Caio me encarou como se quisesse me dar uma surra, abaixou a cabeça e simplesmente virou as costas e começo a ir em direção a sua casa, eu não estava entendendo nada, entenderia se ele fosse hetero, mas ele era bi!
Eu: Caioo! Ei? O que foi cara? Volta aqui! Caio vamos conversar cara!
Ele simplesmente não deu atenção, continuo andando de cabeça baixa, eu não iria atrás dele, afinal eu não havia feito nada, eu queria entender pelo menos o que se passou na cabeça dele quando assumi ser gay, mas entrei e subi pro meu quarto, eu não conseguia parar de pensar naquela situação e no que tinha acontecido nas ultimas 3 ou 4 horas, então fiz como sempre, me afundei nos estudos, enquanto eu estava lendo alguma coisa no wiki abri uma guia com o facebook, e havia uma mensagem do Caio:
“Desculpe”
Se eu estava confuso, meu cérebro agora havia entrado em falência, ele estava online, não quis tentar resolver pela internet, odeio resolver as coisas me escondendo atrás de um monitor então respondi:
Eu: “ estou confuso! Não entendi nada, se quiser conversar amanhã na escola, estarei la! Só não espere que eu fique correndo atrás de você exigindo uma explicação”.
Esperei alguns minutos após ele ter visualizado e fui dormir, no outro dia acordei cedo, tomei um banho, me arrumei e fui pra escola, sentei no meu lugar e cheguei a achar que Caio tinha faltado porque já eram 7:15 e nem sinal de vida dele, no inicio da segunda aula ele entrou passou por mim com o rosto virado e sentou no lugar dele, passou o resto das aulas rabiscando uma folha do caderno enquanto ouvia musica e em nenhuma das vezes em que me virei para olha-lo ele me olhou.
O sinal do intervalo tocou e eu comecei a procurar o dinheiro na mochila quando achei e me levantei percebi que não tinha mais ninguém na sala, só o Caio de cabeça baixa, me levantei e fui pro pátio, eu estava morrendo de vontade de conversar com ele mas não dei o braço ao torcerSe passaram 3 meses, Caio continuava sem ao menos olhar na minha cara, ele tinha arrumado novas amizades, e eu não fazia a mínima questão de questionar o porque, Nikolas (o meu primo) já tinha se mudado la pra casa, ganhei uma irmão, um amigo, um companheiro pra todas as horas, nunca pensei encontrar uma pessoa tão engraçada na minha vida, era dezembro e as aulas já estavam no fim, mesmo assim Nikolas iria se mudar pra minha escola ainda naquela semana.
Quando Nikolas entrou pela primeira vez na sala e já se sentou ao meu lado conversando comigo, depois de meses Caio olhou em minha direção, primeiro pro Nikolas, e quando olhou pra mim, me encarou por alguns segundos e voltou a virou o olhar, meu primo percebeu.
Nikolas: quem é?
Eu: quem?
Nikolas: aquele cara que encarou a gente?
Eu: alguém... só mais um dentro dessa sala
Nikolas: você conhece?
Eu: não... não realmente, só de vista...
Nikolas: ele mora na nossa rua né?
Eu: mora... mas então já fez as paginas da apostila de geografia?
Nikolas me olhou com aquele olhar “você esta escondendo alguma coisa, e eu sei disso!”
Eu: o que foi, Nikolas? Ta eu conheço ele, chegamos a quase virar um amigo do outro, mas ele simplesmente parou de falar comigo!
Nikolas: oxii, por quê?
Eu: parou, simplesmente parou, satisfeito? Vamos mudar de assunto!
Alguns dias se passaram, Nikolas começou a interagir com o resto da sala, inclusive com o Caio; em outro dia os dois estavam colados um no outro, e os dois acabaram ficando próximos, era comum eu ir ao pátio todos os dias comprar um lanche e voltar pra sala, mas no ultimo dia de aula foi diferente, quando cheguei na sala e entrei na porta, olhei pro fundo da sala e Nikolas estava sentado do lado de Caio, assim que me viu me fuzilou com o olhar e veio rápido na minha direção, me pegou pelo braço e saiu me arrastando pro um lugar mais vazio da escola.
Eu: Nikolas o que foi? Ta machucando meu braço cara! Ta doendo!
Nikolas: me explica que história é essa de você ser gay! AGOORAA! – ele disse gritando, nunca tinha visto meu primo daquele jeito, ele sempre foi muito carinhoso comigo e aquilo estava parecendo um esfaqueamento.
Eu: quem te contou isso?
Nikolas: agora eu entendi porque o Caio se afastou de uma vez só! Você é gay! Você é gay cara – ele dizia colocando a mão no rosto enquanto chorava nervoso andando de um lado pro outro – porque escondeu isso de mim? Eu via você como meu irmão, sempre quis teu bem, Jonathan me diz que ele ta mentindo, eu vou acreditar em você! Você é meu primo, meu amigo, meu irmão! Por favor cara! Me diz que não foi aquilo que ele contou!
Eu só sabia chorar soluçando forte
Eu: desculpa Nikolas, me desculpa por favor! – fui na direção dele mais ele me empurrou
Nikolas: antes de tocar em mim, me diz que ele mentiu!
Eu: não Nikolas, ele não mentiu – eu disse enquanto abaixava o rosto chorando mais ainda, não conseguir olhar pro meu primo de novo, só o vi se afastando rápido entrando na sala, e saindo com sua mochila, ele passou por mim e pulou o muro da escola, me sentei no chão e fiquei ali chorando, eu sabia de quem era a culpa daquilo tudo estar acontecendo e era culpa do Caio.
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Muito obrigado aos comentários e aos votos de quem acompanha o conto, sei que demoro postar, mas sempre escrevo um pouco quando tenho tempo, orbigado HPD e aos outros que estão sempre lendo, beijos.
