Minha história, minha luta, minha gloria 11

Um conto erótico de Dr. Friction Fiction
Categoria: Homossexual
Contém 3480 palavras
Data: 04/09/2013 22:04:38

Ele simplesmente levou o indicador à boca pedindo silêncio, me pegou pela mão e me levou até o closet e quando entramos, falou:

Espera aqui só um pouco, deve ser alguém da minha família ou o porteiro não deixaria subir assim, sem avisar- ele soltou minha mão- não quero te causar problemas, não mais do que já causei.

Problemas pra mim? Se alguém da família dele descobre que ele passou a noite comigo, um aluno e ainda por cima HOMEM, ele é quem estaria em sérios problemas. Mas eu fiquei quieto dentro do closet, e propositalmente tentei ouvir a conversa. Talvez ele ou outra pessoa falasse algo que me desse uma pista do porque do surto do Otávio. Mas qual não foi minha surpresa quando a pessoa que entrou veio andando em direção ao quarto, falando alto, e eu conhecia aquela voz de piranha de longe. Era a Paula:

-Eu tenho certeza que você não vai encontrar ninguém como eu, ninguém que faça gostoso que nem eu- ela disse. Estava próximo ao quarto, então comecei a ficar com medo que ela entrasse no quarto e no closet. Era amplo e arrumado, não tinha onde me esconder.

-Pois fique você sabendo que eu já encontrei- Otávio disse. Eu me arrepiei- e não só é muito melhor que você na cama como também um ser humano muito superior.

Oh! Eu quase saí do closet pra rir da cara da piranha e dizer na cara dela que ele estava falando de mim. Mas não podia. No fim, isso seria só mais uma arma dela contra mim, então fiquei sorrindo sozinho escondido.

- Quem é a vagabunda? Você tá mentindo, tá blefando- ela veio se aproximando, a voz dela estava cada vez mais próxima! Eu tinha quase certeza que ela estava na porta do quarto... Mas porque? Se ela entrasse, poderia me ver, então seria meu fim. Eu pedi pra minha Nossa Senhora de Nazaré de levasse aquela Pomba-Gira adolescente dalí, de preferência pras profundas do inferno.

- Paula, vai embora daqui! Eu já tinha que estar indo trabalhar!- Otávio também chegou mais perto do quarto- se você não sair por bem, chamo a polícia!

Ufa, pelo menos ele pensou em algo racional, imagina se ele surta de novo e pula no pescoço da vadia? Eu ia ter que meter, não por ela, mas por ele, não ia deixar ele ir preso por causa daquela piranha inútil.

- Ah, é, seu otário? Então quero ver tu resistir a isso tudo- hum? Ela ia fazer o que eu tava pensando?- diz que não me quer agora!

- Paula! Pelo amor de Deus! Veste sua roupa!- gritou Otávio. Realmente essa caceteira estava passando dos limites- Você é uma perdida mesmo! Vai embora!

-... Tu estás esquisito. Nunca que ia deixar de transar comigo, eu sei- a vaca se achava- se eu descobrir quem é a galinha que tu andas comendo, eu vou encher ela de porrada e ainda acabo com a vida dela, escuta o que eu te digo!

-Para de falar merda, te veste e vai embora- ele falou de maneira comedida- Não tenho mais nada com você e não tenho que te dar satisfação da minha vida. Tchau, Paula.

Toma, sua ridícula! Pois eu achava bem feito ela estar ouvindo tudo aquilo, e o que eu não daria pra estar lá na frente dela e ver cara de tacho que ela devia estar fazendo...

-OK, eu vou. Mas eu volto e, eu te garanto, da próxima vez que eu voltar aqui, você vai me convidar- falou ela- agora, já que você não quer me ter, então nem me olha. Deixa eu me vestir aqui, por favor.

-... OK, Paula, mas não demora, que eu já tô mais do que atrasado.

Hum, por mim ele jogava essa vaca na rua de calcinha, isso sim. Mas pelo menos ela iria embora, e eu poderia ir pra casa também. Ainda ia ouvir meu sermão, ficar mais um bom tempo de castigo, e quem sabe levar umas cintadas da minha mãe, isso antes de ir à escola. E encontrar o Gehardt lá, atracado nessa galinha. Mas tudo bem, fazer o que?

Não demorou muito e ela realmente foi embora, e assim que eu ouvi o barulho da porta batendo, saí do closet e voltei ao quarto. Por sorte o Otávio era organizado e não deixou minhas roupas espalhadas. Logo ele voltou pro quarto e estava com a cara fechada.

- Ela já foi embora, pode ficar tranquilo- ele disse- você quer tomar um banho?

- Sim, quero. Tu te livrastes de uma boa bisca, hein- falei olhando pra ele- e agora essa praga tá atacando o pobre do Guê.

-... É dele que você gosta, né?- ele falou com uma carinha triste- eu ouvi uns comentários na escola. Ele realmente está muito mal acompanhado. Sei que a família dele tem grana, e a Paula é uma vampira.

- Eu sei. Mas ela começou a ficar com ele pra me atingir também- ela está com ódio de mim e me culpa pelo rompimento de vocês.

-Não, você não teve culpa. Eu usei aquilo como desculpa, mas já queria terminar com ela há um tempo. Já tinha sacado a dela.

- Você vai fazer o que eu pedi? Vai procurar um profissional? - estava na hora dele me responder, pois eu queria ajudá-lo, mas se ele não quisesse, não tinha jeito- eu vou com você, se você quiser.

-... Tudo bem, isso é realmente necessário- ele falou olhando pra baixo- vamos tomar um banho juntos, depois quando sairmos você me ajuda a procurar uma clínica que tenha psicólogo, psiquiatra, terapeuta... Talvez ir direto numa junta prossional seja mais rápido.

- Concordo. Eu te ajudo sim- estiquei meu braço e peguei a mão dele- vem, eu quero tomar banho com você.

Tá, eu sei que poderia ser uma irresponsabilidade da minha parte ficar assim próximo ao Otávio, sendo que ele se mostrou doente e precipitado ao me pedir em namoro assim, do nada. Mas convenhamos, eu não tinha esperança com o Guê. Então, poderia tentar começar a gostar do Otávio. Só não daria certo se ele continuasse a pirar o cabeção. A maior chance que tínhamos era se ele descobrisse o que tinha e tratasse.

No banho, lavamos um ao outro e namoramos muito. Ele chegou a falar que queria que eu fosse ativo com ele, mas ele estava mega atrasado e eu de certa forma também. Então deixamos pra um outro momento. Depois disso, quando saímos, procuramos uma clínica que nos atendesse, e logo achamos uma em que, naquela sexta, ele seria atendido por um psicólogo, um psiquiatra e um terapeuta ocupacional. Eu não tinha certeza se precisava tanto, mas ele quis assim. Acho que queria me provar que estava disposto a se tratar, pra melhorar.

Descemos e ele me deixou num local em que eu pudesse pegar um busão pra casa. Bem, é óbvio que quando eu cheguei, foi aquele fuzuê. Fiquei de castigo de novo, sem mesada, e ainda tive que ouvir um sermão de meia hora. Só não apanhei porque meu pai achou que eu já tinha levado porrada o suficiente pelo ano todo, então foi resolvida assim a questão.

Na escola, a tarde, cheguei e decidi falar com meus amigos sobre o que aconteceu, mas decidi não falar com Maria e Neto. Não achei que eles se sentiriam confortáveis com isso. Maria é protestante e Neto é hétero convicto. Então logo na entrada falei pra Évora e Brunno que precisaria falar com eles depois, no intervalo. Gehardt e Paula continuavam distantes, mas ele constantemente nos olhava triste. Decidi que aquela vaca não ia ditar com quem eu falava e tomei coragem pra ir até os dois e falar com ele:

-Ei, amigão, tudo bom contigo? Fas uns dias que a gente não se fala- eu disse sem olhar pra ela- que tal irmos na padaria do outro lado da rua pra lanchar depois da escola?

Ele ficou azul, vermelho, roxo, engasgou, mas no fim sorriu meio sem jeito e quando ia me responder, ela interrompeu:

- Ele não vai. Eu não acho que vocês são bons amigos pro meu bebê- falou a vaca- acho melhor você parar de falar com ele, ou ele vai saber de um segredo seu...

-Que segredo? Eu já sei que ele é gay, amor- falou Gehardt- eu não ligo. Você também não deveria ligar.

-Esquece, Gehardt, esquece- eu disse. Estava com medo que ela falasse que eu era apaixonado por ele- um outro dia nos falamos.

Virei e fui embora, triste. Tentei ser corajoso mas só me humilhei mais, Pia saí de perto deles com o rabo entre as pernas. Que idiota que eu fui!

Mas algo bom realmente aconteceu naquela tarde. No terceiro horário, Paula desceu para ir ao banheiro, provavelmente pra emplastrar a cara dela com mais uma tonelada de maquiagem, quando um bilhete chegou nas mãos do Neto. Eu só vi ele olhando pro Gehardt e fazendo um joinha com a mão, e depois passou o bilhete adiante, pra Maria, Évora, Brunno e por último pra mim. Brunno me entregou o bilhete sorrindo.

- O que é?- eu perguntei- quem mandou isso?

Lê, amigo, acho que você vai gostar? OK?

Eu peguei o bilhete, abri e li. Estva escrito:"pessoal, eu queria pedir desculpas pelo modo como venho me comportando. Eu soube que vocês brigaram com a Paula, e ela me pediu pra evitar vocês, e como ela é minha primeira namorada, sabe como é, né? Eu queria a compreensão de vocês. Se vocês pedirem desculpas pra ela, tenho certeza que ela aceita numa boa. De qualquer forma, vamos na minha casa nesse sábado? Queria assistir um filme com vocês, comer uma pipoca. Ela não vai. Abraços, Gehardt."

Ah, safada sorumbática escalafobética da moléstia! Então ela disse pra ele que nós e que brigamos com ela! Bom, tá certo que os meninos pararam de falar com ela depois do que ela me fez, mas isso era outra história. Afinal, se você percebe que uma pessoa é tão baixa quanto ela era, não iria querer ficar dando trela, iria? De qualquer forma, eu iria à casa dele, se pelo menos um dos meus amigos também fosse. Logo, intervalo tocou, e nós descemos e conversamos sobre o que faríamos em relação ao convite do Guê:

Eu vou,se vocês forem. Não quero ir só- eu disse- vocês podem ir?

- Eu não quero ir. Não me sinto bem fazendo uma coisa que parece um crime- falou Évora- se ele tivesse me convidado na frente da biscate, e tido a coragem de falar comigo, era uma coisa. Mas desse jeito...

- Eu vou. Acho que é uma boa oportunidade de a gente esclarecer a coisas com ele- disse Neto- e de conhecer a casa dele, aposto que é bem legal.

- Credo, Neto... Mas tu, hein...- disse Maria- mas se o Neto for, eu vou. Não posso demorar muito, claro.

- Évora, deixa de coisa. Vamos pelo Donovan. Eu tenho um pressntimento que isso vai render- disse o Brunno- hahahaha! Eu acho uma excelente oportunidade pra você se declarar, Donovan!

-Você tá é doido, Brunno!- não tinha a intenção de fazer aquilo nunca!- vou pelo mesmo motivo do Neto, quero esclarecer as coisas, me divertir um pouco. Só. Vamos, Évora?

-... Tá, tá bom! Mandem um bilhete pra ele, e digam que eu vou.

Com tudo combinado, pedimos pra uma outra colega nossa distrair a lambisgoia da Paula, e respondemos o bilhete, marcando uma hora. Iríamos depois do almoço. E poderíamos ficar até no máximo as seis, por que Maria e Neto moravam em Ananindeua, que é região metropolitana, um pouco longe.

Pedi pra Évora e Brunno deixarem Maria e Neto namorar um pouco em paz, mas era só desculpa pra contar para eles o que aconteceu com Otávio. Assim que ficamos sozinhos, eu disse:

- Pessoal, perdi minha virgindade- falei meio envergonhado- com homem, é claro.

Évora e Brunno se entreolharam e sorriram, e logo estavam me abraçando, dando gritinhos. Várias pessoas que estavam perto olharam e riram.

-Ai, amigo, com quem foi?- perguntou Brunno- me diz que foi um bofe lindo de viver!

- Este Doni está me saindo um pegador!- falou Évora- menino, eu pensei que você ia se guardar pelo resto da vida pro tampinha do Gehardt... Sim, me diz, quem foi o sortudo?

-Bem, vocês conhecem ele- falei- foi o Otávio, o orientador.

Eles ficaram assustados, na hora.

- Como é que é? Você tá brincando com a nossa cara!- disse Brunno- é mentira, né?

- Não, Brunno, antes fosse- falei- e vocês não vão acreditar em como foi.

- Então conta logo!- falou Évora- para com o suspense, maninho!

- Bom, eu estava saindo da escola, ontem, ele estava me esperando- falei- e me convidou pra conversar sobre uma maneira de eu agradecer pela ajuda por...

E assim contei tudo o que aconteceu. Eles não me interromperam nem uma vez. Évora ficou boquiaberta desde o momento em que falei do "boa noite Cinderela" até o fim, mas Brunno relaxou depois que eu falei do sexo maravilhoso que rolou depois da tensão toda.

- Amigo, que bom, hein, conquistou o doido!- falou Brunno, sorrindo. Pra ele, se tudo acaba bem, tá ótimo- pegou um gatinho, realizou uma das minhas fantasias, com esse negócio de algemas, e pelo visto ele tá afim de ti.

- Ai, caraca! Será que vocês perderam completamente o juízo?- falou a Évora, exasperada- eu não acredito que tu não saiu correndo na primeira oportunidade, Doni! E tu ainda dá força pra isso, Brunno! E que história é essa que você vai com ele na clínica?

- Eu sinto nele uma bondade, uma coisa boa, Évora. Não consigo ver ele como o monstro que pensei que ele fosse quando me atacou- eu falei- eu quero ajudar o Otávio, de verdade. Ele é frágil, no fundo.

- Évora, eu realmente não vejo mal, gata- falou Brunno- se ele tem um problema, sei lá, se é bipolar, esquizofrênico, ou sei lá, tudo isso tem tratamento. Ele pode ter uma vida normal.

- Até ele atracar no pescoço do Doni!- falou ela- e já começa errado porque o Doni é aluno dessa escola, onde ele trabalha! Isso pode dar merda!

- Mas eu sou maior de idade, não acho que a cagada seja assim tão grande- falei- ele é um doce, só precisamos descobrir o que causou o surto!

- Amigo, você está apaixonado por ele?- disse Brunno- e ele por você?

- Brunno, não. Ele me falou que gosta de mim, e que não quer perder tempo- ele tinha dito isso na hora que tomamos banho juntos- que ele já tem 24 anos e passou tempo demais brincando com "menininhas sem noção como a Paula". E eu, eu amo o Gehardt, ele sabe disso. Mas não acho que eu tenho chances. E eu decidi que eu não posso me prender a uma esperança vã. Desejando um cara que não posso ter.

O sinal tocou, e logo subimos, ainda falando disso. Évora não estava feliz com aquilo. Brunno me dava força. Eu simplesmente seguiria meu coração.

Na manhã de sexta, enrrolei minha mãe com a ajuda do Brunno. Disse que ia pra casa dele e de lá pra escola, pois teríamos um trabalho a fazer. Mas, na verdade fui me encontrar com Otávio em um shopping do centro. Bom, na verdade, ele me pegou na porta e fomos para a clínica juntos.

- Como você está, Otávio?- eu perguntei- sentiu mais alguma coisa?

- Sim- ele disse. Eu fiquei preocupado- senti sua falta.

Nesse momento ele tocou no meu rosto e me deu um beijo gostoso. Quando paramos, eu sorri e disse:

Agora entendi o porquê de tantas meninas ficarem loucas com você- toquei o rosto dele também- você é muito charmoso, além de ser bonito.

- Não, não estou jogando charme- ele falou me olhando nos olhos- senti sua falta de verdade. Gosto de você.

- Otávio, eu espero que você não pense que está apaixonado- falei- ou que eu estou. As coisas não são assim.

- Sei que não estou. Ainda. E sei que você não está- ele disse- ainda. Mas quero muito me apaixonar por você, e que você se apaixone por mim. Por que acho podemos funcionar bem juntos.

- Isso eu não sei. Mas seria bom me apaixonar por alguém que possa corresponder esse sentimento- eu disse- mas temos que ir com calma agora, acho que inclusive começamos rápido demais.

- Eu sabia que você ia dizer isso- ele falou- quero te convidar pra jantar comigo amanhã a noite, pra nos conhecermos melhor. Isso é claro, se os doutores acharem boa ideia.

- Concordo. Amanhã a tarde tenho um compromisso com meus amigos, mas estamos combinando logo depois do almoço, pra ver se terminamos cedo. Maria e Neto moram em Ananindeua, sabe como é... Mas se eu convencer meus pais de mudarem meu castigo pra outra coisa... Vamos sim!

- Você ficou de castigo por minha causa... Eu não posso me perdoar por isso- ele disse triste- eu acho que deveria falar com seu pai...

- E dizer o que? Que você me algemou na sua cama e depois transamos com meu consentimento- eu o interrompi- não, muito obrigado. De onde você tira essa coragem? Pra querer falar com meus pais, pra me pedir em namoro, pra admitir que me deseja? Eu levei minha vida inteira pra conseguir fazer isso somente agora!

- Não é tão simples quanto parece. Eu estou dando meu melhor porque quando notei que estava me interessando por você, senti que era por isso que meu coração ansiava faz tempo. Porque será que eu nunca consegui ter nada sério com mulher alguma? Acho que era por estava esperando o CARA certo aparecer. E acho que é você. Antes eu só estava a fim, admito. Mas você me conquistou quando decidiu ficar comigo, quando conseguiu ver quem eu sou de verdade, não a aberração que te dopou, algemou e quase te estuprou.

Eu só consegui ficar calado. Toquei a mão dele que estava no câmbio. Puxa vida, ele estava mexendo comigo!

Logo chegamos na clínica e fomos encaminhados para uma sala de espera, onde eu ficaria. E começaram os testes, do quais até hoje sei muito pouco. Otávio falou com os três profissionais, e ficou pelo menos duas horas com cada um, e no fim, eu que já estava quase morrendo de fome por que já passava e muito das duas horas da tarde (mais um dia de escola perdido), uma assistente me pediu pra entrar no consultório do psicólogo, que queria me ver. Nem preciso dizer queeu coração quase saiu pela boca de tão nervoso que fiquei. Meu medo era que ele me dissesse que eu não poderia mais ficar perto do Otávio. Eu estava começando a gostar dele.

- Boa tarde, Donovan- falou o dr. sentado em sua cadeira de couro alta, ainda por detrás de sua mesa- você é o "amigo" do Otávio, certo? Eu sou o dr. Antônio Guedes, e como sou psicólogo, fiquei encarregado de dar o resultado da avaliação feita por meus colegas e eu.

- Boa tarde, dr.- eu falei me sentando. Por debaixo da mesa, peguei a mão do Otávio e enlacei meus dedos nos dele- porque o senhor pediu pra me ver?

Otávio só olhava pra baixo, mas apertava minha mão com certa força.

- Bem, nós chegamos à conclusão de o Sr. Otávio Franco não apresenta nenhum distúrbio grave- ele disse apoiando os cotovelos na mesa- mas ele teve um surto psicótico que deve ter sido gerado por um trauma.

- Como assim, eu o traumatizei?- fiquei asustado- a culpa é minha?

-Não, não! Estamos falando de algo do passado.

- ele disse- você já ouviu falar em "recalque"?

- Já! É quando uma pessoa sente inveja da outra e...

- Não, errado. Quer dizer, pode ser isso- ele me corrigiu- mas nos termos da psicologia, um "recalque" é uma amnésia seletiva que apaga a memória do paciente naquilo que diz respeito a um trauma. Então, o sr. Otávio não lembra, mas passou por algo na infância, que marcou demais sua mente. Esse recalque é uma autodefesa do cérebro. Mas alguma coisa ativou essas memórias, e como o paciente não consegue lidar com elas, "surta", como vocês chamaram.

- Nossa! Mas o que pode ter sido isso, dr?- eu me assustei- será que pode ter sido eu?

- Não necessariamente, Donovan- ele falou- pode ter sido qualquer coisa, desde algo diretamente ligado ao trauma, ou algo tão distante que somente o cérebro dele faz a conexão. Desde um filme ou música até um simples passarinho cantando na hora do café.

- Mas e o que poderia ser esse trauma, dr?- perguntei- alguma ideia?

- O trauma deve ter a ver com o surto- disse o psicólogo - como ele te atacou sexualmente...

- Eles acham que eu sofri algum abuso na infância, Donovan- me disse Otávio. Ele estava chorando- eu posso ter sido violentado na infância.

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Comentários

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Acho que o Otávio está sendo sincero. Adorando o conto. Ah e espero que o lance entre tu e o Otávio tenha dado certo.

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Hmmmmm ainda não consigo confiar no Otávio... Sei lá, pra mim ele e a Paula estão juntos pra ferrar tua vida; e não se envergonhe do dia em que você não conseguiu falar com o Gehardt, se mesmo que você só gostasse dele como amigo, também ficaria triste por algo ter afastado de seu amigo querido. Então está tudo bem ^^

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