábios tocavam os lábios dele, e mais um pouco estávamos em sintonia. Ficamos nos beijando, com os corpos juntos por alguns minutos, até ouvirmos duas garotas cochicharem bem próximas de nós. Decerto falavam de nós.
— Vamos pra casa?
Subimos correndo para o meu quarto. Quando percebemos que ninguém estava em casa, Alexandre pulou em meu pescoço, me beijando. Agora queria ter o controle da situação. Ele me abraçava forte, e enquanto seus braços me envolviam, sua boca explorava meu rosto, meu pescoço, meu peito sem camisa. Augusto tinha aproximado duas camas da ponta para dormir com a periguete, decerto, e nós decidimos aproveitar. Rolávamos na cama, arrancando a roupa um do outro, entre beijos cada vez mais calientes, mãos curiosas. Já estávamos só de cuecas, quando ele me pediu que fizesse um oral. Parei um instante e segurei.
— Você quer que eu chupe sua rola?
— Isso… — disse encabulado — Chupa… minha rola…
Ele se virou, deitando na cama, e beijei a boca dele um pouco mais. Da boca, segui descendo pelo pescoço, e pelo peito com poucos pelos. Ele estremecia cada vez que minha língua encostava em sua pele. Desci beijando e lambendo sua barriga, idêntica a do irmão, fui chegando perto da cueca, que estava estufada. Beijei o pacote, e com uma mão puxei, revelando uma pica linda, grossinha, ainda com a pele revestindo a cabecinha… Passei a pontinha da língua na boquinha da pica, revelando o melzinho, meu néctar dos deuses. Ele gemeu e sorriu para mim. Abocanhei sem dó aquele caralho, e chupei com vigorosidade… Quanto mais eu chupava, mais ele gemia. Estava dando uma experiência única para aquele moço do interior. Interrompeu-me sob alegações de que gozaria rápido, se continuasse.
Disse-me que queria meter. Respondi que ele podia por devagarzinho… Não era todo dia que eu dava uma de passiva. Virei de bruços, com a bunda arrebitada e ele deu uma cusparada em sua pica, latejante. Cuspiu na portinha, e colocou o mastro. Estremeci pela dor inicial, e pedi que fosse com cuidado. O Alexandre pegou jeito e foi um cavalheiro no final. Seguimos no vai e vem gostoso, e a sensação de ser comido era inebriante. Estava levando altas estocadas enquanto ele beijava meu pescoço e minha nuca. Não demorou muito anunciou que gozaria. Senti seu pau contrair-se e despejar sua porra dentro de mim. Caiu sobre meu corpo exausto, às bicas.
Seu pau amoleceu, e nos levantamos para tomar banho. Fomos juntos ao banheiro. Debaixo do chuveiro, ele deu uma mexida no pau, e decidiu que queria mais um round. A jeba ficou dura outra vez, e dessa vez ele colocou condicionador para lubrificar. Ser comido estava me dando um prazer imenso. Enquanto ele socava, com uma das mãos ele me punhetava. Gozei fartamente na mão e na parede do box, ouvindo ele gemer e gozar enquanto eu contraía meu cu, enlouquecendo-o. Virei-me para ele e nos beijamos. Ficamos ali, olhando um para o outro, deixando a água cair sobre nossas cabeças, e escorrer sobre nossos corpos.
— Hahahahahaha!!! EU SABIAAAAAA!! — escutamos o Augusto esmurrar a porta e gritar de felicidade.
Depois de pedir uma pizza, fomos para a cama juntos. Juntamos a cama do Lucas para bem próxima da minha, e fiquei deitado, observando o Alê pegar no sono. Ele dormia sereno, enquanto em minha mente matutavam mil coisas. Em cada traço dele, em cada respirada, eu enxergava o Augusto. Era incrível como eles eram iguais. Desculpe-me por insistir nisso, meus caros leitores, mas é estarrecedor você transar com alguém que idêntico ao seu objeto de desejo e ainda assim estar um abismo de distância de ser o maldito objeto. Fui tomado por um sentimento estranho de repulsa talvez. Fechei meus olhos, e desejei não ter feito uma besteira.
Levantei cedo no sábado, e não encontrei meu companheiro de cama e nem meu companheiro de quarto. Desci as escadas, e chegando na cozinha, lá estava o Augusto com a mesma roupa do dia anterior, colocando o leite na mesma caneca.
— Bom dia, Guto — murmurei. E ele veio em minha direção sorrindo e me beijou.
— Bom dia, seu lindo…Gêmeo errado…— e beijou de novo.
— Gêmeo certo, eu diria — e rimos — E essas roupas?
— Ah.. Foram as primeiras que eu encontrei. Peguei lá em cima da cama do meu irmão.
Tomamos café juntos, tive que tomar banho rápido e zarpar pro trabalho. Alexandre disse que iria fazer compras, sair um pouco e que talvez tomaria um café comigo. Saí. Trabalhei no modo automático. Meus colegas falaram que eu parecia um zumbi apaixonado. Pensei em Augusto, ops, Alexandre (não sei ao certo) o dia inteiro. Ele não apareceu para o café, não fiquei tão triste quanto deveria (se eu devesse ficar, também).
Cheguei em casa, já era mais de nove da noite, e vi que o Alê estava na cozinha lavando louça, só com a calça que usou pela manhã, sem camisa. Caminhei sem fazer barulho, por trás dele e dei um longo abraço apertado, com minha vara dura bem colada na bunda dele, e segurei o pacote dele com uma das mãos. Ele enrijeceu a postura, e falou sem graça enquanto eu beijava sua nuca:
— Véio… Você está me confundindo… Gêmeo errado...
Larguei na hora. Fiquei vermelho. Fiquei roxo de vergonha. Quis me matar, me cortar com a faca de pão (que dói mais), me atirar pela janela. Não consegui olhar nos olhos do Augusto. Ele, brincalhão do jeito que é, limitou-se a rir dizendo:
— He-he… Acho que vamos ter que andar com crachás de identificação, enquanto você não aprende a distinguir quem é quem. Ou talvez pulseiras, hehe..
Subi pro quarto feito relâmpago. Desci pra tomar banho, e imediatamente após, voltei pro quarto, sem dirigir uma palavra ao Augusto. Fiquei ali em silêncio por duas ou três horas, até que o Alexandre entrou no quarto, bem vestido e com ar de cansado. Sentou-se ao meu lado da cama, e beijou-me.
— O Guto me contou que você nos confundiu…
— É… — respondi em um tom amuado.
— Não fique assim. Foi nada demais. Esse tipo de coisas acontece nas melhores familias — e me abraçou — Ei… Estava pensando em tomar banho… Você me acompanha?
Fiquei um pouco mais alegre. Na verdade meu pau ficou duro na hora, só de imaginar que eu iria estar com o Alê de novo. Nos enfiamos debaixo d’água novamente. Com a esponja, comecei a alisar aquele corpo delicia, em movimentos circulares, segui esfregando as costas, e então as pernas, e depois a bunda. Com dois dedos, fui aproximando da portinha, pronto para massageá-la. Quando ele parou por um momento. Sussurrou que aquela não era a hora ideal ainda, mas que ele cederia logo. Enxaguamos o corpo dele, e seguimos nos beijando. Ajoelhei para chupar a rola dele, deliciosa. Chupei até ele esporrar em meu rosto. Lambi o que consegui de sua porra em minha cara, levantei e ele bateu uma para mim novamente. Terminamos o banho, e fomos para cama.
Era de noite, tava escuro quando ele levantou para ir ao banheiro. Ainda zonzo, sonolento, me virei por causa da claridade. Só tornei a virar depois que a porta fechou e Alexandre se deitou ao meu lado. Minha mão percorreu o corpo dele e percebi que estava nu. Com a rola rija lá estava ele de novo. Virei-me de costas para ele, que me agarrou forte, com a pica encostada na minha bunda.
Sussurrou um “Chupa pra mim…” e ainda de olhos fechados segui corpo abaixo, até o mastro duro. Estava chupando, num sobe e desce gostoso quando decidi ousar e chupar as bolas, e lamber o saco. Fui descendo a língua e ele erguendo as pernas abertas, quando dei por mim, estava “linguando” o rabo dele. Ele gemeu forte e pediu para continuar. “Sou bom em obedecer ordens”, pensei e continuei lambendo aquelas pregas lisinhas. Subi para as bolas e para o pau, enquanto aproximava meu pau da entradinha dele. Engatados, eu o beijava e minhas mãos percorriam o seu corpo. Ele gemia gostoso, como quem pedia para ser comido.
Levantei-me para pegar um gelzinho na cômoda, e me assustei com a velocidade que ele me pegou forte e me abraçou por trás. Nos beijamos de uma forma louca e voltamos para cama.. Espalhei gel pela minha rola, que estava trincando de dura, e besuntei aquela bundinha deliciosa. Encaixei suavemente, e ele estremecia ao sentir ser penetrado, de frango assado. Coloquei tudo até o talo, e esperei uns instantes antes de começar o vai e vem. Aproveitei para beijá-lo. Seu beijo estava curioso. Comecei o vai e vem, estocando fundo, enquanto punhetava-o, sentindo seu pau babar demasiadamente ao ter sua próstata massageada. Aquilo estava me levando a loucura, num nível alem da consciência. Ele pediu que eu não parasse e que gozasse fundo, e seu pedido logo foi atendido. Urrei ao dar as ultimas estocadas. Gozei como nunca na vida. Cai de lado, ofegante. Ele não tinha gozado ainda. Se aproximou de mim, no escuro, e me disse:
— Tenho algo pra te contar…
— Conta… — sussurrei…
— Você comeu o gêmeo errado — disse uma voz do outro lado da cama. Gelei.
Mas pensa numa pessoa que quase enfartou?! Eu queria dizer “Hein?!” E a situação era tão estranha que eu não sabia se ria ou se chorava, se sentia raiva ou se me matava de prazer. Ambos os gêmeos se aproximaram de mim, e me abraçaram, fazendo um sanduíche.
— Fica susse, Pedrinho… — disse um deles, que a essa altura do campeonato já nem sabia qual era.
— Nós não queremos o seu mal… — respondeu o outro
— Mas como assim, gente?! — protestei.
— É muito simples: estava pensando em como ficaria de sarro contigo desde que saquei qual era a sua…
— Meu irmão me contou que estava com um colega de quarto que curtia rapazes, e ficamos muito interessados em repetir algumas de nossas brincadeiras preferidas que outrora fizemos no internato — falou Alexandre jocosamente.
— Então… eu faço parte duma brincadeira antiga?! — disse em voz de choro.
— Claro Pedrinho… Claro…— amansou Augusto, alisando meu rosto
— Pensa pelo lado positivo: deste modo, você prova uma vez na vida o gostinho do meu irmão… Coisa que ele pode não querer repetir contigo…
— Não sozinho, meu irmãozinho — replicou Augusto — O que você acha, Pedrinho? — perguntou, enchendo-me de beijos pelo pescoço e peito, enquanto seu irmão beijava-me a nuca.
Aquela estratégia era desleal contra minha racionalidade. Os dois me envolvendo num turbilhão de caricias, e meus sentidos desordenados estavam me enlouquecendo. Quando me dei conta, o Alexandre estava lambendo meu rego, com sua língua macia, e sem gel algum começou a socar na minha bunda, enquanto Augusto me fodia a boca.
— Agora eu sei a diferença entre os dois — brinquei — O Alexandre tem a rola mais grossa. Pouca coisa, mas tem.
— O quê?! — protestou Augusto — Você vai ver só. Eu vou rasgar a sua bunda!
Inverteram as posições. O irmão sentindo-se injustiçado puxou de para ficar de quatro, com a cabeça virada para a borda da cama, e sem alarde decidiu me foder mais forte ainda. Dava tapinhas na minha bunda enquanto metia fundo e rápido. O Alexandre ficou de pé, dando-me surra de pica na cara, e enfiando seu caralho até a minha garganta. Aquela não era o relacionamento que eu tinha sonhado, mas confesso que estava adorando fazer parte daquele joguinho.
— Vou gozar, cê vai gozar, Alê?
— Tô quase lá…
— Então vamos encher a boquinha do Pedrinho de leitinho… — disse o Guto de modo sexy. Puxou-me para a cama, deitado com as costas no colchão, e cada um dos irmãos ficaram de um lado punhetando-se, e depois punhetando o outro irmão, com as picas duras bem próximas da minha boca. Foi quando senti o gosto do leitinho descer pela minha lingua, e minha boca ser inundada pela porra daqueles dois. Chupei até a última gota de cada caralho. Nos limpamos, e deitamos os três na cama, comigo no meio.
Acordei no domingo de manhã, e estava chovendo. Só o Alexandre estava na cama. Desci para pegar café, e servi na bandeja para ele. Agradeceu ainda com voz de sono, e me perguntou se eu estava bem. Respondi que sim, mas confessei estar um pouco largo no cu. “Acho que vocês me arrombaram”, e ele riu. Eu perguntei se o irmão dele estaria bem.
— O Guto vai ficar bem… — respondeu com um olhar de pena — Ele não se aceita, e jamais vai aceitar que curte caras tanto quanto o irmão gêmeo dele.
— Puxa vida! — exclamei.
— Pois é, meu caro… Foi um choque muito grande para ele quando eu decidi assumir minha homossexualidade. Ele ficou um bom tempo sem falar comigo. Nossos pais nunca entenderam o porquê dele se afastar, fugir para São Paulo. Tudo está mais claro para mim. Nós fizemos brincadeiras muitas vezes, isso é um fato, mas o Guto nunca aceitou que pudesse gostar de ficar na brincadeira para sempre, entende?
Assenti com a cabeça. Descobri que o Augusto ficaria um tempo falar comigo, que jamais tocaria neste assunto novamente tão cedo. Concordei em manter a privacidade do gêmeo errado, e argumentei que realmente tinha gostado do gêmeo que estava na minha frente naquele momento.
Alexandre ficou satisfeito com nosso entrosamento, disse que nos encontraríamos mais vezes, mas que por hora, não poderia se relacionar sério comigo. Estava passando por uma fase tensa de um relacionamento.
Ficamos ainda naquela manhã, e ele foi embora na tarde daquele domingo. Voltei a ver o Augusto só no meio da semana seguinte. Ele estava no quarto se trocando, e me cumprimentou com um aceno de cabeça, sem dizer uma palavra.
Lembro-me que não muito tempo depois, seguimos por rumos distintos em nossas vidas. Arrumei um emprego na biblioteca da faculdade onde estudava, e depois me formei. Consegui uma casa para mim em São Paulo, e Augusto seguiu a vida dele. Até o dia em que chegou à minha porta bêbado, me beijando e dizendo que precisava desabafar. Mas essa história não vem ao caso agora. Fica para outras memórias.
***MUITO OBRIGADO por chegar até aqui. Sua visita foi muito importante para mim. Seus comentários e notas são mais ainda, por isso, eu te peço! Fique a vontade para comentar e dar sua nota. Peço também que leia e opine sobre meus outros contos. Para um comentário mais elaborado, você pode escrever para loboescritor@gmail.com. Até a próxima história!***