Pessoinhas do meu coração, obrigado pelos comentários... Fofos, por assim dizer. Agradeço ao dono dos contos com o nome parecido com o meu por ter trocado, porque Gabriel realmente queria esse nome. E alguém perguntou se este conto é verídico. Sua resposta é sim, e consegui a permissão do Gabriel pra postar. rsrsrs. Aqui vem a parte
Meu pai me acordou pro café-da-manhã. O sol estava ainda nascendo, mas meu pai não me deixava descansar nem à pau. Ele era militar, portanto já estava acostumado com esse estilo de vida matutino há anos. Desci as escadas e fui pra cozinha. Uma mulher alta estava sentada à mesa, no canto oposto à porta da cozinha.
- Bom dia, Dani!
- Bom dia, tia Cláudia...
- Que ânimo, hein? - Ela riu.
Peguei um pão da mesa e passei um pouco de geleia nele.
- O que a traz aqui, tia?
- Eu vim buscá-los para um churrasco lá em casa. Seu tio já está preparando tudo.
- A esta hora da manhã?!
Ela acenou com a cabeça, e mordeu sua torrada com manteiga. Abocanhei o pão com geleia e deitei minha cabeça na mesa. Algo aconteceu ontem, mas eu não lembrava o quê. Eu tinha vários surtos de memória. Sempre que eu dormia, eu me esquecia completamente de tudo o que acontecera no dia anterior, como naquele filme Como Se Fosse A Primeira Vez. A diferença, era que eu conseguia lembrar se alguma coisa relacionada passasse pelos meus olhos, ou se eu escutasse alguma coisa.
- E como foi o filme ontem? - Perguntou meu pai, sentando-se à mesa. Lembrei.
- Ah! Foi legal.
- Hum. Tome cuidado com aquele garoto, Daniel.
- Não se preocupe, pai. Ele só queria se desculpar.
- Ou ele estaria fazendo isto pela própria reputação. Apenas... Mantenha seu dedo no botão de enviar na mensagem de rascunho.
- Pode deixar.
- Agora vai trocar de roupa pra gente ir na casa da sua tia.
Tomei um banho, sem conseguir tirar Gabriel da cabeça. Eu imaginava ele pelado, tomando banho. Fechava os olhos e imaginava ele ali comigo. Que droga. Eu estou apaixonado. Saí do banho, me enxuguei e coloquei uma camisa verde escura e calça jeans. Calcei meu tênis e arrumei o cabelo da melhor forma possível: Não arrumei. Escovei os dentes e entrei no carro.
A viagem não foi longa, mas nem tão rápida. Afinal, minha tia morava do outro lado da cidade. Chegamos à casa dela e meu tio nos cumprimentou e começou a cortar a carne. Fui até a sala e sentei-me no sofá.
- Opa, Dani! Colé!
- E aí, Pedro?
Pedro era meu primo e melhor amigo. Ele foi a primeira pessoa a saber que eu era gay, o que significava que eu confiava muito nele. Ele tocava violão e me ensinava, mas eu era um lixo. Sabia tocar uma ou duas músicas pelo menos. Conversa vai, conversa vem, eu recebi uma mensagem de texto de um número desconhecido. Abri-a.
"Daniel, o que você achou daquele abraço?"
Meu coração começou a bater rápido. Gabriel ainda estava se lembrando daquilo? Será que ele gostou? Será que ele era gay? E a mais importante: Será que ele gosta de mim?
"Quentinho.", respondi.
Ele não respondeu, o que deixou meu coração em pedaços. Coloquei o celular no bolso e comi carne igual um porco, se eles não fossem o prato principal. Eu e meu pai pegamos estrada de volta pra casa.
- O que aquele garoto disse ontem pra você? - Perguntou meu pai, curioso.
- Que ele queria me compensar de alguma forma, pela briga.
- Estou te vigiando, moleque.
Meu pai raramente me chamava de moleque. Eu ri da situação, e chegamos em casa. Havia alguém sentado no meio fio na frente da casa. Quando eu saí do carro, a pessoa olhou para mim e depois para meu pai.
- Bom dia, senhor. - Disse Gabriel.
- Bom dia, respondeu meu pai, sério.
- É... Eu sinto muito pelo que aconteceu... Eu não...
- Pois deveria sentir mesmo. Bater no meu filho com tamanha força foi...
- PAI! - Repreendi. - Tá bom! Olha como ele já tá arrependido!
- Não, Daniel. Ele tem todo o direito de tá bravo comigo. - Disse Gabriel.
Gabriel não conseguia nem olhar nos meus olhos pra dizer aquilo. Olhei para o meu pai e dei um abraço em Gabriel. Não era todo dia que você poderia sentir aquele corpo contra o seu. Meu pai olhou para a cena e amoleceu, entrando em casa. Eu e Gabriel nos sentamos no meio fio.
- Não se preocupe com meu pai. Ele é meio cabeça quente assim. - Expliquei.
- Como vocês dois são pai e filho? Nem parece!
- É... Ele simplesmente não perdoa ninguém. Essa pessoa precisa fazer algo absurdo pra conseguir o perdão do meu pai e...
Fui interrompido. Minha boca, de onde saíam palavras, estava agora sendo tocada e preenchida pela de Gabriel. Foi um beijo romântico e suave. Sua boca tinha um gosto de chocolate ao leite, e sua mão que acariciava meu cabelo e minha nuca pareciam um pano de seda celestial. Ele interrompeu o beijo.
- Isso foi absurdo o suficiente? - Perguntou ele, inocente.
- I-i-isso f-foi...
Me levantei e corri pra dentro de casa. Olhei pela janela da frente, e Gabriel se levantou também, cabisbaixo, e foi embora. Corri ao meu quarto e deitei na cama, lembrando de cada detalhe daquele acontecimento. Meus braços e pernas estavam trêmulos, meu pau estava em riste. Passei a mão na boca, para ver se aquilo era realmente verdade, e não um sonho. Mais verdadeiro, impossível.
Quando eu estava de volta à realidade, quando o efeito do feitiço do beijo de Gabriel havia sumido, eu peguei meu celular e vi 5 mensagens. 3 eram de operadora, mas outras duas que eram do Gabriel:
"Daniel, foi mal. Eu achei que eu tava fazendo o certo..." e "Pode deixar, não vou mais ficar na sua vida.".
Eu quase derrubei o celular no chão. Selecionei Nova Mensagem e comecei a digitar:
"Gabriel, não sai da minha vida não. Sai comigo, hoje ou amanhã." Assim que apertei o botão, meu celular tocou. Ele devia ter ficado de tocaia só por minha causa.
"Hoje, pode ser? Pode ser aí na sua casa?". Respondi que sim. 15 minutos depois, tava batendo no portão. Abri e lá estava Gabriel, do jeito que eu o havia deixado após o beijo. Ele foi me dar um abraço, mas eu coloquei a mão na frente do seu peito (e que peito!) e o empurrei para trás.
- Primeiro, vamos discutir algumas coisas. - Falei. - Vem pro meu quarto.